sexta-feira, 20 de outubro de 2023

CHAMADOS A FRUTIFICAÇÃO

TEXTO: Jo 15: 11-6

INTRODUÇÃO:

·      O evangelho de João fora escrito 80 anos após a morte e ascensão de Cristo é o último evangelho escrito. Sabemos do fato de que João era extremamente próximo a Cristo, com certeza uma biografia de alguém tão íntimo seria diferenciada. Os tempos eram difíceis, alguns anos após a ressurreição de Jesus um novo movimento chamado de gnósticos surgiu, para eles era inconcebível o fato de Cristo ter vindo em carne e de ter se submetido a diversas coisas, para os gnósticos vir em carne lhe desqualificava no que diz respeito a sua deidade. Era impossível alguém estar em carne e ser perfeito.

·      Os gnósticos contestavam a deidade de Cristo, em termos práticos lhe consideravam um grande ensinador, mas não o Senhor, um grande profeta mas nada sobrenatural. João como amigo íntimo de Jesus tem a responsabilidade de escrever sob sua ótica os fatos que comprovavam a deidade de Cristo. Essa responsabilidade torna o evangelho de João diferente dos demais, ele é apologético, profundo e preciso. João utiliza da apologia sobre a deidade de Cristo já no seu capítulo primeiro descrevendo que Cristo era 100% Deus e 100% homem.

·      Há quem diga que o Evangelho segundo João é o livro mais espiritual da bíblia. Declarações sobre a personalidade e a vocação de Cristo são constantemente expostas, há diversas vezes afirmações de Jesus sobre si mesmo.

João 9.26 Eu sou o messias

João 6.35 – O pão da vida

João 8.23 – “De cima”

João 8.58 – Eterno

João 9.5 – A luz do mundo

João 10.7 – A porta

João 10.36 – Filho de Deus

João 11.25 – A ressurreição

João 13.13 – Mestre e Senhor

João 14.6 – Caminho verdade e vida 

·      A última e igualmente fantástica palavra a respeito de Jesus no evangelho de João: João 15:1,2 “Eu sou a videira verdadeira”.

·      Jesus estava se despedindo dos apóstolos. Todos se reuniram no cenáculo da casa de Maria mãe de João Marcos e irmã de Barnabé para celebrar a última ceia com ele. Após a refeição e o lava-pés, (Jo 13:1-30), o Senhor começou seu discurso de despedida segundos os eruditos, vai durar cerca de cinco horas. O ministério público do Cristo encerrara-se em Jo 12:37-50. O discurso privado na despedida de Jesus vai do capítulo 13 ao 16, e é coroado com a oração sacerdotal de Jesus em João 17.

·      Há duas partes nesse discurso. A PRIMEIRA PARTE foi dita no cenáculo, ela começa em Jo 13:31 e vai até 14:31. A SEGUNDA PARTE do discurso inicia em Jo 15:1 e encerra em 16:33, e foi proferida na medida em que os discípulos caminhavam escuridão adentro, rumo ao jardim do Getsêmani. Em seguida, vem à oração sacerdotal de Jesus em João 17, a qual está embebida de temas e de palavras de conexão com as partes do discurso anterior (especialmente o que fora dito em João 14–16).

·      Jesus usa uma metáfora que nos compara a ramos e a amigos e se auto-define uma videira verdadeira. Neste texto, Jesus usa a metáfora da videira, para falar do seu relacionamento com eles e suas responsabilidades como discípulos.

·      O cultivo das videiras era essencial para a economia nos tempos de Jesus, o vinho que era produzido animava as festas, era exportado, ajudando na economia doméstica e do estado.

·      As videiras sempre fizeram parte do imaginário do povo judeu, de modo que havia em frente ao templo de Jerusalém uma videira, dentro do templo segundo Willian Barclay havia uma videira de ouro, que dava de frente ao lugar santíssimo, as moedas dos macabeus traziam consigo o emblema de uma videira e essa durante muito tempo foi o próprio símbolo de Israel. Israel era uma videira para Deus no antigo testamento. Jr 2:21 Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha?

·      Os israelitas eram extremamente nacionalistas e se orgulhavam do fato de serem uma “videira verdadeira”, sempre se estribaram nas palavras dos antigos profetas e nas promessas feitas aos seus pais, eles se sentiam um ramo da videira de Deus pelo simples fato de terem a nacionalidade que tem, agora Jesus aponta que não basta fazer parte dessa videira, essa videira foi denunciada por Oséias, Jeremias, Isaías e pelo próprio Jesus como produtora de uvas amargas e bravas.

·      A videira verdadeira não é um povo, não é uma instituição, é o próprio Cristo, ele é o autentico, a videira do antigo testamento (Israel) era uma figura da videira verdadeira. Os galhos da nova e verdadeira videira não são exclusivos de uma nacionalidade terrena, mas é todo aquele que é nascido de Deus.

 

·      Há pelo menos quatro figuras nesse texto:

a)   A VIDEIRA – CRISTO.

b)   AS VARAS – DISCÍPULOS.

c)    O AGRICULTOR – DEUS.

d)   OS FRUTOS – DIAKONIA DAS VARAS OU RAMOS.


·      Está claro inicialmente quem é a videira, a videira não é Israel, não é o templo, não é a instituição, não é a religião, não são os sacrifícios. A videira é Cristo, a salvação, o crescimento a vitalidade estão em Cristo. Cristo sendo um Caule da árvore e plantado no lugar certo não tem defeito algum. A questão fundamental da videira está em seus galhos, considerando que os galhos se referem a todos os membros e aqui não é indivíduo, aqui é a noiva a Ekklesia, o corpo místico de Cristo. Na metáfora da videira, Jesus mostra quão profundamente estamos ligados a ele, numa unidade é moral, mística e espiritual.

·      Essa parábola se refere ao relacionamento entre nós e Deus e como ele trabalha em nossas vidas. O tempo inteiro é tratado sobre galhos que já estão na videira, com ou sem frutos. A intenção de Deus é que possamos produzir e produzir muitos frutos, não só com quantidade, mas com qualidade.

Vejamos algumas realidades sobre os galhos:

a)   Os galhos só tem utilidade se produzir: A madeira das videiras curiosamente não tem utilidade para móveis, pois é fina, não poderia ser usada nos sacrifícios, pois, havia leis específicas a respeito disso. O propósito de uma videira não é produzir madeira nobre, lenha ou sombra, como algumas outras árvores. Tampouco a videira é uma planta ornamental. O único propósito dos galhos da videira é produzir frutos. Quando os galhos não produziam, não tinham outro fim, a não ser para acender fogueiras. Assim como em outras metáforas fica claro que o “seguir Jesus” tira as opções, ou você é sal e salga ou é pisado pelos homens, ou você é luz e brilha ou não tem utilidade alguma em local escondido. Não há mais opções, se somos discípulos, teremos que produzir, é um imperativo divino.

b)   Os galhos naturalmente crescem de forma desordenada: Quando os viticultores se descuidavam e deixavam as videiras crescerem a vontade, os galhos pouco a pouco iam se inclinando para baixo, de forma que com o passar do tempo os galhos estavam no chão, se misturando a terra sendo sujos pela poeira do terreno, produzindo cachos de forma desordenada, as uvas produzidas eram ruins, amargas e até mesmo produzir cachos com uvas em formatos mal feitos.

·      A maior punição que poderíamos pedir para Deus é que ele deixasse de controlar a história e nos deixasse entregues as nossas próprias vontades. Se o nosso crescimento for feito ao nosso modo, por nosso meio, nos sujaremos nos misturaremos a terra, deixaremos de produzir e seremos um galho inútil, essa infelizmente tem sido a realidade de muitas pessoas, elas crescem pra baixo, crescem desordenadamente, crescem ao seu próprio modo, com seus atos de justiça, não produzem, ou quando produzem algo, produzem amargura.

A palavra grega empregada para cortar no verso v.2 “Airo”, essa palavra significa não apenas remover ou cortar, mas também “levantar”, no entanto João usou a palavra nos dois sentidos, tanto como cortar como de “levantar”.

·      O “Airo” do v.2 indica que os agricultores naquele tempo costumavam pegar os galhos que cresciam para baixo e não produziam e lavavam suas folhas, amarravam a outros galhos, para isso o agricultor se abaixava ao estado em que o galho se encontrasse num ato de profunda humildade e amor. Jesus está falando aos discípulos e entre os doze Ele sabia que Pedro era esse galho que ia precisar ser levantado. Mt 12:20 Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que leve à vitória a justiça.

·      O “Airo” do v.6 é diferente do v.2 ele tem o sentido no contexto de “cortar”, pois se trata de um galho infrutífero e seco, que não mais serve a não ser para ser cortando e lançado fora para ser queimado, pois galhos secos são rígidos e sem vidas.

ð Jesus está dizendo que é possível alguém está nele e não dá fruto. Estão ligadas a Cristo apenas por um ritual ou pela membresia em uma igreja, sem jamais ter nascido de novo. São pessoas que não têm a graça de Deus no coração. A união desses galhos com Cristo é nominal, e não real. Têm o nome de que vivem, mas estão mortas. Onde não há fruto, não há vida. Jesus também sabia que entre os doze estava Judas.

APLICAÇÃO: Há três formas de produzir frutos apontados por Jesus.

1.             A PODA COMO ATO DE DISCIPLINA PARA O CRESCIMENTO.

·      O viticultor sabe que, para conseguir mais frutos da vide, é preciso ir contra a tendência natural da planta. Por causa da tendência da vinha em crescer vigorosamente muitos galhos têm de ser cortados a cada ano. As folhas podem ficar tão densas que a luz solar não alcança a área em que o fruto deve formar-se. Se os galhos não forem podados, vai crescer mais folhas do que frutos.

É por essa razão que o viticultor corta os brotos desnecessários, independentemente de quanto pareçam vigorosos, pois o único propósito da vinha são as uvas e não as folhas. A disciplina é para nos corrigir e nos levar de volta para o caminho; a poda é para sermos mais produtivos.

·      Deus nos disciplina quando estamos fazendo algo errado; Deus nos poda quando estamos fazendo algo certo. Deus nos disciplina para darmos fruto; ele nos poda para darmos mais frutos.

·      Aquele que produziu trinta por um provavelmente pode produzir sessenta ou até mesmo uma centena. Você pode produzir mais por isso Deus está te podando.

·      Os cristãos mais frutíferos são aqueles que mais têm sido podados pela tesoura de Deus. Os viticultores podam as vinhas com maior frequência com o passar dos anos.

Sem a poda, a planta enfraquece, a colheita diminui. Deus jamais aplicaria a poda se um método mais suave provocasse o mesmo resultado.

·      Um viticultor usa quatro expedientes na poda:

a)   Remove os brotos mortos e prestes a morrer;

b)   Garante que o sol chegue aos galhos cheios de frutos;

c)    Corta a folhagem luxuriante que impede a produção de frutos;

d)   Corta os brotos desnecessários, independentemente de quanto pareçam viçosos.

ð A disciplina termina quando nos arrependemos do pecado, a poda só terminará quando Deus concluir sua obra em nós na glorificação.

ð Se os ramos pudessem falar, confessariam que o processo de poda é doloroso, mas também expressariam sua alegria por produzir com mais abundância e qualidade.

2.                  TENHA UM RELACIONAMENTO DE PERMANENCIA E DEPENCIA.

Jo 15:4-6 Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.

·      O segredo para a vida frutífera é permanecer em Cristo. Nesses onze versículos, o verbo “permanecer” aparece dez vezes. O segredo básico para uma vida transbordante não é fazer mais por Jesus, mas estar mais com Jesus. O desafio da permanência é passar dos deveres para um relacionamento vivo com Deus. Nos comentários finais de Jesus sobre a vinha, ele desviou totalmente a atenção de seus discípulos da atividade para o relacionamento com ele. Jesus é a videira, o tronco no qual o galho precisa buscar sua seiva para frutificar. Quanto maior a conexão do ramo com o tronco, maior é a capacidade de produção desse ramo.

·      Nossa dependência de Deus está no nosso relacionamento com ele. Deus está mais interessado em nossa vida do que em nosso trabalho. Deus está mais interessado em relacionamento do que em atividade.

·      Ele quer você mais do que suas obras. Permanecer não equivale a quanto você conhece de teologia, mas a quanto você tem sede de Deus. Ao permanecer, você busca, anseia, aguarda, ama, ouve e responde a Jesus. Permanecer significa ter mais de Jesus em sua vida, mais dele em suas atividades, seus pensamentos e desejos.

·      Quanto aos frutos é interessantíssimo o fato de que eles não são produzidos para o bem da árvore. Mas sim para seus cultivadores e os que estão a sua volta. A árvore não se beneficia dos frutos, já a comunidade a sua volta sim. Os frutos que produzimos não são para nós, do início ao fim os méritos são de Cristo, para o bem de outros.

·      Por mais eloquente que eu seja mais fiel às escrituras, mais eficaz, sou apenas o instrumento, apenas a caneta na mão do escritor, o pincel nas mãos de um pintor. Se não for um desígnio de Deus salvar quem quer que seja, meus esforços serão em vão. Nós somos meros instrumentos, sem a videira não há o que fazer.

3.             VIVA UMA VIDA ALELUIADA NA ORAÇÃO.

 

·      A expressão uma vida aleluiada tem significado entre muitos de uma vida em louvor a Deus. O propósito dos ramos é produzir muito fruto, porém o contexto nos mostra que esse fruto é consequência da oração, em nome de Jesus, e é para a glória do Pai. O fruto na metáfora da videira representa tudo o que é produto de oração efetiva em nome de Jesus, incluindo a obediência aos mandamentos (v.10), a experiência da alegria (v.11), a paz (v.27), o amor de uns pelos outros (v.12) e o testemunho diante do mundo (v.16,27).

·      Sem oração não construiremos um relacionamento sólido com Deus. Sem oração não vamos alcançar nenhum resultado produtivo e proveitoso em nenhuma área da nossa vida. A nossa vida de oração é o fruto. E esse fruto não é nada menos que o resultado da perseverante dependência que o ramo tem da videira.

·      Esperar que o homem frutifique sem que permaneça com Cristo em oração é ainda mais insensatez do que esperar que um ramo que foi cortado da videira produza uvas.

Permanecer em Cristo em oração é a evidência de que somos discípulos de Cristo v.8 Jesus disse: Meu Pai é glorificado nisto: em que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.

ð A oração eficaz é fruto de um relacionamento profundo com Jesus. Jesus foi claro: Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será concedido.

ð Na medida em que o nosso relacionamento com Deus é aprofundado, através da obediência aos seus mandamentos, temos a promessa ilimitada de sermos atendidos.

Jesus disse que se conhece a árvore pelo fruto. Uma árvore boa precisa produzir bons frutos, mais frutos e muitos frutos.

·      A vitalidade da videira, que é Jesus Cristo é transmitida aos ramos, pela seiva da oração e pela poda da palavra de Deus. Essa videira permite àqueles que nela permanecem produzir não só frutos, mas muito fruto.

CONCLUSÃO:

·      Finalizo, reafirmando que a madeira da videira servia apenas para duas coisas. A primeira delas era para produzir uvas, a segunda era para ser lançada ao fogo e gerar combustão. Não havia outra utilidade para os galhos da videira.

·      Cristo não fornece opções, ou produzimos, ou produzimos! Uns menos, outros mais. Porém a vontade do pai é que produzam e produzam muito com qualidade.

·      Permanecer em Cristo nos traz felicidade, permanecer em Cristo nos livra da ira vindoura, permanecer em Cristo garante a salvação, permanecer em Cristo é garantia de orações respondidas (Não necessariamente um sim), permanecer em Cristo nos leva a frutificar e ajudar muita gente. Permanecer em Cristo não é uma opção, é um imperativo! Temos que permanecer!

·      Que todos nós possamos se submeter tal como Maria: Lc 1:38 Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra


Que Deus nos ajude, que Deus nos ajuste, que Deus nos faça frutificar;

Pr. Nilton Jorge - Contatos: (22) 998746712 Whatsapp

 

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