TEXTO: Sl 24:6
INTRODUÇÃO:
·
A tradição
atribui a autoria deste salmo a Davi. Sendo
Assim esse salmo deve ter sido escrito por volta do século 5 a.C. Alguns defendem que ele tenha sido
escrito na ocasião em que Davi levou a arca para Jerusalém como descrito em 2
Sm 6. Porém, no texto do próprio salmo isso não é evidente, pois
não há nenhum elemento, ou citação direta, ou mesmo indireta, nele que confirme
essa hipótese. Essa ideia na
verdade ganhou força após a reforma protestante que gerou o vício injustificado
de atribuir muitos salmos a vida de Davi e a eventos específicos descritos nos
livros de Samuel, reis e crônicas. Mas são poucos os salmos que descrevem
a situação históricas nas quais foram compostos.
·
Para determinar
o contexto histórico de um salmo, devemos buscar indícios e evidencias no
próprio salmo e não em textos externos a ele. No Salmo 24 não há evidencias de um momento histórico especifico, Mas
indícios que o liga as tradições relacionadas ao templo erguido por Salomão,
como podemos ver no verso 3 em que
é citado o monte do Senhor, provavelmente Sião onde estava erguido
o templo, embora alguns entendem que o monte do Senhor aqui é uma alusão ao
Sinai o monte ao qual Deus entregou as tabuas da lei a Moises durante o Êxodo.
·
No verso 6 há
referência a uma geração, povo ou raça no caso, que busca o Senhor o que pode
fazer referência as grandes caravanas de peregrinos que vinham a Jerusalém por
conta das festas sagradas. Também a
referência às portas sagradas, no v.7, que podem facilmente ser
entendidas como as portas de Jerusalém ou mesmo as colunas do templo.
·
Na maioria dos salmos de David, o salmo inicia-se
com o título Mizmor LeDavid, ou “Cântico de David”. Em raras exceções, como o Salmo
101 e o 24, por exemplo, o início do salmo é LeDavid Mizmor,
ou “De David, um Cântico”.
Há uma diferença entre
“Cântico de Davi” e “De Davi, um Cântico”. Segundo os sábios do
judaísmo, Davi cantava e tocava, com o intuito de elevar-se e obter
inspiração, a partir disso, ele compunha maravilhosos louvores, estes
salmos foram intitulados “Cântico de Davi”. Mas, às vezes, Davi, através do isolamento e da meditação e oração,
atingia certo grau de inspiração profética, dessa inspiração compunha mesmo sem cantar. Estes cânticos traziam o título “De
David, um Cântico”, pois a inspiração veio a Davi antes da
música. Isso ajuda a
compreender melhor o real significado do Salmo e a mensagem nele contido.
·
Então pela epígrafe a tradição judaica deduz que
Davi não estava vendo ou participando de um momento histórico com harpa nas
mãos e celebrando, como no caso da volta da arca pra Jerusalém, mas em um
momento de solitude onde profeticamente ele descreve um quadro que ele não
estaria vivo, mas que profeticamente estava vivenciando.
·
A pergunta Chave no verso 3 pode ser decisiva para
entendemos qual o contexto histórico desse salmo. “Quem Subirá ao monte do
Senhor?”. Essa expressão pode fazer referência a uma pergunta de efeito
moral feita aos peregrinos que vinham a Jerusalém por ocasião das celebrações
religiosas, para que eles refletissem sobre o verdadeiro significado de servir
ao Senhor.
·
Havia duas
festividades em que essas referencias e hipóteses convergem: A festa da Páscoa e a Festa dos tabernáculos, ambas
relembravam a saída do Egito, a peregrinação de Israel durante 40 anos no
deserto e o recebimento da lei, que terá trechos citados direta ou
indiretamente nessa canção partindo das tradições deuteronômicas.
· Podemos concluir então: Esse salmo foi escrito para se usado na festa da Páscoa ou na festa dos Tabernáculos para legitimar o templo em Jerusalém como novo local de culto ao Deus de Israel em substituição a tenda sagrada de Davi.
TRANSIÇÃO: O Salmo 24 faz parte de uma trilogia, um grupo de três salmos messiânicos que se completam: O Salmo 22, o Salmo 23 e o Salmo 24. Eles são considerados salmos messiânicos que se cumprem em Jesus.
a)
O Salmo 22 fala
de Jesus como o Salvador, ele aponta
para a cruz.
b)
O Salmo 23 fala
de Jesus como o Bom Pastor, que nos
guia, nos sustenta, está conosco. Ele aponta pra nossa confiança NEle no dia a
dia.
c)
O Salmo 24 fala
de Jesus como o Rei. Fala de Sua
glorificação.
· Este salmo entre muitas lições aborda sobre as marcas de uma geração que busca a Deus.
1. A GERAÇÃO QUE BUSCA A DEUS É UMA GERAÇÃO QUE RECONHECEM A SOBERANIA DE DEUS v.1,2.
· O salmo 24 começa dizendo que o Senhor é dono de toda a terra e o que nela existe, e a conclusão do salmo é um hino maravilhoso se referindo a Deus como aquele que é o Rei da glória. Deus é aquele que é dono de toda a criação, porque foi ele quem a fez. Mas não somente ele é o dono e criador, mas ele é o Rei da glória! Nosso Deus reina! Ele governa. Ele é soberano!
· Soberano é quem ou aquele que detém poder ou
autoridade suprema. A soberania de Deus
significa que Deus governa a sua criação com absoluto poder e autoridade. Ele é
quem determina o que vai acontecer, por isso, não fica alarmado, frustrado ou
derrotado pelas circunstâncias, pelo pecado ou pela rebeldia de suas criaturas.
· Sem a soberania de Deus nós não somos capazes de
confiar no Senhor. José foi vendido como
escravo por seus próprios irmãos, mas em Genesis 45 ele mesmo vai tranquilizar
os irmãos dizendo que apesar de eles terem feito mal a ele, Deus transformou em bem.
· José reconheceu que Deus era soberano sobre tudo, e
pôde confiar no cuidado de Deus mesmo nas situações mais adversas.
a)
Quem compreende a Soberania de Deus é
Fiel além das circunstâncias! Fidelidade não é o quanto nós temos de Deus, mas,
sim, o quanto Ele tem de nós.
b)
Quem confia na Soberania de Deus é
engajado além das circunstâncias! Um dos
resultados dessa confiança é o engajamento comprometido na obra de Cristo, para
servir de todo coração, com tudo que temos e somos ao chamado e propósitos de
Deus em nossas vidas.
A soberania divina tem autoridade sobre tudo o que é nosso, somos apenas mordomos do Rei Jesus. Nossas posses pertencem a Deus. Nosso dinheiro pertence a Deus. Nossa casa pertence a Deus. Nossa vida pertence a Deus.
2. A GERAÇÃO QUE BUSCA A DEUS É UMA GERAÇÃO JUSTIFICADA POR CRISTO v.3-5.
· As perguntas do verso 3 são as mesmas que abrem o Salmo 15: Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? As características daquele que subirá ao monte que pertence ao Senhor, e que se assentará no lugar que lhe é próprio, vem no verso seguinte: Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.
· À primeira vista, parece simples, mas para estar
diante do altar de Deus, somente sendo um ser totalmente desprovido de
imperfeições. Alguém é limpo de mãos quando não comete nenhum
pecado. Para que isso não ocorra, o pecado não deve sequer beirar os nossos
pensamentos, o que nos leva ao segundo requisito: ser puro de coração.
· Quem é o homem limpo de mãos e puro de coração? Dentre os nascidos de mulher, somente Cristo foi puro de mãos e de coração!
Todos os homens nasceram de Adão, e, portanto, nenhum deles nasceu puro de coração, Sl 51:5, pois em iniquidade foram formados e em pecado foram concebidos.
ð Este, ou seja, aquele que é puro de mãos (Cristo o
servo do Senhor) é quem haveria de receber a bênção e a justiça das mãos do
Senhor!
ð Quando o salmista especifica que Cristo receberá de
Deus a 'bênção' e a 'justiça', isto demonstra que tais bênçãos são
concedidas somente por direito. Sl 16:11
A retidão e integridade de Cristo
concedeu-lhe o direito de receber bênçãos e delicias perpetuamente à direita do
Pai.
· Deste ponto em diante o salmista passa a descrever
os co-herdeiros com Cristo. Até o verso 5 o salmista profetizou acerca de
Cristo, e no verso 6 ele profetizou acerca dos filhos de Deus gerados em Cristo. Ele demonstra sua fé, dizendo a Deus que aquela geração seria a
geração que teria tais condições.
· A geração dos que buscam a Deus através de Cristo são qual Cristo é! Estes são nascidos da água e do Espírito e, portanto, são filhos de Deus. Deus é luz, e os que são nascidos de Deus são luz.
3. A GERAÇÃO QUE BUSCA A DEUS É UMA GERAÇÃO QUE NÃO VÊ O IMPOSSIVEL v.7-9.
· Quando o Salmista clama: v. 7 Levantai, ó portas as vossas cabeças, ele profetizou acerca dos poderosos (príncipes, juízes, magistrados, anciões, nobres) que exercem domínio e juízo entre os homens. Jó 29:7-10 Quando os homens, na época de Jó, viam-no aproximar-se da "porta" da cidade, ou seja, do lugar próprio aos que exerciam a liderança na antiguidade, eles de pronto preparavam a cadeira (lugar) para Jó se assentar. Os jovens deixavam o recinto, os príncipes nada diziam e os velhos colocavam-se e permaneciam em pé em sinal de reverência.
· Pv 31:23 O rei Lemuel deixou registrado que a mulher, quando cheia de virtudes,
faz com que o seu marido
assuma posição de destaque às portas da cidade, assentando-se entre os
anciões da terra. Ou seja, o 'assentar-se' à porta em Provérbios 31:23 é
o mesmo que a 'cadeira preparada' no livro de Jó 29:7.
· O lugar onde os magistrados, príncipes, sábios, se
reuniam na antiguidade era denominado de portas. As portas eram vetadas as pessoas comuns do povo. Somente os que
exerciam influência na sociedade é que poderiam ter acesso ao local denominado
portas.
ð Assim, o verso 7 do Salmo 24 refere-se ao
domínio eterno de Cristo, quando se assentou na condição de Senhor nos
céus em sua ressureição e Ascenção ao céu na segunda vinda, como filho de
Davi, Rei e Senhor de toda a terra.
ð Levantar é sinal de reverência e admiração, ou seja, quando o salmista profetiza: "Levantai, ó portas,...", ele diz para que os que exercem domínio levantem-se em
reverência àquele que subiu ao monte do Senhor e que se assentará para
reinar no seu Santo monte! É o mesmo que dizer: Levantem-se e
reverenciem o Rei da Glória, pois ele entrou e se assentou entre as nações para
exercer o domínio.
ð
"As
portas" diz do governo humano, e os "portais eternos" do governo
celestial.
ð
Assim as portas do templo santo tornar-se-ia o Local
onde as causas difíceis ao homens seriam levadas afim de serem resolvidas.
· As portas do templo teriam um destaque importantíssimo como o tribunal de causas difíceis e impossíveis. Assim Davi anuncia o grande Juiz de toda terra que é Justo e não pode ser corrompido.
CONCLUSÃO:
· O Salmo 24 é um
hino de louvor a Deus como o Rei da Glória. Ela nos ensina várias coisas importantes
sobre Deus:
a)
Deus é o criador do mundo: O salmista
declara que v.1 “Do Senhor é a terra e tudo o que nela
existe, o mundo e todos os que nele vivem”. Isso fala da soberania e
propriedade de Deus sobre toda a criação.
b)
Deus é santo e justo: O salmista
pergunta: v.3 “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem pode permanecer em seu lugar santo?”
Isso fala da santidade e da justiça de Deus, que exige que nos apresentemos a
ele com mãos limpas e coração puro.
c)
Deus é o Rei da Glória: O salmista
declara: v.7 “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portas antigas,
para que entre o Rei da glória”. Isso fala da majestade e do poder de Deus
como o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
d)
Deus é um Deus de justiça e retidão: O salmista
declara que v.4 aquele que sobe ao monte do Senhor e permanece no seu lugar santo é o
que tem as mãos limpas e o coração puro, que não jura falsamente nem engana os
outros. Isso fala da preocupação de Deus com a justiça e a retidão no
mundo.
e)
Deus é um Deus que abençoa o seu povo: O salmo
termina com uma declaração de bênção: v.5
“Que o Senhor te abençoe desde Sião;
que você veja a prosperidade de Jerusalém todos os dias da sua vida”. Isso
fala do desejo de Deus de abençoar e prosperar seu povo e de seu compromisso
com o bem-estar deles.
Pr. Nilton Jorge - Contatos: (22) 998746712 Whatsapp
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