TEXTO: Ed 10:4
INTRODUÇÃO:
·
O povo de Israel
estava no exílio da Babilônia há setenta anos quando o rei Ciro tocado por Deus
passa um pregão em todo o seu reino, dizendo que Deus o mandara edificar uma
casa ao Senhor Deus em Jerusalém de Judá, (Ed 1:1-2), Esdras era um
escriba encarregado dos negócios judaicos na corte da Pérsia, ele é o
encarregado dessa reforma, junto a ele mais de 7 mil dos judeus obedeceram à
voz de Deus e regressaram a Jerusalém. Em
Ed 7:6-9 está o registro acerca da ida de Esdras para Jerusalém.
Por isso que o capítulo nove inicia dizendo: “Acabadas, pois, estas coisas”,
isto é, quatro meses e meio após a chegada. Esdras fora enviado a Jerusalém justamente para ensinar a Lei que
Deus havia dado a Moisés, a cidade estava em total ruína, debaixo
de vergonha, miséria e desprezo, foram longos anos de trabalhos intensos e de
resistência à oposição dos samaritanos, arábios, amonitas e os asdoditas e a
obra vai parar por 16 longos anos (Ed 4).
ð Em 587 Jerusalém cai, o Templo e
destruído e o povo deportado.
ð Em 458: Esdras chega em jerusalém
(Esdras 7,8).
ð Em 445: Neemias chega em Jerusalém (13
anos depois de Esdras - Neemias 2,1).
·
A obra só dará continuidade após a visita de
Neemias, pois os muros seriam edificados, as cidades fortificadas, logo, os
inimigos teriam dificuldades para entrar na cidade, pois, uma cidade destruída,
sem muros, os inimigos, não se importam com ela, pois na hora que quiserem,
eles entram sem maiores problemas, mas
quando resolvemos fechar as brechas, restaurar os muros, restaurar o templo do
Senhor, os inimigos se levantam, foi assim com Esdras e Neemias, os
inimigos tentaram de tudo para impedir a reconstrução da cidade, e quando a
cidade estava edificada, os muros erguidos, o templo restaurado, seria uma
festa, mas os filhos de Israel se
misturaram, se casando com outros povos, coisa esta que lhes não era licita,
todo o povo, sacerdotes e levitas, haviam se misturado com os povos de outras
nações. Ed 9:1.2 O
povo de Israel, os sacerdotes e os levitas, não se têm separado dos povos
destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos perizeus,
dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios, e dos amorreus. Porque
tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a
linhagem santa com os povos dessas terras; e
até os príncipes e magistrados foram os primeiros nesta transgressão.
·
Deus não queria
que seu povo se misturasse, mas, aconteceu, Deus não abençoaria, Deus os havia entregado nas mãos de seus
inimigos, no exílio da Babilônia, por causa dos mesmos pecados, Idolatria,
prostituição, falta de justiça ao direito social, mistura com a cultura pagã
cananéia, paganismo no templo, culto divorciado de quebrantamento, quebra das
leis e ordenanças divinas, morte e perseguição aos profetas de Deus, entre
outras coisas.
·
E agora de novo faziam e praticava o que trouxe o
cativeiro, o que provocou as lágrimas pelas perdas de vida por ocasião do cativeiro.
Sl 137 Eles se assentam, choram,
lamentam e recordam. Agora livres voltam às mesmas práticas.
·
Pra quem lê o texto sem observar o contexto
histórico vai ficar até irado ou confuso com a decisão, de mandar embora sem
carta de divórcio as mulheres de relacionamento misto com seus filhos. Todavia isso representa voltar a
estar debaixo do juízo de Deus.
ð No texto sagrado (9:3,4b,5;10:1,9), notamos as reações que Esdras teve o saber do pecado do povo, assim
como alguns irmãos mais piedosos:
a) Ficou muito chocado ao saber do que se passava na vida daquele povo.
b) O temor invadiu o seu coração piedoso, e inicialmente ele agiu com
muita tristeza e amargura de coração (vs.3).
c) Os mais piedosos se ajuntaram a ele tremendo perante as Palavras do
Senhor (4a).
d) Esdras ficou atônito, isto é, pasmo, assombrado, espavorido, confuso e
perturbado, sentou-se e permaneceu assim até a hora do sacrifício da tarde.
e) Esdras se humilhou perante o Senhor,
pois após o sacrifício ajoelhou-se e ergueu as mãos para orar a Deus.
· Esdras representando o povo diante de Deus ora como se ele tivesse
pecado, ainda que ele não tivesse
participação naqueles pecados, ainda assim ele se identificou com o povo de
Deus e assumindo uma postura de compromisso perante Deus, orou confessando os
pecados do povo de Deus.
· A oração de
Esdras passa por alguns pontos:
a) Abrir o coração a Deus (vs.6);
b) Reconhecimento dos pecados cometidos (vs.6-7,10,15);
c) Confiança na graça de Deus (vs.8);
d) Exaltar a bondade e da soberania de Deus (vs.9,13,15);
e) Lembrar-se da Palavra de Deus (vs.10);
f)
Pedido de uma
solução para essa situação (vs.14).
· Esdras chorar e intercede pelo povo na
Casa de Deus, mas não chora sozinho, pois v. 1 “ajuntou-se a ele
de Israel mui grande congregação de homens, de mulheres e de crianças; pois o
povo chorava com grande choro”. Todos
estavam envolvidos nesta confusão criada por eles mesmos.
· A solução para o problema era drástica e
causaria muito sofrimento. Eles teriam que despedir tanto as mulheres pagãs
quanto os filhos que com elas tiveram. Que
dias terríveis eles devem ter enfrentado! Como esposo e pai, não consigo
imaginar a intensa angústia que certamente sentiram. Também não tenho como lhes dizer que entendi esta atitude, mas,
certamente, Deus não permitiria que os Seus filhos enfrentassem algo que não
pudessem suportar.
· Apesar de tudo, aquela
correção severa foi encarada como uma fonte de esperança (v. 2). O fato de despedirem as mulheres não judias com os filhos gerados
destes relacionamentos também gerou um sentimento de genuíno arrependimento (v. 12).
ð Meus irmãos, o que foi realizado naquele tempo não pode ser aplicado como um princípio hoje. A Bíblia não está dizendo que quem tem marido ou esposa incrédulos devem abandoná-los. De forma alguma! Para tanto, você pode ler ICo 7:10-14 e IPd 3:1 e 2, e perceberá que o princípio bíblico predominante é que o cristão deve se unir a uma cristã, mas caso já esteja casado(a) com um(a) descrente, que o seu procedimento seja um instrumento de Deus para alcançá-lo(a).
· A aplicação deste texto é evite erros,
decisões precipitadas e erradas, evite os pecados domésticos e as repetições
dos mesmos e evitará arrependimentos.
· E aqui há duas coisas a serem pensadas.
a) A teologia
determina a vida. Os sacerdotes e lideres deixaram de
ensinar a Palavra e pecaram e o povo se corrompeu. Práticas erradas é fruto de
princípios errados.
b) A família
determina a igreja. Os casamentos mistos estavam pondo em
risco a teocracia judaica, a integridade espiritual da nação. Famílias
desestruturadas e quebradas desembocam em igrejas fragilizadas.
TRANSIÇÃO: Temos que
entender o casamento via bíblia da seguinte forma:
a)
O casamento é uma união heterossexual. O casamento é
a união entre um homem e uma mulher. Este é o princípio da criação. Todo o
resto é arranjo.
b)
O casamento é uma união monogâmica. A monogamia
foi instituída na criação, sancionada na lei, reafirmada na graça. A incidência
da poligamia foi fruto da desobediência e trouxe graves consequências.
c)
O casamento é uma união monossomática. O sexo no
casamento é ordem, é bom, é santo, é puro, é deleitoso. A deslealdade à aliança
implica na infidelidade sexual.
d) O casamento é uma união indissolúvel. A quebra da aliança conjugal é deslealdade. Jesus reafirmou Mt 19:6 que “o que Deus uniu não o separe o homem”.
· O CASAMENTO MISTO É UMA VIOLAÇÃO DO PROPÓSITO DE DEUS
a)
O casamento misto é uma deslealdade à
paternidade de Deus. Deus é o Pai do seu povo e chamou Israel
para ser o seu povo particular. Nós pertencemos à família de Deus. Fomos adotados
e também somos gerados do Espírito. Deus fez conosco uma aliança de ser
o nosso Deus e nós o seu povo para sempre. Ele requer de nós fidelidade.
·
O
casamento misto levava a idolatria e a adoração de outros deuses era uma
espécie de infidelidade conjugal com o Deus da aliança. Era uma traição e uma
quebra da aliança. O apóstolo Paulo 2
Co 6:15-16 pergunta: Que
harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?
Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?
·
O casamento
misto era uma porta de entrada para o desvio da fé:
ð
A decadência da
geração ante-diluviana foi devido ao casamento entre uma geração piedosa
com uma geração que não temia a Deus.
ð
Os casamentos
mistos foram o fator principal da apostasia religiosa de Israel. Salomão e
Acabe são exemplos tristes desse fato.
ð O casamento misto foi duramente reprovado por Esdras (Es 9:1-2), Neemias (Ne 10:30; 13::23-27) e Malaquias (Ml 2:10-16).
b)
O casamento misto é a quebra da aliança
feita pelos Pais. Quando o povo recebeu a lei de Deus no
Sinai, eles prometeram a Deus que não dariam seus filhos ou suas filhas em
casamento aos adoradores de outros deuses (Ex
34:16; Dt 7:3).
· A questão não era os casamentos inter-raciais, mas a união com adoradores de deuses estranhos. O problema não era racial, mas religioso. Raabe casou-se com Salmon, Boaz casou-se com Rute, uma moabita. Hoje, quando uma pessoa se casa com alguém não nascido de novo, está quebrando esse preceito bíblico.
c)
O casamento misto implica em
infidelidade a Deus.
a) Porque atenta contra o
propósito da família viver para a glória de Deus. O casamento é uma
demonstração do casamento de Cristo com a Igreja. O lar precisa ser uma igreja
santa, adorando ao Deus santo. Uma casa dividida não pode prevalecer. Andarão dois juntos se não houver entre eles
acordo.
b) Porque
conspira contra a criação dos filhos no temor do Senhor. Um
casamento misto tem grandes dificuldades na criação dos filhos na disciplina e
admoestação do Senhor. Os filhos passam a falar meio asdodita (Ne 13:24).
c) Porque é uma aberta desobediência ao mandamento de Deus. Tanto no Antigo como no Novo Testamento a ordem de Deus é clara: o casamento misto não faz parte do projeto de Deus para o seu povo.
d) O casamento misto é um alvo certo do juízo de Deus. A desobediência traz juízo. Deus não premia a desobediência. As consequências podem ser amargas para aqueles que entram na contra-mão da vontade de Deus.
CONCLUSÃO:
·
Esdras
é um exemplo de valentia de coragem, ele e os lideres que com ele estavam não
se apequenaram, não fingiram estar tudo bem, não camuflaram o erro, nem
aplaudiram os pecados. Eles oraram, confessaram, se arrependeram e como
exemplos reuniram o povo debaixo de chuva pesada pra fazerem o mesmo. Porque
o arrependimento muda o destino.
·
Mas no tocante a isto, ainda há uma esperança para
Israel.
Secanias emerge como uma figura chave, propondo o pacto para renovação
espiritual. Sua liderança moral inspira o povo a seguir um caminho
de arrependimento e renúncia, marcando um momento de unidade e determinação
coletiva para corrigir os erros passados.
·
A proposta de Secanias destaca a
importância de enfrentar os pecados de forma direta, sugerindo que a comunidade
deve fazer um acordo diante de Deus para repudiar o que Deus reprova.
·
Saímos de debaixo do juízo, quando
entramos debaixo do arrependimento e oração.
·
No
livro de Jó 14:7-9 lemos, Ainda há esperança para a árvore cortada. Se
envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó. Ao cheiro das
águas brotará, e dará ramos como uma planta.
Pr. Nilton Jorge