domingo, 26 de março de 2023

A RESPONSABILIDADE DA IGREJA

TEXTO: Mt 5:13-14

INTRODUÇÃO:

·      Jesus já tinha passado pela água do batismo e pelo fogo da tentação. Seu ministério já estava suplantando o robusto ministério de João Batista em termos de adesão das multidões.  Então, Jesus deixou a Judeia para evitar conflitos precoces com as autoridades religiosas e foi para a Galileia.  Sua fama transbordava além das fronteiras de Israel. Multidões fluíam de todos os cantos da nação para segui-lo. 

·      O texto em relevo nos mostra três áreas do ministério de Jesus: ensino, pregação e cura 4:23.  Jesus converteu seus próprios ensinamentos em ação, e em ação misericordiosa.

a)   Em primeiro lugar, Jesus ensinou nas sinagogas. A sinagoga a instituição mais importante na vida de um judeu.  Só havia um templo, o templo de Jerusalém, mas havia uma sinagoga em cada comunidade judaica. Se o templo era o lugar dos sacrifícios, a sinagoga era o ambiente do ensino. Jesus foi o mestre dos mestres, o mensageiro e a mensagem, o profeta e a profecia, o professor e o conteúdo do seu ensino. 

b)   Em segundo lugar, Jesus pregou o evangelho do reino. Jesus era um mestre e também um pregador que interpretou de forma correta A Torah e os profetas. A sua mensagem era o evangelho do reino.  O evangelho do reino é o evangelho da graça que chama o homem ao arrependimento e lhe promete remissão de pecados. O reino possui quatro conceitos:

1)   O reinado, o governo ou soberania reconhecidos de Deus; 

2)   A completa salvação, com todas as bênçãos espirituais e materiais;

3)   A igreja, a comunidade de homens em cujo coração Deus é reconhecido como rei;

4)   O universo redimido.

c)    Em terceiro lugar, Jesus curou toda sorte de doenças enfermidades. Seu ministério foi marcado pela compaixão. Ele estancou o sofrimento efêmero e resolveu o problema eterno. Trouxe pleno perdão para os pecados e pleno alívio para as dores.

·      Os milagres de cura que Cristo realizou tinham um significado tríplice:

ð Confirmavam sua mensagem;

ð Revelavam que de fato ele era o Messias da profecia;

ð Provavam que, em certo sentido, o reino já havia chegado, porque o reino inclui bênçãos tanto para o corpo como para a alma.

 

·      Mateus faz um registro eloquente, do esplêndido sucesso do ministério de Jesus.  Sua fama avançou além das fronteiras de Israel, chegando à Síria. Levaram a Jesus todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos, e a todos ele curou.  Numerosas multidões vinham a ele de Jerusalém, Judeia, dalém do Jordão, bem como de Decápolis, ou seja, das dez cidades que se estendiam do nordeste de Samaria ao nordeste da Galileia: Damasco, Canata, Diom, Hipos, Gadara, Abila, Citópolis, Pela, Geresa e Filadélfia.

·      Essa multidão que vem pra ouvir a Jesus irá aprender sobre a constituição do Reino. Em Mt 5:1-12 Jesus irá falar sobre as credenciais dos súditos do reino. A lei prescrita por Jesus não é nenhum código de regras exteriores que possa ser seguido ao pé da letra, mas sim uma série de princípios, ideias e motivos para a conduta, à lei gravada no coração. O sermão do monte é a ética absoluta do reino de Deus. No célebre sermão do monte, Jesus mostrou, de forma eloquente, que o reino de Deus é um reino de ponta-cabeça. A pirâmide está invertida. 

a)   Feliz é aquele que nada ostenta diante de Deus e ainda chora pelos seus pecados.

b)   Feliz é aquele que abre mão dos seus direitos em vez de oprimir aqueles que reivindicam até direitos que não têm.

c)    Feliz é o que abre a mão ao necessitado, e não o que explora para enriquecer-se.

d)   Feliz é o que constrói pontes de contato entre as pessoas, e não aquele que cava abismos de inimizades entre as pessoas. 

e)    Feliz é o que ama e pratica a justiça, e não aquele que usa as filigranas da lei para auferir vantagens próprias. 

f)    Feliz é aquele que busca a santidade, e não aquele que rasga a cara em ruidosas gargalhadas carregadas de lascívia. 

g)   No reino de Deus, ser perseguido por causa da justiça é melhor do que fazer injustiça e posar de benemérito da sociedade.

·      Se, nos reinos do mundo, o forte prevalece sobre o fraco e o poder da vingança esmaga até os inocentes, no reino de Deus o perdão é maior do que a vingança e a busca da reconciliação é melhor do que a vitória num  tribunal. 

·      Nos reinos do mundo, os homens se satisfazem com as ações certas sob a investigação da lei, no reino de Deus, até mesmo as motivações do coração são contadas. Odiar alguém é matá-lo no coração; olhar para uma mulher com intenção impura é adulterar com ela. Se os tribunais da terra só podem julgar palavras e ações, no reino de Deus o tribunal divino julga até mesmo as intenções.

·      Na ética do mundo, o casamento está cada vez mais enfraquecido e o divórcio está cada vez mais robusto. No reino de Deus, divorciar-se por qualquer motivo é entrar pelos corredores escuros do adultério e arruinar não apenas a própria vida, mas também a família.

·      Na ética do mundo, o sexo tornou-se banal e promíscuo. Toda sorte de aberrações sexuais é aplaudida e incentivada, mas no reino de Deus se exigem a pureza no coração e a fidelidade nos relacionamentos.

·      Na ética do mundo, a espiritualidade é uma encenação na passarela da vaidade. Os homens são aplaudidos por aquilo que aparentam ser, e não pelo que de fato são. No reino de Deus, a espiritualidade verdadeira não busca holofotes nem aplauso dos homens, porque visa exclusivamente agradar a Deus, que tudo vê em secreto e a todos sonda. 

·      Na ética do mundo, os homens julgam temerariamente, ao mesmo tempo em que expõem os pecados do próximo, promovendo a si mesmos. No reino de Deus, o indivíduo é rigoroso ao tratar seus próprios pecados, mas é compassivo em lidar com os pecados do próximo. 

·      Na ética do  mundo, ser grande é acumular riquezas na terra, construir impérios financeiros e ostentar poder econômico. No reino de Deus, ser rico é ajuntar tesouros no céu, onde os ladrões não roubam nem a traça e a ferrugem corroem. Nos reinos do mundo, os homens vivem ansiosos pelas coisas que perecem, enquanto os filhos de Deus buscam em primeiro lugar o reino de Deus, que é eterno. 

·      Na ética do mundo, os falsos profetas são tidos em alta conta e recebem dos homens todo prestígio e acolhida. Mas, para os filhos do reino, eles são falsos ministros, que pregam um falso evangelho, produzindo falsos crentes.

·      Na ética do mundo, o que importa é a aparência. Por isso, a insensatez prevalece.  Os homens escutam a verdade, mas não a põem em prática. Constroem sua casa sobre a areia, para vê-la desmoronar na chegada da tempestade. No reino de Deus, não basta ouvir ou conhecer; é preciso praticar. Não basta construir sua casa, é preciso construí-la sobre a rocha. 

·      O reino de Deus está em oposição aos reinos deste mundo. Os reinos deste mundo são aplaudidos agora, mas entrarão em colapso depois. Ostentam sua riqueza agora, mas depois ficarão completamente desamparados. Drapejam suas bandeiras de sucesso agora, mas serão cobertos de opróbrio na manifestação de nosso redentor. Então, todos os reinos deste mundo passarão, mas o reino de Cristo, mesmo sendo agora um reino de ponta cabeça, jamais findará.

TRANSIÇÃO:

ð No texto em tela, Jesus deixa de pronunciar bênçãos e passa a comunicar responsabilidades, Jesus faz uma transição daquilo que somos para aquilo que fazemos.

ð Jesus usa duas metáforas para descrever a influência da igreja no mundo. A primeira delas é o sal, que trata de sua influência interna. A segunda é a luz, que descreve sua influência externa.

a)   O sal influencia sem ser visto. A luz influencia sem deixar de ser vista. 

b)   O sal influencia ao infiltrar-se.  A luz influencia ao irradiar-se. 

c)    O sal, embora não possa ser visto,  é sentido. A luz, embora não possa deixar de ser vista, é reveladora.


ð O QUE ESSAS METÁFORAS VÃO NOS ENSINAR COMO IGREJA?

·      Na primeira metáfora, a igreja exerce um papel restringidor na corrupção do mundo e denunciador do pecado, a igreja é o sal da terra:

a)   Coíbe a decomposição: Assim como o sal aplicado sobre a carne a preserva da decomposição, a igreja age contra o pecado através da Palavra, da presença abundante do Espírito Santo (que promove vida), do incentivo à santificação.

b)   Dá sabor: Como qualquer sabor é perceptível, a Igreja salga bem sendo inserida, mostrando ao mundo e ao pecador que nossa mensagem não é adocicada, não é amarga e nem azeda a alma, mas é salgada como um bom tempero.

c)    Provoca sede: se somos sal e saboreamos esse mundo, logo haverá por parte dos outros a sede por Deus. Quando a Igreja prega a mensagem da cruz, provoca sede de Deus em: arrependimento, avivamento e regeneração. A igreja é o grande freio moral do mundo. Um dia ela será tirada e a corrupção do inferno tomará conta, mas agora, resta-nos cumprir o “ide”.


·      Na segunda metáfora, a igreja exerce um papel de testemunho da Verdade e transformação espiritual, a igreja é a luz do mundo:

a)   A luz é símbolo da verdade: ela revela o Cristo.

b)   A luz é símbolo da pureza: a Igreja de Deus é santa e todo crente deve ser santo em uma vida marcada pelos frutos do Espírito Santo e genuína piedade.

c)    A luz é símbolo da vida: a Igreja mostra ao mundo que há Vida em Jesus.

d)   A luz dá direção na estrada: a Igreja revela Jesus o caminho.

e)    A luz aquece no frio: Na Igreja não pode existir a frieza espiritual.

f)    A luz gera vida, sem ela não há fotossíntese. Ela é o local para a transformação e regeneração humana, gerando vida de Deus no crente. 

CONCLUSÃO: A igreja não pode perder essa identificação, nem perder o sabor, muito menos se esconder.

 Pr. Nilton Jorge


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