INTRODUÇÃO:
·
De acordo com o título (na versão ARC), o salmo é um
“Cântico sobre Alamote”. A palavra alamote deriva
do substantivo hebraico almah, um termo que significa
“donzela, moça”. É possível que isso signifique que a canção tenha sido composta
para vozes de soprano. Segundo o Salmo 68:25 as mulheres também participavam da
música em Israel, daí que as versões ARA, NVI, NTLH, dentre outras versões
bíblicas, trazem como tradução as expressões: para voz de soprano ou em
voz de soprano e para vozes agudas em vez de Alamote.
· O Salmo 46 se
localiza em um contexto literário estratégico. Há um
entrelaçamento dos salmos 45 ao 48. Enquanto os salmos 45 e 47 são salmos sobre
a realeza, os salmos 46 e 48 são salmos de refúgio. Existe uma ligação muito
íntima entre a imagem de Deus como rei e de Deus como refúgio, pois a função de
proteção estava associada ao ofício de rei.
· Este salmo tem
como epígrafe temática, a fé perfeita em Deus. Isso porque
ele é cantado em meio à provocação, ao sentimento de insegurança e pânico, ele
é cantado quando as noticias que chegam das nações ao redor é de desolação
(derrotas em meio ás guerras), ele é cantado em meio a cerco, opressão e muita
resistência por parte do adversário.
· O salmo 46 aponta
para um grande livramento que Deus deu ao seu povo diante de seus inimigos. Os eruditos
colocam o contexto do salmo durante o reinado de Ezequias, quando o rei da
Assíria, Senaqueribe cercou Judá afrontando o povo de Deus por meio de seu
comandante Rabsaqué.
· Ezequias era
filho de Acaz que tinha sido um péssimo e perverso rei. Com medo de
ser subjugado pelos Assírios, seu Pai, Acaz começou a adorar aos deuses Assírios
vivendo como um apóstata. A perversidade de Acaz era tão grande que para se
manter no poder ele sacrificou no altar de Moloque alguns de seus filhos. Quando
Ezequias assume o governo de seu pai, a nação estava totalmente decadente moral
e espiritualmente falando. Quando Ezequias assume o reinado de Judá
ele desfaz a aliança com a Assíria e promove uma reforma em todos os sentidos
em Jerusalém e Judá. Isso trouxe o exército da Síria até os portões de
Jerusalém.
· Senaqueribe usou
para com o povo de Deus as mesmas táticas que Satanás usa contra nós quando
enfrentamos lutas: A ameaça
e intimidação.
ð
O Salmo 46 ficou conhecido como o salmo de Lutero. Quase todos
associam Martinho Lutero à carta de Paulo aos Romanos, particularmente a Rm 1:17 O justo viverá da fé.
Poucos,
porém, sabem que Lutero foi convertido não apenas por seu estudo de Romanos, mas
também por sua dedicação ao estudo e ao ensino do livro de Salmos.
Ele ensinou os Salmos por anos e os amava muito, do começo ao fim de sua vida. Seu favorito era o Salmo 46.
ð
Historiadores
e biógrafos nos dão conta de que, enquanto a Reforma Protestante estava em
curso, houve diversos momentos negros e perigosos; durante os quais, não foram
poucas às vezes em que Lutero se sentiu terrivelmente desanimado e deprimido.
Em muitas dessas ocasiões, ele procurava seu amigo e colega de trabalho,
Philipp e lhe dizia: “Vinde, Philipp, vamos cantar o quadragésimo sexto
Salmo!”. Foi inspirado por este salmo que Lutero compôs seu hino mais
famoso “Castelo Forte”, hino 323 do Cantor Cristão.
TRANSIÇÃO: Este salmo nos ensina que a esperança do povo de Deus reside em três verdades:
1. O CONHECIMENTO SOBRE A PESSOA DE DEUS REVELA A MINHA SEGUANÇA NELE.
·
v.1 começa
dizendo que Deus é o nosso refúgio e fortaleza. A palavra
traduzida por refúgio significa “abrigo,
refúgio do perigo, das intempéries”, enquanto essa mesma palavra, nos
versos 7 e 11, quer dizer “uma torre
alta, uma fortaleza”. Além disso, a palavra “fortaleza” significa poder,
força.
·
A realidade sobre quem é Deus é a segurança para o
seu povo.
Deus é refúgio e fortaleza para os seus. Saber que Ele é onipotente, e
mais do que conhecimento teórico é saber que Ele está disponível. Ele
é socorro bem presente, Ele está disponível.
·
Porém Deus é socorro presente em todas as situações. Principalmente
nas mais difíceis, na tribulação. A palavra “tribulação” refere-se a uma
situação de dificuldade, alguém encurralado e incapaz de sair dessa situação.
·
No vs. 2 o salmista continua mostrando o resultado
do reconhecimento de quem Deus é no meio do seu povo. Portanto, ou
seja, a conclusão do fato de reconhecerem a onipotência e pronto socorro
disponível a eles daquele que tudo pode, eles não temerão.
ð Esse não ter medo não se trata de pensarem que são fortes ou tem condições para vencer, tampouco é resultado de uma negligência em avaliar os perigos, mas reside no fato de saber quem é Deus e confiar em sua bondade, poder e proteção.
·
A terra é o lugar mais firme e seguro que
conhecemos, até que vem um terremoto. Os montes são os lugares mais
altos e imponentes, até que são estremecidos. Muitos colocam sua esperança
de refúgio e proteção em coisas criadas. Mas elas são falíveis.
ð
Alguns têm sua
esperança no dinheiro, mas as crises vêm. Outros em um lugar, até que
esse lugar se torna perigoso. Em pessoas, mas as pessoas morrem.
ð
Todas as coisas, por maiores que sejam, são
mutáveis. Mas Deus não muda. Por isso não temeremos. Confiamos no
Deus que cria o universo do nada, e do caos ele traz a ordem. Confiamos no Deus
que anda sobre as águas e os ventos e o mar lhe obedece a voz. Por isso não
temeremos.
2. A CONCIENCIA DA PRESENÇA DE DEUS ME DA SEGURANÇA.
· O v.4 diz Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Jerusalém não foi construída à beira de um rio, diferentemente de outras cidades antigas. Contudo, pela providência de Deus, que dera sabedoria a Ezequias, durante seu reinado, ele construiu um sistema de canais que ligava os mananciais de Giom, no vale de Cedrom, ao tanque de Siloé, dentro da cidade, de modo que havia água para o povo de Deus, apesar do cerco. O santuário das moradas do Altíssimo, a cidade é um santuário. Veja que não se trata do templo em si. Mas a cidade, porque Deus está no meio dela.
·
Enquanto Senaqueribe pensava causar pavor e espanto
cercando a cidade, Ezequias cantava, Deus estava no meio dela.
·
A
segunda verdade, após saberem quem Deus é agora reside no fato de que Deus
está. Deus está no meio da cidade. Além de conhecerem o caráter
de Deus, eles sabem onde ele está. Não é um Deus distante,
inacessível, inalcançável. Deus está lá no meio da cidade.
·
Porque Ele é inabalável, a cidade também não poderá
ser abalada.
Ele a ajudará desde antes do nascer do sol. Ele não apenas está na cidade, como
Ele não dorme. Ele é a proteção da cidade que não se cansa e nem esmorece. Desde
cedo Deus está cuidando do seu povo. Antes do povo sequer acordar,
Deus já cuida deles. Mesmo quando estamos tranquilos, mas com perigo iminente,
sem sequer saber disso, Deus cuida de nós.
· v. 7 O SENHOR dos Exércitos está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Aqui se revela duas verdades e um paralelismo entre características do mesmo Deus, o Deus do pacto, Deus poderoso, e Deus pessoal. Um Deus de guerra e um Deus pessoal. O Senhor dos exércitos (Deus de guerra) está conosco (Deus pessoal).
ð Temos intimidade com o guerreiro que nos defende, mas ao mesmo tempo é o amigo da família. Ele está conosco pessoalmente, e ao mesmo tempo nos protege diante das tribulações. Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde antemanhã.
Deus está no meio da igreja.
Deus está no meio do seu povo.
Deus está no meio da sua família.
Deus está no meio do seu casamento.
Deus está no meio dos teus negócios.
Deus está no começo, no meio e no fim da história.
Mt 28:20 Jesus disse: Eis que estou convosco
todos os dias, até à consumação dos séculos.
·
O exército de Senaqueribe estava ao redor de Judá.
Mal podiam imaginar que o Anjo do Senhor estava no meio dela. Naquele dia, o
povo de Judá não teve que lutar. O Anjo do Senhor lutou por eles. Cento e
oitenta e cinco mil assírios foram mortos sem que Judá tivesse que levantar uma
espada.
3. O CONHECIMENTO DE QUEM DEUS É E A CONCIÊNCIA DE SUA PRESENÇA ME FAZ CRER EM SUA AÇÃO.
· Depois de terem esperança pelo que Deus é e por estarem alegres por onde Deus está agora o povo de Deus é chamado a ter paz por causa do que Deus faz.
·
O
salmista se dirige ao povo de Deus imperativamente, Vinde e contemplai são verbos imperativos para o povo de
Deus. Venham e vejam o que Deus faz.
ð
v. 8b “que assolações efetuou na terra”. v. 9 “ele põe fim à guerra até aos confins do mundo, quebra o arco e
despedaça a lança, queima os carros no fogo”. A imagem é das nações
marchando contra o povo de Deus com cavalos, carros de guerra, lanças, arcos.
Contudo, salmista nos mostra Deus dando fim à guerra. Diferentemente do que
poderíamos pensar, nesse caso, Deus não põe fim à guerra lutando, mas
desarmando as nações inimigas. Deus destrói as armas de guerra.
ð
Agora, que Deus
as desarmou temos v. 10 “Aquietai-vos
e sabei que eu sou Deus, sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra”.
A
voz do salmo muda. Quem fala não é mais o salmista, mas o próprio Deus.
Ele se dirige aos judeus e dá uma ordem: Aquietem-se
e me conheçam. Exaltem o meu nome. Deus afirma eu serei exaltado entre as nações
e por toda a terra.
ð Nossa segurança
está no Deus imutável, soberano e todo-poderoso. Independentemente de
circunstâncias. Deus está conosco. Ele não está inacessível e nem distante. Ele
é nosso pai, amigo e protetor. Deus é quem efetuou a nossa redenção por meio do
Messias, Jesus Cristo. Ele selou a nossa paz. Éramos inimigos e fomos tornados
em amigos. Éramos da pior estirpe e fomos feitos filhos. Por isso devemos
exalta-lo por todo o sempre. Tudo para a glória dele.
Pastor Nilton Jorge - Contatos: (22) 998746712 Whatsapp
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários serão lidos pelo autor, só serão respondidos os de grande relevancia teológica, desde já agradeço pela visita.