TEXTO:
Mc 3:13-19
INTRODUÇÃO:
ð O texto nos mostra
Jesus chamando cooperadores para fazer a sua obra. O Reino de Deus
está sendo estabelecido e Jesus está recrutando trabalhadores. Os que são
chamados à salvação são também convocados para um treinamento a fim de alcançar
outros. J. Vernon McGee diz que os evangelhos registram três ocasiões em que os
discípulos foram chamados.
1.
A
primeira, foi a chamada para a salvação. Essa chamada
aconteceu na Judéia e está registrada em João 1:35-51. Jesus chamou
André e Pedro e estes deixaram as fileiras de João Batista e o seguiram. Mas
nessa ocasião, eles ainda voltaram para a Galiléia e continuaram com sua
atividade pesqueira.
2.
A
segunda, foi a chamada para o discipulado. Essa ocasião é
descrita em Marcos 1:16-20, no Mar da Galiléia, quando Jesus chamou
Pedro e André, Tiago e João para segui-lo. Esse é o chamado para o discipulado.
Eles seriam treinados para serem pescadores de homens. Contudo, somos
informados em Lucas 5:1-11, que eles ainda voltaram à pescaria no Mar da
Galiléia. Foi nessa ocasião que Pedro disse para Jesus: “Senhor, afasta-te
de mim, porque eu sou pecador”. Em outras palavras, estava pedindo para
Jesus desistir dele e buscar alguém mais adequado para a grande missão. Mas Jesus
não desistiu de Pedro.
3.
A
terceira, foi a chamada para o apostolado. Esse chamado está
registrado em Marcos 3:14-21, quando Jesus separou dentre seus
discípulos, doze apóstolos para estarem com Ele e para os enviar a pregar e
expulsar demônios. Esse foi o chamado para o apostolado.
·
Jesus tinha muitos discípulos, mas Ele separou
doze para serem apóstolos. Discípulo é um aprendiz, apóstolo é um enviado com uma
comissão, um embaixador em nome do Rei. Os apóstolos foram
chamados dentre os discípulos, isto porque a conversão precede ao ministério.
A ordem é: primeiro converter, depois ordenar.
·
Jesus
só teve doze apóstolos. Os apóstolos foram os instrumentos para
receberem a revelação de Deus e foram inspirados por Deus para o registro das
Escrituras. Não
há sucessão apostólica. Os apóstolos não tiveram sucessores
depois que morreram. Um apóstolo precisava ter visto a Cristo ressurreto (1Co
9:1), ter tido comunhão com Cristo (At 1:21,22) e ter sido chamado
pelo próprio Cristo (Ef 4:11). Os apóstolos receberam poder especial
para realizar milagres como prova de sua credencial (At 2:43; 5:12; 2Co 12:12;
Hb 2:1-4).
·
Dewey
Mulholland diz que a decisão de Jesus de escolher os doze apóstolos foi uma das
decisões mais cruciais da História. Ele não escreveu livros, não ergueu
monumentos nem construiu instituições. Ele discipulou pessoas do modo mais
eficaz para perpetuar o seu ministério. A existência da Igreja prova a correção de sua decisão.
TRANSIÇÃO: COMO FOI A
ESCOLHA DE CRISTO E O QUE PODEMOS APRENDER COM ELA SOBRE A NOSSA IDENTIDADE VOCACIONAL?
1.
JESUS ESCOLHEU SOBERANAMENTE (Mc 3:13).
ð Três verdades são dignas de observação nesse aspecto da
soberania de Jesus na escolha dos líderes da igreja:
a)
Em
primeiro lugar, Jesus escolheu a liderança da igreja segundo a expressa vontade
do Pai.
Lucas
informa-nos que antes de Jesus chamar os apóstolos, dedicou-se à oração: Lc
6:12,13 “Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou
a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e
escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos”.
·
A oração de Jesus tem quatro marcas
distintas:
1)
Primeiro, Ele orou secretamente: “retirou-se para o
monte, a fim de orar”.
2)
Segundo, Ele orou insistentemente: “e passou a
noite orando”.
3)
Terceiro, Ele orou submissamente: “orando a Deus”.
4)
Quarto: ele orou objetivamente: “e quando
amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos
quais deu também o nome de apóstolos”.
b)
Em
segundo lugar, Jesus escolheu a liderança da igreja soberana e eficazmente. O chamado de
Cristo é soberano e eficaz, pois chamou os que Ele mesmo quis e eles vieram
para junto dele. O evangelista Marcos registra Mc 3.13: “Depois,
subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele”.
Jesus não fez uma pesquisa de opinião entre a multidão para escolher os doze.
Ele não escolheu a liderança da igreja por critérios humanistas. Jesus
chama a quem quer. Ele é soberano. Ninguém pode frustrar os seus
desígnios. Sua vontade e não a nossa deve prevalecer. Ele chamou 12 e não 60.
Por quê?
1.
Primeiro, porque Ele chamou os que Ele
mesmo quis!
Na
noite que Jesus foi traído, Ele disse aos seus discípulos: Jo 15:16 “Não
fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros
e vos designei para que vades e deis frutos...”.
2.
Segundo, porque Ele tinha em mente o novo
Israel, pois o antigo Israel tinha doze patriarcas e doze tribos. Agora, o novo
Israel, representado pelos doze apóstolos, seria formado por pessoas de todas
as nações, tanto judeus quanto gentios.
c)
Em
terceiro lugar, Jesus escolheu a liderança da igreja incondicionalmente. O chamado de
Cristo é também incondicional. Os homens que Jesus escolheu não possuíam
qualidades especiais. Não eram endinheirados, não desfrutavam uma posição
social influente nem tinham recebido educação especializada. Também não eram
líderes eclesiásticos de alto nível. Eram doze homens comuns. Na verdade, Jesus
escolheu homens limitados, pobres, iletrados, de temperamentos explosivos. Nós
jamais escolheríamos esses homens. Contudo, Jesus os escolhe, os ensina, os
equipou e os revestiu de poder. Com esses homens, Ele transforma o mundo.
Famosos reis tiveram seus nomes apagados da História, mas esses iletrados
homens têm seus nomes relembrados todos os dias por milhões e milhões de
cristãos ao redor do mundo.
·
O
líder espiritual é alguém vocacionado. Vocação, segundo John Jowett, é
como ter algemas invisíveis; o vocacionado não pode retroceder. O profeta
Jeremias quis deixar o ministério, mas isso foi como fogo em seus ossos.
2.
JESUS ESCOLHEU PROPOSITALMENTE (Mc 3:14,15).
·
William Hendriksen diz que a tarefa para a qual Jesus
os indicou era tríplice: discipular, ensinar, pregar e libertação de
demônios.
a)
Em
primeiro lugar, chamou-os e designou-os para estarem com Ele. Marcos registra: “Então,
designou doze para estarem com ele” (Mc 3:14). O Senhor da obra é
mais importante do que a obra do Senhor. Ter comunhão com Jesus é mais
importante do que ativismo religioso. Antes de proclamarmos o
evangelho ao mundo, precisamos como Maria, assentar-nos aos pés do Senhor para
ouvir a sua Palavra. Nós precisamos aprender dele, imitá-lo, beber do seu
Espírito e andar em seus passos. Como João, precisamos dizer: 1Jo 1:3 “nós
proclamamos o que temos visto e ouvido”.
·
Jesus não chama
os apóstolos para ocuparem um cargo ou tomarem parte em uma instituição: Ele os chama
para si mesmo. Eles têm muito a aprender sobre Ele e sobre si mesmos. Jesus é o
modelo de caráter. Porque
o caráter determina a qualidade do serviço prestado, a formação do caráter
precede o serviço.
·
Deus está mais interessado em quem somos do que no que
fazemos.
Quando o apóstolo Paulo descreve as características do presbítero, ele faz
quatorze referências à vida do presbítero e apenas uma referência à sua
capacidade de ensinar. A vida precede o ministério. A
vida é o próprio ministério.
·
A
vida do líder é a vida da sua liderança, enquanto os
pecados do líder são os mestres do pecado. A maior necessidade do
líder é ter intimidade com Jesus. Quem não anda na presença de
Jesus não tem credencial para ser líder na Igreja de Jesus.
b)
Em
segundo lugar, chamou-os e designou-os para os enviar a pregar. Marcos escreve: Mc
3:14 “Então, designou doze[...] para os enviar a pregar”. O
ministério dos apóstolos derivou sua origem não da igreja ou do povo, mas de
Cristo. Os apóstolos deveriam ser mensageiros de Deus. Eles eram embaixadores e
arautos com uma mensagem do Rei. Eles foram chamados do mundo para serem
enviados de volta ao mundo como ministros da reconciliação.
·
William
Barclay diz que a ênfase de Jesus era oposta à ênfase dos fariseus, pois
enquanto estes pregavam a separação das pessoas comuns, Jesus enviava seus
apóstolos ao mundo, de onde foram chamados. A autoridade dos apóstolos era tão
real, que Jesus diria Mt 10:40: “Quem vos recebe a mim me recebe; e
quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.
·
O
ministério dos apóstolos deveria ser exercido no mundo inteiro. Eles foram
inicialmente enviados para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10:5,6);
mais tarde, para todas as nações (Mt 28:19) e por todo o mundo (Mc 16:15).
A pregação da Palavra é a espinha dorsal do ministério. É mais importante do
que a própria administração dos sacramentos (1Co 1:17). Os apóstolos
deixaram de servir às mesas para se consagrarem exclusivamente à oração e ao
ministério da Palavra (At 6:4). Um ministro que não prega a Palavra é como uma lamparina
sem luz, uma trombeta silenciosa, um vigia adormecido, um fogo apenas pintado
na parede.
c)
Em
terceiro lugar, chamou-os e designou-os a exercer autoridade de expelir
demônios.
“[...]e a exercer a autoridade de expelir demônios” (3:15). O
líder espiritual é alguém que tem intimidade com Cristo, proclama a Palavra de
Cristo e tem autoridade espiritual para resistir às forças do mal que oprimem
as pessoas.
·
O líder da igreja precisa conhecer a
autoridade que tem o nome de Jesus. Diante desse nome, todo joelho se
dobra no céu, na terra e debaixo da terra. O líder precisa ser uma pessoa de
discernimento espiritual para distinguir aquilo que oprime as pessoas.
·
A autoridade não é do líder, ela é uma
autoridade delegada. Ele apenas a exerce em nome de Cristo. Essa
autoridade vem do alto. Ela está no poderoso nome de Jesus!
3.
JESUS ESCOLHEU SURPREENDENTEMENTE (Mc 3:16-19).
ð Jesus escolheu pessoas heterogêneas. Dificilmente nós
escolheríamos as mesmas pessoas que Jesus escolheu. Eram pessoas diferentes e
heterogêneas. Alguns deles como Pedro, André, Tiago e João eram pescadores
incultos. Mateus era empregado de Roma enquanto Simão, o zelote, era opositor
declarado de Roma. Entre eles estavam homens inconstantes como Pedro, céticos
como Tomé, contundentes como Tiago e João, chamados de “filhos do trovão”.
Filipe era do tipo pragmático enquanto Bartolomeu era preconceituoso. Tiago,
filho de Alfeu e Tadeu ficaram no anonimato, embora devam ter prestado um
importante trabalho no reino de Deus. Esses homens não foram chamados apenas
por quem eles eram, mas em quem eles foram transformados pelo ensino e exemplo
de Cristo e pelo poder do Espírito.
ð Os líderes devem
ser homens escolhidos por Deus, ensinados por Cristo e capacitados pelo
Espírito,
para apascentarem o rebanho de Deus e anunciarem ao mundo o poderoso evangelho
da graça.
ð Os líderes são
homens vulneráveis e frágeis, mas homens fortalecidos pelo Espírito, que andam
com Cristo e servem a ele com humildade e integridade de coração. Os doze
apóstolos são um espelho da nova família de Deus. Ela é composta de pessoas
diferentes, de lugares diferentes, profissões diferentes, ideologias
diferentes. São pessoas limitadas, complicadas e imperfeitas que frequentemente
discordam sobre muitos assuntos. Havia no grupo de Jesus desde um empregado de
Roma até um nacionalista que defendia a guerrilha contra Roma. Esse grupo tão
heterogêneo aprendeu a viver sob o senhorio de Cristo e tornou-se uma bênção
para o mundo.
ð Quanto mais estudamos essa lista dos apóstolos, mais
seguros ficamos de que sua escolha foi soberana, baseada na graça e não nos
méritos.
Jesus não escolheu os doze por causa da sua fé, pois ela geralmente falhou. Ele
não os escolheu por causa da sua habilidade, eles eram muito limitados. A única
coisa que destacamos deles é a prontidão para seguir a Jesus.
ð Adolf Pohl diz que
por trás dos doze, estão os 120 de Atos 1:15, os 3.000 de Atos 2:41
e os 5.000 de Atos 4:4, a multidão, para nós incontável de Apocalipse
7:4,9 e, por fim, os povos abençoados na nova terra de Apocalipse 21:3,26.
Os doze, portanto, são o cerne de um Israel restaurado e de uma raça humana
renovada.
CONCLUSÃO:
·
Deus usa homens comuns, possivelmente
sete deles eram pescadores, um era cobrador de impostos e os outros quatro são
anônimos no que diz respeito às suas vocações. Eles eram homens comuns. Note
que Jesus não escolheu nenhum dos líderes religiosos. Ele não escolheu nenhum
dos líderes empresariais e influentes da sociedade judaica. É verdade que
Mateus era rico, mas, ao mesmo tempo, era desprezado por causa de sua ocupação.
Os doze ilustram o que Paulo escreveu em 1Coríntios 1:26-29.

·
Deus
escolhe homens e mulheres comuns de diferentes origens e conhecimentos para o
Seu reino. Se você confiou nEle como Senhor e Salvador, Ele designou você para
ser um discípulo!
Contatos com o Pr. Nilton Jorge:
Tel: (55) 22 998746712 Whatsapp
Email. niltondalani@gmail.com
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