quarta-feira, 15 de julho de 2020

SÉRIE - IDENTIDADE X MISSÃO (4) TEMA: JESUS, MODELO DE LIDERANÇA (2)


TEXTO: Mc 3:13-19
INTRODUÇÃO: 
ð O texto nos mostra Jesus chamando cooperadores para fazer a sua obra. O Reino de Deus está sendo estabelecido e Jesus está recrutando trabalhadores. Os que são chamados à salvação são também convocados para um treinamento a fim de alcançar outros. J. Vernon McGee diz que os evangelhos registram três ocasiões em que os discípulos foram chamados.
1.    A primeira, foi a chamada para a salvação. Essa chamada aconteceu na Judéia e está registrada em João 1:35-51. Jesus chamou André e Pedro e estes deixaram as fileiras de João Batista e o seguiram. Mas nessa ocasião, eles ainda voltaram para a Galiléia e continuaram com sua atividade pesqueira.
2.    A segunda, foi a chamada para o discipulado. Essa ocasião é descrita em Marcos 1:16-20, no Mar da Galiléia, quando Jesus chamou Pedro e André, Tiago e João para segui-lo. Esse é o chamado para o discipulado. Eles seriam treinados para serem pescadores de homens. Contudo, somos informados em Lucas 5:1-11, que eles ainda voltaram à pescaria no Mar da Galiléia. Foi nessa ocasião que Pedro disse para Jesus: “Senhor, afasta-te de mim, porque eu sou pecador”. Em outras palavras, estava pedindo para Jesus desistir dele e buscar alguém mais adequado para a grande missão. Mas Jesus não desistiu de Pedro.
3.    A terceira, foi a chamada para o apostolado. Esse chamado está registrado em Marcos 3:14-21, quando Jesus separou dentre seus discípulos, doze apóstolos para estarem com Ele e para os enviar a pregar e expulsar demônios. Esse foi o chamado para o apostolado.

·      Jesus tinha muitos discípulos, mas Ele separou doze para serem apóstolos. Discípulo é um aprendiz, apóstolo é um enviado com uma comissão, um embaixador em nome do Rei. Os apóstolos foram chamados dentre os discípulos, isto porque a conversão precede ao ministério. A ordem é: primeiro converter, depois ordenar.
·      Jesus só teve doze apóstolos. Os apóstolos foram os instrumentos para receberem a revelação de Deus e foram inspirados por Deus para o registro das Escrituras. Não há sucessão apostólica. Os apóstolos não tiveram sucessores depois que morreram. Um apóstolo precisava ter visto a Cristo ressurreto (1Co 9:1), ter tido comunhão com Cristo (At 1:21,22) e ter sido chamado pelo próprio Cristo (Ef 4:11). Os apóstolos receberam poder especial para realizar milagres como prova de sua credencial (At 2:43; 5:12; 2Co 12:12; Hb 2:1-4).
·      Dewey Mulholland diz que a decisão de Jesus de escolher os doze apóstolos foi uma das decisões mais cruciais da História. Ele não escreveu livros, não ergueu monumentos nem construiu instituições. Ele discipulou pessoas do modo mais eficaz para perpetuar o seu ministério. A existência da Igreja prova a correção de sua decisão.

TRANSIÇÃO: COMO FOI A ESCOLHA DE CRISTO E O QUE PODEMOS APRENDER COM ELA SOBRE A NOSSA IDENTIDADE VOCACIONAL?

1.             JESUS ESCOLHEU SOBERANAMENTE (Mc 3:13).

ð Três verdades são dignas de observação nesse aspecto da soberania de Jesus na escolha dos líderes da igreja:
a)   Em primeiro lugar, Jesus escolheu a liderança da igreja segundo a expressa vontade do Pai. Lucas informa-nos que antes de Jesus chamar os apóstolos, dedicou-se à oração: Lc 6:12,13 “Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos”.
·      A oração de Jesus tem quatro marcas distintas:
1)   Primeiro, Ele orou secretamente: “retirou-se para o monte, a fim de orar”.
2)   Segundo, Ele orou insistentemente: “e passou a noite orando”.
3)   Terceiro, Ele orou submissamente: “orando a Deus”.
4)   Quarto: ele orou objetivamente: “e quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos”.

b)   Em segundo lugar, Jesus escolheu a liderança da igreja soberana e eficazmente. O chamado de Cristo é soberano e eficaz, pois chamou os que Ele mesmo quis e eles vieram para junto dele. O evangelista Marcos registra Mc 3.13: “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele”. Jesus não fez uma pesquisa de opinião entre a multidão para escolher os doze. Ele não escolheu a liderança da igreja por critérios humanistas. Jesus chama a quem quer. Ele é soberano. Ninguém pode frustrar os seus desígnios. Sua vontade e não a nossa deve prevalecer. Ele chamou 12 e não 60. Por quê?
1.    Primeiro, porque Ele chamou os que Ele mesmo quis! Na noite que Jesus foi traído, Ele disse aos seus discípulos: Jo 15:16 “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis frutos...”.
2.    Segundo, porque Ele tinha em mente o novo Israel, pois o antigo Israel tinha doze patriarcas e doze tribos. Agora, o novo Israel, representado pelos doze apóstolos, seria formado por pessoas de todas as nações, tanto judeus quanto gentios.

c)    Em terceiro lugar, Jesus escolheu a liderança da igreja incondicionalmente. O chamado de Cristo é também incondicional. Os homens que Jesus escolheu não possuíam qualidades especiais. Não eram endinheirados, não desfrutavam uma posição social influente nem tinham recebido educação especializada. Também não eram líderes eclesiásticos de alto nível. Eram doze homens comuns. Na verdade, Jesus escolheu homens limitados, pobres, iletrados, de temperamentos explosivos. Nós jamais escolheríamos esses homens. Contudo, Jesus os escolhe, os ensina, os equipou e os revestiu de poder. Com esses homens, Ele transforma o mundo. Famosos reis tiveram seus nomes apagados da História, mas esses iletrados homens têm seus nomes relembrados todos os dias por milhões e milhões de cristãos ao redor do mundo.
·      O líder espiritual é alguém vocacionado. Vocação, segundo John Jowett, é como ter algemas invisíveis; o vocacionado não pode retroceder. O profeta Jeremias quis deixar o ministério, mas isso foi como fogo em seus ossos.

2.             JESUS ESCOLHEU PROPOSITALMENTE (Mc 3:14,15).

·      William Hendriksen diz que a tarefa para a qual Jesus os indicou era tríplice: discipular, ensinar, pregar e libertação de demônios.
a)   Em primeiro lugar, chamou-os e designou-os para estarem com Ele. Marcos registra: “Então, designou doze para estarem com ele” (Mc 3:14). O Senhor da obra é mais importante do que a obra do Senhor. Ter comunhão com Jesus é mais importante do que ativismo religioso. Antes de proclamarmos o evangelho ao mundo, precisamos como Maria, assentar-nos aos pés do Senhor para ouvir a sua Palavra. Nós precisamos aprender dele, imitá-lo, beber do seu Espírito e andar em seus passos. Como João, precisamos dizer: 1Jo 1:3 “nós proclamamos o que temos visto e ouvido”.
·      Jesus não chama os apóstolos para ocuparem um cargo ou tomarem parte em uma instituição: Ele os chama para si mesmo. Eles têm muito a aprender sobre Ele e sobre si mesmos. Jesus é o modelo de caráter. Porque o caráter determina a qualidade do serviço prestado, a formação do caráter precede o serviço.
·      Deus está mais interessado em quem somos do que no que fazemos. Quando o apóstolo Paulo descreve as características do presbítero, ele faz quatorze referências à vida do presbítero e apenas uma referência à sua capacidade de ensinar. A vida precede o ministério. A vida é o próprio ministério.
·      A vida do líder é a vida da sua liderança, enquanto os pecados do líder são os mestres do pecado. A maior necessidade do líder é ter intimidade com Jesus. Quem não anda na presença de Jesus não tem credencial para ser líder na Igreja de Jesus.

b)   Em segundo lugar, chamou-os e designou-os para os enviar a pregar. Marcos escreve: Mc 3:14 “Então, designou doze[...] para os enviar a pregar”. O ministério dos apóstolos derivou sua origem não da igreja ou do povo, mas de Cristo. Os apóstolos deveriam ser mensageiros de Deus. Eles eram embaixadores e arautos com uma mensagem do Rei. Eles foram chamados do mundo para serem enviados de volta ao mundo como ministros da reconciliação.
·      William Barclay diz que a ênfase de Jesus era oposta à ênfase dos fariseus, pois enquanto estes pregavam a separação das pessoas comuns, Jesus enviava seus apóstolos ao mundo, de onde foram chamados. A autoridade dos apóstolos era tão real, que Jesus diria Mt 10:40: “Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.
·      O ministério dos apóstolos deveria ser exercido no mundo inteiro. Eles foram inicialmente enviados para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10:5,6); mais tarde, para todas as nações (Mt 28:19) e por todo o mundo (Mc 16:15). A pregação da Palavra é a espinha dorsal do ministério. É mais importante do que a própria administração dos sacramentos (1Co 1:17). Os apóstolos deixaram de servir às mesas para se consagrarem exclusivamente à oração e ao ministério da Palavra (At 6:4). Um ministro que não prega a Palavra é como uma lamparina sem luz, uma trombeta silenciosa, um vigia adormecido, um fogo apenas pintado na parede.

c)    Em terceiro lugar, chamou-os e designou-os a exercer autoridade de expelir demônios. “[...]e a exercer a autoridade de expelir demônios” (3:15). O líder espiritual é alguém que tem intimidade com Cristo, proclama a Palavra de Cristo e tem autoridade espiritual para resistir às forças do mal que oprimem as pessoas.
·      O líder da igreja precisa conhecer a autoridade que tem o nome de Jesus. Diante desse nome, todo joelho se dobra no céu, na terra e debaixo da terra. O líder precisa ser uma pessoa de discernimento espiritual para distinguir aquilo que oprime as pessoas.
·      A autoridade não é do líder, ela é uma autoridade delegada. Ele apenas a exerce em nome de Cristo. Essa autoridade vem do alto. Ela está no poderoso nome de Jesus!

3.             JESUS ESCOLHEU SURPREENDENTEMENTE (Mc 3:16-19).

ð Jesus escolheu pessoas heterogêneas. Dificilmente nós escolheríamos as mesmas pessoas que Jesus escolheu. Eram pessoas diferentes e heterogêneas. Alguns deles como Pedro, André, Tiago e João eram pescadores incultos. Mateus era empregado de Roma enquanto Simão, o zelote, era opositor declarado de Roma. Entre eles estavam homens inconstantes como Pedro, céticos como Tomé, contundentes como Tiago e João, chamados de “filhos do trovão”. Filipe era do tipo pragmático enquanto Bartolomeu era preconceituoso. Tiago, filho de Alfeu e Tadeu ficaram no anonimato, embora devam ter prestado um importante trabalho no reino de Deus. Esses homens não foram chamados apenas por quem eles eram, mas em quem eles foram transformados pelo ensino e exemplo de Cristo e pelo poder do Espírito.
ð Os líderes devem ser homens escolhidos por Deus, ensinados por Cristo e capacitados pelo Espírito, para apascentarem o rebanho de Deus e anunciarem ao mundo o poderoso evangelho da graça.
ð Os líderes são homens vulneráveis e frágeis, mas homens fortalecidos pelo Espírito, que andam com Cristo e servem a ele com humildade e integridade de coração. Os doze apóstolos são um espelho da nova família de Deus. Ela é composta de pessoas diferentes, de lugares diferentes, profissões diferentes, ideologias diferentes. São pessoas limitadas, complicadas e imperfeitas que frequentemente discordam sobre muitos assuntos. Havia no grupo de Jesus desde um empregado de Roma até um nacionalista que defendia a guerrilha contra Roma. Esse grupo tão heterogêneo aprendeu a viver sob o senhorio de Cristo e tornou-se uma bênção para o mundo.
ð Quanto mais estudamos essa lista dos apóstolos, mais seguros ficamos de que sua escolha foi soberana, baseada na graça e não nos méritos. Jesus não escolheu os doze por causa da sua fé, pois ela geralmente falhou. Ele não os escolheu por causa da sua habilidade, eles eram muito limitados. A única coisa que destacamos deles é a prontidão para seguir a Jesus.
ð Adolf Pohl diz que por trás dos doze, estão os 120 de Atos 1:15, os 3.000 de Atos 2:41 e os 5.000 de Atos 4:4, a multidão, para nós incontável de Apocalipse 7:4,9 e, por fim, os povos abençoados na nova terra de Apocalipse 21:3,26. Os doze, portanto, são o cerne de um Israel restaurado e de uma raça humana renovada.

CONCLUSÃO:
·      Deus usa homens comuns, possivelmente sete deles eram pescadores, um era cobrador de impostos e os outros quatro são anônimos no que diz respeito às suas vocações. Eles eram homens comuns. Note que Jesus não escolheu nenhum dos líderes religiosos. Ele não escolheu nenhum dos líderes empresariais e influentes da sociedade judaica. É verdade que Mateus era rico, mas, ao mesmo tempo, era desprezado por causa de sua ocupação. Os doze ilustram o que Paulo escreveu em 1Coríntios 1:26-29.
·      Se Deus foi capaz de usar pessoas comuns e fazer coisas extraordinárias, será que Ele não pode usar a nossa vida? Existe uma lenda sobre uma conversa entre Jesus e o anjo Gabriel após a ascensão do Senhor de volta ao céu. Eles falavam sobre o que aconteceu na terra do nascimento de Cristo, Sua vida e ministério, Sua morte e ressurreição. Então Gabriel perguntou: “E como as pessoas do mundo conhecerão sobre tudo isso?” A resposta de Cristo foi: “Bem, eu tenho um grupo de amigos a quem a quem escolhi para pregar as boas novas”. “E, e se, por qualquer motivo, eles te decepcionaram e não conseguiram?” perguntou Gabriel. Cristo respondeu: “Eu não tenho outro plano”.
·      Deus escolhe homens e mulheres comuns de diferentes origens e conhecimentos para o Seu reino. Se você confiou nEle como Senhor e Salvador, Ele designou você para ser um discípulo!

Contatos com o Pr. Nilton Jorge:
Tel: (55) 22 998746712 Whatsapp
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