TEXTO:
Mc 3:13
INTRODUÇÃO
·
Jesus foi e é o maior líder de todos os tempos. Nunca houve
alguém com vocação tão suprema, ministério tão eficaz, liderança tão exemplar e
legado mais duradouro. Como líder, ele tinha uma clara consciência de sua
pessoa, da sua missão e do seu dever de formar discípulos que continuassem sua
obra. Em seu estado de humilhação Jesus aprendeu a depender do Pai em tudo e
todas as suas escolhas ministeriais, desde o chamado aos discípulos até seu
triunfo na cruz, foram feitas em oração e submissão.
·
Todos
são chamados a amar, servir e liderar como ele, formando outros discípulos para
que a obra de Deus continue se expandindo até a consumação.
1.
JESUS, O LÍDER SINGULAR.
·
Jesus
foi um líder completo, diferentemente de todos os outros líderes humanos. O
caráter singular da sua pessoa como Deus e homem proporcionou uma perfeição a
suas ações, palavras e escolhas que nunca poderão ser plenamente imitadas por
nenhum homem ou líder. Ninguém pode perguntar aos demais como ele perguntou: Jo
8:46 “Quem dentre vós me convence de pecado?”
·
Jesus foi único porque sua pessoa é única. Ele é o
verdadeiro Deus que se fez carne e veio ao mundo com o propósito de salvar
pecadores (Jo 1:1-5,11-14). Ao mesmo tempo, é o servo de Deus que
renunciou sua glória nascendo como perfeito homem para dessa forma
identificar-se com seu povo e salvá-lo da condenação eterna (Jo 15:13). A
singularidade e perfeição da pessoa e obra de Cristo responde por sua perfeita
consciência de si mesmo, de sua missão e das suas ovelhas, coisa que os demais
líderes não possuem. Ainda assim, o fato de ele ter sido apontado por Deus como
Supremo Pastor e exemplo indica a todo líder cristão que seu dever é seguir os
passos do Mestre (1Pe 2:21-22).
a)
Jesus tinha uma perfeita consciência de
quem era.
Ele sabia que era perfeito Deus e perfeito homem. Um dos mais importantes
títulos encontrados no NT para Jesus é “Filho de Deus” (Mt 11:25- 27;
16:17). Repetidas vezes ele fala de Deus como seu Pai, mostrando que tinha
consciência da sua divina filiação. No seu batismo e transfiguração, o próprio
Pai testemunhou que Jesus era o seu preexistente filho (Mc 1:1,11; 9:7).
Por outro lado, ele nasceu e cresceu como um perfeito homem, sabendo que era o
segundo Adão, o descendente real de Davi, o servo sofredor prometido, o messias
e “Filho do Homem” que reinaria para sempre.
·
Essa
consciência de Jesus quanto à sua dupla natureza em uma só pessoa é afirmada
constantemente no NT. Jesus se define pelo menos 18 vezes com a expressão “Eu
Sou”, que apontava para o caráter divino de sua pessoa e missão (Jo 6:35;
8:12,23-24,58; 10:9; 11:25). Porém, em diversas ocasiões, Jesus fez também
referência à sua natureza humana (Jo 2:25; 11:35; 12:33). Sua encarnação
proporcionou um conhecimento prático do que era a natureza humana com todas as
suas limitações. Embora tivesse nascido sem pecado, seu corpo carregava as
marcas da fragilidade impostas pela queda, como o sofrimento e a morte.
·
Esse é um ponto importante para os líderes atuais
porque a primeira coisa que um líder precisa ter é uma clara consciência de si. Obviamente, não
existem líderes divinos ou perfeitos, porém conhecer a si mesmo é fundamental
para um ministério eficaz. Por isso, é necessário buscar um conhecimento
profundo de Deus e de sua Palavra, pois tal conhecimento produzirá algo vital
no ministério, a humildade.
b)
Jesus sabia perfeitamente por que veio ao
mundo.
Ele fala de si mesmo como tendo “vindo” ou sido “enviado” por Deus (Mc
1:38; 10:45; Lc 12:49,51). Ele possuía um completo conhecimento de cada
momento e estágio do seu ministério. Essa consciência se devia tanto ao relacionamento
eterno com o Pai, quando recebeu sua missão como aos próprios textos proféticos
que falavam em detalhes dessa missão.
·
O
ministério de Jesus possuía um caráter paradoxal, pois ele tanto sabia da
origem divina de sua pessoa, como agiu como um servo sofredor para cumprir a
missão dada pelo Pai (Is 53:1-12). Hoje, nenhum líder é capaz de ter uma
visão completa da sua missão com respeito a cada estágio de sua vida
ministerial como Jesus teve. Contudo, ainda assim é de suma importância para os
líderes compreenderem por que foram chamados por Deus e qual é a natureza da
sua missão. Os exemplos dos apóstolos e de Paulo mostram que líderes eficazes
são aqueles que sabem o propósito de sua missão e mantêm o foco no que é
prioritário (At 6:1-7; 20:24).
c)
Conhecimento de suas ovelhas. A metáfora
predileta de Jesus para retratar seu relacionamento com seu povo foi a
ilustração do pastor e da ovelha. O conceito de pastorear tornou-se uma
importante imagem explicativa usada para retratar a liderança espiritual em
Israel no A.T assim, reis, profetas e sacerdotes eram chamados de pastores (Jr
23:1-4; Ez 34; Zc 11). Essa metáfora não foi usada pelo Senhor Jesus por
acaso, uma vez que era uma clara alusão ao pastor ferido, conforme profetizado
por Zacarias, como também uma imagem cultural fácil de ser entendida pelos
ouvintes (Zc 13:7-9). Assim, Jesus se descreve como o bom pastor, cuja
obra consistia em dar a vida pelas ovelhas (Jo 10:11). O conceito de
ovelhas era importante porque mostrava que somente um grupo de pessoas creria
na mensagem de Jesus (Jo 10:26-27).
·
Ao usar essa metáfora, Jesus demonstra ter um
conhecimento perfeito das suas ovelhas. Ele sabia quem entre os seus
discípulos e ouvintes eram crentes verdadeiros e algumas vezes se referiu a
pessoas como não fazendo parte do seu aprisco. De fato, Jesus nunca foi
surpreendido por falsas ovelhas e sempre deixou claro que sua missão consistia
em juntar apenas aquelas que o Pai lhe dera (Jo 6:37-44; 10:25-29; 13:18).
·
Esse conhecimento perfeito do rebanho nenhum líder
hoje tem, embora seja seu dever pastorear o rebanho conhecendo as ovelhas e
cuidando de cada uma delas. Na igreja visível é possível apenas
observar os frutos e as marcas da graça na vida de alguém e presumir que tal
pessoa seja uma ovelha do Senhor. Contudo, enganos podem acontecer e muitos
bodes podem estar no meio do rebanho ou mesmo da liderança. É tarefa dos
líderes estar atentos para pastorear as ovelhas do Senhor e ter cuidado com os
lobos vestidos de cordeiro.
2.
JESUS, O LÍDER A SER IMITADO.
·
O
ministério de Jesus consistia em pregar e ensinar as boas-novas do reino (Mt
4:23), instruindo aqueles que respondiam afirmativamente à sua proclamação
a terem uma atitude de total submissão à sua própria pessoa e ensino, por ser
ele o Messias, Rei e Salvador. A nova vida ideal dos crentes consistia em viver
como cidadãos do reino, reconhecendo que o rei veio e que suas exigências eram
graciosas e revestidas de autoridade, exigindo uma resposta de fé e um
comprometimento absoluto. É possível resumir a prática ministerial de Jesus
observando suas quatro principais ênfases, que eram:
a)
Anunciar a verdade de Deus com autoridade aos
ouvintes, mostrando que as profecias estavam sendo cumpridas Nele e pregando as
Escrituras pelo método de exposição, ilustração e aplicação com o objetivo de
converter pecadores e edificar os discípulos;
b)
Depender do Pai em tudo, vivendo em completa submissão
e vida de oração;
c)
Desenvolver um ministério de misericórdia paralelo ao
da pregação, em que as curas e Libertações de demônios tinham o propósito de
mostrar a sua compaixão e a natureza singular de sua vida e obra (Mt 11:2-6;
Is 35:5-6; 61:1);
d)
Preparar discípulos para que fossem como ele mesmo e
dentre eles selecionar um grupo para pastorear os demais (os 12 apóstolos).
·
Durante
todo o seu ministério Jesus nunca se apartou da Palavra de Deus e sua
linguagem, motivos, temas e mensagem eram somente baseados nela. Algumas vezes,
sua pregação consistia em uma exposição bíblica em textos específicos com
afirmações revestidas de autoridade e autor referências que indicavam o caráter
único de sua pessoa (Lc 4:16-21). A ênfase ministerial de Jesus nas
Escrituras e sua forma de interpretar foram imitadas pelos apóstolos e seus
seguidores, mas, infelizmente, têm sido negligenciadas pelos líderes. É de
fundamental importância reaprender os métodos interpretativos e comunicativos
de Jesus, com a profundidade bíblica acompanhada de ilustrações e aplicações
práticas que falem ao mundo real dos ouvintes.
·
A oração foi um elemento distintivo no ministério de
Jesus.
Não há um único momento em seu ministério em que Jesus não seja visto buscando
o Pai em oração. Além disso, o escopo de sua oração era vasto, pois tanto orou
por si, como pelos discípulos e os futuros crentes. Ele também ensinou os
discípulos a orar e deixou um modelo de oração a ser imitado. A submissão a
Deus em se ministério dirigia suas orações. Ele não orava por algo que
implicasse fazer sua própria vontade (Mt 26:36-39,53). A oração não era
uma prática ou tema acessório na vida de Jesus, mas a contínua ênfase que
norteava seu ministério e deveria também nortear o ministério dos discípulos.
Portanto, é impossível pensar em um líder cristão fiel que não seja um homem de
oração. Nas palavras do teólogo John Owen, “um ministro pode encher os
bancos da igreja, sua lista de comunhão, a boca do público, mas o que esse
ministro é sobre seus joelhos em secreto diante do Deus Todo-Poderoso é o que
ele é e nada mais”.
3.
JESUS, O LÍDER A SER SEGUIDO.
·
Outra
característica fundamental no ministério de Jesus foi sua ênfase em formar
discípulos e motivá-los a ser como ele. Cristo escolheu homens comuns e os
treinou por um período de tempo ensinando-os a guardar a Palavra de Deus (Mt
28:20), corrigindo pela convivência e exemplificando modelos
comportamentais a serem imitados (Jo 13:12-17,34-35). Ele os ensinou
sobre teologia e como interpretar as Escrituras, sobre a história da salvação e
seus eventos finais, bem como a viver em comunhão e de forma piedosa como
homens de oração, dispostos a perdoar e servir aos outros com humildade.
·
Porque
seu ministério seria curto (cerca de três anos), era preciso um programa de
discipulado rápido, prático, intensivo e seletivo. Então ele escolheu
especialmente 12 homens com quem trabalhar mais de perto (Lc 6:12-16). A
seleção dos 12 foi um marco importante no ministério de Jesus, pois seu
ministério adquirira grandes proporções e isso exigia uma organização e divisão
de trabalho mais efetiva. Além do mais, era preciso preparar uma liderança que
serviria de fundamento para a igreja do Novo Testamento, que seria composta de
judeus e gentios (Ef 2:19-22). Líderes devem aprender com Jesus que a
prioridade no ministério não é apenas pregar, mas formar discípulos pelo ensino
e exemplo. Além disso, é importante selecionar e preparar dentre eles os que
são aptos para liderar a igreja. Formar discípulos requer tempo, ensino da
Palavra, oração, visitação, atribuição de missão, exemplo e humildade.
CONCLUSÃO:
·
Estudar
sobre a vida de Jesus como líder nos conduz a um modelo completo de liderança,
em que autoridade e serviço, amor e verdade, firmeza e sensibilidade,
disciplina e compaixão, fidelidade e submissão andam juntos. É pastorear com
coração amoroso e formar discípulos pelo ensino, exemplo e serviço. É ter posição
de autoridade, mas agir humildemente como servo de todos. É trabalhar
incansavelmente anunciando o evangelho, mas sempre dependendo de Deus em tudo.
É ter paciência com as ovelhas, pastoreando cada uma delas de acordo com suas
necessidades. É resistir ao erro, denunciar a hipocrisia, o legalismo e as
tradições humanas que se sobrepõem à verdade de Deus.

Contatos com o Pastor Nilton Jorge
Telefone (55) 22 998746712 Whatsapp
Email: niltondalani@gmail.com
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