segunda-feira, 22 de junho de 2020

SÉRIE - IDENTIDADE X MISSÃO (2) TEMA: A MÃO DA IDENTIDADE CURADA, CURA A IDENTIDADE DA MÃO


TEXTO: Mc 3:13
INTRODUÇÃO:
·      Mc 3:1-6 pertencem a um bloco de controvérsias iniciado no capítulo 2. Às linhas de parágrafos que destacam no contexto estão marcadas pelo conflito radical entre Jesus e os seus adversários, notadamente os escribas e fariseus. Como se expressa esse conflito? De um lado, a prática de Jesus introduz uma novidade, que se contrapõe abertamente à ordem estabelecida. Essa novidade pode ser resumida nos dois ditos sobre o Filho do Homem: Ele tem autoridade para perdoar pecados (2:10) e é Senhor do sábado (2:28). Essa nova prática de Jesus, por outro lado, provoca a reação dos escribas e fariseus. Eles se apresentam como defensores ardorosos dos direitos de Deus, o que na prática equivale à defesa do sistema da lei e do templo, em torno do qual a sociedade está estruturada.
·      Como Jesus se atreve a perdoar o paralítico, se só Deus tem poder para perdoar pecados, através da instituição do templo e do sacrifício (2:7)? Por que come ele com publicanos e pecadores, contaminando-se com transgressores públicos da lei (2:16)? Por que não jejuam seus discípulos duas vezes por semana, como expressão de piedade (2:18)? Por que transgridem a lei, fazendo o que não é lícito aos sábados (2:24)?
·      Esses parágrafos que destacam procuram mostrar, portanto, como a prática de Jesus suscita conflito no velho sistema da lei e do templo (2: 21s). Numa sociedade dividida entre justos, que com sua prática reproduzem o sistema, e pecadores, que se encontram à margem dele, Jesus toma partido pelos últimos (2:15-17).
·      Quando em seu contexto vai abordar sobre o episódio de Cafarnaum, o retrato tirado é a de um homem que está paralitico, porque a sua alma está atrofiada e em seu espírito ele está desligado de Deus por ocasião do pecado. O capitulo 3 inicia-se com a cura de um homem com a mão direita mirrada e segue-se também falando de identidade.

TRANSIÇÃO: O EPISÓDIO EM SI VAI FALAR SOBRE A IDENTIDADE RESTAURADA, CURA A IDENTIDADE DA MÃO.

1.             A IDENTIDADE CRISTÃ RESTAURADA, TEM QUE SER VISTA A PARTIR DE UMA PROPOSTA QUE SEM CRISTO ELA NÃO EXISTE.

·      A cura do homem da mão ressequida (atrofiada, paralítica) não causaria nenhum transtorno se tivesse ocorrido em outro dia da semana (Lc 13:14).
·      O problema é que ela acontece em dia de sábado. O problema em questão, portanto, é o sábado. Desde o exílio babilônico o sábado ganhou uma importância extraordinária, ao mesmo tempo em que sofreu uma profunda revisão de significado.
ð A ordenança de guardar ou observar o dia de sábado está relacionada a 3 verdades:

1.    O sábado foi um dia de descanso que aponta pra o final e um recomeço dos afazeres. O mandamento do sábado nasceu e foi cultivado em defesa da vida do trabalhador e como sustento de um regime igualitário (Êx 20:9-11). No exílio babilônico ele foi transformado no sinal fundamental da aliança entre Javé e o seu povo (Ez 20:12,20), adquirindo cada vez mais um sentido sagrado. A chave para a compreensão de como Jesus é o nosso Descanso Sabático é a palavra hebraica shabat, que significa "descansar, parar ou deixar de trabalhar". A origem do sábado remonta à Criação. Depois de criar os céus e a terra em seis dias, Deus (Gn 2:2) "descansou nesse dia de toda a obra que fizera”. Isso não significa que Deus estava cansado e precisava de um descanso. Sabemos que Deus não se cansa, o que significa é que Ele simplesmente parou o que estava fazendo. Parou de seus trabalhos, Ele parou porque Ele acabou. Portanto, o segredo da verdadeira vida cristã é cessar da dependência da própria atividade (obras) e descansar em dependência da atividade de Deus. Isso cumpre o sábado, o verdadeiro sábado.
·      Portanto, o verdadeiro sábado, não é a manutenção de um dia especial, mas o fim de um esforço específico. O repouso prometido por Deus não é somente o terrestre, mas também o celestial (vv. 7-8; cf 13:14). Para os crentes, resta ainda o repouso eterno no céu (Jo 14:1-3; cf. Hb 11:10, 16).
·      Entrar nesse repouso final significa cessar o labor, dos sofrimentos e da perseguição, tão comuns em nossa vida nesta terra (Ap 14:13); significa participar do repouso do próprio Deus e experimentar eterna alegria, deleite, amor comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap 21:22).

2.    O sábado é a figura ou sombra veterotestamentária pra uma pessoa. Deus cria a instituição do sábado judeu como uma sombra, uma imagem de descanso. E como qualquer teólogo sabe, todas as sombras do Antigo Testamento apontam para Cristo. O sábado, que era sombra dos bens futuros em Cristo, foi abolido com a chegada do Novo Testamento (Hb 8:7-13; Os 2:11). Portanto, é Jesus quem nos propicia o verdadeiro repouso: Hb 4:9 “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus”.
Quando a obra de Jesus Cristo acabou, as sombras não eram mais necessárias.

3.    O sábado é um ciclo ou tempo pra experimentar coisas novas. Lembre-se que Deus criou tudo em sete dias. A cada dia Deus deu comando para criação e no sétimo dia Ele descansou. Agora o próximo dia é o primeiro de novo, então observe que quando chegamos ao sétimo dia isto indica um curso, um ciclo de tempo, como se você virasse uma nova página.
·      Esse é o verdadeiro significado do sábado, ou shabat, pois todas as vezes que ele se manifesta indica o fim de um tempo e começo de outro, é o virar de uma página.
·      Jesus entrou em uma sinagoga no shabat, ou no dia em que os judeus mudam o texto da Torá, a qual é dividida de sete em sete capítulos. É por este motivo que no sábado eles se reuniam na sinagoga para dar fim aos textos lidos durante a semana, e assim eles viram a página para o próximo grupo de sete versículos. Eles não compreendiam que Deus descansa no sábado para o começo de outra jornada. Todos vãos a sinagoga no sábado para assim estudar um novo texto, dando início no primeiro dia da semana.
·      Jesus foi para lá em um dia especial. Jesus está ali para ver o fim de um texto e dar o começo de um outro, ou fim de um tempo e começo de um novo tempo. Todas as vezes que Deus se manifesta em nosso mundo é para pôr fim em uma fase e iniciar um novo tempo.
·      A cura do homem que tinha a mão direita mirrada está ligada ao contexto da restauração da identidade, pois em Cristo tudo se faz novo. Já quero profetizar na sua vida que o Senhor te trouxe aqui para pôr fim em um tempo e o começo de um novo tempo na sua vida.


·      O homem depois da queda não pode reencontrar nem reassumir a imagem de Deus. Por isso existe somente um caminho: O próprio Deus assume a forma de homem e vem a ele. O Filho de Deus, subsistindo em forma de Deus junto ao Pai, renunciou a essa sua forma de subsistência, assumiu a forma de servo e assim vem aos homens (Fp 2:5ss). Uma vez em Cristo, o indivíduo deve agir em conformidade com ele, diariamente mortificando a injustiça e produzindo o fruto de sua união com Cristo.
·      Quem é, então, o indivíduo em Cristo? Qual a sua identidade? Um breve resumo do que foi exposto acima pode começar a responder essas questões:
a)   Em primeiro lugar, a identidade cristã tem sua origem no próprio Jesus Cristo. Paulo ensina que esse é o fruto da operação de Deus na vida dos cristãos (Rm 8:29) e que eles devem esforçar-se conscientemente para que isso aconteça em suas vidas Fp 2:5.
b)   Em segundo lugar, o engajamento na missão da igreja é essencial na vida daquele que está em Cristo. Paulo não aconselha a abandonar o mundo ou a fugir dele, devem sempre levar a mensagem da salvação em Cristo a todas as pessoas, sem medir esforços, como o próprio Paulo sempre fez. Para ele, cada cristão deve evangelizar, discipular, aconselhar e ensinar as Escrituras às pessoas (Rm 15:14).
c)    Em terceiro lugar, a pessoa em Cristo é parte de uma comunidade viva, da qual recebe inúmeros benefícios ao mesmo tempo em que doa e entrega seus dons e talentos para a mesma. Direitos lhe são outorgados, e responsabilidades lhe são exigidas. Nessa comunidade viva, ou corpo, como Paulo a chama, os membros aprendem a vivenciar o evangelho à medida que interagem uns com os outros e com a sociedade ao redor.
d)   Em terceiro lugar, a pessoa em Cristo adquire uma identidade multifacetada. O apóstolo Paulo expressou nitidamente, em sua vida e em seus escritos, o que significa estar em Cristo. Bloco a bloco, como se estivesse construindo uma casa ou um templo (1 Co 3:10-15), ele estabelece, em suas cartas, as marcas da identidade cristã. O cristão é alguém que pertence a Cristo, morreu com Cristo e foi ressuscitado com Cristo, para viver em e para Cristo.

3.             A IDENTIDADE CRISTÃ RESTAURADA, TEM QUE SER VISTA A PARTIR DAS OBRAS DE REDENÇÃO DE CRISTO.

·      A vida daquele homem não era normal, para o judaísmo, qualquer que fosse a enfermidade era sinal que você estava errado ou tinha feito algo para Deus. Com isso, imagine por onde ele passar ser lembrado que “estava em pecado”. O mesmo, não tinha acesso livre a todos os locais, pois, aqueles que eram acometidos por enfermidades não podiam entrar em qualquer lugar. A sinagoga era um refúgio único pra ele ouvir a Palavra, pois no templo ele era impedido de entrar por causa de sua enfermidade.
·      O texto indica que ele estava em um canto da sinagoga, Marcos 3:3 diz que Jesus falou para ele: “Levanta-te e vem para o meio”.
·      A cura desse homem está ligada ao sentimento de indignação e tristeza com as atitudes dos religiosos. Isso porque os religiosos estão na sinagoga, mas com incredulidade e rejeição ao ministério de Jesus. Há muitos corações ressequidos dentro das igrejas. Áridos, secos, sem vida, mortos. Duro como pedra, insensível ao tato e mobilidade. A vida religiosa dos religiosos estava como a mão direita daquele homem.
1.    A mão representa poder e autoridade (mão direita ou destra) Is 10:13 “Porquanto disse: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou prudente; e removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati aos habitantes”. Isso significa que pra Jesus aqueles religiosos, tinham uma identidade religiosa cheia de preceitos, mas lhes faltava uma identidade de poder e de fé.
2.    Segurar a mão representa dar apoio Sl 73:23 “Todavia estou de contínuo contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita”. A religiosidade dos religiosos os impedia de dar apoio aos que ali chegavam com suas necessidades, pois estavam atrofiados.
3.    Postar-se à mão direita significa dar proteção Sl 16:8 “Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei”. Os religiosos em sua religião tinham exclusão e não inclusão.
·      Ao entrarmos na presença de Deus ele quer ver nossas mãos. As mãos estão ligadas a ações, atitudes, gestos e trabalhos. O reino de Deus é dinâmico, mas as mãos dos religiosos estavam cheias de pedras e julgamentos e falsas interpretações de maneira que com seus corações incrédulos e suas rejeições a Cristo os fez ir fazer milagre na praia. No dia da oportunidade de experimentar o novo de Deus, eles mandaram embora.
·      Nossas mãos são de suma importância para Deus, elas falam da nossa identidade. O próprio Jesus Cristo após ressuscitar recebeu um corpo glorificado, porém, as mãos permaneceram com os cravos encravados sinal da redenção. Foi elevado ao céu e recebido pelo Pai com as mãos furadas (única obra feita por mãos de homens que entrou no céu) e quando Jesus voltar após o arrebatamento Ele irá mostrar para os judeus as suas mãos como prova do sacrifício na cruz por nós. O homem das mãos furadas há de voltar.
·      Jesus Cristo nos convida a vir para o meio e expor nosso problema a ele. Saia do comodismo e conformidade e venha para a presença Daquele que pode fazer milagre em sua vida. O Mestre está falando “estenda a mão” exponha para Ele o teu pecado, a área da tua vida que está atrofiada. Deixa-o restaurar a sua Identidade.

CONCLUSÃO:
·      O que acontece para que uma mão fique ressequida, enferma?
·      Mão direita ressequida: a principal mão, o membro do corpo feito para o trabalho e executar as tarefas do cotidiano. As mãos produzem riquezas. Mãos ressequidas impossibilitam para o trabalho e a busca da provisão e riqueza.
·      Mãos ressequidas além de nos trazer imobilidade, produz vergonha social e familiar. Mãos ressequidas para o trabalho na obra do Senhor, são aquelas que até são hábeis para o trabalho secular e a busca de riquezas terrenas, mas ressequidas para a obra de Deus. Naamã, é um exemplo disso: II Rs 6:1 “Herói de guerra, porém, leproso”. São aqueles que estão sempre colocando objeção para trabalho no Senhor. Nunca têm tempo. Não têm disposição.

Pr. Nilton Jorge 
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