TEXTO: Mt 5:33-37
INTRODUÇÃO:
·
Este
capítulo apresenta um novo ponto do Sermão do Monte. Nele, o Senhor exemplifica
mais uma vez aquilo que ele já tinha afirmado quando disse Mateus 5:20: “Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais
entrareis no reino dos céus”. O Senhor mostra no Sermão que existe uma
essência no caráter do crente, o qual está retratado nas bem-aventuranças. No
verso em destaque, o Senhor enfatiza que esses princípios não eram vividos
pelos mestres da época, os fariseus e escribas. Por isso, ele enfatiza que a
vida dos seus verdadeiros discípulos tem que se diferenciar em muito desses
falsos mestres. Estes viviam uma vida legalista, baseada em regras práticas de
justiça própria, porém, os discípulos de cristo deveriam viver uma vida
espiritual, guiada pelo sentido espiritual da Palavra de Deus.Temos visto que o
Senhor criticou três aspectos das regras de justiça própria que os mestres da
lei viviam: a forma de encarar a questão do homicídio, o adultério e o
divórcio.
Vamos agora considerar o
quarto ponto que o Senhor destaca: Mt
5:33-37
· Estamos
aqui mais uma vez frente a um problema muito atual. Ao igual que nos tempos de
Jesus, a questão da palavra e dos juramentos segue sendo um grave problema.
Talvez me atrevesse a dizer que estamos em uma situação cada vez pior. Digo
isto porque, quando comparo a nossa geração atual com a dos nossos avós, vejo
uma grande diferença sobre este assunto. Muitos de vocês já devem ter escutado
alguma pessoa idosa falar sobre a importância da sua palavra. “Eu dei minha
palavra para fulano que faria tal coisa, portanto vou cumpri-la” ou, por
exemplo: “O Sr. Fulano é uma pessoa de palavra”. Por outro lado, por acaso já
escutaram pessoas mais jovens dar a sua palavra como forma de garantia? Já
escutaram as novas gerações falar da palavra como algo que tem muita
importância? Atrevo-me a dizer que não, ninguém se atreveria hoje a tentar
estabelecer um compromisso baseado na palavra. As complexas situações legais de
nossos dias também são uma evidência do que estou afirmando. Ninguém mais se
atreve a realizar um acordo sem ter, de por meio, um contrato por
escrito.Também nos casamentos, tem sido comum evitar as cerimônias religiosas e
contratos matrimoniais, pois a maioria das pessoas não quer mais se
comprometer. Não esqueçamos que, além disso, são poucos os que ainda acreditam
na promessa de uma união permanente do casamento. Tudo isto que tenho descrito
é conseqüência da falta de credibilidade nas promessas e nas palavras dos
homens. É isto o que também acontecia na época do Sermão do Monte.
·
Você já
experimentou comer um pedaço de maçã, ou um pedaço de carne, com o dente
quebrado? Já experimentou ficar em pé e andar logo após um acidente no qual
quebrou o pé? Não consegue, não somente por causa da grande dor, mas também
porque um pé quebrado tira o equilíbrio, a sustentação e a firmeza do corpo
inteiro. Bem; no livro de Provérbios, o Espírito Santo nos diz que a mesma
coisa acontece quando confiamos numa pessoa desleal:
Pv 25:19 “Como
dente quebrado e pé sem firmeza, assim é a confiança no desleal, no tempo da
angústia”.
·
A
lealdade, a constância de palavra, a firmeza nos compromissos assumidos, é uma
das qualidades de caráter de Deus. Se Deus não fosse fiel, nós simplesmente não
poderíamos confiar nele, não poderíamos ter fé, e o nosso relacionamento de
amor com ele se tornaria impossível. Da mesma forma a fidelidade deve ser um
dos traços do nosso caráter, se somos filhos de Deus.
· Aqui o Senhor
não cita diretamente do Velho Testamento, mas uma interpretação que os fariseus
fizeram de trechos tais como Êxodo
20:7, Levítico 19:12, Números 30:2,
Deuteronômio 23:21-24. Mas agora o Senhor diz: “de modo algum jureis” Mat 5:34.
ð O contexto da época de Jesus.
·
O
juramento era uma questão muito respeitada e considerada solene pelos fariseus
e escribas na época de Jesus. Eles sabiam muito bem que na lei mosaica do
Antigo Testamento existiam várias leis que regulamentavam esta questão. Quando
se tratava de juramentos, era comum apelar o nome de Deus como testemunha do
que estava sendo pronunciado: Dt 6:13.
Por conseguinte, a principal preocupação, quando se tratava de juramentos, era
a de não quebrar o terceiro mandamento: Êx 20:7. A questão toda do juramento
estava ligada com a honra do nome de Deus. Até aqui, é evidente que não temos
nada de errado. Os juramentos em si mesmo não eram maus. Inclusive, eles
estavam regulamentados na lei de Moisés. Além disso, podemos ver vários
exemplos de homens santos de Deus que juraram e isto não foi considerado como
um ato pecaminoso. Jonatas e Davi fizeram um pacto sob juramento acerca da
união que haveria entre as suas descendências. Davi jurou a Jonatas que se
lembraria da benevolência recebida e que trataria os filhos deste de acordo com
a misericórdia que tinha recebido da parte de Jonatas. Podemos encontrar muitos
outros exemplos bíblicos, principalmente os do próprio Deus jurando por si
mesmo acerca da aliança que tinha feito com seu povo Israel. No novo Testamento
temos também um bom exemplo, o do autor aos Hebreus quando escreveu Hb 6:16: “Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo
de garantia, para eles, é o fim de toda contenda. Por isso, Deus, quando quis
mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu
propósito, se interpôs com juramento...” .
O autor aos Hebreus diz que Deus
fez juramento. O autor trata também os juramentos das pessoas, não como algo
mau em si mesmo, mas como um acordo de paz. Ele até diz que o fim de uma
contenda se dá através do juramento, isto é, através do compromisso que uma
pessoa faz para finalizar a contenda. Por exemplo, se eu e minha esposa estamos
tendo uma discussão e não estamos nos entendendo, chega uma hora que um dos
dois dirá: “está bem, vamos parar de discutir sobre isto, eu me comprometo a
evitar que isto siga acontecendo, te dou a minha palavra que não ocorrerá de
novo”, assim a contenda chega a seu fim. Embora não tenha sido apelada a
palavra “juramento”, é um compromisso que se está fazendo, um voto ou uma
promessa. Chame-o como quiser, mas todos eles significam o mesmo na sua
essência. Ora, se não é o juramento em si algo mau, qual é a verdadeira questão
que o Senhor Jesus está tratando nesta parte do Sermão do Monte?
Para
entendermos isso vamos a dividir o estudo nas quatro seguintes partes:
1.
O que considerava a Lei do Antigo Testamento acerca dos juramentos;
2.
O que ensinavam os mestres da Lei sobre o assunto na época de
Jesus;
3.
O ensinamento de Jesus a respeito.
4.
Umas considerações finais sobre as implicações práticas que isso tem
para nós hoje.
1.
O QUE CONSIDERAVA A LEI DO ANTIGO
TESTAMENTO ACERCA DOS JURAMENTOS.
·
Dois
textos são os que abordavam a questão dos juramentos na Lei de Moisés. O
primeiro deles era o seguinte: Números
30:2-15.
·
O
segundo era similar, mas mais sucinto: Deuteronômio
23:21-23
·
Ambos
os textos colocam os votos e juramentos no mesmo nível. Não existe diferença
entre prometer e jurar algo. Mas o
que pretendia a Lei com estes estatutos?
ð
Em primeiro
lugar,
ao igual que no caso do divórcio, que tratamos no capítulo anterior, temos aqui
outro exemplo de uma lei para refrear o mal no meio do povo. Se os homens não
tivessem pecado, esta lei não seria necessária, pois naturalmente todos cumpririam
os compromissos pactuados. Esta lei dava uma elevada importância aos
compromissos realizados pelos homens, de maneira que se evitasse agir
impulsivamente prometendo qualquer coisa que depois não se poderia cumprir.
Também buscava refrear o pecado do engano e a mentira entre as pessoas, pois
ela condenava o perjúrio.
ð
Um segundo
aspecto desta lei,
especialmente no primeiro texto considerado (Nm 30:2-15), é que ela estabelecia a questão da autoridade e
submissão. Vimos nesse texto que os votos das mulheres estavam sujeitas à
aprovação do pai, no caso das solteiras, ou do marido, no caso das casadas. Já
as viúvas e divorciadas tinham liberdade sobre o seus votos. É isto machismo?
Porque esta sujeição das mulheres? A resposta jaz na questão da responsabilidade
do marido ou pai, no caso das solteiras, sobre a liderança do lar. O princípio
bíblico, tanto do antigo testamento como do novo também (veja por exemplo Efésios 5:22-33), é que o homem deve
ser a cabeça do lar e ser o responsável pelas decisões da família. Isto pode
parecer injusto para as mulheres, mas na verdade a Bíblia está tirando um
grande peso das costas delas. Considere o seguinte: segundo a Bíblia, se a
esposa foi quem tomou uma decisão errada que prejudicou a família, no dia final
não será ela quem deverá responder, pelo acontecido, mas o marido. Se a família
está atravessando uma crise de qualquer tipo, não é ela quem deverá responder
primeiro diante do Senhor, mas o marido. Se um filho estiver em pecado, o
primeiro a dar contas diante do Senhor é o marido. A primeira em pecar foi Eva,
mas o fardo da responsabilidade diante de Deus recaiu sobre Adão, por ter-se
calado e não ter agido como líder do lar. É por este motivo que a lei coloca ao
pai ou ao marido como o responsável pelos votos da mulher, pois se esta fizesse
um voto que prejudicasse a família, seria ele quem deveria responder diante do
Senhor. Que bênção seriam os lares se entendêssemos isto! Os homens levariam
mais a sério a responsabilidade familiar, e as mulheres descansariam muito mais
nas mãos de um marido amoroso e responsável pelo seu cuidado! Um bom exemplo do
caso de uma promessa feita por uma mulher e que teve que contar com a aprovação
do marido podemos encontrar na história dos pais de Samuel (veja 1Samuel 1:1-24).
ð
Um último
aspecto desta lei
é que ela tinha o objetivo de lembrar ao povo que deveriam dar contas das suas
palavras perante Deus. Isto tornava a presença de Deus muito próxima ao povo,
pois esta lei fazia lembrar que o seu Deus estava ouvindo tudo o que eles falassem
e que por deveriam dar contas por cada palavra perante Ele. Por conseguinte,
esta lei trazia uma verdadeira noção da santidade na conduta diária do povo de
Israel.
2.
O ENSINO DOS
MESTRES DA LEI SOBRE O JURAMENTO NOS DIAS DE JESUS.
ð
Podemos
ver em Mateus 5:33 qual era a
preocupação dos fariseus e escribas sobre este assunto da Lei na seguinte
explicação de Jesus: “Também ouvistes que
foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o
Senhor os teus juramentos”.
ð
O que há de
errado com isto?
Não é isto exatamente o que a lei diz? Tudo é uma questão de perspectiva.
Podemos enfatizar uma mesma lei do lado positivo ou negativo. O lado positivo é
o ensino sobre o principio dela, porém o lado negativo é a ênfase em dizer “não
faça isto, não faça aquilo... não, não e não...”. Os mestres da lei estavam
preocupados apenas com a questão do perjúrio, como se esta fosse toda a questão
desta lei. Isto refletia em algumas inferências erradas que eles faziam a
respeito da aplicação prática dos juramentos.
ð
Vamos a ver
esses pontos a seguir.
a)
Primeiro,
eles faziam qualquer tipo de juramento sempre que não fosse perjúrio. Então,
eles podiam prometer qualquer coisa e facilmente poderiam se justificar se não
a cumpriam. Como? A questão do perjúrio ficava sujeita àquilo que estava no
coração deles. Por exemplo, vamos supor que eles prometiam ajudar o próximo em
algum tipo de tarefa no dia seguinte. Eles se comprometiam em fazê-lo dando sua
palavra precipitadamente. “Prometo que amanhã estarei aqui para te ajudar”. Mas
no dia seguinte acontecia algum imprevisto, alguma chuva ou algum problema com
outros negócios que os impedia cumprir com a promessa. Tinham feito perjúrio
nesse caso? Não, diziam eles, “pois no meu coração eu queria ajudar mesmo o
irmão, o que aconteceu isto ou aquilo e não consegui ir”. Vê como a questão
fica muito sutil? Já recebemos promessas de pessoas que nos ajudariam em alguma
mudança ou organização e não apareceram? Elas parecem as mais interessadas em
ajudar na hora de prometer, mas depois colocam mil desculpas por não terem ido
ao compromisso. É assim que viam os fariseus a questão do perjúrio em muitos
casos. Realmente, nestes casos não há uma intenção de perjúrio, mas a pessoa
foi negligente ao se comprometer sem considerar as conseqüências e todos os
possíveis acontecimentos. A lei era uma forma de incentiva às pessoas
ponderarem suas promessas de compromisso, mas isto tinha sido esquecido.
b)
Segundo,
eles faziam uma linha de distinção entre os tipos de juramentos obrigatórios e
não obrigatórios. Vejam o que disse o Senhor Jesus: Mt 23:16-22 “Ai de vós, guias cegos, que dizeis: Quem
jurar pelo santuário, isso é nada; mas, se alguém jurar pelo ouro do santuário,
fica obrigado pelo que jurou! Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro ou
o santuário que santifica o ouro? E dizeis: Quem jurar pelo altar, isso é nada;
quem, porém, jurar pela oferta que está sobre o altar fica obrigado pelo que
jurou.Cegos! Pois qual é maior: a oferta ou o altar que santifica a oferta? Portanto,
quem jurar pelo altar jura por ele e por
tudo o que sobre ele está. Quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele
que nele habita; e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que
no trono está sentado.” Jurar por algumas coisas era muito importante para
eles, mas por outras não. Eles hierarquizavam os juramentos como se alguns eram
realmente importantes e outros não. Havia aqui um sentido ganancioso e
desonesto por traz, pois eles tiravam proveito de alguns juramentos feitos pelas
pessoas. Desta maneira, uma conseqüência trágica é que eles estavam muito
preocupados por definir quais juramentos eram válidos e quais não. A discussão
se centrava em definir se o templo ou o ouro eram relevantes ou não para os
juramentos. Isto é, a preocupação estava no procedimento do juramento para que
este seja válido e não nas intenções do coração quando se proferia uma
promessa.
c)
O terceiro ponto,
e acredito que seja o mais importante, é que o elevado interesse que eles davam
pelos juramentos fazia com que eles dessem pouco valor às palavras proferidas
sem juramento. Tudo tinha que se jurado para que tivesse um valor real. Se eles
não juravam algo não se sentiam comprometidos a ter que cumprir. Isto não nos
faz sentir que estamos naqueles tempos? Alguém disse que faria algo para nós e
depois nos falhou e nos diz: “Ah, me desculpa, eu tentei ir, até disse para
você que eu iria, mas eu não te jurei nada...”. Isso é falta de compromisso e
seriedade, é achar que somente o a frase “eu te juro” ou “eu te prometo” é o
que valida as nossas palavras diante de Deus. É isso o que os mestres da lei
estavam fazendo.
3.
O ENSINAMENTO DE JESUS ACERCA DO JURAMENTO.
ð
A resposta do
Senhor Jesus a estas atitudes foi a seguinte: Mateus 5:34-36)
Lamentavelmente muitos tomam este
texto de maneira literal, sem entender a essência do mesmo. Existem
denominações e seitas cristãs que não realizam nenhum tipo de voto para não
quebrantar este ensinamento. Eles se recusam a fazer juramentos patrióticos ou
compromissos legais por causa deste texto. Contudo, eles acabam se tornando
legalistas como os mestres da lei daquela época. A preocupação do Senhor Jesus
tem que ser considerada à luz do verso
37: “Seja, porém, a tua palavra: Sim,
sim; não, não. O que disto passar vem do maligno”.
ð
O Senhor está
enfatizando que as simples palavras dos seus discípulos devem ser verdadeiras,
sem a necessidade de juramentos para validar a palavra. Não é o
juramento o problema, o problema é a falta de compromisso e verdade nas
palavras proferidas sem juramento. Já temos dito anteriormente que há muitos
exemplos na Bíblia de juramentos feitos por servos do Senhor e, inclusive, do
próprio Deus, sem que isto seja considerado uma coisa má em si mesma nesses
relatos. Há casos de solenidade nos quais o voto ou juramento dá uma ênfase
especial à promessa realizada e isto não tem problema nenhum. Por exemplo, o
voto realizado no casamento, é um claro exemplo de um pacto juramentado de duas
partes perante o Senhor. É claro que o Senhor se agrada por este tipo de pactos
e os abençoa.
ð
Então, o que
podemos aprender com o ensinamento de Jesus? Vejamos os seguintes pontos:
a) O
Senhor está mostrando como os juramentos levam a usar o nome de Deus em vão.“Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis;
nem pelo céu, por ser o trono de Deus”, disse Jesus. Os juramentos feitos
apressadamente, sem reflexão, podem fazer com que zombemos de Deus. Na época de
Jesus, os juramentos eram realizados invocando o nome de Deus como testemunha.
Nós, como cristãos, também deveríamos realizar qualquer compromisso lembrando
que o Senhor é testemunha da nossa promessa. Então, o Senhor está enfatizando a
seriedade da questão. É melhor sermos corretos e comprometidos com o que
falamos do que fazermos pactos e votos que depois não teremos certeza de
cumprir, usando assim o nome do Senhor em vão. Lembre o que diz em Eclesiastes 5:4-5: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não
se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que
votes e não cumpras. Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante do mensageiro de Deus
que foi inadvertência; por que razão se iraria Deus por causa da tua
palavra, a ponto de destruir as obras das tuas mãos?”.
b) O
Senhor Jesus está mostrando que não existem níveis diferentes de juramentos,
todos eles tem que ser cumpridos. Os fariseus e escribas consideravam, por
exemplo, o juramento pelo templo pouco importante, mas pelo ouro do templo
muito importante. O Senhor diz que “de
modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por
ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem
jures pela tua cabeça” Isto significa que tudo é de Deus, não há coisas
muito importantes e coisas pouco importantes pelas que possamos jurar. Diante
de Deus pouco importa se juramos pela nossa mãe, pelos nossos filhos ou se
simplesmente nos comprometemos a fazer algo sem ter dito: “eu te juro”.Seja
vossa palavra “sim, sim” e “não, não”, disse Jesus. Isto já é suficiente para
Deus. Todas as nossas palavras são vistas como votos diante do Senhor quando
elas têm um tom de compromisso.
c) O Senhor Jesus está ensinando que os
juramentos apressados desconsideram a soberania de Deus sobre a nossa vida. Vejam o que
Jesus disse: “nem jures pela tua cabeça,
porque não podes tornar um cabelo branco ou preto”. Isto significa que
somos incapazes de mudar alguma coisa em base a nossos juramentos. Muitas vezes
juramos apressadamente sem considerar que o futuro não está em nossas mãos.
Aquele que é ciente que o futuro está nas mãos de Deus pensará duas vezes antes
de prometer algo que talvez não o consiga cumprir. É isto o que Tiago disse no
seguinte texto: Tiago 4:13-15 “Atendei,
agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos
um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo
se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos,
como também faremos isto ou aquilo”. Você é uma daquelas pessoas que fala
tudo sobre o futuro como se fosse certíssimo? Conheço pessoas que falam sobre o
seu futuro como se estivesse absolutamente sob o controle delas. Falam de sua
formatura daqui a quatro anos e que logo depois trabalharão nisto ou naquilo
por um determinado tempo que elas já sabem muito bem. Em nada disso mencionam
que é apenas um plano e que depende de “se
o Senhor quiser”. Este tipo de pessoas não tem problemas em se comprometer
facilmente para fazer alguma coisa. Eles não ponderam as possíveis mudanças de
situações que podem impedir o compromisso. Quando algum imprevisto acontece,
elas dizem: “não consegui fazer o que prometi para você, mas é porque aconteceu
um imprevisto, então me desculpa, mas não foi minha culpa”. Claro que foi sua
culpa! Elas se justificam em base às mudanças de situações! A culpa está em
terem sido tolas por não considerarem as possíveis mudanças de planos. Se você
for, por exemplo, uma dessas pessoas que chega sempre tarde a todos os
compromissos marcados e que, quando chega, diz: “desculpa, é que o trânsito
estava muito ruim”, comece a ponderar seu comportamento. Quando se compromete
com um horário, considere essas situações e se planeje de maneira a cumprir
seus compromissos no horário certo. Nos compromissos, é sempre melhor sermos
sinceros e dizermos “eu pretendo fazer isto ou aquilo, mas sei que existem
estas e aquelas condições que podem mudar, então, farei todo o possível para
concretizar o prometido, se Deus quiser”. Vem como isto muda a situação? Isto
nos leva a um nível muito maior de reflexão e consideração acerca do que
pretendemos fazer. Também evita que a outra pessoas e frustre conosco e nos
considere irresponsáveis por termos falado algo que não cumprimos.“Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não,
não. O que disto passar vem do maligno”.
d) O Senhor Jesus está colocando nossas
palavras no nível de promessas e juramentos. “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não,
não. O que disto passar vem do maligno”. O “sim, sim;não, não” não
significa que evitemos compromissos. Muitas pessoas se valem desse texto para
concluir que não têm que prometer nada, nem serem comprometidas! Este tipo de
pessoas são aquelas que, quando alguém lhe pede uma ajuda, dizem: “Olha, vou tentar
te ajudar amanhã, mas não te prometo nada...”. Na verdade, elas estão querendo
ser diplomáticas para não dizer diretamente: “não tenho muita vontade em te
ajudar”. São as pessoas nas quais nunca se pode confiar, pois elas não se
comprometem com nada. Elas fogem dos compromissos. Mas não é essa a atitude do
crente, nem é isso o que o Senhor está ensinando aqui. O que o Senhor está
dizendo neste texto é que devemos ser diretos, sinceros e comprometidos. Quando
o crente diz “sim”, ele está se comprometendo. Por este motivo,quando alguém
começa a jurar pelo céu e pela terra, poderíamos lhe perguntar em base a esse
texto: “Porque juras? Por acaso a tua palavra não tem valor algum? Tua palavra
não é suficientemente confiável?”. Uma pessoa que tem temor do Senhor não
precisa jurar e prometer, pois ela sabe que o que ela disse fará, ela já tem um
compromisso diante do Senhor. O crente deve ser uma pessoa de palavra, é isso o
que o Senhor está ensinando aqui. Não devemos prometer o tempo todo,
mas devemos ser comprometidos sempre.
e) O Senhor está ensinando acerca da
verdade e contra a mentira e a hipocrisia. Observem que
Ele não disse: vosso sim seja não e o não seja sim. Esta é a atitude dos
hipócritas, daqueles que dizem uma coisa e pensam outra. “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não”. As atitudes do
crente tem que corresponder a suas palavras, e as palavras refletem aquilo que
está no coração do homem Lucas 6:45b,
pois “a boca fala do que está cheio o
coração”. O crente deve ser alguém que fala com clareza, de maneira direta
e sincera. Por acaso você não é uma daquelas pessoas que falam sempre com
ambigüidade? Tem pessoas que nunca falam muito claro. Elas enrolam, se
contradizem, ou falam as coisas pela metade, sendo assim pouco sinceras. Mas o
crente não, o discípulo de Jesus diz deve expressar sempre a verdade e dizer
sim, quando pensa sim, e não, quando pensa não.
f) O Senhor está ensinando contra o
exagero.
Esta é outra classe de mentira, e poderia ser colocada no ponto anterior, mas
acho que merece um destaque particular. Embora não tenha um relacionamento tão
direto com os juramentos, acho que vale a pena refletirmos também sobre esta
implicação do ensinamento de Jesus. “Seja,
porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não”. Isto implica que devemos ser
fieis aos fatos. Há pessoas que não são confiáveis por serem exageradas. Quando
elas contam algo o fazem com tanta exageração que distorcem a realidade. Muitas
vezes não são pessoas mal intencionadas, mas são tão empolgadas e querem
mostrar tanta graça nos seus relatos que acabam exagerando. Se sondássemos no
fundo decorações assim, provavelmente encontraremos um desejo de chamar a
atenção ou o interesse das outras pessoas. Claro que isto desagrada ao Senhor,
pois ele quer que sejamos fiéis nas palavras, dizendo “sim, quando é sim” e
“não, quando é não”; palavras diretas, exatas e reais. Mt 12: 36
4.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS.
ð
Decidi deixar
uma última implicação deste ensinamento para o final. Acho que é muito importante refletirmos
a respeito: considero que este ensinamento de Jesus é a favor de uma
vida espiritual amadurecida. As pessoas mais sábias e amadurecidas que eu
conheço são pessoas muito calmas e que controlam as suas palavras. Parece ser
que estas pessoas pesam e ponderam cada palavra proferida. Se considerarmos que
a nossas palavras devem ser “Sim,sim;
não, não”, acho que chegaremos à conclusão que devemos viver como essas
pessoas sábias vivem. Se isto não for suficiente, permita-me lembrar-lhes os
seguintes conselhos do sábio rei Salomão: Provérbios
17:27,29.20 “Quem retém as palavras
possui o conhecimento, e o sereno de espírito é homem de inteligência”. “Tens
visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o
insensato do que para ele”. Eclesiastes
5:7 “Porque, como na multidão dos
sonhos há vaidade, assim também, nas muitas palavras; tu, porém, teme a Deus”.
Nas muitas palavras nunca falta o pecado. Facilmente prometemos, juramos e exageramos
por falarmos demais. Talvez seja bom cuidarmos mais nossa língua e os excessos
nas conversas, de maneira que nos identifiquemos com o que escreveu Tiago 3:2: “Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear
também todo o corpo” O resumo de toda esta parte do sermão de Jesus pode
ser sintetizado da seguinte maneira: “cuide
as suas palavras, pois delas você terá que prestar contas diante do Senhor”.

Contato com o Pastor Nilton Jorge
Telefone (55) 22 998746712 Whatsapp
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