quinta-feira, 11 de abril de 2019

A GRAÇA DE EXCEDER A VINGANÇA (Série "O Sermão da Montanha")


TEXTO: Mt 5:38-42
INTRODUÇÃO:

ð   OUVISTE - O ensino tradicional era transmitido oralmente, sobretudo nas sinagogas. A expressão ouvistes implica que grande parte dos ouvintes nessa ocasião não tinham lido eles mesmos a lei. Isto era de se esperar, porque a maioria deles era composta de rudes lavradores e pescadores. Os versos 38 a 42 têm que ver com o proceder de um cristão quando é prejudicado por outros.
ð   FOI DITO - Ao citar a antigos expositores da lei, os rabinos com freqüência apresentavam o que esses eruditos tinham dito, com as palavras que Jesus emprega aqui. Nos escritos rabínicos estas palavras se usam também para apresentar citações do AT.
ð   Esta é a lei do talião (Lv 24: 17 a 20; Dt 19: 21 Êx 21: 14 Êx 21: 24 e 25).
O primeiro desses três textos considera especialmente a questão do assassinato. 
O segundo texto deles trata sobre a condenação à blasfêmia contra Deus e o prejuízo ao irmão e o terceiro trata sobre falsas testemunhas. Todos eles condenavam estes atos e estabeleciam formas de sentencia aplicando “olho por olho e dente por dente”, uma retribuição igualitária. É de natureza social, não individual. Prevendo um castigo igual ao dano causado, visa limitar os excessos da vingança (Gênesis 4: 23 e 24). De fato, a aplicação dessa regra parece ter perdido desde muito cedo a sua brutalidade primitiva. As obrigações do vingador do sangue go’el  (Nm 35: 19) foram se purificando até se limitarem ao resgate (Rute 2: 20) e à proteção (Salmo 19: 15; Isaias 41: 14). 

ð   Consideraremos os seguintes pontos de análise:
1.             O que a Lei ensinava a respeito da reciprocidade do crime;
2.             O que os fariseus estavam ensinando, na época de Jesus a respeito;
3.             O que o Senhor Jesus ensinou sobre a questão.

1)             A LEI ANTIGA DO TALIÃO.

·      Lei do Talião, a lei do toma lá dá cá, longe de ser uma lei salvagem e sanguinária, é de fato o princípio da mi­sericórdia. Sua finalidade original era sem dúvida a limitação da vingançaNos dias mais primitivos a vingança de sangue era característica da sociedade tribal: Se um homem de uma tribo causava um dano a um homem de outra tribo, imedia­tamente todos os membros da tribo prejudicada saiam para vingar-se de todos os membros da tribo que havia feito o dano; e a vingança desejada não era nunca menos que a morte. Esta lei limita deliberadamente a vingança. Estabelece que somente o homem que causou o dano deve ser castigado, e seu castigo não deve exceder ao equivalente do que ele mesmo causou. Vista no fundo de sua situação histórica, esta não é uma lei sanguinária, mas sim de misericórdia.
·      Esta não foi nunca uma lei que lhe dera à pessoa, individualmente, o direito a vingar-se por si mesma; sempre foi uma lei que estabelecia um juiz de um tribunal legal para estipular o casti­go. Os juízes investigarão cuidadosamente. Se a testemunha for uma testemunha falsa, e tiver caluniado seu irmão, então vós trareis conforme ela própria maquinava tratar seu próximo. Deste modo extirparás o mal do teu meio (Dt 19: 18)Esta lei nunca teve a finalidade de dar ao indivíduo o direito a aceitar nem sequer a vingança do toma lá dá cá. Sempre se pretendeu que fosse um guia para um juiz a estipulação do castigo que devia receber qualquer obra vio­lenta ou injusta.
·      Esta lei jamais se cumpriu literalmente, pelo menos em nenhuma das sociedades civilizadas. Os juristas judeus arrazoavam acertadamente que se cumpriria literalmente poderia ser de fato o contrário da justiça, porque obviamente poderia supor o pagamento de um bom olho ou um bom dente com um mal olho ou um mal dente. E se chegou muito próximo a compensar o dano causado com dinheiro; Se uma pessoa prejudicou outra, pode ter sido de uma destas cinco maneiras: Com injúria, dor, tratamento médico, perda de tempo, e indignidade.

1.    Quanto à injúriao injuriado se considera como um escravo que se põe a venda no mercado. Seu valor antes e depois da injúria se estipula, e o responsável da injúria tem que pagar a diferença. Havia sido o responsável da perda do valor da pessoa injuriada.
2.    Quanto à dorse estimava quanto dinheiro aceitaria uma pessoa por estar disposta a sofrer a dor da injúria infligida, e o responsável da injúria teria que pagar esta soma.
3.    Quanto ao tratamento médicoo causador do mal teria que pagar todos os gastos do tratamen­to médico necessário até que se chegasse a uma cura total.
4.     Quanto à perda de tempoo ofensor teria que pagar a compensação pelos salários perdidos enquanto o ofendido estivesse incapacitado para trabalhar, e também teria que pagar a compensação se o ofendido havia tido uma posição bem paga, a conseqüência do dano, quando o capacitado somente puder executar um trabalho menos remunerado.
5.    Quanto à indignidadeo ofensor teria que pagar os danos pela humi­lhação e a indignidade que a injúria havia infligido. Nessa prática legal, o tipo de compensação que estabelecia a Lei do Talião é surpreendente e moderna.

·      O mais importante de tudo: Há que se recordar que a Lei do Talião não é muito menos importante que toda a ética do AT. Há momentos e até esplendores de misericórdia no AT. Lv 19:18 Pv 25: 21 - 24:29   Lm 3:30. Há abundante misericórdia no AT. Assim, a ética antiga se baseava na lei do toma lá dá cá. É verdade que essa lei era misericordiosa; é verdade que era uma lei para um juiz e não para a pessoa individualmente; é verdade que nunca se levava a cabo literalmente; é verdade que havia acenos de misericórdia que se percebiam ao mesmo tempo. Porém, Jesus obliterou o mesmo princípio dessa lei, porque a vingança, por muito controlada e restringida que seja não tem lugar na vida cristã.

·      Qual era o propósito desta lei? Vejamos os seguintes pontos:

a) O primeiro propósito dessa lei era limitar os excessos no povo, controlando a ira, a violência e a vingança
ð Ela considerava uma situação caótica do povo e contornava o problema por meio da restrição do mal. Como já disse antes, o instinto natural do homem é sempre dar revide a quem lhe fez mal, seja através de palavras ou ações. Na verdade, o instinto é sempre tentar retribuir com alguma coisa pior daquilo recebido. “Se ele me bateu, então eu vou espancá-lo até deixá-lo deitado no chão”, pensam muitos. O senso de orgulho e egocentrismo do homem faz com que este sempre queira sair vencedor do pleito. Por conseguinte, quando alguém do povo de Israel era machucado injustamente, havia risco de que esta pessoa procurasse assassinar seu inimigo. Então a lei restringia a punição, proibindo que a retribuição seja maior do que o mal recebido: “olho por olho e dente por dente”, era o limite da punição. Desta maneira, podemos ver nestes textos o que chamamos da graça comum de Deus agindo no meio do povo. A graça comum é aquilo que nos permite viver em paz e sob um determinado controle na sociedade. É a mão bondosa do nosso Senhor Deus que está restringindo o mal do ser humano para que a situação não seja completamente caótica. As leis que regulamentam uma sociedade nos dias de hoje, tal como a justiça civil ou as forças militares são alguns dos meios que o Senhor usa para delimitar ainda hoje o mal que habita no coração do ser humano. Isto é parte da graça comum de Deus.

b) O segundo ponto que precisamos destacar destas leis é que elas estavam dirigidas aos juízes de Israel e não aos indivíduos.
ð O povo de Israel era legislado por anciãos, homens sábios e prudentes que deviam julgar todos os crimes do povo. Esta lei era uma das quais eles tinham que considerar na hora de julgar um caso e aplicar uma sentença. Considerem novamente o seguinte texto que lemos anteriormente Dt 19.20. Vemos aqui que o propósito desta lei era que os juízes aplicassem justiça no meio do povo, para que a nação de Israel tivesse temor do Senhor. Quando um juiz aplicava a pena, retribuindo “olho por olho e dente por dente”, o povo era lembrado que na nação de Israel os crimes não eram absolvidos. Em Israel devia habitar a justiça, pois o Rei de Israel, o Deus deles é um Deus justo e santo, que não tolera a iniqüidade. Este era um padrão de santidade e justiça muito alto para aqueles tempos. A nação de Deus não podia julgar parcialmente, de acordo com a preferência do rei do momento. Não, eles tinham que se submeter à justiça dos anciãos e os crimes não eram passados por alto. Em alguns casos, a lei até permitia o pago do resgate, um tipo de fiança para o culpado (veja Números 35.31), mas isto não era permitido quando se tratava de assassinatos. Acredito que este segundo ponto é essencial para entendermos o ensinamento da Lei e a explicação de Jesus. A lei nunca quis incentivar a vingança, mas ela estabelece padrões de justiça civil para uma nação que era teocrática. Naquele tempo não existia uma separação entre governo civil e religioso. É preciso separar muito bem aquilo da lei que é para aplicação pessoal e o que é para aplicação civil, de maneira que a possamos interpretar corretamente. Por exemplo, há aqueles que não compreendem como Deus deu ao povo o sexto mandamento: “não matarás” e depois ordenou exterminar todas as nações habitantes de Canaã. Não seria contraditório? Claro que não. Novamente o problema está em sabermos entender o que é de aplicação pessoal e o que é de aplicação civil. O sexto mandamento tratava sobre a aplicação pessoal, a proibição de agir contra a vida do próximo. Já o que aconteceu com o extermínio dos povos de Canaã é uma sentença divina, uma punição de Deus contra o mal de uma nação. Com isto podemos aprender que quando um indivíduo aplica justiça própria a Bíblia considera este ato como uma vingança, e o condena. Por outro lado,quando um culpado é julgado diante das autoridades e é condenado à morte, trata-se de justiça, não de vingança. Nada achamos na Bíblia contra este tipo de justiça civil. Consideremos ainda o seguinte texto do apóstolo Paulo, no Novo Testamento, que trata esta questão Romanos13.1-7.
ð Observem que Paulo não condena a justiça civil. Pelo contrário, ele disse que ela é instituída por Deus para manter a ordem. Naquela época, os atos criminais eram punidos com a pena capital, isto é, com a morte do indivíduo, mas nada lemos contra isto na Bíblia. Pelo contrário, no próprio povo de Deus existia a morte capital e ela estava instituída pelo próprio Senhor Deus. O problema é que na psicologia moderna se acredita que colocando o indivíduo na prisão ele se tornará alguém melhor, se recuperará para voltar a conviver em sociedade. Mas quando estudamos a Palavra de Deus vemos que, embora até o pior dos criminosos pode se arrepender e se tornar salvo, há uma pena como conseqüência do pecado, não apenas para eliminar o perverso do meio do povo, mas para que todos temam às autoridades e o mal seja restringido. Considere a situação do nosso próprio país. Porque há tanta criminalidade? Eu lhes diria que é precisamente porque já ninguém mais tem temor das autoridades, não há medo a ser sentenciado por causa de penas leves e julgamentos totalmente parciais. Falta o temor daquela “espada de justiça e castigo” que citou o apóstolo Paulo neste texto aos romanos.

2)             O ENSINAMENTO DOS FARISEUS E ESCRIBAS SOBRE A VIGANÇA.

·      “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente”, lembrem que já havíamos falado em estudos anteriores que isto se referia ao que estava sendo dito não pela lei do Antigo Testamento, mas pela tradição dos mestres da época. Eles estavam ensinando às pessoas se valerem desta lei, mas o problema é que eles a aplicavam à vida dos indivíduos. Eles criam que toda pessoa tinha o direito de se vingar e retribuir a seu inimigo com a mesma sorte de mal com que tinha sido prejudicada. Assim eles estavam encorajando a vingança. Desta maneira, eles tinham caído em dois grandes erros: um era transformar uma lei civil em uma lei pessoal e outro transformar uma injunção negativa da lei em um mandamento positivo. Isto significa que eles acreditavam ser um direito e ainda acreditavam que a lei encorajava a fazer isto. Conforme o pensamento deles era justo e correto aplicar a vingança, como se o mesmo fosse algo positivo da lei.

3)             O QUE JESUS ENSINOU SOBRE A QUESTÃO:

Relembremos o texto já lido Mt 5.39-42 “Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica,deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.”
ð Os rabinos citavam as tradições como autoridade na qual baseavam sua interpretação da lei. Cristo falou por sua própria autoridade, e este fato distinguia Seu ensino dos rabinos.
ð Uma vez que os fariseus trouxeram uma lei civil à aplicação pessoal, Jesus contradisse este ensinamento (“Eu, porém, vos digo”), mostrando como cada indivíduo deve viver. Contudo, não se trata de qualquer indivíduo, mas do crente, daquele que já foi regenerado e vive uma vida em comunhão com Deus. Esta aplicação que Jesus mostrou não é para quem ainda não se entregou a Jesus, pois este ensinamento traz a essência do caráter representado nas bem-aventuranças. Somente um bem-aventurado pode reagir da maneira ensinada por aqui Jesus. Toda a questão ensinada aqui poderia se resumir à seguinte pergunta: como reagimos diante das situações injustas que experimentamos? Toda esta questão tem a ver com o nosso “eu”, com o nosso senso de justiça pessoal e dignidade pessoal. Para entendermos isto, observem o seguinte: considerem o verso 42 “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”.
ð O que tem a ver este último verso com os anteriores? Até este verso o Senhor Jesus está falando sobre ferir, demandar, obrigar. De repente, ele muda completamente a direção e toca a questão de “pedir emprestado”. Qual é o elo entre estes pontos do ensinamento? A resposta é a seguinte: o centro deste ensinamento não é apenas com o resultado da vingança do ser humano, mas Jesus está abordando a questão do “eu” dos homens e da noção errada que temos de direitos próprios e de justiça própria. Quando alguém nos fere (v.39), nos demanda (v.40), nos obriga (v.41) ou nos pede emprestado (v.42), sempre vem a tom o nosso senso de justiça e direitos próprios. “

ð RESISTAIS - Trata-se do mal pelo qual somos pessoalmente prejudicados; é proibido resistir a ele por meio de vingança, pagando o mal com o mal, Salmos 5: 11. Jesus não proíbe que alguém se oponha dignamente aos ataques injustos (João 18: 22 e 23), e menos ainda que alguém combata o mal no mundo. Jesus não nos convida a ficar passivos diante do mal, da opressão, da violência, mas que não nos deixemos levar pelo espírito de vingança e de violência, sob o pretexto de defender os direitos próprios ou os do próximo. O melhor caminho para romper o círculo da violência, da opressão e da injustiça é responder ao mal com o bem. (Romanos 12: 14 a 21). Isto é, não tenteis vingar-vos pelos males sofridos. Aqui Jesus parece referir-se a uma hostilidade ativa e não a uma resistência passiva. O cristão não deve responder à violência com violência. Deve vencer com o bem o mal (Romanos 12: 21) e amontoar brasas de fogo sobre a cabeça de quem o prejudica (Provérbios 25: 21 e 22)

·      Oferecendo o Outro Lado I Pedro 3: 8 e 9 Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança.
Oferecer o outro lado não é muito fácil quando você acabou de ser ferido do lado direito. Em parte, Ele referia-se aos costumes dos escribas e fariseus. Na tradição rabínica, cada pessoa tinha permissão para desforrar-se até a letra da lei do olho por olho. Era permitido que toda pessoa se tor­nasse juiz, jurado e algoz. A lei de Deus era usada pelos que liam um lado só do AT para justificar a retaliação. Por isso, Je­sus está falando acerca da justificação legalista deles mesmos.
Mas Jesus está falando também aos Seus seguidores, cuja justiça deve exceder a dos líderes religiosos judaicos. Seu destaque, em Ma­teus 5: 39 têm mais a ver com o que não devemos fazer do que com o que devemos. Oferecer o outro lado simboliza o espírito não vingati­vo, humilde e manso que deve caracterizar os cidadãos do reino.

·      40 - E àquele que quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também veste. PLEITEAR - Na pelejas jurídicas muitas vezes era solicitado um penhor para a causa, e muitas pessoas que eram pobres não possuíam qualquer outro bem a não ser uma túnica ou capa. CapaGrego: himátion, o manto exterior, ou capa, que costumava usar como coberta pela noite. Muitas vezes um pobre não tinha nenhuma outra coisa que dar como prenda senão sua capa. No entanto, a lei de Moisés proibia que o credor retivesse essa vestimenta como prenda durante a noite (Êxodo 22: 26 a 27). Em vista de que a capa era considerada mais essencial do que a túnica, ou vestimenta interior, cedê-la sem resistência demonstraria uma concessão maior, sobretudo em vista de que a lei outorgava ao dono certos direitos sobre sua capa.
·      Jesus passa a dizer que se alguém tratar de tomar a túnica em juízo, não só devemos permitir isto, mas oferecer também a capa. Aqui tem um ensino bem maior do que aparece a simples vista.
·      A túnica, jitôn, era a camisa larga interior que se fazia de algodão ou de linho. Até o mais pobre tinha uma muda de túnicas. A capa era a peça de roupa exterior grande, de abrigo que se colocava sobre a túnica, e que se usava como manta para a noite. Desta o judeu não possuía mais que uma. Dizia expressamente a lei judaica que a túnica de um homem se lhe poderia reter como penhor, porém não a capa. O detalhe é que não era legal reter de uma pessoa a capa permanentemente.
O que Jesus está dizendo é que: O cristão não insiste jamais em seus direitos; nunca discute seus direitos legais; não considera que tem direitos legais em absoluto.
·      O cristão não pensa em seus direitos, mas em seus deveres; não pensa em seus privilégios, mas em suas responsabilidades. Cristão é uma pessoa que se esqueceu de que tem algum direito; e, aquela que lu­ta até a morte por seus direitos legais, dentro ou fora da igreja, está lon­ge do caminho cristão.
O ensino de Jesus acerca da capa não quer dizer que um cristão jamais lutará pelos direitos de outros ou pela integridade da lei e da or­dem. Mas quer dizer que ele morreu para si mesmo.

41 - e se alguém te obriga andar uma milha, caminha com ele duas. OBRIGA - Grego: aggaréuô, obrigar a servir. A palavra ággaros é um vocábulo tomado do persa. Significa correio de cavaloOs persas usavam este termo para designar os correios reais do sistema imperial de postais que eles aperfeiçoaram até chegar a um magnífico grau de eficiência Ester 3: 13. Nos tempos dos romanos, aggaréuô e ággaros se referiam ao serviço obrigatório do transporte de apetrechos militares. Resistir era provocar um trato cruel. Em Mateus 27: 32 e Marcos 15: 21 se emprega o verbo aggaréuô quando se obrigou Simão que levasse a cruz de Cristo. 
·      Jesus se refere a tais casos como quando um soldado romano exigia a um civil judeu que levasse sua bagagem durante uma milha, como o mandava a lei em Lucas 3: 14. O cristão deveria prestar um serviço duplo do exigido pela lei, e deveria fazê-lo com alegria.
·      Há duas maneiras de se fazer as coisas. Pode-se fazer o mínimo irredutível, e nenhum milímetro mais; se pode fazer de forma que seja bem claro que seja asqueroso o assunto; pode fazer com o mínimo de eficácia, e nada mais. Ou se pode fazer com alegria, com simpatia cortesia; com o propósito, não só de fazer o que seja, mas de fazê-lo bem e com agrado.

·      42 - Dá ao que te pede e não voltes às costas ao que te pede emprestado.
A base dos cidadãos do reino do céu e dar e não receber, em contraposição aos desejos humanos de poder, de ser servido por todos, o cristão almeja cada vez servir mais, e a generosidade lança fora um mal: o egoísmo.
NÃO VOLTES -  (Lucas 6: 30).

O DAR GENEROSO
Por último, Jesus nos convida a dar a todos o que nos peçam, e não nos evadirmos de quem quer que lhe emprestemos algo. Em suma, a lei judaica de dar era encantadora. Baseia-se em Deuteronômio 15: 7 a 11.
·      O detalhe do sétimo ano é que a cada sete anos se cance­lavam todas as dívidas, e quem fosse mesquinho poderia se recusar a emprestar quando se aproximava esse ano, cancelando-se a dívida e quitando-se o que tivesse emprestado.
·      Os rabinos estabeleceram cinco princípios que deviam governar a dádiva.
1. Não se pode negar nada. Tem cuidado de não recusar a caridade, porque a todos os que recusam se põe na mesma categoria que dos idólatras. Se uma pessoa se negava a dar, poderia chegar o dia que tivesse que pedir esmola, e talvez das mesmas pessoas as quais lhes houvesse negado sua ajuda.
2. O que se deve corresponder à pessoa a quem se lhe dá. A lei de Deuteronômio havia dito que se deve dar à pessoa que necessite Diz que não se deve dar só imprescindível para seguir vivendo, mas o necessário para reter ao menos algo de nível e comodidade que teve um dia.
3. O dar se deve ser efetuado de maneira privada e secreta. Os rabinos até chegaram a dizer que, na classe mais elevada de dar, o que dá não deve saber a quem se dá, e o que recebe não deve saber de quem recebe. Havia certo lugar no templo em que se ia secretamente para depositar as ofertas; e essas ofertas secretas eram usadas em segredo para ajudar os membros empobrecidos das famílias que haviam sido nobres, e para prover às filhas destas famílias empobrecidas os dotes, sem os quais não podiam se casar. Os melhores judeus haviam desprezado o ato de dar que se fizesse por prestigio, publicidade ou auto-glorificação.
4. A maneira de dar deve estar em consonância com o caráter e o temperamento do que recebe. A regra era que se uma pessoa tivesse meios, mas era demasiada mesquinha para usá-los, deveria fazer uma doação, e logo reclamar de sua parte como um empréstimo. Mas se a pessoa era dema­siado orgulhosa para pedir ajuda, o rabino Ismael sugeria que o doador deveria dirigir-se a ela e dizer: Meu amigo, o melhor que necessitas é de um empréstimo. Assim se respeitava sua dignidade; porém logo não se reclamava o empréstimo, porque na realidade havia sido um presente. Chegava-se até a estabelecer que, se uma pessoa era incapaz de responder a um pedido de ajuda, sua negativa devia ser tal que mostrasse que, se não podia dar outra coisa, pelo menos contribuiria com sua simpatia. Até uma negativa havia de ser de tal maneira que ajudaria e não ofenderia.
5. O dar era ao mesmo tempo um privilégio e uma obrigação, porque na realidade era a Deus a Quem na realidade se dava. Dar alguma ajuda a uma pessoa necessitada era algo que não se escolha fazer, mas algo que se devia fazer; porque, se negava, Se estava negando realmente a Deus. Provérbios 19:17.  

 (Provérbios 20:22) (Provérbios 24:29). (Provérbios 24:17). (Provérbios 25:21)
 (Isaias 50:6). (Isaias 53:7
 A lei, segundo fora dada por Moisés, recomendava uma mui terna consideração para com o pobre. Quando um homem pobre dava sua roupa em penhor, ou em garantia por uma dívida, não era permitido ao credor entrar-lhe em casa a fim de ir buscar; devia esperar na rua para que o penhor lhe fosse levado. E fossem quais fossem as circunstâncias, o penhor devia ser restituído a seu dono ao pôr do sol (Deuteronômio 24:10 a 13). No tempo de Cristo essas misericordiosas providências eram pouco atendidas; mas Jesus ensinou Seus discípulos a se submeterem à decisão do tribunal, mesmo que esta exigisse além do que autorizava a lei de Moisés. Ainda que requeresse uma parte de seu vestuário, deviam submeter-se. Mas ainda, deviam dar ao credor o que lhe era devido, se necessário entregando mesmo mais do que o tribunal o autorizava a tomar.  (Lucas 6: 35).
Aquele que se dá a si mesmo com sua esmola, está nutrindo a três de uma só vez: A sim, bem como ao próximo, a quem consola; nutre também a Mim.

Contato com o Pr. Nilton Jorge
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