TEXTO: Mt 5:38-42
INTRODUÇÃO:
ð
OUVISTE - O ensino tradicional era
transmitido oralmente, sobretudo nas sinagogas. A expressão ouvistes implica
que grande parte dos ouvintes nessa ocasião não tinham lido eles mesmos a lei.
Isto era de se esperar, porque a maioria deles era composta de rudes lavradores
e pescadores. Os versos 38 a 42 têm que ver com o
proceder de um cristão quando é prejudicado por outros.
ð
FOI DITO - Ao citar a antigos expositores da lei, os rabinos com freqüência
apresentavam o que esses eruditos tinham dito, com as palavras que Jesus
emprega aqui. Nos escritos rabínicos estas palavras se usam também para
apresentar citações do AT.
O primeiro desses três textos considera
especialmente a questão do assassinato.
O
segundo texto deles trata sobre a condenação à blasfêmia contra Deus e
o prejuízo ao irmão e o terceiro
trata sobre falsas testemunhas. Todos eles condenavam estes atos e
estabeleciam formas de sentencia aplicando “olho por olho e dente por dente”,
uma retribuição igualitária. É de natureza social, não individual. Prevendo um castigo igual
ao dano causado, visa limitar os excessos da vingança (Gênesis 4: 23 e 24). De
fato, a aplicação dessa regra parece ter perdido desde muito cedo a sua
brutalidade primitiva. As obrigações do vingador do sangue go’el
(Nm 35: 19) foram
se purificando até se limitarem ao resgate (Rute 2: 20) e à proteção (Salmo 19: 15; Isaias 41: 14).
ð Consideraremos os
seguintes pontos de análise:
1.
O
que a Lei ensinava a respeito da reciprocidade do crime;
2.
O
que os fariseus estavam ensinando, na época de Jesus a respeito;
3.
O
que o Senhor Jesus ensinou sobre a questão.
1)
A LEI ANTIGA
DO TALIÃO.
· A Lei do Talião, a lei do toma lá dá cá, longe de ser
uma lei salvagem e sanguinária, é de fato o princípio
da misericórdia. Sua finalidade original era sem
dúvida a limitação
da vingança. Nos dias mais primitivos a
vingança de sangue era característica da sociedade tribal: Se um homem de uma
tribo causava um dano a um homem de outra tribo, imediatamente todos os membros da
tribo prejudicada saiam para vingar-se de todos os membros da
tribo que havia feito o dano; e a vingança desejada não era nunca menos que a
morte. Esta lei limita deliberadamente a vingança. Estabelece
que somente o homem que causou o dano deve ser castigado, e seu castigo não
deve exceder ao equivalente do que ele mesmo causou. Vista no fundo de sua
situação histórica, esta não é uma lei sanguinária, mas sim de misericórdia.
· Esta não foi nunca uma lei que
lhe dera à pessoa,
individualmente, o direito a
vingar-se por si mesma; sempre foi uma lei que estabelecia um juiz de um tribunal legal para
estipular o castigo. Os juízes investigarão cuidadosamente.
Se a testemunha for uma testemunha falsa, e tiver caluniado seu irmão, então
vós trareis conforme ela própria maquinava tratar seu próximo. Deste modo
extirparás o mal do teu meio (Dt 19: 18). Esta lei
nunca teve a finalidade de dar ao indivíduo o direito a aceitar nem sequer a
vingança do toma lá dá cá. Sempre se pretendeu que fosse um guia
para um juiz a estipulação do castigo que devia receber qualquer obra violenta
ou injusta.
· Esta lei jamais se cumpriu
literalmente, pelo menos em nenhuma das sociedades civilizadas. Os juristas
judeus arrazoavam acertadamente que se cumpriria literalmente poderia ser de
fato o contrário da justiça, porque obviamente poderia supor o pagamento de um
bom olho ou um bom dente com um mal olho ou um mal dente. E se
chegou muito próximo a compensar o dano causado com dinheiro; Se uma pessoa prejudicou outra, pode ter
sido de uma destas cinco maneiras: Com injúria, dor, tratamento médico,
perda de tempo, e indignidade.
1. Quanto à injúria, o injuriado
se considera como um escravo que se põe a venda no mercado. Seu valor antes
e depois da injúria se estipula, e o responsável da injúria tem que
pagar a diferença. Havia sido o responsável da perda do valor da pessoa
injuriada.
2. Quanto à dor, se estimava
quanto dinheiro aceitaria uma pessoa por estar disposta a sofrer a dor da
injúria infligida, e o responsável da injúria teria que pagar esta soma.
3. Quanto ao tratamento
médico, o causador do mal teria que pagar todos os gastos do tratamento médico
necessário até que se chegasse a uma cura total.
4. Quanto
à perda de tempo, o ofensor teria que pagar a
compensação pelos salários perdidos enquanto o ofendido estivesse incapacitado
para trabalhar, e também teria que pagar a compensação se o ofendido havia tido
uma posição bem paga, a conseqüência do dano, quando o capacitado somente puder
executar um trabalho menos remunerado.
5. Quanto à indignidade, o ofensor
teria que pagar os danos pela humilhação e a indignidade que a injúria havia
infligido. Nessa prática legal, o tipo de compensação que estabelecia a Lei
do Talião é surpreendente e moderna.
· O mais importante de tudo: Há que se
recordar que a Lei do Talião não é muito menos importante que
toda a ética do AT. Há momentos e até esplendores de misericórdia no AT. Lv 19:18 Pv 25: 21 - 24:29 Lm 3:30. Há
abundante misericórdia no AT. Assim, a ética antiga se baseava na lei do toma
lá dá cá. É verdade que essa lei era misericordiosa; é verdade que era
uma lei para um juiz e não para a pessoa individualmente; é verdade que nunca
se levava a cabo literalmente; é verdade que havia acenos de misericórdia que
se percebiam ao mesmo tempo. Porém, Jesus obliterou o mesmo princípio dessa
lei, porque a vingança, por muito controlada e restringida que seja não tem
lugar na vida cristã.
· Qual era o propósito desta lei? Vejamos
os seguintes pontos:
a) O primeiro propósito dessa lei era limitar os excessos no povo,
controlando a ira, a violência e a vingança
ð Ela considerava
uma situação caótica do povo e contornava o problema por meio da restrição do
mal. Como já disse antes, o instinto natural do homem é sempre dar revide a
quem lhe fez mal, seja através de palavras ou ações. Na verdade, o instinto é
sempre tentar retribuir com alguma coisa pior daquilo recebido. “Se ele me
bateu, então eu vou espancá-lo até deixá-lo deitado no chão”, pensam muitos. O
senso de orgulho e egocentrismo do homem faz com que este sempre queira sair
vencedor do pleito. Por conseguinte, quando alguém do povo de Israel era machucado
injustamente, havia risco de que esta pessoa procurasse assassinar seu inimigo.
Então a lei restringia a punição, proibindo que a retribuição seja maior do que
o mal recebido: “olho por olho e dente por dente”, era o limite da punição. Desta
maneira, podemos ver nestes textos o que chamamos da graça comum de Deus agindo
no meio do povo. A graça comum é
aquilo que nos permite viver em paz e sob um determinado controle na sociedade.
É a mão bondosa do nosso Senhor Deus que está restringindo o mal do ser humano
para que a situação não seja completamente caótica. As leis que regulamentam
uma sociedade nos dias de hoje, tal como a justiça civil ou as forças militares
são alguns dos meios que o Senhor usa para delimitar ainda hoje o mal que
habita no coração do ser humano. Isto é parte da graça comum de Deus.
b) O segundo ponto que precisamos
destacar destas leis é que elas estavam dirigidas aos juízes de Israel e não
aos indivíduos.
ð
O
povo de Israel era legislado por anciãos, homens sábios e prudentes que deviam
julgar todos os crimes do povo. Esta lei era uma das quais eles tinham que
considerar na hora de julgar um caso e aplicar uma sentença. Considerem
novamente o seguinte texto que lemos anteriormente Dt 19.20. Vemos aqui que o propósito desta lei era
que os juízes aplicassem justiça no meio do povo, para que a nação
de Israel tivesse temor do Senhor. Quando um juiz aplicava a pena, retribuindo
“olho por olho e dente por dente”, o povo era lembrado que na nação de Israel
os crimes não eram absolvidos. Em Israel devia habitar a justiça, pois o Rei de
Israel, o Deus deles é um Deus justo e santo, que não tolera a iniqüidade. Este
era um padrão de santidade e justiça muito alto para aqueles tempos. A nação de
Deus não podia julgar parcialmente, de acordo com a preferência do rei do
momento. Não, eles tinham que se submeter à justiça dos anciãos e os crimes não
eram passados por alto. Em alguns casos, a lei até permitia o pago do resgate,
um tipo de fiança para o culpado (veja
Números 35.31), mas isto não era permitido quando se tratava de assassinatos.
Acredito que este segundo ponto é essencial para entendermos o ensinamento da
Lei e a explicação de Jesus. A lei nunca quis incentivar a vingança, mas ela
estabelece padrões de justiça civil para uma nação que era teocrática.
Naquele tempo não existia uma separação entre governo civil e religioso. É
preciso separar muito bem aquilo da lei que é para aplicação pessoal e o que é
para aplicação civil, de maneira que a possamos interpretar corretamente. Por
exemplo, há aqueles que não compreendem como Deus deu ao povo o sexto mandamento:
“não matarás” e depois ordenou exterminar todas as nações habitantes de Canaã.
Não seria contraditório? Claro que não. Novamente o problema está em sabermos entender
o que é de aplicação pessoal e o que é de aplicação civil. O sexto mandamento tratava
sobre a aplicação pessoal, a proibição de agir contra a vida do próximo. Já o
que aconteceu com o extermínio dos povos de Canaã é uma sentença divina, uma
punição de Deus contra o mal de uma nação. Com isto podemos aprender que quando
um indivíduo aplica justiça própria a Bíblia considera este ato como uma
vingança, e o condena. Por outro lado,quando um culpado é julgado diante das
autoridades e é condenado à morte, trata-se de justiça, não de vingança.
Nada achamos na Bíblia contra este tipo de justiça civil. Consideremos ainda o
seguinte texto do apóstolo Paulo, no Novo Testamento, que trata esta questão Romanos13.1-7.
ð
Observem que
Paulo não condena a justiça civil. Pelo contrário, ele disse que ela é
instituída por Deus para manter a ordem. Naquela época, os atos criminais eram
punidos com a pena capital, isto é, com a morte do indivíduo, mas nada lemos
contra isto na Bíblia. Pelo contrário, no próprio povo de Deus existia a morte
capital e ela estava instituída pelo próprio Senhor Deus. O problema é que na
psicologia moderna se acredita que colocando o indivíduo na prisão ele se
tornará alguém melhor, se recuperará para voltar a conviver em sociedade. Mas quando
estudamos a Palavra de Deus vemos que, embora até o pior dos criminosos pode se
arrepender e se tornar salvo, há uma pena como conseqüência do pecado, não
apenas para eliminar o perverso do meio do povo, mas para que todos temam às
autoridades e o mal seja restringido. Considere a situação do nosso próprio
país. Porque há tanta criminalidade? Eu lhes diria que é precisamente porque já
ninguém mais tem temor das autoridades, não há medo a ser sentenciado por causa
de penas leves e julgamentos totalmente parciais. Falta o temor daquela “espada
de justiça e castigo” que citou o apóstolo Paulo neste texto aos romanos.
2)
O ENSINAMENTO
DOS FARISEUS E ESCRIBAS SOBRE A VIGANÇA.
·
“Ouvistes que
foi dito: Olho por olho, dente por dente”, lembrem que já
havíamos falado em estudos anteriores que isto se referia ao que estava sendo
dito não pela lei do Antigo Testamento, mas pela tradição dos mestres da época.
Eles estavam ensinando às pessoas se valerem desta lei, mas o problema é que
eles a aplicavam à vida dos indivíduos. Eles criam que toda pessoa tinha o direito
de se vingar e retribuir a seu inimigo com a mesma sorte de mal com que tinha
sido prejudicada. Assim eles estavam encorajando a vingança. Desta maneira,
eles tinham caído em dois grandes erros: um era transformar uma lei civil em
uma lei pessoal e outro transformar uma injunção negativa da lei em um
mandamento positivo. Isto significa que eles acreditavam ser um direito e ainda
acreditavam que a lei encorajava a fazer isto. Conforme o pensamento deles era
justo e correto aplicar a vingança, como se o mesmo fosse algo positivo da lei.
3)
O QUE JESUS
ENSINOU SOBRE A QUESTÃO:
Relembremos o texto já lido Mt 5.39-42 “Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te
ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar
contigo e tirar-te a túnica,deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a
andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao
que deseja que lhe emprestes.”
ð Os
rabinos citavam as tradições como autoridade na qual baseavam sua interpretação
da lei. Cristo falou por sua própria autoridade, e este fato distinguia Seu
ensino dos rabinos.
ð Uma
vez que os fariseus trouxeram uma lei civil à aplicação pessoal, Jesus
contradisse este ensinamento (“Eu, porém,
vos digo”), mostrando como cada indivíduo deve viver. Contudo, não se trata
de qualquer indivíduo, mas do crente, daquele que já foi regenerado e vive
uma vida em comunhão com Deus. Esta aplicação que Jesus mostrou não é para quem
ainda não se entregou a Jesus, pois este ensinamento traz a essência do caráter
representado nas bem-aventuranças. Somente um bem-aventurado pode reagir da
maneira ensinada por aqui Jesus. Toda a questão ensinada aqui poderia se
resumir à seguinte pergunta: como reagimos diante das situações injustas que
experimentamos? Toda esta questão tem a ver com o nosso “eu”, com o nosso senso
de justiça pessoal e dignidade pessoal. Para entendermos isto, observem o seguinte:
considerem o verso 42 “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao
que deseja que lhe emprestes”.
ð O
que tem a ver este último verso com os anteriores? Até este verso o Senhor
Jesus está falando sobre ferir, demandar, obrigar. De repente, ele muda
completamente a direção e toca a questão de “pedir emprestado”. Qual é o elo
entre estes pontos do ensinamento? A resposta é a seguinte: o centro deste
ensinamento não é apenas com o resultado da vingança do ser humano, mas Jesus
está abordando a questão do “eu” dos homens e da noção errada que temos de
direitos próprios e de justiça própria. Quando alguém nos fere (v.39), nos
demanda (v.40), nos obriga (v.41) ou nos pede emprestado (v.42), sempre vem a
tom o nosso senso de justiça e direitos próprios. “
ð
RESISTAIS - Trata-se do mal pelo qual somos pessoalmente prejudicados; é proibido
resistir a ele por meio de vingança, pagando o mal com o mal, Salmos 5:
11. Jesus não proíbe que alguém se oponha dignamente aos ataques
injustos (João 18: 22 e 23), e menos ainda que alguém combata o
mal no mundo. Jesus não nos convida a ficar passivos diante do mal, da
opressão, da violência, mas que não nos deixemos levar pelo espírito de
vingança e de violência, sob o pretexto de defender os direitos próprios ou os
do próximo. O melhor caminho para romper o círculo da violência, da opressão e
da injustiça é responder ao mal com o bem. (Romanos 12: 14
a 21). Isto é, não tenteis vingar-vos
pelos males sofridos. Aqui Jesus parece referir-se a uma hostilidade ativa e
não a uma resistência passiva. O cristão não deve responder à violência com
violência. Deve vencer com o bem o mal (Romanos 12: 21) e
amontoar brasas de fogo sobre a cabeça de quem o
prejudica (Provérbios 25: 21 e 22).
·
Oferecendo o Outro Lado I
Pedro 3: 8 e 9 Finalmente,
sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos,
misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal ou injúria por injúria;
antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim
de receberdes bênção por herança.
Oferecer o outro lado não é muito fácil quando você
acabou de ser ferido do lado direito. Em parte, Ele referia-se
aos costumes dos escribas e fariseus. Na tradição rabínica, cada pessoa tinha
permissão para desforrar-se até a letra da lei do olho por olho. Era permitido
que toda pessoa se tornasse juiz,
jurado e algoz. A lei de Deus era usada pelos que liam um lado só do AT
para justificar a retaliação. Por isso, Jesus está falando acerca da
justificação legalista deles mesmos.
Mas Jesus está falando também aos Seus seguidores, cuja justiça deve
exceder a dos líderes religiosos judaicos. Seu destaque, em Mateus
5: 39 têm mais a ver com o que não devemos fazer do que com o que
devemos. Oferecer o outro lado simboliza o espírito não vingativo, humilde e
manso que deve caracterizar os cidadãos do reino.
· 40 - E àquele que
quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também veste. PLEITEAR -
Na pelejas jurídicas muitas vezes era solicitado um penhor para a causa, e
muitas pessoas que eram pobres não possuíam qualquer outro bem a não ser uma
túnica ou capa. Capa. Grego: himátion, o
manto exterior, ou capa, que costumava usar como coberta pela
noite. Muitas vezes um pobre não tinha nenhuma outra coisa que dar como prenda
senão sua capa. No entanto, a lei de Moisés proibia que o credor
retivesse essa vestimenta como prenda durante a noite (Êxodo 22: 26
a 27). Em vista de que a capa era considerada mais essencial do
que a túnica, ou vestimenta interior, cedê-la sem resistência
demonstraria uma concessão maior, sobretudo em vista de que a lei outorgava ao
dono certos direitos sobre sua capa.
· Jesus passa a
dizer que se alguém tratar de tomar a túnica em juízo, não só devemos permitir
isto, mas oferecer também a capa. Aqui tem um ensino bem maior do que aparece a
simples vista.
· A
túnica, jitôn, era a camisa larga interior que se fazia de algodão ou de linho. Até o
mais pobre tinha uma muda de túnicas. A capa era a peça de roupa exterior
grande, de abrigo que se colocava sobre a túnica, e que se usava como manta
para a noite. Desta o judeu não possuía mais que uma. Dizia expressamente a lei
judaica que a túnica de um homem se lhe poderia reter como penhor, porém não a
capa. O detalhe é que não era legal reter de uma pessoa a capa permanentemente.
O que Jesus está dizendo é que: O cristão não insiste jamais em seus
direitos; nunca discute seus direitos legais; não considera que tem direitos
legais em absoluto.
·
O cristão não pensa em seus direitos, mas em
seus deveres; não pensa em seus privilégios, mas em suas
responsabilidades. Cristão é uma pessoa que se esqueceu de que tem algum
direito; e, aquela que luta até a morte por seus direitos legais, dentro ou
fora da igreja, está longe do caminho cristão.
O ensino
de Jesus acerca da capa não quer dizer que um cristão jamais lutará pelos
direitos de outros ou pela integridade da lei e da ordem. Mas quer dizer que
ele morreu para si mesmo.
41 - e se alguém te
obriga andar uma milha, caminha com ele duas. OBRIGA - Grego: aggaréuô, obrigar a servir. A
palavra ággaros é um vocábulo tomado do persa. Significa correio
de cavalo. Os persas usavam este termo para designar
os correios reais do sistema imperial de postais que eles aperfeiçoaram até
chegar a um magnífico grau de eficiência Ester 3: 13. Nos tempos dos romanos, aggaréuô e ággaros se
referiam ao serviço obrigatório do transporte de apetrechos militares. Resistir
era provocar um trato cruel. Em Mateus
27: 32 e Marcos
15: 21 se emprega o verbo aggaréuô quando se
obrigou Simão que levasse a cruz de Cristo.
· Jesus se refere a tais casos como
quando um soldado romano exigia a um civil judeu que levasse sua bagagem
durante uma milha, como o mandava a lei em Lucas 3: 14. O
cristão deveria prestar um serviço duplo do exigido pela lei, e deveria fazê-lo
com alegria.
· Há duas maneiras de se fazer as
coisas. Pode-se fazer o mínimo irredutível, e nenhum milímetro mais; se pode
fazer de forma que seja bem claro que seja asqueroso o assunto; pode fazer com
o mínimo de eficácia, e nada mais. Ou se pode fazer com alegria, com simpatia
cortesia; com o propósito, não só de fazer o que seja, mas de fazê-lo bem e com
agrado.
· 42 - Dá ao que te
pede e não voltes às costas ao que te pede emprestado.
A base
dos cidadãos do reino do céu e dar e não receber, em contraposição aos desejos
humanos de poder, de ser servido por todos, o cristão almeja cada vez servir
mais, e a generosidade lança fora um mal: o egoísmo.
O DAR
GENEROSO
Por último, Jesus nos convida a dar a todos o que nos peçam, e não nos
evadirmos de quem quer que lhe emprestemos algo. Em suma, a lei judaica de dar
era encantadora. Baseia-se em Deuteronômio
15: 7 a 11.
· O detalhe do sétimo ano é que a cada sete anos se cancelavam
todas as dívidas, e quem fosse mesquinho poderia se recusar a emprestar quando se
aproximava esse ano, cancelando-se a dívida e quitando-se o que tivesse
emprestado.
· Os rabinos estabeleceram cinco
princípios que deviam governar a dádiva.
1. Não se pode negar nada. Tem
cuidado de não recusar a caridade, porque a todos os que recusam se põe na
mesma categoria que dos idólatras. Se uma pessoa se negava a dar, poderia
chegar o dia que tivesse que pedir esmola, e talvez das mesmas pessoas as quais
lhes houvesse negado sua ajuda.
2. O que se deve corresponder à
pessoa a quem se lhe dá. A lei de Deuteronômio havia dito
que se deve dar à pessoa que necessite. Diz que
não se deve dar só imprescindível para seguir vivendo, mas o necessário para
reter ao menos algo de nível e comodidade que teve um dia.
3. O dar se deve ser efetuado
de maneira privada e secreta. Os rabinos até chegaram a
dizer que, na classe mais elevada de dar, o que dá não deve saber a quem se dá,
e o que recebe não deve saber de quem recebe. Havia certo lugar no templo em
que se ia secretamente para depositar as ofertas; e essas ofertas secretas eram
usadas em segredo para ajudar os membros empobrecidos das famílias que haviam
sido nobres, e para prover às filhas destas famílias empobrecidas os dotes, sem
os quais não podiam se casar. Os melhores judeus haviam desprezado o ato de dar
que se fizesse por prestigio, publicidade ou auto-glorificação.
4. A maneira de dar deve
estar em consonância com o caráter e o temperamento do que recebe. A regra era
que se uma pessoa tivesse meios, mas era demasiada mesquinha para usá-los,
deveria fazer uma doação, e logo reclamar de sua parte como um empréstimo. Mas
se a pessoa era demasiado orgulhosa para pedir ajuda, o rabino Ismael sugeria
que o doador deveria dirigir-se a ela e dizer: Meu amigo, o
melhor que necessitas é de um empréstimo. Assim se respeitava sua
dignidade; porém logo não se reclamava o empréstimo, porque na realidade havia
sido um presente. Chegava-se até a estabelecer que, se uma pessoa era incapaz
de responder a um pedido de ajuda, sua negativa devia ser tal que mostrasse
que, se não podia dar outra coisa, pelo menos contribuiria com sua simpatia.
Até uma negativa havia de ser de tal maneira que ajudaria e não ofenderia.
5. O dar era ao mesmo tempo um
privilégio e uma obrigação, porque na realidade era a Deus a Quem na realidade
se dava. Dar alguma ajuda a uma pessoa necessitada era algo que não se escolha fazer, mas
algo que se devia fazer; porque, se negava, Se estava negando realmente a Deus. Provérbios 19:17.
(Provérbios
20:22) (Provérbios 24:29). (Provérbios 24:17). (Provérbios 25:21).
(Isaias
50:6). (Isaias 53:7
A lei, segundo fora dada por Moisés,
recomendava uma mui terna consideração para com o pobre. Quando um homem pobre
dava sua roupa em penhor, ou em garantia por uma dívida, não era permitido ao
credor entrar-lhe em casa a fim de ir buscar; devia esperar na rua para que o
penhor lhe fosse levado. E fossem quais fossem as circunstâncias, o penhor
devia ser restituído a seu dono ao pôr do sol (Deuteronômio 24:10 a 13).
No tempo de Cristo essas misericordiosas providências eram pouco atendidas; mas
Jesus ensinou Seus discípulos a se submeterem à decisão do tribunal, mesmo que
esta exigisse além do que autorizava a lei de Moisés. Ainda que requeresse uma
parte de seu vestuário, deviam submeter-se. Mas ainda, deviam dar ao credor o
que lhe era devido, se necessário entregando mesmo mais do que o tribunal o
autorizava a tomar. (Lucas 6: 35).
Aquele
que se dá a si mesmo com sua esmola, está nutrindo a três de uma só vez: A
sim, bem como ao próximo, a quem consola; nutre também a Mim.
Contato com o Pr. Nilton Jorge
Telefone (55) 22 998746712 Whatsapp
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