quarta-feira, 5 de julho de 2023

A DOR INVISÍVEL

TEXTO: Gênesis 41:50-52

INTRODUÇÃO:

·      A família influencia e causa um grande impacto em cada um de nós. Sua influência pode ser boa ou ruim, para o bem ou para o mal.

·      Sua influência afeta nosso caráter e o que seremos no futuro. Muitos dos hábitos, sentimentos e princípios que trazemos, os recebemos no contexto da família.

·      DEUS AO ESTABELECER A FAMÍLIA COMO PROPÓSITO:
Nos marcar com hábitos bons, nos abençoar com amor, proteção, aceitação, suprimentos. Nos fazer pessoas estáveis, seguras e bem afirmadas emocionalmente.

·      A família é o centro de promoção e laboratório do desenvolvimento cultural, social e humano pela sua própria vocação. Deus planejou que a família fosse um escola de treinamento para o êxito na vida.

·      Para os judeus, a família sempre foi o agente integrador de grupo, o estabilizador emocional, e o corretivo psicológico. Eis a razão porque para eles, preservar a família, era preservar a pureza do seu povo, da sua nação.

·      Porém, o pecado afetou profundamente o propósito original de Deus. Com isto vieram os conflitos familiares (abandono, mágoa, ressentimento, rejeição familiar, ausência dos pais, discórdias, separações, etc) e a consequência disto são os traumas familiares.

ð Os traumas familiares são a causa da existência de um grande número de famílias disfuncionais. Família que não funciona conforme o propósito de Deus. A célula máter da sociedade se tornou um lugar de guerra, discórdias, dissensões, rebeldia, separações.
Tem gerado pessoas disfuncionais, com personalidades destruídas, distorcidas, machucadas, feridas, inseguras, rebeldes.

ð Jacó, pai de José, teve duas esposas: Lia e Raquel e duas concubinas: Bila e Zilpa. Com estas mulheres, teve 12 filhos homens, dentre estes: José e Benjamim, filhos de Raquel, que além de serem filhos de sua velhice também eram os filhos da esposa que ele amava. Jacó amava mais a José, isto gerou ódio no coração de seus irmãos por ele, de sorte que já não lhe podiam falar pacificamente (Gn 37:4). José tinha sonhos e contava a seu pai e seu irmãos e nesses sonhos, seus irmãos se prostravam perante ele, o que só agravava mais ainda a situação.

ð Certa vez, José é enviado a seus irmãos por seu pai, para saber como estavam. Ele os encontrou em Dotã. Quando seus irmãos o viram, elaboraram um plano para mata-lo, mas Ruben, o primogênito persuadiu-os a apenas lança-lo em uma cisterna, pensando em depois livrá-lo. Assim o fizeram, mas enquanto estavam à mesa comendo, viram uma caravana de Ismaelitas, então Judá sugeriu vender José como escravo, assim venderam-no por 20 ciclos de prata, e José é levado como escravo para o Egito.

·      Quando José foi vendido trataram-no asperamente (tiraram-lhe a túnica e o lançaram no poço). Deixaram-no preso num poço por 1 noite. Mentiram sobre sua túnica (manchada de sangue de animal).

·      No Egito, José vai trabalhar na casa de Potifar, o segundo homem mais poderoso da nação. José serviu a casa de Potifar por 13 anos. Foi acusado de assediar a esposa deste, é preso e esquecido por 2 anos na prisão. Até que Faraó tem um sonho e José o interpreta, anunciando que haveria 7 anos de fartura sobre a terra e 7 anos de grande seca. José sai da prisão e vai para o palácio e se torna governador do Egito.

·      Cerca de 15 anos se passaram, a posição de José no Egito não apagou suas feridas. José nunca voltou para casa, nem os procurou, por que não? Já que agora podia ir ou mandar buscá-los.                                                                                                        APRENDRA ESSA VERDADE. O tempo, a sua posição ou suas conquistas, não podem apagar suas feridas. Elas precisam ser curadas.

·      José levava a dor no coração, ao casar com Azenate era filha de Potífera, sacerdote da cidade de Om no Egito, José teve 2 filhos cujos nomes são atestados do seus traumas.

a)   Manasses: “aquele que me faz esquecer”. Do sofrimento da casa de meu pai.

b)   Efraim: O nome vem de uma raiz que significa “fertilidade” e transmite o sentido de “ser próspero” ou “duplamente frutífero”.  “Deus me fez próspero na terra da minha aflição”. Efraim nasceu durante os sete anos de fartura sobre o Egito.

·      A verdade é que as marcas deixadas pelo passado devem ser tratadas e devidamente curadas. Os dramas e conflitos de José permitem uma identificação com os conflitos de cada um de nós, e sua cura torna-se palavra de esperança para cada coração ferido. José era um homem bem-sucedido em tudo o que fazia, era um homem temente a Deus e era um homem cheio do Espírito Santo. Mas em meio a tudo isso era um homem com marcas e feridas expostas. O passado não passou.


TRANSIÇÃO: HÁ ALGUMAS VERDADES A SEREM OSERVADAS NESTE CONTEXTO DE CURA.


1.             NÃO DE AS COSTAS AOS SINAIS DE QUE SUA ALMA ESTÁ MAL.

 

a)   O primeiro sinal de uma alma ferida é o aborto da família no coração. Gn 41:51 José deu ao primeiro o nome de Manassés, dizendo: Deus me fez esquecer todo o meu sofrimento e a casa dos meus pais. Ele pega o seu garoto no colo, ele olha para o seu filho e diz: Eu quero me esquecer da minha história. Esse filho vai se chamar “esquecimento”. Então, ele espiritualiza o seu problema, ele faz essa confusão, ele coloca Deus na história, e diz: porque Deus me fez esquecer todo o meu sofrimento e toda a casa de meu pai. Tudo estava vivo e, ao mesmo tempo, enterrado dentro de sua alma. Ele havia abortado sua família do coração.

b)   O segundo sinal de uma alma ferida é o mascarar os problemas. Gn 42:7ª José reconheceu os seus irmãos logo que os viu, mas agiu como se não os conhecesse. Uma alma ferida, que não se permite tratar, é aquela que fica se escondendo atrás de cargos, atrás de ministérios, atrás de dons espirituais. Precisamos revelar quem somos de verdade!

c)    O terceiro sinal de alma ferida é a reação agressiva. Gn 42:7b e lhes falou asperamente: de onde vocês vêm? Responderam eles: da terra de Canaã, para comprar comida. José não via seus irmãos há muitos anos. Não vemos lágrimas, nem dor, nem saudade, mas um coração cheio de amargura e desejo de vingança. Ao contrário de emoção, saudade e choro, o que subiu ao coração de José quando viu seus irmãos foi amargura e raiva. José havia guardado dentro de si, por todos aqueles anos, tudo que seus irmãos lhe haviam feito. Como você reage quando se encontra com alguém que o feriu? Como é a sua reação diante de pessoas que fizeram mal a você? Você sempre reage na defensiva? A sua resposta revelará se a sua alma está ferida ou não.

d)   O quarto sinal de uma alma ferida é a vida presa ao passado. Gn 42:9 Lembrando-se dos sonhos que havia tido a respeito deles, José falou: vocês são espiões! Vieram ver os pontos mais desguarnecidos da nossa terra. José lembrou-se do seu passado. Seu passado estava diante dele como um filme. Sua vida ainda estava presa, devidamente presa ao seu passado. Passado não resolvido é presente que incomoda. Quando seu passado não está resolvido, ele não é mais passado, é presente que perturba. Passado não resolvido é presente que comparece no seu relacionamento, no seu casamento, na sua relação com seus filhos, comparece na sua relação com Deus.

e)    O quinto sinal de uma alma ferida é a desconfiança das pessoas. Gn 42:19-20
Se forem homens honestos como dizem, um de vocês ficará preso aqui, e os outros voltarão para levar alimento e matar a fome de suas famílias. Mas terão de trazer seu irmão caçula à minha presença, para confirmar o que me disseram. Assim, nenhum de vocês morrerá. Todas às vezes que nós somos machucados por pessoas, nós desconfiamos de pessoas. Nossa tendência é criar uma série de defesas emocionais, evitando confiar nas pessoas que nos feriram.

 

a)   O TEMPO não apaga as dores. José estava distante da sua família havia 22 anos, e agora, com 39 anos, não se dava conta dos reflexos de seus traumas, do passado não resolvido em sua vida.

b)   A DISTÂNCIA não cura as dores. José estava no Egito e sua família em Canaã. Embora estivessem em países diferentes e em localidades distantes, isso não resolveu as questões pendentes entre eles. A cura não vem pela distância, mas pelo enfrentamento do problema, ainda que seja doloroso demais.

c)    Ser CHEIO DO ESPÍRITO SANTO não cura as dores. José era um homem cheio de Deus. Ainda bem jovem Deus compartilhava com ele sonhos proféticos. Depois receber o dom de interpretar sonhos e o próprio Faraó declarou a seu respeito Gn 41:38 Será que vamos achar alguém como este homem, em quem está o espírito divino. O indivíduo é cheio do Espírito Santo, mas isso não quer dizer que a sua alma está em ordem.

d)   O ESQUECIMENTO não cura as dores. José confundiu esquecimento com a cura. Talvez essa seja a sua realidade: o que eu mais quero é ser curado, mas o que menos quero é tocar no assunto.

2.             QUAIS OS CAMINHOS PRA RESTAURAR A ALMA FERIDA?

 

·      Os capítulos 43 e 44 de Gênesis são importantes para entendermos as etapas da cura das feridas da alma de José. Seus irmãos trazem Benjamim, e isso mexeu profundamente com o coração de José. Ele mandou preparar uma refeição e foi comer com seus irmãos. Assim que acabaram de comer e se preparavam para partir, José armou uma cilada para seus irmãos. Como vocês já sabem, a taça de José foi encontrada no sacola de mantimento de Benjamim. E Judá já havia dito o que deveria acontecer com aquele com quem fosse achada a taça de José: Gn 44:9 Se algum dos seus servos for encontrado com ela, morrerá; e nós, os demais, seremos escravos do meu senhor.

·      Todos ficaram desesperados. O que iriam dizer ao pai? Como voltar para Canaã e dizer-lhe que o seu segundo filho com Raquel agora também estava morto? A partir de agora, o relato bíblico revela-nos uma das intercessões mais comoventes e brilhantes de que temos notícia: a intercessão de Judá pelo seu irmão Benjamim. A intercessão de Judá é terapêutica. Ela foi um bisturi de Deus para atingir a ferida de José.

·      Judá vai contar a história da tragédia do irmão. Ele vai dizer: nós tínhamos um irmão que não está mais vivo. Judá vai falar da tristeza do pai e Judá vai falar da possibilidade de um novo sofrimento na vida do pai por causa de Benjamim. Quando Judá encerra sua intercessão, começa o processo da cura das feridas a alma doente de José.

a)   O caminho da cura passa pela confissão, falar toda a verdade. Gn 45:1 A essa altura, José já não podia mais conter-se diante de todos os que ali estavam, e gritou: façam sair a todos! Assim, ninguém mais estava presente quando José se revelou a seus irmãos. Neste ponto José decidiu abrir o coração e contar toda a verdade. Chega de dissimulação. Ele precisou tirar a máscara de governador. Todo processo de cura e restauração da alma se dá quando decidimos abrir o coração e falar toda verdade para alguém. Enquanto estivermos fechados a isso, pouca coisa poderá ser feita para a nossa cura. A ferida que existe em nosso caráter precisa ser tocada e curada.

b)   O caminho da cura passa por expressar sentimentos sem reservas. Gn 45:2 E ele se pôs a chorar tão alto que os egípcios o ouviram, e a notícia chegou ao palácio do Faraó. Um dos grandes entraves na cura das feridas da alma é esconder a nossa dor isolando o coração, ocultando os sentimentos doloridos, dando um relatório racionalizado de nossos traumas. José permitiu que os seus sentimentos mais profundos viessem à tona. Ele chorou toda a dor que um dia não pôde ou não tenha conseguido expressar. O choro que resolve o problema da nossa alma doente é aquele que é ouvido por outras pessoas, e não aquele que é feito em secreto no nosso quarto. 

c)     O caminho da cura da alma acontece quando conseguimos dar o nome da dor. Gn 45:4 Disse José aos seus irmãos: cheguem mais perto. Quando eles se aproximaram, disse-lhes: eu sou José, seu irmão, aquele que vocês venderam ao Egito. Ele disse: “eu sou aquele que vocês venderam ao Egito”. Qual é o nó que ainda está presente em sua alma? Por favor, não saia daqui sem dar nome à sua dor: eu fui vendido para o Egito; eu fui abusado sexualmente; minha mãe tentou abortar-me; meu marido me trocou por outra mulher; perdi o meu filho e nunca aceitei isso; guardo mágoas do meu pastor; estou revoltado com Deus; ainda não superei a dor do meu divórcio, etc.

d)   O caminho da cura de sua alma passa pela iniciativa da reconciliação. Gn 45:14-15 Então ele se lançou chorando sobre o seu irmão Benjamim e o abraçou, e Benjamim também o abraçou, chorando. Em seguida beijou todos os seus irmãos e chorou com eles. José tomou a iniciativa da reconciliação. Ele abraçou, beijou e chorou com todos os seus irmãos. Seu coração estava livre de toda aquela amargura inicial e dos sentimentos de vingança. Porém, isso só foi possível depois que José abriu o seu coração completamente e falou toda a verdade, expressou sem reservas os seus sentimentos e disse o nome da sua dor. Não podemos pular as etapas deste processo. Como é importante o pai abraçar o filho e pedir-lhe perdão por suas faltas. Como é importante o marido abraçar a esposa e sinceramente pedir-lhe perdão por alguma palavra mais áspera ou por coisas piores. Como é importante os irmãos, que já não se falavam, consertarem-se diante de Deus e dos homens. É tremendo o que Deus pode fazer através de um abraço sincero e quebrantado. Ainda que você seja o ferido, tome a iniciativa da reconciliação.


3.             QUAIS SÃO AS BENÇÃOS DE UMA ALMA CURADA?

 

·      Assim que José decidiu abrir o coração e permitir que Deus agisse, houve mudanças drásticas em seu comportamento. Quais são os sinais da cura da alma de José?

a)   REAPROXIMAÇÃO. Gn 45:4 Disse José aos seus irmãos: cheguem mais perto. O primeiro sinal de cura que percebemos na vida de José é este: ele começou a reaproximar-se dos seus irmãos. As barreiras começaram a ruir. Ele não teria feito isso se não estivesse aberto ao concerto e sem muitos dos sentimentos hostis antes travavam a sua alma.

b)   VER O OFENSOR DE MANEIRA DIFERENTE. Gn 45:5ª Agora, não se aflijam nem se recriminem por terem me vendido para cá. Que fato interessante! O mesmo José, que tinha acusado seus irmãos de espiões, expressando-se de um modo tão amargo e cheio de ira, agora diz a eles para não se afligirem, para não ficarem preocupados, nem se irritarem consigo mesmos. Algumas pessoas, após desabafarem suas profundas mágoas e serem direcionadas ao perdão, em pouco tempo têm uma nova visão e novos sentimentos em relação àqueles que os feriram. Enxergar o ofensor com outros olhos é um dos indicativos da cura.

c)    ENXERGAR O PROPÓSITO DE DEUS. Gn 45:5 Agora, não se aflijam nem se recriminem por terem me vendido para cá, pois foi para salvar vidas que Deus me enviou adiante de vocês. José começou a enxergar o seu passado e a sua história sob uma perspectiva não mais da carne, mas de Deus. O olhar não era mais de um filho ferido, mas de um homem curado. No Reino de Deus nada se perde. O que no passado foi instrumento de dor e vergonha, agora no presente pode ser reciclado pelo Espírito Santo, com o fim de ajudar muitas outras pessoas.

d)   A RESTAURAÇÃO DA FAMÍLIA. Gn 45:9 Voltem depressa a meu pai e digam-lhe: assim diz o seu filho José: Deus me fez senhor de todo o Egito. Vem para cá, não te demores. O mesmo José que havia ficado cerca de quinze anos longe da sua família e, ainda assim não queria rever os seus irmãos, agora é um outro homem. Toda a sua morosidade em relação à sua família transformou-se em correria. José ainda pediu aos seus irmãos que dissessem ao seu pai: Gn 45:10 Tu viverás na região de Gósen e ficarás perto de mim tu, os teus filhos, os teus netos, as tuas ovelhas, os teus bois e todos os teus bens.

·      José desejou em seu coração reunir toda a família, como antes. O que Deus fez na família de José é o que podemos chamar de conserto e restauração. Todos choraram, todos se abraçaram, todos se perdoaram. É isto que Deus também quer fazer na sua vida hoje. Sua alma ferida gera uma família ferida. Uma família ferida gera uma igreja doente. É um ciclo que precisa ser definitivamente quebrado. E Deus o trouxe aqui porque Ele é o maior interessado na cura das feridas da sua alma.

CONCLUSÃO:

·      Não é apenas um homem ferido que chora. Jesus chorou pelo menos três vezes que nós conhecemos: Jo 11:35 diante da tristeza e desespero de Marta e Maria em face da morte de Lázaro, Lc 19:41 sobre a cidade de Jerusalém que rejeitava a salvação que Deus oferecia e consequentemente seria destruída,  Hb 5:7 no Jardim do Getsêmani quando “ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas àquele que o podia salvar da morte”.

·      Claramente homens e mulheres saudáveis, maduros e perfeitos choram.

·      Em atitude de oração, escolha um tipo de choro que você sente que precisa em sua vida, se não o choro em si, pelo menos a função dele.

·      Pode ser que você até gostaria de chorar e liberar os sentimentos presos em seu coração, peça ajuda ao Espírito Santo. O choro é um grande presente de Deus.

·      Se esse for seu caso, você pode pedir que Ele lhe dê essa dádiva.



Pr. Nilton Jorge - Contatos (22) 998746712 Whatsapp




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