TEXTO: Lc 7:18-35.
INTRODUÇÃO:
·
Segundo
depoimento de Josefo, o rei Herodes Antipas mandou encarcera-lo na fortaleza de
Maquero, no sul da Peréia, no lado oriental do Mar Morto. Tendo tomado conhecimento dos
fatos relatados por seus discípulos, João enviou dois deles para
perguntarem a Jesus se de fato Ele era o Messias esperado ou havia de se
esperar outro.
·
Esta pergunta realmente é muito intrigante. Afinal de
contas, João era muito consciente da identidade de Jesus. Ele O anunciou desde
o início do seu ministério como o Messias e testemunhou várias vezes a seu
respeito, ele o batizou e presenciou em seu batismo após Jesus orar, o céu se
abrindo o pai falando e o Espírito Santo pousando sobre Jesus. Como alguém
depois de viverem grandes experiências com Deus pode entrar em crises de
dúvidas a respeito de Deus, seu poder ou suas obras?
·
O motivo que levou João a enviar seus discípulos
para interrogarem Jesus tem dado ensejo a várias conjecturas, tais como:
a)
João teria enviado seus discípulos para que eles
nunca tivessem dúvida de que Jesus era o Messias. Quanto a si mesmo ele estava
bem seguro da sua identidade.
b)
Por estar aprisionado numa pequena cela em uma
fortaleza, João, que estava acostumado com a vida natural, ao ar livre e na
liberdade do deserto, passou por um processo de depressão e de enfraquecimento
da fé. Por isso ele queria certificar-se da verdade a respeito de Jesus.
c)
Ele poderia ter sofrido uma decepção porque o ministério
de Jesus tomou um novo rumo, voltado para curas, expulsão de demônios e de
outros milagres, afastando-se do que Ele fazia na Judéia, quando operava ao
mesmo tempo que João, na pregação do reino do arrependimento e fazendo
batismos.
d)
Imagina-se ainda que João estivesse sugerindo que
Jesus devia manifestar-se mais abertamente ao público, enfrentando os seus
opositores e, até mesmo, que Ele fizesse alguma coisa para livrar João do
cárcere.
·
De todas estas conjecturas, a mais aceita é a
segunda.
O filho do deserto está preso. O ministério de Jesus cresce, enquanto João
Batista é esquecido na prisão. Os milagres de Jesus são notórios, enquanto o
seu precursor vive na escuridão lôbrega do cárcere. As multidões fluem a Jesus
e recebem seus milagres, enquanto João amarga o ostracismo de uma prisão imunda.
·
João
está preso, mas seus discípulos o fazem saber dos milagres operados por Jesus.
TRANSIÇÃO: E nesse
contexto, que quatro verdades saltam aos nossos olhos, no texto em tela.
1)
A DÚVIDA SEMPRE SERÁ UM ATORMENTADOR AO
CORAÇÃO
Lc 7:18-20.
· Os milagres de Cristo eram públicos e chegavam ao conhecimento de João na prisão. João, homem do deserto, estava encerrado na prisão, na masmorra de Maquerós, nas proximidades do mar Morto. Diante de tantos sinais extraordinários operados por Jesus, talvez João tivesse a expectativa de ser libertado dessa masmorra por uma intervenção sobrenatural. Porém, em virtude de as circunstâncias não mudarem, ele envia dois de seus discípulos a Jesus, para saber se ele era mesmo o Messias, ou se haveria de esperar outro. (Expectativas frustradas minam a fé).
·
Quais seriam as possíveis dúvidas de João?
a) Em primeiro lugar, como conciliar as
maravilhas que Jesus opera com a dolorosa situação que o atinge? Jesus cura
enfermos e ressuscita mortos, mas onde está Jesus que não vem ao encontro do
seu profeta para libertá-lo? Esse é, também, o nosso drama. Como
conciliar o poder de Jesus com as angústias que sofremos? Como conciliar o
poder de Jesus com a inversão de valores da sociedade: Herodes no trono e João
Batista na cadeia? Como conciliar o poder de Jesus numa época em que uma jovem
fútil, uma mulher adúltera e um rei bêbado podem atentar contra a vida do maior
homem, do maior profeta, sem nenhuma intervenção do céu?
b) Em segundo lugar, como conciliar o
silêncio de Jesus com a urgente necessidade de seu precursor? Por que Jesus não
se pronunciou em defesa de João? Por que não fez um discurso desbancando a
prepotência de Herodes? Por que Jesus não se apresentou como advogado de João
Batista? Não é fácil conviver com o silêncio de Jesus na hora da aflição.
João esperou libertação, mas sua cabeça foi cortada pela lâmina afiada de um
soldado romano.
c) Em terceiro lugar, como conciliar a não
intervenção de Jesus com a mensagem de juízo que ele anunciara sobre o Messias? João falou sobre
um Messias que traria o juízo de Deus. Um Messias que colocaria o machado na raiz
da árvore. Um Messias que recolheria a palha e a jogaria na fornalha acesa. João
esperou que Jesus viesse exercer seu juízo, sua vingança, brandindo a espada
com uma corte celestial para libertá-lo. Mas o que João escuta é sobre os atos
de misericórdia de Jesus. O Messias não se move para libertá-lo. Enquanto Jesus
está cuidando dos enfermos, João está mais próximo do martírio.
d) Em quarto lugar, a dúvida de João é
alimentada não pelo calabouço, mas por expectativas não correspondidas. João está
enfrentando problemas e Jesus continua suas atividades normalmente. O
que vale a pena destacar é que João não engoliu suas dúvidas. Ele as expôs. Ele
fez perguntas. Ele buscou a Jesus para resolver seus conflitos. Os
homens de Deus, às vezes, são assaltados pela dúvida. As pessoas mais santas são
susceptíveis às dúvidas mais profundas.
·
Isso
aconteceu com outros servos de Deus no passado. Moisés quase desistiu certa
ocasião (Nm 11.10-15). Elias pediu para morrer (1Rs 19). Jeremias também pensamento
de Herodes e ferir de cegueira os soldados.
·
Aquele que expulsou demónios poderia abrir as portas
da prisão de Maquerós. Mas Jesus não fez isso. Nenhum plano
de batalha. Nenhum grupo de salvamento. Nenhuma espada flamejante. Apenas uma
mensagem do reino.
2) NEM SEMPRE JESUS RESPONDERÁ NOSSAS DÚIDAS COM PALARAS, MAS INTERVERÁ COM AÇÕES PODEROSAS E REVELADORAS.
·
Lc 7:21 Em vez de Jesus
responder aos discípulos de João com palavras, responde-lhes com obras e ações
poderosas, curando muitos de moléstias, flagelos e espíritos malignos, e dando
vista a muitos cegos.
·
As obras evidenciadas por Jesus não são de juízo,
mas de misericórdia. Jesus então diz aos mensageiros para anunciarem a
João Batista o que eles estavam vendo e ouvindo: os cegos veem, os coxos andam,
os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos
pobres é anunciado o evangelho Lc 7:22.
·
Talvez João quisesse ouvir: Meus exércitos
já estão reunidos. Cesareia, a sede do governo romano, está por cair. O juízo já
começou. Mas Jesus manda dizer: A misericórdia
de Deus está aqui.
·
Três verdades
devem ser aqui destacadas.
a)
Jesus dá provas
de que ele é o Messias Lc
7:21.
Esses sinais seriam operados pelo Messias que havia de vir. Não era, portanto,
necessário esperar outro Messias, pois o Jesus histórico é o Messias de Deus!
b)
Jesus prega aos
ouvidos e aos olhos Lc
7:22.
Jesus fala e faz, prega e demonstra, revela conhecimento e também poder. Jesus
prega aos ouvidos e aos olhos. A mensagem de Jesus a João tem três ênfases.
·
Primeiro, a
mensagem de Jesus mostra que o reino de Deus abre as portas para que os
rejeitados sejam aceitos. Ninguém era mais discriminado na sociedade do
que os cegos, os coxos, os leprosos e os surdos. Eles não tinham valor. Eram feridas
cancerosas da sociedade. Eram excesso de bagagem à beira da estrada. Mas a
estes que a sociedade chamava de escória, Jesus valorizou, restaurou, reciclou,
curou, levantou e devolveu a dignidade da vida. Jesus manda dizer a Joao que o
reino que ele está implantando não tem os mesmos valores dos reinos deste
mundo.
·
Segundo, a mensagem de Jesus mostra que no reino de
Deus a sepultura não tem força e a morte não tem a última palavra. O problema do
homem não é o tipo de morte que enfrenta agora, mas o tipo de ressurreição que
terá no futuro. Se Jesus é o nosso Senhor, então a morte não tem mais poder
sobre nós. Seu aguilhão foi arrancado. A morte foi vencida, teve seu momento de
angústia.
3)
JESUS NÃO REPROVA AS NOSSAS DÚVIDAS, ELE
PACIFICA A NOSSA ALMA. Lc 7:21-23.
· Jesus não fica zangado diante das nossas dúvidas sinceras. Deus não rejeitou as perguntas de Abraão, Jó e Moisés nem Jesus rejeitou as perguntas de João Batista. Por outro lado, Jesus não livrou João da prisão. Enquanto João está pedindo a solução do temporário, Jesus está cuidando do eterno. A mensagem de Jesus mostra que no reino de Deus há uma oferta gratuita de vida eterna. As vicissitudes da vida não podem abalar os fundamentos da nossa fé.
·
Jesus
envia os mensageiros de volta a João Batista e, então, em vez de fazer uma censura
ao seu precursor, enaltece-o diante do povo.
·
Cinco fatos sobre João Batista devem ser aqui
destacados.
a) Em primeiro lugar, um homem que não se dobra
diante das circunstâncias adversas Lc
7:24.
João Batista não era um caniço agitado pelo vento, que se curva diante das
adversidades. Era um homem incomum e inabalável. Ele preferiu ir para
a prisão com a consciência livre a ficar livre com a consciência prisioneira.
Ele preferiu a morte à conivência com o pecado do rei Herodes. O martírio é
preferível à apostasia!
b) Em segundo lugar, um homem que não se dobra as
seduções do poder Lc 7:25. João Batista era um homem
insubornável. Ele não viveu bajulando os poderosos, tecendo-lhes elogios a
despeito de seus pecados. Ao contrário, confrontou-os com firmeza granítica e
robustez hercúlea. Ele não vendeu sua consciência para alcançar o favor do rei.
Não buscou as glórias deste mundo para angariar favores efémeros, mas cumpriu
cabal e fielmente o seu ministério.
c) Em terceiro lugar, um homem preparado por Deus
para uma grande obra Lc 7:26,27. João Batista era um grande profeta.
Veio ao mundo em cumprimento à profecia. Seu nascimento foi um milagre, sua
vida foi um exemplo, seu ministério foi uma obra de preparação para a chegada
do Messias, e sua morte foi uma demonstração de indobrável coragem.
d) Em quarto lugar, um homem enaltecido pelo Filho
de Deus Lc 7:28.
João Batista era um grande homem. Entre todos os grandes homens da antiga dispensação,
João Batista foi o maior de todos. Muitos profetas apontaram para o Messias que
havia de vir, mas foi João Batista quem disse: Eis o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo. Foi ele quem preparou o caminho do Senhor. Foi ele
quem batizou Jesus para que este desse início ao seu ministério.
·
A
vinda de Jesus marcava uma linha divisória. Ele veio inaugurar o reino. E o
menor daquele reino é maior do que o maior entre os homens. João pertencia à
era da promessa. O menor do reino é maior não por causa de quaisquer qualidades
que venha a possuir, mas, sim, porque pertence ao tempo do cumprimento. Jesus não
está subestimando a importância de João, está colocando a membresia do reino na
perspectiva apropriada.
CONCLUSÃO:
·
Jesus
concluiu comparando aquela geração a meninos imaturos, que não se contentavam com
coisa alguma. João pregava uma mensagem severa e vivia de forma austera, e eles
o rejeitaram, acusando-o de endemoniado. Jesus andava entre o povo,
identificando-se com as pessoas comuns e pregando uma mensagem de salvação
repleta de graça, e eles acusaram Jesus de glutão, beberrão e amigo dos pecadores.
Aquela
perversa geração recusou o precursor do Messias e também o Messias.
·
E
tu ainda tens dúvida sobre Jesus? Venha a Ele.
Pr. Nilton Jorge - Contatos: (22) 998746712 Whatsapp
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