terça-feira, 11 de julho de 2023

O CORDÃO DE TRÊS DOBRAS

TEXTO: Ec 4:9-12

INTRODUÇÃO:

·      O capítulo começou com uma análise do Pregador sobre os efeitos danosos do egoísmo e individualismo que é filho da perspectiva que focaliza apenas a vida “debaixo do Sol”. A ocorrência do egoísmo, no texto, é a solidão, na qual o homem quer ter tudo pra si sem precisar dividir nada com ninguém, nem mesmo suas horas de trabalho pela necessidade de gastar tempo com a companhia e a atenção de outras pessoas. (v.8a): Trata-se de um homem que vive sozinho e não tem uma companheira, nem filhos, nem irmãos, mas que, mesmo assim, não impõe limites a todo seu trabalho e seus olhos nunca se saciam com a riqueza, e que pergunta a si mesmo: Por quem eu tenho trabalhado tanto e privado a mim mesmo da felicidade?

·      Uma observação pertinente é que a palavra traduzida como “companheira” quer dizer apenas “companhia”, o sentido literal do trecho seria “alguém sem ter uma segunda pessoa”. Todavia, o contexto parece apontar para a figura de uma família, começando pelos mais próximos, razão pela qual a “companheira” um sinônimo para “esposa” vem em primeiro lugar, antes dos “filhos” e dos “irmãos”.

·      O homem do texto vive uma vida a só não tem com quem compartilhar nem a vida e nem pra quem deixar os ganhos da vida. A verdade é que ele se afadiga como se fosse para garantir o bem de sua família, o que seria algo muito razoável e proveitoso, enquanto, de fato, não tem ninguém a beneficiar além de si mesmo.

·      A opção sábia é prontamente oferecida pelo autor que vai combater o individualismo o egoísmo e bem como a solidão está em o v.9 Melhor é serem dois que um sozinho, pois haverá melhor proveito para cada um deles em seu trabalho.

·      A palavra traduzida aqui como “proveito” significa, literalmente, “salário” ou “pagamento”, mas Salomão não está pensando, nesse ponto, nas finanças de um casal, de uma família unida ou de uma parceria comercial. Ele tem a intenção de contrapor essa realidade àquele desperdício inútil e desesperador do versículo anterior, no qual o homem trabalha loucamente e junta riquezas sem ter com quem aproveitá-las. Nesse caso, sendo duas pessoas, unidas por fortes laços, seu “pagamento” é, na verdade, um “melhor proveito” do que se obtém, mesmo que o montante seja menor, pois as vantagens da união, do amor e da companhia estarão presentes.

·      É certo que, ao falar sobre a ausência de companhia do homem solitário, foram mencionadas a ausência de uma esposa, de filhos e de irmãos, o que levaria a crer que a companhia que o escritor tem agora em mente é qualquer uma dessas pessoas.

·      Entretanto pelo argumento exposto no versículo 11, o autor tem primordialmente em vista o cônjuge, com a qual a pessoa pode viver, dividindo as cargas e as recompensas do seu trabalho melhor do que com qualquer outro. Afinal, essa foi à conclusão do próprio criador no início da nossa história: Gn 2:18 “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”.


·      Há neste texto alguns argumentos fortíssimos do porque a vida a dois é melhor do que uma vida a sós. 

1.    A vida a dois tem a ver com segurança, apoio e manutenção das forças durante a vida v.10 “Pois, se eles caírem, um deles levantará o seu companheiro, mas ai do que estiver sozinho e cair sem que haja um companheiro para levantá-lo”.

2.    O segundo argumento aponta para o conforto de alguém que divide sua jornada com outra pessoa v.11 Além disso, se duas pessoas dormirem juntas, elas se aquecerão mutuamente. Mas como uma pessoa sozinha se aquecerá?

3.    O terceiro argumento em prol da companhia é a força para suportar os tempos difíceis causados por outrem v.12a Além do mais, se alguém oprimir um deles, os dois juntos poderão suportá-lo.

4.    O autor dá sua pincelada final oferecendo uma frase proverbial cuja lógica é inegável e o efeito sobre o leitor é mais que intelectual v.12b Afinal, uma corda trançada triplamente não pode romper-se com facilidade.


·      Esse trecho, traduzido em algumas versões como “o cordão de três dobras”. Esse dito era um provérbio já bem-conhecido no Oriente Médio Antigo e não foi inventado por Salomão, estando ele presente no famoso Épico de Gilgamesh, escrito na Suméria por volta de 2700 a.C.

·      Outra observação pertinente é que, embora se costume dizer nos púlpitos que o tal cordão “não se pode romper”, o texto explica que ele não pode ser rompido “com facilidade” ou “com rapidez”. Isso, obviamente, retira dessa figura o caráter triunfalista de invencibilidade de um casal, por mais bonito e encorajador que isso possa parecer.

·      A verdade é que o autor, ao falar sobre a vida debaixo do Sol, não vê em parte alguma a invencibilidade humana diante dos problemas e sofrimentos da vida, mas percebe que há meios de resistir a eles com mais facilidade e sabedoria. O Pregador, usando muitas vezes a descrição “melhor”, quer evitar o pessimismo total, mostrando que, apesar de as coisas não serem totalmente boas ou ruins, há algumas que são melhores que outras. Ele faz isso a fim de não produzir, na mente do leitor, a ideia de que o casal consegue resistir a todos os problemas da vida, ou, por outro lado, que seja inevitavelmente derrotado por cada opressão, mas que eles se ajudarão, consolarão, encorajarão e resistirão muito mais e por muito mais tempo que a pessoa que anda e enfrenta sozinha as dificuldades e tristezas da vida.

 

·      No casamento duas dimensões estão presentes: um compromisso intenso e, ao mesmo tempo, um compromisso extenso, para toda a vida. Esse é o projeto original.

 

a)   Uma primeira verdade do cordão de três dobras que não se quebra com facilidade é que, casamentos duráveis demonstram presença equilibrada de amor e compromisso Mc 10:7-8 Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.

 

·      Aqueles que são casados há muitos anos, geralmente, testemunham que “só o amor não sustenta uma relação”. Aqueles que se separaram um dia demonstram na prática que “só o compromisso não sustenta uma relação”. Ainda assim, ambos concordarão que uma relação duradoura depende tanto de amor como de compromisso muito amor, e compromisso firme!

·      Mc 10:7-8 duas expressões são especialmente contundentes ao ensinarem a intensidade do compromisso: “unir-se” e “uma só carne”. Segundo os estudiosos, “unir-se” tem o significado de um elo forte que não será jamais quebrado, envolvendo duas características: lealdade inabalável e amor ativo, permanente, que não desiste. Do outro lado, tornar-se uma só carne (inclui relação sexual e todas as dimensões adicionais afetivas e físicas), significa uma natureza de união tão forte que seria impossível desunir (separar, cortar, dividir) sem que marcas profundas sejam manifestas.

·      Desse modo, enquanto o compromisso dá sustentação para o sentimento de amor, o amor torna possível a manutenção do compromisso.

 

b)   A segunda verdade do cordão de três dobras que não se quebra com facilidade é que casamentos duráveis pedem manutenção sistemática.


·      Na verdade, até mesmo a garantia da maioria dos bens depende de sua manutenção e cuidados adequados. O mesmo acontece quando se deseja construir um casamento durável. Sem manutenção adequada, os casamentos se tornam vulneráveis e frágeis. Entre as diversas formas de se cuidar da manutenção de um casamento, duas serão destacadas aqui.

1. Disposição e capacidade de lidar com conflitos. Podemos evitar muitos dos conflitos que surgem no casamento bastando para isso uma atitude mais cuidadosa por parte de cada um de nós. A disposição para aceitar as diferenças, por exemplo, diminui de modo decisivo o potencial de um casal para se envolverem em conflito, homens são diferentes de mulheres (que bom!), pessoas criadas na família “A” são diferentes de pessoas criadas na família “B”, e assim por diante. Nossas diferenças se manifestam na maneira como reagimos aos problemas, na escala de valores da família, no gosto por alimentos, ambientes, humor e de tantas outras maneiras. Há casais que não conseguem conviver porque um dos cônjuges deseja mudar o outro e fazê-lo ser exatamente igual a ele.

2. Habilidade de lidar com mudanças necessárias e inevitáveis. Além das questões que podem ser vistas como “diferenças”, o casamento inclui enganos, erros e pecados por parte dos membros da família. O fato é que somos pecadores! A maneira como lidamos com os nossos próprios erros e com os erros do cônjuge será fundamental para definir a continuidade saudável do casamento. Isso significa aprender a pedir perdão (embora os exemplos bíblicos sejam tantos, temos a tendência de achar que é humilhante pedir perdão, e acabamos optando por atitudes prejudiciais ao casamento, como negar, “deixar o tempo passar”, ficar irritado quando confrontado, culpar o outro, etc.). A Bíblia nos ensina que devemos ser Ef 4:32 “uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”. Do outro lado, se existe um lugar em que deve ser aplicado o ensinamento de Jesus a Pedro segundo o qual devemos perdoar nossos irmãos até “setenta vezes sete”, esse lugar é no casamento.

·      A atitude de perdão, segundo a Bíblia, é antecedida por uma cuidadosa advertência contra os pecados relacionais que nos dividem e fazem nascer conflito. Em Efésios 4:25-31, somos exortados a ser cuidadosos para v.25 não mentir uns aos outros, v.26-27 não nos entregar à raiva de uns para com os outros, v.28 não roubar uns dos outros, v.29 não dizer palavras que machuquem uns aos outros, e v.31 viver (inclusive em casa) de maneira que permaneça Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.

 

c)    Uma terceira verdade do cordão de três dobras que não se quebra com facilidade é que, Casamentos duráveis recebem investimentos constantes.


·      Um casamento saudável não se sustenta “naturalmente”, sem investimento.

1. De natureza física. Resumidamente, o investimento no casamento inclui o cuidado com o corpo (higiene, saúde, aparência…) e o uso de todas as potencialidades do corpo, incluindo as expressões físicas de carinho (de caráter sexual ou não).

 2. De natureza emocional. Podemos investir no casamento também por meio do uso adequado das emoções, especialmente quando oferecemos ao outro a segurança de que é importante, especial, alvo de amor.                                                                                

3. De natureza espiritual. Felizes são os casais que oram um pelo outro e juntos, que leem a Bíblia e cultuam juntos e que, especialmente, são capazes de aplicar os ensinamentos da palavra de Deus nas atitudes diárias e em todas as dimensões do relacionamento conjugal.                                                      



CONCLUSÃO
:

·      Concluindo quero citar um trecho do sermão do Pastor Hernandes Dias Lopes sobre casamento: “Está acima de qualquer dúvida que o homem e a mulher têm o mesmo valor aos olhos de Deus. Foram criados com o mesmo valor e são resgatados da mesma maneira. Porém, no casamento eles têm papéis diferentes.

·      O homem não pode tratar a esposa com dureza nem a esposa resistir à liderança de seu marido.

·      O homem não pode ser rude no trato nem a mulher ranzinza nas atitudes.

·      Ambos precisam cuidar um do outro, uma vez que são parceiros e não competidores. A maior necessidade, portanto, dos casais não é de uma casa maior nem de mais conforto, mas da presença, da direção e da proteção de Deus. É o cordão de três dobras que não se rebenta com facilidade.


Pr. Nilton Jorge - Contatos (22) 998746712 Whatsapp 

 

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