TEXTO: João 13.1-17
INTRODUÇÃO:
·
Na época de Cristo, as pessoas caminhavam por
estradas de terra e, pelo fato de usarem sandálias, chegavam aos seus destinos
com os pés empoeirados. Por isso, assim que um visitante entrava numa casa,
vinha um escravo, caso houvesse algum ali, para lavar-lhe os pés.
·
O que
você faria se soubesse que morreria amanhã? O que você falaria para as pessoas
que te cercam se soubesse que aquelas seriam suas últimas palavras? Quais
seriam seus atos se soubesse que seriam seus últimos gestos? Se você fosse um
pregador, qual seria o seu último sermão? Essa era exatamente a condição de
Jesus. Diz a Bíblia v.1 que “sabendo Jesus que era chegada a sua hora de
passar deste mundo para o Pai...”. Sendo Deus e gozando de atributos
divinos como a onisciência, Jesus sabia exatamente o que o aguardava ainda
aquela noite. Ele sabia que horas depois seria traído, entregue aos principais
sacerdotes e abandonado pelos seus discípulos. Por isso, aquelas eram horas
preciosas. Com certeza muito havia a ser dito. Muitas palavras a serem
proferidas. Muitos conselhos a serem dados. Inúmeras recomendações a serem
feitas. Entretanto, naquela noite memorável, Jesus abre mão do discurso e
lança mão do exemplo. Ele não fala, ele age. Ele não prega um sermão, ele
vive a pregação.
è O episódio
narrado em João 13.1-17, quando Jesus lavou os pés dos discípulos, encontra-se no
contexto da páscoa. Os dias que antecediam a festa eram de rigorosa
purificação, tanto dos corpos quanto das casas (João 11.55; Êx 12.19). Na véspera, os discípulos se puseram à mesa
da ceia com o Mestre. Aparentemente,
tudo estava certo, mas aqueles homens estavam com os pés sujos. Isto
era incoerente com a pureza requerida para a ocasião. Todos poderiam estar
adequadamente vestidos, mas os pés estavam sujos. Jesus sabia disso. O Mestre
sabe das nossas impurezas, pecados e culpas, por menores que possam parecer.
Ele não faz “vista grossa”, como se a sujeira não estivesse lá, mas deseja
nossa plena purificação.
·
Os preparativos da ceia já tinham sido providenciados,
mas quem lavaria os pés dos presentes? Cada um poderia sentir-se realizado por
ter cumprido sua tarefa, mas sempre existe algo que precisa ser feito e ninguém
quer fazer.
·
Naquele
momento, Jesus poderia ter ensinado uma lição de independência,
ordenando que cada discípulo lavasse seus próprios pés. Seria uma alternativa
plausível. Entretanto, Cristo não queria incentivar a autossuficiência,
o individualismo e o isolamento, mas sim a comunhão. Não é
este o ensinamento cristão. Por isso, não existe autobatismo nem ceia
individual. O desejo de Deus é que seus filhos vivam em comunhão.
·
Jesus
tomou a iniciativa e assumiu a posição de um servo, de um escravo. Ele
fez o trabalho que ninguém queria fazer. Ele fez o que nenhum fariseu faria. Jesus
estava atento às oportunidades, não de aparecer, mas de servir. Foi ensinada
ali uma grande lição de humildade. Não era uma aula teórica, mas um ensinamento
pelo exemplo. A humildade é necessária em casa, no trabalho, na escola, na
igreja e até mesmo no trânsito. Sem humildade, fica difícil permanecer no
casamento ou no emprego. Por esta causa, algumas pessoas estão sempre mudando
de lugar. Até para aprender é preciso ser humilde. Também para reconhecer o
erro, pedir ajuda, pedir perdão ou mesmo perdoar. Ser humilde não é ser pobre,
mas reconhecer em si a simplicidade da condição humana.
TRANSIÇÃO: EXISTEM LIÇÕES A
SEREM APRENDIDAS COM A TEOLOGIA DA BACIA.
1.
A TEOLOGIA DA BACIA ME ENSINA A AMAR (v. 1).
· O texto diz que “tendo Jesus
amado os seus, amou-os até o fim”. É um amor sem limites, um amor levado às
últimas consequências. O escritor Philip Yancey afirma que Deus se assemelha a
um pai cego de amor por seu filho, alguém disposto a dar sua própria vida. É um
amor sacrificial.
· Max Lucado, certa vez, lançou a seguinte pergunta: “Sabe por que Jesus morreu na
cruz?” Ele mesmo responde: “Porque Deus
não se imaginava passar a eternidade sem você!”. Assim, Jesus transmite aos
seus aspirantes ao ministério pastoral que é absolutamente impossível ser
pastor sem amar. O amor é uma condição imprescindível para o exercício do
ministério.
· O jovem pastor batista Martin Luther King disse: “Aprendemos a nadar como os peixes; a voar como os pássaros; mas, ainda
não aprendemos a amar o próximo”.
W Outro ponto que merece destaque diz respeito ao
amor incondicional de Jesus. Somos amados não pelo que fazemos ou deixamos de
fazer. Não é um amor baseado numa relação de troca ou barganha. Não há nada
nesse mundo que abale o amor de Jesus. Jesus amou todos, inclusive Judas.
W Judas era um homem acima de qualquer suspeita. Ao contrário do que se pensa, ela
era um homem de extrema respeitabilidade no colégio apostólico. Judas era o
único discípulo de Jesus que era da Judéia. Todos os outros eram da Galiléia.
Assim, Judas gozava de um status mais elevado, porque os judeus provenientes da
Galiléia eram considerados impuros, enquanto os judeus da Judéia eram
considerados mais devotos, consagrados e justos. A Galiléia era tida como uma
terra imunda, porque estava cheia de gentios. Outro aspecto a ser considerado acerca de Judas Iscariotes diz
respeito a posição que ocupava dentre os apóstolos. Ele era o único que
tinha um cargo e, por sinal, um cargo de confiança. Ele era o tesoureiro do
grupo. O único cargo disponível era ocupado por ele.
W O texto diz que Jesus lavou os pés de todos os
discípulos, inclusive os pés de Judas. Jesus está lavando os pés daquele que, naquela
mesma noite, iria traí-lo. Judas era considerado amigo de Jesus. “A traição é
um ato que só um amigo pode cometer”. O inimigo não pode trair porque, para
haja traição, é preciso que aconteça entre duas pessoas próximas, amigas e que
guardam uma relação de confiança. Jesus nunca considerou Judas como seu
inimigo. Pelo contrário, Judas fazia parte do seleto grupo de amigos de Jesus,
os 12 discípulos.
2.
A TEOLOGIA DA BACIA ME ENSINA A SER HUMILDE (v. 4-5).
W A Bíblia diz que o primeiro ato de Jesus foi “tirar
a sua vestimenta” (v. 4). Por que Jesus se despiu da sua roupa? Porque a
roupa diz muito acerca de quem nós somos. Há uma máxima contemporânea que diz “você é aquilo que você veste”. A roupa
identifica a posição ou mesmo a função que alguém exerce na sociedade. Através
da roupa sabemos, claramente, se a pessoa é rica ou pobre. Se é alguém
importante ou uma pessoa simples. Isso se deve porque o vestuário indica
status. A roupa é um símbolo de poder. A roupa é um estereótipo que não tem
apenas a função de vestir, mas, sobretudo, de caracterizar. A própria
vestimenta de Jesus era uma veste utilizada tipicamente por rabinos e mestres
da Lei. Era uma roupa valiosa, por isso, após a sua crucificação os guardas
lançaram sortes para decidir sobre quem ficaria com suas vestes (Lc 23:34).
W Por que Jesus fez isso? É interessante notar que esse
evento de lavar os pés é narrado apenas pelo evangelista João. Entretanto, a
última ceia é narrada pelos outros evangelistas. O evangelista Lucas, por
exemplo, narra um evento muito intrigante que sucedeu durante a última ceia. O
capítulo 22 de Lucas é um texto paralelo ao capítulo 13 do Evangelho de João.
Portanto, os eventos que acontecem em Lucas 22 são os mesmos que acontecem em
João 13. Assim sendo, Lucas narra que durante a ceia os discípulos começaram a
debater entre si qual deles seria o maior (Lc 22:24). Alguns comentaristas
dizem que foi exatamente no meio dessa discussão que Jesus se levanta e se
despoja de sua túnica, ensinando aos seus discípulos o verdadeiro sentido de
grandeza no Reino de Deus.
W Para ser grande no Reino de Deus, o cristão deve
crescer para baixo. É um crescimento que nos leva a pequenez. No Reino de Deus ninguém sobe
degraus rumo à ascensão. A ascensão é a diminuição.
W O texto afirma que Jesus tomou uma toalha, deitou
água na bacia e passou a lavar os pés dos discípulos. Como pode se observar, Jesus assume
uma postura de um escravo. Lembremo-nos ainda que Jesus é Deus, e, como tal,
encontra-se despido de sua glória, envolto em uma toalha, de joelhos, lavando
os pés de pecadores. Agostinho dizia que a qualidade indispensável para um
verdadeiro cristão é a humildade. Jesus ensina aos seus seminaristas que o
exercício do ministério pastoral necessita de pessoas humildes. A palavra
humildade é tapeinós (grego), de onde se origina a palavra tapete. Ou seja, a
raiz da palavra humildade sugere alguém que está disposto a ser pisado e
humilhado. É bom recordar que, anos antes desse evento, o profeta João Batista
havia dito que ele não era digno nem mesmo de desatar as sandálias de Jesus (Mc
1:7). No entanto, Jesus, o Deus encarnado, ajoelha-se diante de seus discípulos
e, não apenas desata as correias de suas sandálias, mas, ainda, lava os seus
pés.
3.
A TEOLOGIA DA BACIA ME ENSINA A LIÇÃO DO SERVIÇO (v. 14-16).
· Jesus mostra aos seus seminaristas que ser pastor
é, antes de tudo, ser um servo. Ele conclama os seus apóstolos a se despirem da
indumentária eclesiástica e assumirem a forma de um serviçal. Como filhos de
Deus, somos chamados a frutificar.
· O grande pregador e avivalista do
século XIX, Dwight L. Moddy, afirmou com muita propriedade: “Ore, como se tudo dependesse de Deus;
trabalhe, como se tudo dependesse de você!”. O próprio Moody, ainda,
afirmou: “Ser cristão não exige muito de
uma pessoa, exige tudo”. O SENHOR nos chama ao serviço e às boas obras.
Ø Conta-se que, certa vez, um jovem viu o árduo trabalho
feito pela Madre Tereza de Calcutá junto aos leprosos. Um trabalho árduo,
difícil e sem nenhum prestígio nem reconhecimento. Ao presenciar o trabalho da
devota freira, ele exclamou: “Eu não
faria esse trabalho nem por um milhão de dólares!”. A freira respondeu: “Eu também não!”. Ele perguntou: “Então, por que a senhora o faz?” Madre
Tereza, prontamente, lhe respondeu: “Por amor!”.
· É curioso saber que o último
sermão do grande expositor bíblico John Stott, em 17 de julho de 2007, na
Inglaterra, teve o seguinte tema “Tornando-nos
mais semelhantes a Cristo”. E no decorrer de sua mensagem, um dos textos
examinado foi João13. Assim Jonh Stott discorre: “Quero convidá-los a subir comigo ao cenáculo onde Jesus passou sua
última noite com os discípulos. ‘Tirou a vestimenta de cima e, tomando uma
toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés
aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Ao
terminar, retornou ao seu lugar e disse-lhes: Ora, se eu, sendo o SENHOR e o
Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque
eu vos dei o exemplo’. Note-se a palavra – ‘para que, como eu vos fiz, façais
vós também’.
· Ensinar através do exemplo não é
a melhor maneira de influenciar as pessoas e inculcar fortemente os princípios
ensinados. É a única.
· Jesus utilizou diversas formas de ensino para
treinar seus discípulos: pregação, parábolas, estudos, atos. Entretanto, aqui ele se utiliza do
melhor e mais eficaz método de ensino: o exemplo. Jesus não nos pediu nada
daquilo que ele mesmo não tenha feito.
· O serviço da Igreja tem como
paradigma o próprio ministério servil de seu Mestre. Assim, naquela noite de
quinta-feira, antes de se despedir dos discípulos, Jesus traz a eles lições
preciosas. “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também” (v. 15). A atitude de Jesus é apenas um exemplo. Cabe a nós perpetuarmos
os seus ensinamentos.
CONCLUSÃO:
·
O Cristianismo
da Bacia e da Toalha me ensina que o outro sempre vem primeiro. É abrir mão daquilo que se quer para benefício
do próximo. É dar mais do que receber, é perdoar sempre. É, em alguns momentos, sofrer até prejuízos por amor ao outro.
Se não, veja o exemplo do próprio Cristo. Aniquilando-se a si mesmo, assumiu
a forma de servo, sendo obediente até a morte de Cruz. Pensando em mim
antes Dele mesmo. Sofrendo por mim aquilo que eu deveria sofrer.
Servir
a Cristo é entender que abdicar meus desejos e vontades são, muitas das vezes, ossos
do ofício.
É ter uma vida dedicada a outros ainda que, daqui a algum tempo, você nem
seja lembrado, não receba nada, seja esquecido ou até mesmo criticado.
Contatos com o Pr. Nilton Jorge
https://www.facebook.com/Pr.NiltonJorge
Email. niltondalani@gmail.com
Telefones: Vivo (22) 998746712 Whatzapp ou Tim (22) 981358547
Que palavra espirado da parte de Deus que Deus te
ResponderExcluirabençoe mais mais
Bem esclarecido o testo tirou minha duvida da palavra cirgir.obrigado
ResponderExcluirParabéns pela excelência do conteúdo,Deus continue te abençoando com essa inspinspiração divina
ResponderExcluirMuito bom seu conteúdo extraído por homem que fizeram a diferença!
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