TEXTO: Rm 12:2
INTRODUÇÃO:
ð
Andar com Deus alterar a visão da realidade. Como nós
enxergamos a realidade? Como nós pensamos na vida? Quais são nossas crenças e
valores? Nós podemos prosseguir vivendo de duas maneiras:
1.
Viver sem pensar ou pensar segundo este século (aiōn) mundo,
cultura, sistema.
2.
Pensar biblicamente (ler e
compreender a realidade utilizando as lentes da Palavra de Deus).
·
Note
que a primeira opção, viver sem pensar ou pensar segundo este século equivale a
pensar errado. Contrariando o que se
diz, assim como não há liberdade
absoluta da vontade, também não há liberdade absoluta de pensamento.
ð
Na contramão da cultura que nos cerca, a Bíblia
ensina que um dos resultados do evangelho não é a libertação de nosso
pensamento, e sim, a sujeição de nosso pensamento “à obediência de Cristo” 2Co 10:4,6,4 Porque
as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para
destruir fortalezas, anulando nós sofismas [logismos; “argumentos” ou “conselhos”;
e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda
desobediência, uma vez completa a vossa submissão.
ð
Quando nós assumimos uma visão das coisas diferente
da Bíblia, nós pensamos errado de cara, simplesmente porque discordamos de Deus. Veja o que
Isaías diz sobre isso Is 55:8-13 Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque,
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que
os vossos pensamentos. Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e
para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam
brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra
que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e
prosperará naquilo para que a designei.
Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão
em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar
do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta; e
será isto glória para o SENHOR e memorial eterno, que jamais será extinto. Há três verdades absolutas aqui:
a)
Precisamos
corrigir o nosso entendimento dos pensamentos e caminhos.
b)
A correção de
nossos pensamentos e caminhos exige o desfrute da Palavra de Deus!
c) Os resultados do alinhamento de nossos pensamentos e caminhos aos pensamentos e caminhos de Deus são alegria, paz, vida transformada e frutífera, glorificação do nome de Deus e um legado eterno.
ð
Entendamos a relação disso tudo com uma palavra complicada “cosmovisão”.
·
Etimologicamente, cosmovisão é a junção de COSMOS
(Universo) e VISÃO. Cosmovisão é a maneira como nós enxergamos e
compreendemos a realidade.
·
Nós podemos
pensar em cosmovisão como uma mochila. Dentro desta mochila, estão
nossas crenças e valores. Sendo assim, podemos dizer que uma mochila é cristã, se
dentro encontrarmos crenças e valores cristãos.
·
É
plausível entender cosmovisão como uma visão da realidade integradora que inspira
as ideias e orienta a vida e ações. O que isso quer dizer?
1.
Visão da
realidade.
O modo como nós lemos e compreendemos aquilo que nos cerca; o que é real. Esta
“realidade” é composta de três camadas:
a)
Tudo o que nós conseguimos enxergar.
b)
Tudo com que lidamos diariamente.
c)
A realidade, mesmo as coisas imateriais, que não
vemos com nossos olhos, mas que habita nosso pensamento, aquilo em que
pensamos.
2.
Ao assumir que
cosmovisão é uma “visão da realidade integradora”, quero dizer
que a cosmovisão ajunta tudo isso em um único pacote. Ela abarca todo o nosso
entendimento do mundo e da vida.
3.
E esta “visão
[...] inspira as ideias”. Usando a terminologia de Paulo em Rm
12:2, a cosmovisão coloca nossas ideias e um “molde” ou “forma”. Começamos a
pensar de determinada maneira. Abraçamos alguns conceitos e princípios
(crenças) e assumimos algumas coisas como certas, e outras como erradas
(valores).
4.
Finalmente, a
cosmovisão “orienta a vida e ações”. Todos nós vivemos a partir daquilo que
cremos, e do que consideramos aceitável ou inaceitável. Isso significa que todo ser
humano tem e é orientado por uma cosmovisão. Mesmo aqueles que
nunca ouviram a palavra “cosmovisão”.
·
Alvin Tofler afirmou que “toda pessoa carrega em sua cabeça um modelo
mental do mundo uma representação subjetiva da realidade externa”.
ð
Na maioria das vezes, as cosmovisões são instaladas
em nossa mente sem que a gente perceba. Sem que a
gente se dê conta, estamos pensando, sentindo e agindo de modo contrário às
Sagradas Escrituras. É por isso que Paulo alerta: Nós
não devemos deixar que nossa
mente seja moldada de acordo com o presente “século” ou “mundo”.
ð
O fato é que se nós não nos dedicarmos ao pensamento
bíblico, outras pessoas que não acreditam na Bíblia pensarão por nós. E o pensamento
destas outras pessoas influenciará a cultura e chegará até nós. E não apenas a
cultura se tornará cada vez menos cristã, como também nós correremos o risco de
nos tornar cada vez menos cristãos em nosso modo de pensar, sentir e agir.
TRANSIÇÃO: Há algumas verdades a serem explanadas aqui:
1. PAULO ESTÁ TRATANDO DE DOIS MOLDES QUE SE CHOCAM.
·
Somos herdeiros da cultura Greco Helênica que ensina
que a realidade é dividida em dois pavimentos o religioso e o secular.
·
Augusto
Comte (1798-1857), o filósofo que deu início à sociologia, sugeriu uma separação
entre os três tipos de conhecimento:
a)
Conhecimento religioso.
b)
Conhecimento metafísico.
c)
Conhecimento empírico (lógica, positivismo).
·
Para
ele, o conhecimento científico é superior ao conhecimento teológico ou
religioso, regido pelas Escrituras cristãs. Deus é retirado do centro e colocado
em um compartimento estanque (o pavimento superior).
·
Parece algo novo, mas não é. Antes de Comte, uma
proposta semelhante foi apresentada por Aristóteles, um filósofo que viveu no
4º século a.C.
(384 - 322 a.C.) e Tomás de Aquino, um estudioso cristão que viveu no século 13
(1225 - 1274). Ambos sugeriram uma separação entre a graça (o domínio da religião)
e a natureza (não natureza como
criação de Deus, mas como a realidade palpável e autônoma. Natureza, com “n”
maiúsculo, regida por leis desconectadas da graça).
ð
Depois disso, Immanuel Kant, um pensador da Prússia
que viveu entre os séculos 18 e 19 (1724-1804), propôs a
separação entre fato e valor.
ð
Tudo
isso contribuiu para separação que ocorre em nossa mente e que dirige a nossa vida.
Fomos
vencidos pela visão dos dois pavimentos. Passamos a separar Deus da vida comum.
·
A perspectiva
bíblica é muito diferente. A Bíblia não apresenta uma realidade
de dois pavimentos. Do ponto de vista do estudo da visão da realidade, o melhor
é pensar em um círculo contendo tudo. E Deus no centro deste círculo.
Isso
não quer dizer que Deus pode ser confundido com sua criação (tal
ideia é heresia e recebe o nome de panteísmo).
ð
De acordo com sua essência e dignidade, Deus está
separado e acima de tudo.
ð
De acordo com sua criação e providência, como Rei, Deus
está no centro de tudo, intervindo em tudo e governando tudo.
·
Isso significa que uma de nossas responsabilidades é
cumprir o mandato da cultura do reino. E isso implica em começar a pensar biblicamente. Isso é importante
porque nosso pensamento o conjunto de nossas crenças e valores nos formata.
·
O
Sl 115:8 Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam.
Os pagãos confiam em ídolos e se tornam como eles. Se abraçamos uma forma de
pensamento antibíblica e mundana, tornamo-nos semelhantes àquilo em que cremos.
·
Quando nos tornamos semelhantes à cultura que nos
cerca, tal cosmovisão é nosso ídolo. A instrução bíblica é clara Rm 12:2 Não se deixar amoldar, assumir a forma, adotar determinado padrão ou
comportamento.
·
Pelo contrário, o cristão é quem deve buscar
formatar o mundo segundo o padrão do Reino. Não somos uma
tábua rasa, nem folhas em branco, muito menos produto do meio, somo salvos, luz
do mundo e sal da terra para influenciar.
·
Para vencermos a
influencia do molde segundo o mundo devemos assumir os dois compromissos de
Romanos 12:1-2:
a)
Primeiro compromisso: Andar com Deus: v.1 Rogo-vos, pois, irmãos,
pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
·
A nossa relação com Cristo muda a nossa forma de
pensar.
Quando alinhamos nossos pensamentos com os pensamentos de Deus, assumimos a
posição que Ele nos confiou para executarmos Seus planos e propósitos. Alinhar
nossos pensamentos com os pensamentos de DEUS nos coloca em um lugar seguro,
abre nossos olhos da fé. Passamos a olhar tudo de forma positiva, não pelo
poder do pensamento positivo ou qualquer outra crença; mas, por confiar no
poder de um DEUS que nos ama e deseja o melhor para nós.
b)
Segundo compromisso: Alterar a visão da realidade: v.2 E
não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente.
·
Quando a gente não se amolda aos padrões desse
mundo, a gente vive pela fé e é assim que conseguimos ser agentes
transformadores. Só assim, nossas convicções e atitudes de nossa
mente nos farão experimentar O MELHOR DE DEUS.
·
Este século caminha para destruição moral,
espiritual, social, político, cultural e familiar. Apenas exponho
aqui minha preocupação quanto ao rumo que as coisas têm tomado. Até
quando nos conformaremos com o que a mídia impõe aos nossos olhos? Temos
acesso fácil a sujeira. A internet e a televisão apelam cada dia mais para
ganhar audiência. Eis a razão do declínio moral generalizado nas estatísticas
crescentes de divórcio, comportamento sexual de jovens e adolescentes, crescente
onda de crimes, vícios e etc.
· Deus deseja que sejamos agentes transformadores nesse mundo caído. Não se conformar com as coisas desse mundo nos faz cada vez mais apaixonados pelas coisas de DEUS; essas são importantes, lindas e eternas. Mt 7:13 Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.
2. SÓ ATRAVÉS DE UMA RENOVAÇÃO DE MENTE EXPERIMENTAMOS A VONTADE DE DEUS.
·
Todos nós sabemos da importância que a nossa mente tem
no corpo.
É ela quem controla tudo em nosso corpo incluindo a dimensão da razão e
das emoções. A saúde do corpo depende da saúde da
mente! No mundo espiritual não é diferente. A nossa mente
continua exercendo um papel fundamental, pois controla nosso jeito de
pensar e agir como cristãos. Nossas ações são o resultado direto de
nossos pensamentos.
·
O nosso adversário sabe bem disso, por isso que o
alvo principal da batalha espiritual é o controle de nossa mente! Por isso Paulo propõe ser transformados
a partir da renovação de nossa mente.
ð Podemos nos “conformar” ou “adaptar” a este mundo ou época,
com seus padrões (ou falta destes), seus valores (geralmente materialistas) e
seus alvos (egocêntricos e pagãos). Esta
é a alternativa mais simples, pois não é fácil resistir à cultura dominante,
assim como não é fácil resistir à ventania.
ð A mente renovada que o cristão deve ter produz um
efeito radical, já que capacita seu
detentor a discernir e aprovar a vontade de Deus, transformando assim sua
conduta.
ð Esta mente renovada começa a ser formada com a
conversão.
· O que significa uma mente renovada? É a mente de Cristo dirigindo nossas vidas. A bíblia vai nos ensinar que nós ao nos convertermos temos a mente de Cristo I Co 2:16 Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. Em Fp 2:5 Haja em vós o mesmo jeito de pensar que houve em Cristo. Ter a mente de Cristo é pensar como ele, é ver a vida com suas lentes.
· Como podemos ter a mente renovada:
a)
Experimentando uma genuína conversão. A mente renovada não é uma ação humana, mas uma ação divina sobre
nós. Sem conversão genuína jamais teremos a mente de Cristo, não
importando nossos esforços! Isso é possível graças à presença do Espirito
Santo em nós.
· Essa mente de Cristo produz: Um jeito de pensar oposto ao jeito antigo. A mente renovada deixa de pensar nas mesmas categorias e sob a mesma influencia que a mente velha de outrora. Ela já não pensa como antes! Isso quer dizer que aquele que a possui já não pensa nem resolve as coisas como antigamente. Suas palavras, suas ações, seu comportamento, suas decisões tudo se contrasta com o que era antes!
b)
Enchendo a mente da Palavra de Deus. Ao nos convertemos, nosso espírito é religado imediatamente a
Deus, mas nossa alma e especialmente nossa mente, ainda está com os padrões de
pensamento que recebemos do mundo. É
preciso substituí-los, trocar os antigos valores pelos do reino de Deus. Fomos
transportados do império das trevas para o reino de Deus e agora precisamos aprender
a viver de acordo com as leis, a cultura e os valores dessa nova cidadania.
· A transformação da nossa mente depende dramaticamente do que a alimenta. Aquilo a que damos ouvidos molda a nossa forma de pensar. E quando não controlamos as portas da nossa mente (o que vemos e ouvimos, em especial), acabamos sendo manipulados pela ditadura da massa. Um grande reformador já dizia “ou a Bíblia nos afasta do pecado, ou o pecado nos afasta da Bíblia”. Ela nos conscientiza de nosso pecado e nos apresenta o caminho da santidade.
c) Filtrando nossos pensamentos: Fp 4:8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. Cl 3:2 Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra.
CONCLUSÃO:
·
O propósito da mente renovada é experimentar a
vontade de Deus para a nossa vida: E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, [agora, surge o propósito]
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
·
A minha comunhão
com Deus que determina se vivo ou não a sua vontade! E, é por isso,
que o texto de Romanos 12, em questão, fala de um entregar-se a Deus, que nos
leva um lugar de plenitude e gozo, que faz com que essa vontade boa,
agradável e perfeita de Deus se manifeste em nós.
Pr. Nilton Jorge
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