quinta-feira, 18 de abril de 2019

O PÃO NOSSO, PROVISÃO DIÁRIA (Série "O Sermão da Montanha")


TEXTO: Mt 6:11
INTRODUÇÃO: 
·      Na primeira parte do Pai Nosso, os versos 9 e 10 relacionam o atendimento à paternidade, ao caráter, ao reino e à vontade de Deus. Na segunda parte da oração, versos 11 a 13, o pedido é para que sejam cobertas as necessidades temporárias e espirituais do homem. 
·      Era o povo, gente comum, que ouvia a Jesus. Em sua maioria se tratava de humildes pescadores, agricultores e obreiros. De tais pessoas estava composta a multidão que escutava a Jesus na ladeira do monte junto à planície de Genesaré e o mar de Galileia.
·      Muitos deles não tinham emprego fixo e suas condições de vida eram precárias.
·      Ainda quem tenhamos abundância de pão e de bens terrenos faríamos bem em recordar que é Deus quem dá o poder para fazer as riquezas (Dt 8: 18). Tudo o que temos procede de Deus e no coração sempre deveria ter gratidão por sua bondade.
·      CADA DIA – É a tradução tradicional e provável de uma palavra difícil. Outras foram propostas, como: necessária à subsistência e de amanhã.
Grego: epióusios, palavra que aparece no NT só aqui e em Lc 11:3.
è Alguns dos significados que se lhe atribuem são:
1. O necessário para existir
2. Para o dia presente
3. Para o dia vindouro. 
·      As palavras de Mateus 6: 34 tendem a apoiar a idéia de que se refere a uma provisão diária suficiente para manter a vida. 
        
1.             DÁ-NOS HOJE O PÃO PARA ESTE DIA.

·      Poderíamos pensar que este é o único pedido da Oração do Senhor sobre o qual o significado não pode haver a menor dúvida. Mas o fato é que teólogos têm oferecido muitas interpre­tações dela. Antes de considerar seu significado mais simples e óbvio, vejamos algumas das outras explicações propostas.

1. O pão tem se identificado como a Mesa do Senhor. Desde o princípio, a Oração do Senhor se tem conectado intimamente com a Mesa do Senhor. Nas ordens de culto mais antigas que conhecemos, sempre se estabelecia que a Oração do Senhor se fizesse em algum momento da celebração da Comunhão.
2. O pão se tem identificado como o alimento espiritual da Palavra de Deus, como cantamos nos hinos cristãos. Assim é que este pedido se tem tomado como uma oração pelo verdadeiro ensino, a verdadeira doutrina, a verdade essencial, que estão nas Escrituras é a Palavra de Deus.
3. O pão se tem considerado que representa a Jesus. Ele mesmo chamou-se a si mesmo como o Pão da vida (Jo 6: 33 a 35). Esta tem se tornado uma oração para que possamos nos alimentar diariamente Dele, que é o Pão Vivo.
4. Este pedido tem sido interpretado em um sentido puramente judaico. O pão como símbolo do Reino Celestial. Lc 14: 15. Os judeus tinham uma ideia algo estranha mas tremendamente inspiradora. Criam que quando viesse o Messias amanheceria a idade de ouro, haveria o banquete messiânico, que participariam os escolhidos de Deus.

·      A dificuldade da interpretação deste pedido aumenta pelo fato de que havia uma dúvida considerável quan­to ao sentido da palavra epiúsios, que se traduz por cotidiano. O fato extraordinário era que não se havia encontrado em nenhum outro lugar onde aparece es­ta palavra em toda literatura grega.
·      Ha pouco tempo, se descobriu o fragmento de um papiro que continha esta palavra; e o pedaço de papiro era precisa­mente a lista de compra de uma mulher! Ao lado de um dos artigos estava a palavra epiusios, para lembrar-se de comprar as provisões para o dia seguinte. Assim que, o que este pedido quer dizer é: Dá-me as coisas que necessitamos para comer no dia que se inicia. Ajuda-me a conseguir as coisas que tenho na lista de compras quan­do chega esta manhã. Dá-me as coisas que necessitamos para comer quando voltam os meninos da escola, e os homens do trabalho. Concede-nos que nossa mesa não esteja vazia quando nos assentemos juntos hoje.

·      Quando vemos que este é um simples pedido pelas necessidades de cada dia, surgem algumas verdades.

1. Isto quer dizer que Deus cuida de nosso corpo. Jesus nos mostrou isso; Ele passou muito tempo curando enfermi­dades e satisfazendo à fome física. Ficava angustiado quando se dava conta de que o gentio que O havia seguido a lugares solitários se encontrava muito perto de sua casa e não tinha nada para comer. Faremos bem em ter presente que Deus tem interesse em nosso corpo.
2. Este pedido nos ensina a pedir o Pão Nosso de cada dia, o o pão para o dia que temos em diante. Nos ensina a viver o dia, e não preocuparmos ou estar ansiosos acerca do futuro distante e desconhecido. Quando Jesus ensinou a seus discípulos a fazer este pedido, sem dúvida Sua mente retrocederia a história do maná no deserto Êx 16: 1 a 21.Os israelitas não tinham nada que comer no deserto, e Deus lhe enviou o maná, o pão do céu; porém com uma condição: tinham que recolher só o suficiente para suas necessidades imediatas. Se tratavam de recolher demasiadamente, e armazená-lo, ele estragava. Tinham que dar-se por satisfeitos com ter o sufi­ciente para o dia. Como dizia um rabino: A porção para cada dia, porque o que creio como dia creio é o sustento para o dia. Outro rabino dizia: O que possui o que pode comer hoje e diz: que vou comer amanhã? é um homem de pouca fé.
3. Por implicação, este pedido dá a Deus o lugar que Lhe corresponde. Reconhece que é de Deus que recebemos o alimento necessário para sustentar a vida. Nenhum ser humano jamais foi capaz de criar uma simples semente que crescesse. Um homem de ciência pode analisar uma semente e conhecer seus elementos constituídos, mas nenhuma semente sintética pode crescer. Todas as coisas vivas vem de Deus. O que comemos, portanto, é um presente que nos vem de Deus.
4. Este pedido nos recorda muito sabiamente como funciona a oração. Se fizesse a oração, e logo se assentasse tranquilamente a esperar que o pão caísse do céu em suas mãos, seguro é que morreria de fome. Recordemo-nos que a oração e o trabalho caminham juntos e que quando oramos devemos passar a trabalhar para fazer que nossas orações se façam em realidade. É verdade que a semente viva vem de Deus; mas também é verdade que temos a obrigação de cultivá-la.
·      A generosidade de Deus e o trabalho humano devem combinar-se.
5. Devemos advertir que Jesus não nos ensinou pedir: dá-me meu pão cotidiano. Ele nos ensinou a pedir: Dá-nos nosso pão cotidiano. O problema do mundo não é que não haja o bastante para todos; há bastante para dar e tomar. O problema não está na provisão das coisas essencias da vida, mas em sua distribuição. É uma oração que podemos ajudar a nos contentarmos compartilhando o que temos com outros menos afortunados.  

2.             O PÃO DA PROVISÃO DIÁRIA.

·      Segundo pesquisas (de órgãos da ONU, como PMA e FAO), no mundo, cerca de 1 bilhão de pessoas estão passando fome... (1 em cada 7 pessoas no mundo vai para a cama com fome todos dias; a fome é o fator nº 1 na lista dos 10 maiores riscos para a saúde; custa 0,25 centavos de dólar/dia para alimentar uma criança com todas as vitaminas e nutrientes que ela precisa para crescer saudável....).  No Brasil são 14 milhões de pessoas que estão passando fome; e outros 72 milhões estão em situação de risco alimentar, ou seja, não têm a garantia se amanhã terão ou não o que comer...; 2 em cada 5 brasileiros não têm a garantia de acesso à alimentação em quantidade, qualidade e regularidade suficientes;  O Brasil é o 4º maior produtor de alimentos no mundo  (a previsão é que seja o 1º até 2025);  mas, é o 6º do mundo em pessoas desnutridas.  
·      A afirmação do diabo: Mt 4:3"Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães" . O diabo é um mestre das coisas aparentemente lógicas. Jesus estava faminto; ele tinha poder para transformar as pedras em pão. O diabo simplesmente sugeriu que ele tirasse vantagem de seu privilégio especial para prover sua necessidade imediata.
·      As questões: Era verdade que Jesus necessitava de alimento para sobreviver. Mas a questão era como ele o obteria? Lembre-se de que foi Deus quem o conduziu a um deserto sem alimento.
·      O diabo aconselhou Jesus a agir independentemente e encontrar seus próprios meios para suprir sua necessidade. Confiará ele em Deus ou se alimentará a seu próprio modo?
·      A resposta de Jesus: Mt 4:4"Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus". A passagem que ele citou foi a mais adequada naquela situação.
·      No contexto, os israelitas tinham aprendido durante seus 40 anos no deserto que eles deveriam esperar e confiar no Senhor para conseguir alimento, e não tentar conceber seus próprios esquemas para se sustentarem.

1. O diabo ataca as nossas fraquezas. Ele não se acanha em provar nossas áreas mais vulneráveis. Depois de jejuar 40 dias, Jesus estava faminto. Daí, a tentação de fazer alimento de uma maneira não autorizada. Satanás escolhe justamente aquela tentação à qual somos mais vulneráveis, no momento. De fato, as tentações são freqüentemente ligadas a sofrimento ou desejos físicos. 
2. A tentação parece razoável. O errado freqüentemente parece certo. Um homem "tem que comer”. Muitas pessoas sentem que necessidades pessoais as isentam da responsabilidade de obedecer às leis de Deus. 
3. Precisamos confiar em Deus. Jesus precisava de alimento, sim. Porém, mais do que isso, precisava fazer a vontade do Pai. É sempre certo fazer o certo e sempre errado fazer o errado. Deus proverá o que ele achar melhor; meu dever é obedecer-lhe. É melhor morrer de fome do que desagradar ao Senhor.

3.             O PÃO QUE NÃO PERECE.

O Pão da Vida e o Maná no Deserto
João 6:31"Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu."
·      Após a travessia do Mar Vermelho, Moisés e o povo seguiram em direção à terra prometida, entrando no deserto de Sur, que compreende toda a área desértica entre o Egito e a terra de Canaã.
·      E quando sua provisão de água estava acabando, após três dias de caminhada, chegaram em Mara, onde as águas amargas tornaram-se potáveis.
·      Dali chegaram a Elim, um oásis com doze fontes de água e setenta palmeiras. E acamparam junto das águas. E partindo, chegaram ao deserto de Sim. E as provisões que tinham trazido do Egito, tinham acabado. Então Deus fez chover o Pão do Céu.
E ordenou que cada um recolhesse um ômer (cerca de 3,7 litros). Durante quarenta anos, Deus os sustentou com o Maná, o pão do céu. E foi um sinal tremendo da provisão divina.
ð Jesus é o Pão da Vida Descido do Céu
João 6:51"Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo."
ð O mestre estava a ensinar sobre a natureza humana, que é composta de espírito, alma e corpo. Assim, o espírito deve ter o controle do corpo. Isso se dá pela muita prática das boas obras, com a ajuda da graça de Deus. Este é o chamado homem espiritual.
ð Mas quando o homem se deixa dominar por suas paixões sem regras, os seus desejos pecaminosos predominam sobre o espírito. Daí temos o homem carnal, materialista que está voltado para apenas o que é imediato, visível, palpável que esse plano chamado realidade pode mostrar. Assim estavam os homens daquela multidão. Seus horizontes não conseguiam ver a "realidade em três dimensões". Somente respondendo a instintos, fome, sede material, observavam tudo em um só plano. Possuídos com que por uma miopia espiritual, eram incapazes de enxergar a verdade que Jesus falava.
João 6:42"E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?"
·      O mestre explicava que o maná do deserto foi um alimento perecível, que sustentou apenas a vida corporal, mas as suas palavras eram o alimento incorruptível, que dá a vida eterna, o Pão da Vida.
·      No passado, Deus sustentou seu povo em suas peregrinações no deserto durante 40 anos. Êxodo 16.4-5; Salmos 78. 24-29; Não deixou faltar o maná para saciar a fome, como a água da rocha os saciou a sede, suas roupas não estragaram nem os sapatos furaram. Deuteronômio 29.5. Como um pastor guia seu rebanho às águas tranqüilas, assim Deus os guiou até Canaã terrestre. Uma figura da Canaã Celestial. 
1- Eu sou o pão da vida. João 6. 48
a) O pão é um alimento indispensável ao consumo tanto de ricos, quanto dos pobres. No sentido literal é um alimento nutricional para manter o nosso corpo alimentado.
b) Figurativamente, Jesus, é o pão vivo descido do céu para alimentar a humanidade. João 6. 51
2- Vemos duas coisas importantes, parar analisar:
a) Um corpo bem alimentado é cheio de saúde;
b) A alma bem alimentada, da mesma forma. I Pedro 2.2
3- Em Êxodo 16:21 Há uma mensagem, que nos chama a atenção:
Em Êxodo 16-21; os filhos de Israel colhiam o maná bem cedo, colhiam o quanto podiam comer. Porque saindo o sol, logo se derretia. O maná espiritual da mesma forma, precisa ser colhido logo cedo, pois o sol causticante da vida, muitas vezes nos pega de surpresa, precisamos nos abastecer do mana espiritual logo cedo.
a) Uma colheita ocasional nos leva a desenvolvermos, uma inanição espiritual.
b) Uma fé anêmica, nos deixa raquíticos espiritual.
Há crentes achando que ir a igreja, uma vez por semana, é suprimento suficiente para lhe dar forças para caminhar o resto da semana. Temos que colher o maná todos os dias. Salmos 84.1,2; Provérbios 8.34
4- Assim faziam os Israelitas uns colhiam mais, outros menos. A colheita variava de acordo, com o apetite de cada um. Temos liberdade para colher, segundo nosso apetite. Como estar o seu apetite espiritual? 
·      Sente vontade de se alimentar da palavra de Deus? De orar, ir aos cultos, cooperar nos trabalhos da igreja? Se não tiver, corra ao médico dos médicos, o Senhor Jesus Cristo. Algo que me chama a atenção é que, o maná não podia ser guardado para o dia seguinte, senão estragava. Êxodo 16: 20.
a) Assim é também na vida espiritual, temos que colher todos os dias. Não podemos guardar para o dia seguinte.
b) Um alimento velho tem pouco valor nutritivo, temos que colher sempre fresquinho, dia após dia. Nossa alma precisa de alimento novo, para manter se bem saudável.
·      O maná é uma figura do Senhor Jesus Cristo. Os seguintes pontos de alguma maneira expõem a tipologia:
·      No capítulo seis de João vemos o relato de Cristo alimentando a multidão com cinco pães e dois peixes. Este milagre atraiu o povo para o Salvador. Nosso Senhor ficou desgostoso pelo fato do interesse deles não ter sido de natureza espiritual. Eles queriam o pão físico e não o espiritual. Até mesmo o maná foi citado como uma forma de convencer a Cristo de duplicar o milagre (versículos 31-32). A atitude deles fez com que Cristo pregasse o Seu sermão a respeito do verdadeiro Pão do Céu (vs. 26-65).
·      O Senhor Jesus ensinou que Ele era o pão verdadeiro que dá a vida (vers. 33-35,51). Era um contraste com o maná dado a Israel (vers. 32, 49-50) o qual não podia dar a vida eterna. Nosso Senhor não estava negando que o objetivo do maná era ser um tipo ou uma figura dEle mesmo. De fato, Ele assume isto quando se refere a si mesmo como

"Pão da Vida". No entanto, o maná era apenas uma figura ou tipo.
1)   A Liberdade da Salvação. O maná foi concedido para aqueles que não o adquiriram e nem o mereciam. Como a salvação em Cristo também não pode ser vendida (Is 55:1, Ef 2:8-9).
2)   Buscando o Pão da Vida. O maná deveria ser colhido por todos. Isto era a primeira coisa a se fazer pela manhã. Da mesma maneira, cada pecador deve buscar pessoalmente a Cristo. Aqueles que esperam encontrá-lo devem buscá-lo desde cedo.
3)   Participando do Pão da Vida. O maná não tinha nenhum valor caso não fosse consumido. Da mesma forma, Cristo nos fala para comermos Sua carne e bebermos o Seu sangue. Isto é uma linguagem figurada, pois fala a respeito da apropriação de Cristo e de Sua salvação pela fé (compare João 6:53 –56 com versículo 35).
4)   O Pão de Cada Dia. O maná deveria ser colhido a cada dia. Nisto a necessidade de comunhão diária com Cristo é tipificada. Não devemos viver das bênçãos de ontem, mas devemos manter uma comunhão diária com o nosso Salvador. Esta fresca e intima comunhão é mencionada em Ap 2:17. A fonte da nossa vida e força é oculta do mundo.
5)   Igualdade em Cristo. Cada Israelita recebeu a mesma porção de maná. Da mesma forma cada santo recebe a plenitude de bênçãos através de Cristo (Ef 1:3). Alguns se achegam com uma fé fraca, outros com uma fé fortalecida, mas todos recebem o mesmo Salvador. Como cristãos, o nosso crescimento e recompensas dependem da nossa obediência, mas cada cristão é completo em Cristo no tocante a salvação (Cl 2:10).
6)   Uma Multidão Mista. O maná foi desprezado pela multidão mista (Nm 11:4-6). Cristo nunca satisfaz aqueles que não são salvos, mas professam serem filhos de Deus. Cuidado com aqueles que querem alimentação mundana na casa de Deus. Eles se aborrecem em participar dos cultos onde somente as coisas espirituais são enfatizadas (Atos 2:42). O verdadeiro maná é escondido deles (Apocalipse 2:17). O vulgo deve servir de aviso para nós (I Coríntios 10:1-6).

Pr. Nilton Jorge

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