sexta-feira, 26 de abril de 2019

A RECIPROCIDADE DO PERDÃO (Série "O Sermão da montanha")


TEXTO: Mt 6:12

DUAS COISAS APRENDEMOS COM A ORAÇÃO DO SENHOR. 

·      O que se nega a perdoar a outros, elimina a esperança de ser perdoado. Antes que acusemos a outros ou exijamos deles o que nos corresponde, faríamos bem em considerar primeiro o modo em que Deus nos tratou em circunstâncias similares e como quereríamos que outros nos tratassem se a situação se invertesse.          
·      O que determina a natureza de qualquer ação é o que a motiva. Por isso, ainda as ações que parecem ser boas, se são realizadas com o propósito de comprar-se a estima dos homens, não têm valor à vista do céu. É importante a atitude do coração que dá às palavras essa plenitude de significado que de outro modo não teriam. A pretensão de perdoar, motivada pelas circunstâncias ou por propósitos interiores, pode enganar àquele a quem é concedido o perdão, mas não engana ao que conhece o coração.

·      O QUE É PERDÃO?
Há várias palavras gregas empregadas no Novo Testamento, que destacam os diversos aspectos do seu significado. Vejamos algumas:
1.    Aphiemi – Significa deixar ir; perdoar é usado cento e quarenta e cinco vezes no Novo Testamento. Esta palavra denota o perdão de dívidas, cancelando-as completamente. Implica em libertação, deixar a pessoa livre.
2. Áphesis, substantivo grego usado por 17 vezes. Significa despedida.
3. Charizonai, ser gracioso com, uma palavra grega utilizada por vinte e duas vezes. É usado para o ato do perdão, tanto divino, quanto humano.
4. Apolúo, soltar, verbo grego que significa deixar ir, divorciar-se.
·      Perdoar significa: deixar livre, soltar, libertar, despedir, mandar embora, atribuir um favor incondicionalmente àqueles que nos feriram. É não levar em conta o mal causado; é não reter a mágoa ou ferida; é agir como se o incidente nunca houvesse acontecido. 

1.             O CONTRASTE ENTRE PERDÃO HUMANO E DIVINO Mt 6:12, 14 e 15.

W   O pecado não é uma palavra popular hoje em dia. Aos homens e as mulheres não lhes é agradável serem chamados de pecadores, e que lhes tratem como peca­dores que merecem o inferno.
W   O mal é que quase todo mundo tem uma idéia equivo­cada sobre o pecado. Estão de acordo em que um ladrão, um bêbado, um assassino, um adúltero, um blasfemo, são pecadores; porém eles não são culpados de nenhum destes pecados; vivem uma vida decente, normal, corriqueira, respeitável e nunca tem estado em perigo de que os levassem a juízo, ou à prisão. Portanto crêem que o pecado não tem nada a ver com eles.

W   O NT usa cinco palavras diferentes para o pecado.
1. A palavra mais freqüente é hamartíaEsta era em sua origem uma palavra relacionada com o tiro, e quer dizer não acertar o alvo. Portanto, pecado é falhar em ser o que nos havia sido possível e teríamos capacidade para chegar a ser.
2. A segunda palavra para pecado é: parábasisque quer dizer literalmente traspassar. O pecado passa do raio que separa o bem e o mal. o perigo de ultrapassar divisas.
3. A terceira palavra para pecado é: paraptômaque quer dizer deslizar-se para o outro lado. Os melhores de nós podem deslizar. Pecamos quando a situação nos surpreende com a guarda baixa.
4. A quarta palavra para pecado é: anomiaque quer dizer ilegalidade. Anomia é o pecado da pessoa que sabe o que deve fazer, e sem dúvida não faz ou faz o contrário; é o pecado da pessoa que conhece a lei, mas transgride.
5. A quinta palavra para pecado é: ofeilêmaque é a que se usa no centro da Oração do Senhor; e que quer dizer: dívida. Quer dizer faltar pagar o que se deve, deixar de fazer o que é devido. Não pode haver nenhuma pessoa que se atreva a pretender haver cumprido plenamente seu dever para com Deus e para com seus semelhantes: Não existe tal perfeição na humanidade.

W   Perdoa nossas dívidas como nós perdoamos a nossos devedores. O sentido literal é: Perdoa nossos pecados na mesma proporção em que nós perdoamos aos que têm pecado contra nós. Nos versos 14 e 15Jesus diz da maneira mais clara possível que se perdoamos aos outros, Deus nos perdoará; porém se nos negamos a perdoar aos outros, Deus se negará a nos perdoar. Está totalmente claro que, se fazemos este pedido com uma ferida aberta com uma desavença sem acerto em nossa vida, estamos pedindo a Deus que não nos perdoe.
·      Se dizemos: Jamais perdoarei Fulano pelo que me fez; e passamos a tomar este pedido em nossos lábios, estamos deliberadamente pedindo a Deus que não nos perdoe. Nosso perdão aos semelhantes e o perdão de Deus a nós não podem ser separados, estão vinculados.
·      Não é possível estar em condições de fazer esta Oração quando seu coração está dominado por um espírito de ressentimento. Se não está em paz com seus semelhantes, tampouco pode estar em paz com Deus.
  
2.             DEVEDORES AUDACIOSOS E GRAÇA BARATA.

Rm 4: 7 a 8 Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos, bem-aventurado homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.
·      Deus é um cancelador de dívidas para os que buscam o Seu perdão. Esse é um milagre da graça. Deus não nos dá o que merecemos. Ele nos dá o que precisamos.
·      É interessante notar, nesse ponto, que a versão de Lucas da Ora­ção do Senhor emprega a palavra pecado, Lucas 11:4, em vez de dí­vida, conforme encontramos em Mateus. Os pecados, obviamente, representam atos de comissão, enquanto as dívidas incluem os atos de omissão.
Em resumo, todos os nossos pecados podem ser levados ao pé da cruz.
·      A salvação é um tecido sem costura. Você não pode ser perdoado ou justificado, sem ao mesmo tempo ser santificado e transformado. Os cristãos perdoarão como Deus perdoa; perdoarão da mesma maneira.

·      Há certas coisas que nos ajudarão a aprender a perdoar.

1.    A primeira é a compreensão. Existem razões por que as pessoas fazem as coisas. Quando dedicamos tempo para descobrir as ra­zões delas, muitas vezes fica mais fácil perdoá-las.
2.    A segunda é o esquecimento. Precisamos aprender a esquecer. Muita gente continua nutrindo sentimentos de ira e ressentimento. Temos uma escolha. Podemos permanecer no negativo, ou podemos deixar que Ele nos encha de pensamentos novos e limpos.
3.    A terceira é o amor. Temos visto repetidas vezes em nosso estudo do Sermão do Monte que o amor ágape de Deus é essa boa vontade para com os outros, que quer apenas o melhor para eles, não importa como nos tratem.
4.    A quarta é a visão da cruz. Os verdadeiros perdoadores precisam de uma imagem diária da cruz. Precisamos reconhecer que Jesus morreu em nosso lugar.

Mt 6:15 Se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.
·      Não é que Deus somente conceda o perdão na base da permuta. O perdão que damos a outrem não é uma condição para que o perdão divino seja concedido a nós. Antes Ele condiciona nossa própria recepção do perdão de Deus.
·      Existem muitos princípios para cultivar relacionamentos através do Sermão no Monte.

·      Jesus destacou 4 princípios como uma moldura no relacionamento com aqueles que nos causam dor e problemas.
1. Primeiro, Ele nos adverte a para lidar com nossa raiva e rapidamente buscar reconciliação (Mt. 5:21-26). Ele foca que nossa adoração e relacionamento com Deus serão retidos até fazermos isso.
2. Segundo, Ele nos chama para abençoar aqueles que nos amaldiçoam (Mt. 5:44).
3. Terceiro, Ele nos exortou a perdoar as pessoas que não nos tratam bem (Mt. 6:12-14).
4. Quarto, Ele advertiu para não julgar as pessoas com o espírito errado, com informações erradas e da maneira errada, e focar primeiro em nossas falhas (Mt. 7:1-5).
·      Deus nos criou para amá-lO nas 4 esferas de nossa vida: afeições, personalidade, pensamentos e recursos, pois Ele nos ama dessa maneira. Nós expressamos nosso amor para Deus pela forma como nossos corações responde às pessoas que nos causam algum tipo de pressão.

3.             O QUE ACONTECE QUANDO UMA PESSOA NÃO PERDOA.

a.  Quem não perdoa é prisioneira do seu passado.
Perdem a capacidade de viver do presente. Daí porque se fere tanto, pois diante de cada atitude ele revela dificuldade em analisar a situação como de fato ela é no momento. Ele encara o presente com os olhos do passado.
b.  Quem não perdoa é prisioneiro das pessoas do passado.
Estar com sua mente constantemente cheia das lembranças daqueles que foram instrumentos de mágoas. (dorme, acorda, tomar café com a pessoa na mente).
c.  Quem não perdoa é prisioneiro da mágoa.
É comprovado cientificamente que uma grande parte (80%) das enfermidades físicas é de origem psicossomática.
d.   Quem não perdoa é atormentado por demônios (Mt 18:4)
Este texto mostra que o mau servo foi lançado na prisão e foi atormentado por verdugos, ou seja, por demônios pelo fato de não perdoar. 

·      Cinco verdades sobre o perdão

1. O perdão é uma ordem não uma sugestão. Mateus 6:14-15
Deus não quer falar conosco até que reconciliemos nossas diferenças com o outro Mt 5:24. Cl 3:12-13 “Revesti-vos pois, como eleitos de Deus, santos, e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro: assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também”

2. Não há limite para o perdão. Mateus 18:21-22
Jesus não disse para perdoar 490 vezes e parar, é ilimitado.
1 Co 13:5 – O amor não guarda rancor.
1 Pd 4:8
O amor cobre uma multidão de pecados.
Sl 103:12 “Quanto o oriente está longe do ocidente, tanto tem ele afastado de nós as nossas transgressões”.

3. A falta de perdão nos mantém em cativeiro. Mateus 18:23-35
·      Impede o perdão do Pai.
Fomos perdoados de uma dívida que nunca poderíamos pagar, qualquer dívida para nós é minúscula em comparação ao que recebemos.
·      Ele foi entregue aos torturadores. V.34 – A falta de perdão abre a porta para doenças físicas e mentais e fortalezas demoníacas.
·      Pode limitar ou até mesmo bloquear as bênçãos em nossa vida.
Provérbios 28:13 “Aquele que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”
·      A falta de perdão é um pecado que bloqueia a prosperidade.
·      Nos deixa amargos e os nossos corações endurecidos.
Hebreus 12:15 “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando vos perturbe, e por ela muitos se contaminem”

4. O perdão é um ato volitivo.
·      Não um sentimento, mas uma decisão.
·      É contínuo (passado, presente e futuro).
·      É do espírito – e não a carne, não a alma.
Você deve ser capaz de ver o seu agressor como um espírito vivo, não um inimigo, não como um desafio no caminho da vida, não como um obstáculo no seu caminho para o paraíso.
5. A conciliação é sempre a resposta.
·      Não podemos permitir quaisquer áreas de falta de perdão em nossa vida.
·      Devemos manter nossa consciência limpa e manter-nos em comunhão com os demais.

Conclusão:
Romanos 12:14-18
14 Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram;
16 Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;
17 A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
18 Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.

Pr. Nilton Jorge


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