sexta-feira, 12 de abril de 2019

A MOTIVAÇÃO DA RECOMPENSA NA VIDA CRISTÃ (Série "O Sermão da Montanha")


TEXTO: Mt. 6:1-4
INTRODUÇÃO:

·      Com Mateus. 6: 1 chegamos a outro dos grandes versos de transição do Sermão do Monte. Estudamos o capítulo 5 de Mateus. Esse capítulo nos apresen­tou três grandes elementos na formação de uma vida cristã. O primei­ro foram as Bem-aventuranças, que representam os traços de caráter que todo cristão deve ter. O segundo foi o testemunho cristão. Depois, o ensino extremamente valio­so dos versos 17 a 48, nos quais Jesus apresentou em detalhes a justiça cristã.
·      Em Mateus 6 Jesus continua, aparentemente, a falar sobre a justi­ça cristã. Mas, enquanto Mateus 5: 17 a 48 trata da justiça moral, a pri­meira metade do capítulo 6 apresenta o que se poderia chamar de jus­tiça religiosa.
·      Quando estudamos os versos iniciais de Mateus 6, nos deparamos imediatamente com uma questão da mais alta im­portância: Que lugar tem a motivação da recompensa na vida cristã? Três vezes neste texto, Jesus diz que Deus recompensa aos que Lhe tem prestado a classe de serviço que Ele deseja Mateus 6: 4, 6, 18. Esta questão é tão importante que faremos bem nos deter e examinar antes de iniciar nosso estudo.
·      Afirma muito claramente que a motivação da recompensa não tem absolutamente nenhum lugar na vida cristã. O conceito é que devemos ser bons por ser bons; que a virtude é sua própria recompensa, e que tem que desenterrar da vida cristã a idéia da recompensa. Houve um antigo santo que dizia que queria apagar todos os fogos do inferno com água, e abrasar todos os gozos do céu com fogo, para que as pessoas buscassem a bondade somente por amor a bondade mesma, para que a ideia de recompensa e castigo fosse eliminada totalmente da vida.
·      Foi isto que inspirou o grande soneto espanhol:
Não me move, meu Deus, para querer o Céu que me tens prometido,
Nem me move ao inferno, tão temido, para deixar por isto te ofender.
Tu me moves, Senhor, à Cruz escarnecida;
Move para ver Teu corpo ferido, Tu que enfrentas a morte.
Move-me no Teu amor, de tal maneira
Ainda que não houvesse Céu eu Te amaria,
E ainda que não houvesse inferno, Te temeria.
Não me tens que dar porque Te queira; porque, se o que espero não esperaria,
O mesmo que Te quero que seja o que Tu queres.
ð Esta é a expressão de uma grande nobreza espiritual. Jesus não Se omitiu de falar das recompensas de Deus, que fez por três vezes nesta passagem. Dar esmola, fazer oração e jejuar, Jesus nos assegura que não permanecerão sem sua recom­pensa correspondente.
ð Ter cuidado em ser mais espiritual é o que Jesus enfatiza no assunto das recom­pensas. Existem certos fatos inegáveis que não devemos esquecer, tendo-os em conta.

1. É uma regra indiscutível de vida que qualquer ação que não produz nenhum resultado é fútil e sem sentido. Uma bondade que não tem nenhum fruto carece de sentido. Como se tem dito muito bem: A menos que algo sirva para algo, não serve para nada. A menos que a vida cristã tenha um propósito e uma meta que vale a pena obter, se converte em um despropósito. O que crê no Evangelho e em suas promessas não pode crer que a bondade não tenha resultados além de si mesma.
2. O desenterrar todas as recompensas e castigos da vida espiritual seria dizer que a injustiça tem a última palavra. Não se pode pensar razoavelmente que o bem e o mal acabem da mesma maneira. Isto seria dizer que a Deus não se importa se somos bons ou não. Queria dizer, francamente, que não tem sentido ser bom, e não haveria razão para viver de uma maneira em vez de outra. Eliminar todas as recompensas e todos os castigos seria dizer que em Deus não há nem justiça nem amor.
As recompensas e os castigos são necessários para dar sentido à vida. Se não houvesse, luta e sofrimento! O bem seria levado ao vento.

1.             O CONCEITO CRISTÃO DA RECOMPENSA.

ð A idéia de recompensa na vida cristã, tem certas coisas que de­vemos ter claras.
1. Quando Jesus falava de recompensas, definitivamente não estava pensando em termos de recompensas materiais. É indubitavelmente certo que, no AT, as idéias de bondade e de prosperidade material estão intimamente relacionadas. Se uma pessoa prosperava, se seus campos eram férteis e suas colheitas abundantes, se tivessem muitos filhos e muita fortuna, isto se tomava como uma prova de que era uma boa pessoa.
Não era a prosperidade material que Jesus prometia a Seus seguidores. De fato lhes prometia provas e tribulações, sofrimento, perseguição e morte.
2.  Temos que recordar que a recom­pensa mais elevada nunca se dá ao que está buscando. O que sempre está calculando sua recompensa, pensa em Deus como um juiz, ou como um contador, e sobre tudo na vida em termos legais. Está pensando em fazer tanto e ganhar tanto. Pensa na vi­da em termos de dever e fazer. Quer apresentar a Deus uma conta, e dizer: Tudo isto eu faço. Estou reclamando minha recompensa.
ð O grande paradoxo da recompensa cristã é esta: A pessoa que anda buscando uma retribuição, e que calcula o que se lhe deve, não recebe; A pessoa cuja única motivação é o amor, e que nunca pensa haver merecido no que faz é o que recebe. 

ð Agora devemos passar a perguntar: Quais são as recom­pensas da vida cristã?

1. Comecemos sinalizando uma verdade básica e geral. Se temos visto que Jesus Cristo não pensa em termos de bênção material absoluta, o que recebemos na vida cris­tã são recompensas somente para uma pessoa que tenha mentalidade espiritual?
2. A primeira dádiva cristã é a própria satisfação. Fazer o que é devido, a obediência a Jesus Cristo, e seguir Seu caminho, qualquer que queira outras coisas poda apostar, sempre produz satisfação. Bem pode ser que, se uma pessoa faz o que é devido, e obedece a Jesus Cristo, perca sua fortuna e sua posição, acabe no cárcere ou num patíbulo, e não consegue mais que impopularidade, solidão e descrédito; mas todavia possuirá essa íntima satisfação, que vale mais que tudo. A isto não se pode colocar preço; não se pode avaliar em termos de riqueza terrena, mas não há nada como Ele em todo mundo. Esse contentamento é a coroa da vida.
3. A segunda recompensa da vida cristã é mais trabalho para fazer. Um paradoxo da idéia cristã da recompensa é que um trabalho bem feito não traz descanso, comodidade e facilidades; traz todavia maiores responsabilidades e esforços mais intensos. Na Parábola dos Talentos, a recompensa dos servos fiéis foi uma responsabilidade maior (Mt. 25: 14 a 30). Os judeus tinham um ditado curioso. Diziam que um mestre sábio trataria o aluno como um boi novo em que se aumenta a carga todos os dias. A recompensa cristã é o contrário do mundo. A do mundo seria possuir e acumular bens cada vez mais fáceis; o cristão consiste em que Deus coloca sobre os ombros mais coisas para fazer por Ele e por seus semelhantes. Quanto mais duro o trabalho que nos dá, mais devemos considerar que tem sido a recompensa.
4. A terceira e última recompensa cristã é o que se chama através das eras a visão de Deus. Para uma pessoa mundana, que não se dedica a Deus, nenhum pensamento passa por sua cabeça de enfrentar-se com Deus ser um terror e não um gozo. Segue seu próprio caminho, queixando-se cada vez mais de Deus, a distância entre ele e Deus é cada vez maior, até que Deus se converte em um estranho a Quem quer evitar. Se uma pessoa tem buscado toda sua vida caminhar com Deus, procurado obedecê-Lo, se a bondade tem sido a busca de todos seus dias, então tem estado próximo cada vez mais e mais de Deus para toda vida, até que passa a sentir Sua presença mais íntima, sem temor e com gozo radiante, e esta é a maior recompensa de todas.

2.             EXEGESE INTERPRETATIVA DO TEXTO.

A Esmola em segredo v. 1 Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não recebereis recompensa junto a vosso Pai que está nos céus.
ð GUARDAI-VOS - Depois de ocupar-se da verdadeira justiça Mateus 5, Jesus passa agora a ocupar-se da aplicação prática da justiça aos deveres do cidadão do reino dos céus. Os cristãos devem evitar fazer alarde de seus atos de culto e de caridade. Mediante três exemplos, atos caritativos versos 2 a 4, orações versos 5 a 8 e jejuns versos 16 a 18.
ð VOSSA JUSTIÇA - Literalmente: Fazer vossa justiça; Dar esmolas, isto é, praticar as boas obras que tornam o homem justo diante de Deus. Na opinião dos judeus, as principais obras eram a esmola (2 a 4), a oração, (5 a 6) e o jejum (16 a 18).
A palavra grega dikaiosún, aqui traduzida como justiça, significa piedade.
As três ilustrações que se dão representam as três formas mais comuns de justiça farisaica. Deve destacar-se que Jesus de nenhum modo se opôs aos atos religiosos; só se preocupava de que fossem impelidos por motivos puros e se realizassem sem ostentação.
ð DIANTE DOS HOMENS - Como em desfile ante eles com o propósito de chamar a atenção e admiração.
ð PARA SERDES VISTOS - Grego: theáomai, contemplar, olhar. A palavra teatro provem desta mesma raiz. As ações piedosas realizadas diante dos homens, para serem, vistos por eles tinham o propósito de ganhar a adulação deles. 
ð A VOSSO PAI - Literalmente: do lado de vosso Pai ou na presença de vosso Pai.

3.             O CORRETO POR UM MOTIVO ERRÔNEO.

Mt 6:1 Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não recebereis recompensa junto a vosso Pai que está nos céus.
ð Para os judeus, haviam três grandes obras prioritárias na vida religiosa, três grandes pilares sobre que se assentava uma vida boa: a esmola, a oração e o jejum.
ð O que parece estranho é que, estas três grandes boas obras prioritárias se prestem tão facilmente por motivos errôneos.
ð Pode ser que uma pessoa dê esmola, não realmente para ajudar ao próximo, mas simplesmente para demonstrar sua própria generosidade, e para reforçar um agradecimento de alguém e receber louvor de muitos.
ð Pode ser que uma pessoa tenha feito uma oração de tal maneira que sua oração não vá dirigida realmente a Deus, mas a seus semelhantes.
ð Pode ser que uma pessoa jejue, não realmente para o bem de sua alma, nem para humilhar-se diante de Deus, mas simplesmente para mostrar ao mundo como esplen­didamente disciplinada e sacrificada que ele é.
Segundo Jesus, não há dúvida de que esta classe de pessoas recebem certa classe de reconhecimento. Três vezes Jesus usa a frase: Mt 6:2 De certo vos digo que já receberam sua recompensa. A palavra no original é o verbo apejein, que era o termo técnico comercial e contábil para receber um pagamento total. Era a palavra que se usava para preencher os recibos. Por exemplo, um homem firma o recibo que dá a outro: Ele recebeu apejô o pagamento de qualquer bem.
ð O que Jesus está dizendo é o seguinte: Se der esmola para fazer gala da tua própria generosidade, receberás a admira­ção das pessoas, porém isto não será recebido nunca no céu. Isto será tua paga total. Se fazes oração de tal maneira que demonstre tua piedade a vista das pessoas, ganharás uma repu­tação de ser uma pessoa extremamente devota, porém isto nunca será reconhecido por Deus. Se jejuas de tal maneira que todas as pessoas se admiram de tua prática, te conhecerão como uma pessoa extremamente abstêmia e ascética, porém isto não será aceito nunca. Jesus está dizendo: Se tudo o que te propões é conseguir reconhecimento do mundo, não cabe dúvida de que conseguirás, porém não deves esperar as recompensas que só Deus pode dar. E seria uma lástima e miopia que se apegasse aos méritos do tempo, e deixasse escapar as bênção da eternidade.

·      Note que Jesus não ordena essas atividades. Ele simplesmente diz: Quando deres esmola..., Quando orares... Supõe-se que esses atos sejam praticados pelos cidadãos do reino dos Céus.
·      Está Jesus Se Contradizendo? Em Mateus 5: 16, Ele me diz para deixar minha luz brilhar, a fim de que os outros vejam minhas boas obras e glorifiquem ao Pai celestial. Agora, em Mateus 6: 1, Ele me diz para evitar praticar minha piedade diante dos outros, com a finalidade de ser visto por eles.
·      Como posso esconder minha luz e fazê-la resplandecer ao mesmo tempo? Embora, superficialmente, esses dois versos pareçam contraditórios entre si, são na verdade ensinos complementares. O tema abordado em Mateus 5: 16 é o testemunho público, ao passo que a oração, a esmola e o jejum são devoções pessoais.
·      Mais importante ainda: o objetivo de Mateus 5: 16 é a glória de Deus, enquanto as falsas práticas de piedade do capítulo 6 visam à glo­rificação de seus praticantes.
·      Segundo esse critério, elas merecem con­denação, visto que toda adoração e todo ato da vida cristã devem ter o propósito de honrar a Deus.
Os cristãos devem viver de tal maneira que as pessoas, ao olharem para eles, glorifiquem a Deus. Um cristão não pratica nenhum ato de adoração para ser visto ou admirado pelos outros.

4.             A QUESTÃO DAS RECOMPENSAS.

·      Muitas pessoas acham detestáveis a idéia de recompensas para a piedade pessoal. Contudo, a passagem que vai de Mateus 6: 1 a 18 de­clara repetidamente que os que são fiéis em secreto, serão recompen­sados. Uma razão por que as pessoas parecem ser contra a idéia de recom­pensa para a piedade pessoal, é que a princípio isto parece comunicar a idéia de salvação por mérito. Mas esse raciocínio deixa de levar em consideração o fato de que o Sermão do Monte é dirigido aos que já estão salvos.
·      Assim, seus atos de devoção não são atos meritórios para entrar no reino, mas reações de amor e adoração por já estarem dentro dele. A escolha mais importan­te que podemos fazer é decidir quem será o Senhor da nossa vida.
·      A Recompensa do Cristão 1Co 2:9.

5.             RAZÕES PARA DAR, CUMPRINDO MEU PAPEL DE CRISTÃO.

·      Vejamos agora algumas das razões que existe por trás do ato de dar.

1. Pode se dar por um sentimento de dever. Pode ser que dê, não porque quer dar, mas porque pensa que é um dever do qual não se pode fugir. Pode ser que uma pessoa chegue a considerar, talvez inconscientemente, que os pobres estão no mundo para permitir a ele cumprir com este dever e adquirir assim méritos aos olhos de Deus.
2. Pode ser que dê por razões de prestígio. Ou dê para receber glória de dar. O mais provável é que nada o supera, se não se der nenhuma publicidade, não daria nada.
Dá nesse sentido, não exclusivamente para ajudar uma pessoa necessitada, mas para gratificar sua própria vaidade e seu próprio sentido de poder.
3. Por um sentido de obrigação. Porque o amor e a amabilidade que flui de seu coração não lhe deixam fazer outra coisa. Por mais intencionado que seja, sente-se obrigado a ajudar ao necessitado.

a) Dando com Alegria. 2Co 9:6,7 Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.
·      É uma lei natural. Se você não planta sementes, não pode ter uma colheita. Se planta apenas algumas sementes, terá apenas uma pe­quena colheita. Se planta muito, pode esperar colher muito.
·      Paulo está nos dizendo que a mesma lei funciona também na esfe­ra espiritual. Os que são mesquinhos para com Deus e para com os ou­tros podem esperar poucas bênçãos em comparação a outros que são mais generosos. A generosidade é contagiosa, e influenciamos os que estão ao nosso redor, inclusive nossos filhos. Se perceberem que somos pães-duros, a tendência deles será crescer pães-duros e mesquinhos. Deus não quer apenas que demos secretamente, mas quer que contribuamos com alegria.

b) Dando com a verdadeira motivação. Mt 6:1 Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles.
·      Os princípios nutridos pelos fariseus, porém, são os que formam as características da humanidade em todos os séculos. O espírito de farisaísmo é o espírito da natureza humana; Mt 6:3,4 Quando tu deres esmola, disse Ele, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente
·      Com essas palavras Jesus não ensinou que os atos de bondade devem ser sempre conservados em segredo.
·      Por meio de suas boas obras devem os seguidores de Cristo trazer glória, não para si mesmos, mas para Aquele mediante cuja graça e poder eles operaram. É por meio do Espírito Santo que toda boa obra é efetuada, e o Espírito é dado para glorificar, não o recebedor, mas o Doador. Quando a luz de Cristo brilha na alma, os lábios se encherão de louvor e ação de graças a Deus. Vossas orações, o cumprimento de vossos deveres, vossa beneficência, vossa abnegação, não serão o tema de vossos pensamentos ou conversação. Jesus será engrandecido, o eu oculto, e Cristo aparecerá como tudo em todos. Is 58:7,8,11.

Contatos com Pr. Nilton Jorge
Telefone (55) 22 998746712


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