TEXTO: Mt.
6:1-4
INTRODUÇÃO:
·
Com Mateus. 6: 1 chegamos a outro dos grandes versos de
transição do Sermão do Monte. Estudamos o capítulo 5 de Mateus. Esse capítulo
nos apresentou três grandes elementos na formação de uma vida cristã. O primeiro foram as Bem-aventuranças,
que representam os traços de caráter que todo cristão deve ter. O segundo foi o testemunho cristão.
Depois, o ensino extremamente valioso
dos versos 17 a 48, nos quais Jesus apresentou em detalhes a justiça cristã.
·
Em Mateus
6 Jesus continua, aparentemente, a falar sobre a justiça cristã. Mas, enquanto
Mateus 5: 17 a 48 trata da justiça moral, a primeira metade do capítulo 6
apresenta o que se poderia chamar de justiça religiosa.
·
Quando estudamos
os versos iniciais de Mateus 6, nos deparamos
imediatamente com uma questão da mais alta importância: Que lugar tem a
motivação da recompensa na vida cristã? Três vezes neste texto, Jesus diz que
Deus recompensa aos que Lhe tem prestado a classe de serviço que Ele deseja Mateus
6: 4, 6, 18. Esta questão é tão importante que faremos bem nos deter e
examinar antes de iniciar nosso estudo.
·
Afirma muito claramente que a
motivação da recompensa não tem absolutamente nenhum lugar na vida cristã. O conceito é que devemos ser
bons por ser bons; que a virtude é sua própria recompensa, e que tem que
desenterrar da vida cristã a idéia da recompensa. Houve um antigo santo que
dizia que queria apagar todos os fogos do inferno com água, e abrasar todos os
gozos do céu com fogo, para que as pessoas buscassem a bondade somente por amor
a bondade mesma, para que a ideia de recompensa e castigo fosse eliminada
totalmente da vida.
·
Foi isto que inspirou o grande
soneto espanhol:
Não me
move, meu Deus, para querer o Céu que me tens prometido,
Nem me
move ao inferno, tão temido, para deixar por isto te ofender.
Tu me
moves, Senhor, à Cruz escarnecida;
Move para
ver Teu corpo ferido, Tu que enfrentas a morte.
Move-me
no Teu amor, de tal maneira
Ainda que
não houvesse Céu eu Te amaria,
E ainda
que não houvesse inferno, Te temeria.
Não me
tens que dar porque Te queira; porque, se o que espero não esperaria,
O mesmo
que Te quero que seja o que Tu queres.
ð Esta é a expressão de uma grande
nobreza espiritual. Jesus não Se omitiu de falar das recompensas de Deus, que
fez por três vezes nesta passagem. Dar esmola, fazer oração e jejuar, Jesus nos
assegura que não permanecerão sem sua recompensa correspondente.
ð Ter cuidado em ser mais espiritual é o que Jesus
enfatiza no assunto das recompensas. Existem certos fatos inegáveis que não devemos
esquecer, tendo-os em conta.
1. É uma
regra indiscutível de vida que qualquer ação que não produz nenhum resultado é
fútil e sem sentido. Uma bondade que não tem nenhum fruto carece de sentido.
Como se tem dito muito bem: A menos que
algo sirva para algo, não serve para nada. A menos que a vida cristã tenha
um propósito e uma meta que vale a pena obter, se converte em um despropósito.
O que crê no Evangelho e em suas promessas não pode crer que a bondade não
tenha resultados além de si mesma.
2. O
desenterrar todas as recompensas e castigos da vida espiritual seria dizer que
a injustiça tem a última palavra. Não se pode pensar razoavelmente que
o bem e o mal acabem da mesma maneira. Isto seria dizer que a Deus não se
importa se somos bons ou não. Queria dizer, francamente, que não tem sentido
ser bom, e não haveria razão para viver de uma maneira em vez de outra.
Eliminar todas as recompensas e todos os castigos seria dizer que em Deus não há
nem justiça nem amor.
As
recompensas e os castigos são necessários para dar sentido à vida. Se não
houvesse, luta e sofrimento! O bem seria levado ao vento.
1.
O CONCEITO CRISTÃO DA RECOMPENSA.
ð A idéia de recompensa na vida cristã, tem certas
coisas que devemos ter claras.
1. Quando Jesus falava de recompensas, definitivamente não estava
pensando em termos de recompensas materiais. É indubitavelmente certo
que, no AT, as idéias de bondade e de prosperidade material estão intimamente
relacionadas. Se uma pessoa prosperava, se seus campos eram férteis e suas
colheitas abundantes, se tivessem muitos filhos e muita fortuna, isto se tomava
como uma prova de que era uma boa pessoa.
Não era a
prosperidade material que Jesus prometia a Seus seguidores. De fato lhes
prometia provas e tribulações, sofrimento, perseguição e morte.
2. Temos que recordar que a recompensa
mais elevada nunca se dá ao que está buscando. O que sempre está
calculando sua recompensa, pensa em Deus como um juiz, ou como um contador, e
sobre tudo na vida em termos legais. Está pensando em fazer tanto e ganhar
tanto. Pensa na vida em termos de dever e fazer. Quer apresentar a Deus uma
conta, e dizer: Tudo isto eu faço. Estou
reclamando minha recompensa.
ð O grande paradoxo da recompensa cristã é esta: A pessoa que anda buscando uma
retribuição, e que calcula o que se lhe deve, não recebe; A pessoa cuja única
motivação é o amor, e que nunca pensa haver merecido no que faz é o que
recebe.
ð Agora devemos passar a perguntar: Quais são as
recompensas da vida cristã?
1. Comecemos
sinalizando uma verdade básica e geral. Se temos visto que Jesus Cristo
não pensa em termos de bênção material absoluta, o que recebemos na vida cristã
são recompensas somente para uma pessoa que tenha mentalidade espiritual?
2. A
primeira dádiva cristã é a própria satisfação. Fazer o que é devido, a
obediência a Jesus Cristo, e seguir Seu caminho, qualquer que queira outras
coisas poda apostar, sempre produz satisfação. Bem pode ser que, se uma pessoa
faz o que é devido, e obedece a Jesus Cristo, perca sua fortuna e sua posição,
acabe no cárcere ou num patíbulo, e não consegue mais que impopularidade,
solidão e descrédito; mas todavia possuirá essa íntima satisfação, que vale
mais que tudo. A isto não se pode colocar preço; não se pode avaliar em termos
de riqueza terrena, mas não há nada como Ele em todo mundo. Esse contentamento
é a coroa da vida.
3. A
segunda recompensa da vida cristã é mais trabalho para fazer. Um
paradoxo da idéia cristã da recompensa é que um trabalho bem feito não traz
descanso, comodidade e facilidades; traz todavia maiores responsabilidades e
esforços mais intensos. Na Parábola dos Talentos, a recompensa dos servos fiéis
foi uma responsabilidade maior (Mt. 25: 14 a 30). Os judeus tinham um ditado curioso.
Diziam que um mestre sábio trataria o
aluno como um boi novo em que se aumenta a carga todos os dias. A
recompensa cristã é o contrário do mundo. A do mundo seria possuir e acumular
bens cada vez mais fáceis; o cristão consiste em que Deus coloca sobre
os ombros mais coisas para fazer por Ele e por seus semelhantes. Quanto mais
duro o trabalho que nos dá, mais devemos considerar que tem sido a recompensa.
4. A
terceira e última recompensa cristã é o que se chama através das eras a visão de Deus. Para uma pessoa
mundana, que não se dedica a Deus, nenhum pensamento passa por sua cabeça de
enfrentar-se com Deus ser um terror e não um gozo. Segue seu próprio caminho,
queixando-se cada vez mais de Deus, a distância entre ele e Deus é cada vez
maior, até que Deus se converte em um estranho a Quem quer evitar. Se uma
pessoa tem buscado toda sua vida caminhar com Deus, procurado obedecê-Lo, se a
bondade tem sido a busca de todos seus dias, então tem estado próximo cada vez
mais e mais de Deus para toda vida, até que passa a sentir Sua presença mais
íntima, sem temor e com gozo radiante, e esta é a maior recompensa de todas.
2.
EXEGESE INTERPRETATIVA DO TEXTO.
A Esmola em segredo v. 1 Guardai-vos de praticar a
vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não
recebereis recompensa junto a vosso Pai que está nos céus.
ð GUARDAI-VOS - Depois
de ocupar-se da verdadeira justiça Mateus
5, Jesus passa agora a ocupar-se da aplicação prática da justiça
aos deveres do cidadão do reino dos céus. Os cristãos devem evitar
fazer alarde de seus atos de culto e de caridade. Mediante três exemplos, atos
caritativos versos 2 a 4,
orações versos 5 a 8 e jejuns versos 16 a 18.
ð VOSSA JUSTIÇA - Literalmente: Fazer vossa justiça; Dar esmolas,
isto é, praticar as boas obras que tornam o homem justo diante de Deus. Na
opinião dos judeus, as principais obras eram a esmola (2 a 4), a oração, (5 a
6) e o jejum (16 a 18).
As três ilustrações que se dão representam as três
formas mais comuns de justiça
farisaica. Deve destacar-se que Jesus de nenhum modo se opôs aos atos
religiosos; só se preocupava de que fossem impelidos por motivos puros e se
realizassem sem ostentação.
ð PARA SERDES VISTOS - Grego:
theáomai, contemplar, olhar. A palavra teatro provem desta mesma raiz. As ações piedosas realizadas diante
dos homens, para serem, vistos por eles
tinham o propósito de ganhar a adulação deles.
3.
O CORRETO POR UM MOTIVO ERRÔNEO.
Mt 6:1 Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes
vistos por eles. Do contrário, não recebereis recompensa junto a vosso Pai que
está nos céus.
ð Para os judeus, haviam três grandes obras
prioritárias na vida religiosa, três grandes pilares sobre que se assentava uma
vida boa: a
esmola, a oração e o jejum.
ð O que parece estranho é que,
estas três grandes boas obras prioritárias se prestem tão facilmente por
motivos errôneos.
ð Pode ser que uma pessoa dê
esmola, não realmente para ajudar ao próximo, mas simplesmente para demonstrar
sua própria generosidade, e para reforçar um agradecimento de alguém e receber
louvor de muitos.
ð Pode ser que uma pessoa tenha
feito uma oração de tal maneira que sua oração não vá dirigida realmente a
Deus, mas a seus semelhantes.
ð Pode ser que uma pessoa jejue,
não realmente para o bem de sua alma, nem para humilhar-se diante de Deus, mas
simplesmente para mostrar ao mundo como esplendidamente disciplinada e
sacrificada que ele é.
Segundo
Jesus, não há dúvida de que esta classe de pessoas recebem certa classe de
reconhecimento. Três vezes Jesus usa a frase: Mt 6:2 De certo vos digo que
já receberam sua recompensa. A palavra no original é o verbo apejein, que era o termo técnico
comercial e contábil para receber um pagamento total. Era a palavra que se
usava para preencher os recibos. Por exemplo, um homem firma o recibo que dá a
outro: Ele recebeu apejô o pagamento
de qualquer bem.
ð O que Jesus está dizendo é o seguinte: Se der esmola para fazer gala da
tua própria generosidade, receberás a admiração das pessoas, porém isto não
será recebido nunca no céu. Isto será tua paga total. Se fazes oração de tal
maneira que demonstre tua piedade a vista das pessoas, ganharás uma reputação
de ser uma pessoa extremamente devota, porém isto nunca será reconhecido por
Deus. Se jejuas de tal maneira que todas as pessoas se admiram de tua prática,
te conhecerão como uma pessoa extremamente abstêmia e ascética, porém isto não
será aceito nunca. Jesus está dizendo: Se tudo o que te propões é conseguir
reconhecimento do mundo, não cabe dúvida de que conseguirás, porém não deves
esperar as recompensas que só Deus pode dar. E seria uma lástima e miopia que
se apegasse aos méritos do tempo, e deixasse escapar as bênção da eternidade.
·
Note que Jesus não ordena essas
atividades. Ele
simplesmente diz: Quando deres esmola..., Quando orares... Supõe-se que esses
atos sejam praticados pelos cidadãos do reino dos Céus.
·
Está Jesus Se Contradizendo? Em Mateus 5: 16, Ele me diz
para deixar minha luz brilhar, a fim de que os outros vejam minhas boas obras e
glorifiquem ao Pai celestial. Agora, em Mateus 6: 1, Ele me diz para evitar
praticar minha piedade diante dos outros, com a finalidade de ser visto por
eles.
·
Como posso esconder minha luz e
fazê-la resplandecer ao mesmo tempo? Embora, superficialmente, esses dois versos
pareçam contraditórios entre si, são na verdade ensinos complementares. O tema abordado em Mateus 5: 16 é o testemunho público, ao passo que a oração, a
esmola e o jejum são devoções pessoais.
·
Mais importante ainda: o objetivo de Mateus
5: 16 é a glória de Deus, enquanto as falsas práticas de piedade do capítulo
6 visam à glorificação de seus praticantes.
·
Segundo
esse critério, elas merecem condenação, visto que toda adoração e todo ato da
vida cristã devem ter o propósito de honrar a Deus.
Os
cristãos devem viver de tal maneira que as pessoas, ao olharem para eles,
glorifiquem a Deus. Um cristão não pratica nenhum ato de adoração para ser
visto ou admirado pelos outros.
4.
A QUESTÃO DAS RECOMPENSAS.
·
Muitas pessoas acham detestáveis
a idéia de recompensas para a piedade pessoal. Contudo, a passagem que vai de Mateus
6: 1 a 18 declara repetidamente que os que são fiéis em secreto, serão
recompensados. Uma razão por que as pessoas parecem ser contra a idéia de
recompensa para a piedade pessoal, é que a princípio isto parece comunicar a idéia
de salvação por mérito. Mas esse raciocínio deixa de levar em consideração o
fato de que o Sermão do Monte é dirigido aos que já estão salvos.
·
Assim,
seus atos de devoção não são atos meritórios para entrar no reino, mas reações
de amor e adoração por já estarem dentro dele. A escolha mais importante que
podemos fazer é decidir quem será o Senhor da nossa vida.
·
A Recompensa do Cristão 1Co 2:9.
5.
RAZÕES PARA DAR, CUMPRINDO MEU
PAPEL DE CRISTÃO.
·
Vejamos agora algumas das razões
que existe por trás do ato de dar.
1. Pode se dar
por um sentimento de dever. Pode ser que dê, não porque quer dar, mas
porque pensa que é um dever do qual não se pode fugir. Pode ser que uma pessoa
chegue a considerar, talvez inconscientemente, que os pobres estão no mundo
para permitir a ele cumprir com este dever e adquirir assim méritos aos olhos
de Deus.
2. Pode ser que dê por razões de prestígio. Ou dê para receber glória de
dar. O mais provável é que nada o supera, se não se der nenhuma publicidade,
não daria nada.
Dá nesse
sentido, não exclusivamente para ajudar uma pessoa necessitada, mas para
gratificar sua própria vaidade e seu próprio sentido de poder.
3. Por um
sentido de obrigação. Porque o amor e a amabilidade que flui de seu coração
não lhe deixam fazer outra coisa. Por mais intencionado que seja, sente-se
obrigado a ajudar ao necessitado.
a) Dando com Alegria. 2Co 9:6,7 Aquele que semeia pouco, pouco também
ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um
contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por
necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.
·
É uma lei natural. Se você não planta sementes, não
pode ter uma colheita. Se planta apenas algumas sementes, terá apenas uma pequena
colheita. Se planta muito, pode esperar colher muito.
·
Paulo
está nos dizendo que a mesma lei funciona também na esfera espiritual. Os que
são mesquinhos para com Deus e para com os outros podem esperar poucas bênçãos
em comparação a outros que são mais generosos. A generosidade é contagiosa, e
influenciamos os que estão ao nosso redor, inclusive nossos filhos. Se
perceberem que somos pães-duros, a tendência deles será crescer pães-duros e
mesquinhos. Deus não quer apenas que demos secretamente, mas quer que contribuamos
com alegria.
b) Dando
com a verdadeira motivação. Mt 6:1 Guardai-vos de
exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles.
·
Os princípios
nutridos pelos fariseus, porém, são os que formam as características da humanidade
em todos os séculos. O espírito de farisaísmo é o espírito da natureza humana; Mt 6:3,4 Quando tu deres esmola, disse Ele,
não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola
seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente.
·
Com essas palavras
Jesus não ensinou que os atos de bondade devem ser sempre conservados em
segredo.
·
Por meio de suas
boas obras devem os seguidores de Cristo trazer glória, não para si mesmos, mas
para Aquele mediante cuja graça e poder eles operaram. É por meio do Espírito
Santo que toda boa obra é efetuada, e o Espírito é dado para glorificar, não o
recebedor, mas o Doador. Quando a luz de Cristo brilha na alma, os lábios se
encherão de louvor e ação de graças a Deus. Vossas orações, o cumprimento de
vossos deveres, vossa beneficência, vossa abnegação, não serão o tema
de vossos pensamentos ou conversação. Jesus será engrandecido, o eu
oculto, e Cristo aparecerá como tudo em todos. Is 58:7,8,11.
Contatos com Pr. Nilton Jorge
Telefone (55) 22 998746712
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