terça-feira, 26 de março de 2019

DOMÍNIO PRÓPRIO, O FREIO DO ESPÍRITO SANTO


TEXTO: Provérbios 25:28 Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.
INTRODUÇÃO:
·      O termo fruto usado nas páginas do Novo Testamento é a tradução do original  karpos, que tanto pode significar “o fruto”, quanto “dar fruto”, “frutificar” ou ser “frutífero” (Mt 12:33; 13:23; At 14:17). A palavra é usada em sentido figurado para indicar a produção e o resultado de algo, de acordo com a natureza própria da planta ou da pessoa. Segundo Gn 1:11, a árvore produz fruto segundo a sua espécie. O termo “espécie”, no original mim, designa “especificação” ou “ordem”, por esta razão a árvore boa não gera fruto mau, e a má, fruto bom (Mt 7:16-20). Portanto, é de se esperar que da natureza regenerada do crente, pelo Espírito Santo que nele habita, origine-se fruto que dignifique e espelhe o caráter moral de Cristo.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES.

ð O Espírito Santo capacita o discípulo a produzir fruto. É impossível produzir fruto santo sem a graça e cooperação do Santo Espírito.
ð O fruto é santo porque procede da natureza santa do Espírito de Deus. O fruto do Espírito refere-se à virtude tanto espiritual quanto moral cultivada pelo Espírito Santo no caráter e personalidade do crente, que se manifesta na vida particular e nos relacionamentos.
ð É o próprio caráter santo de Cristo na vida do discípulo. O fruto é produzido pela ação do Espírito Santo, por meio da comunhão com Cristo, a Videira verdadeira, e pela intimidade com a Palavra de Deus.
·      Distinção entre os dons e o fruto do Espírito. Não obstante os dons e o fruto procederem do mesmo Espírito, ambos são diferentes entre si.
a)   Os dons são concedidos pelo Espírito, enquanto o fruto é gerado no discípulo. Os dons acompanham o batismo com o Espírito Santo, enquanto o fruto começa com a obra do Espírito Santo na regeneração (At 19:6).
b)   Os dons são dotações de poder para o serviço, o fruto é uma expressão do caráter de Cristo na vida do cristão.
c)    Os dons manifestam-se imediatamente perfeitos, enquanto o fruto requer tempo para crescer e desenvolver-se;
d)   Os dons revelam concessão de poder e graça especial, enquanto o fruto se relaciona com o caráter do portador.
O cristão deve conservar em perfeita sintonia os dons e o fruto do Espírito. Ele deve manter-se sempre cheio do Espírito, tanto do poder quanto do fruto. Crente cheio de poder, mas sem fruto (se for possível) é como uma linda arquitetura sem fundamento.
·      Entre as virtudes cristãs elencadas pelo apóstolo Paulo, está a do domínio próprio. Quando relaciona as qualidades de um cristão, Paulo inclui o domínio próprio (Tt 1:8), junto com hospitalidade, benignidade, sobriedade, justiça e piedade. O apóstolo Pedro segue na mesma trilha, colocando como uma das virtudes a ser buscada pelo cristão, ao lado do conhecimento, da perseverança e da piedade (2Pe 1:6).

O sentido do domínio próprio.
·      O apóstolo dava muita importância ao termo (egkrateia), uma vez que o usa várias vezes. Em 1Coríntios 9:25, trata-se da virtude de um atleta em disciplinar seu corpo em busca da vitória; em 1Coríntios 7:9, trata-se da capacidade do cristão em controlar sua sexualidade.
·      A expressão “domínio próprio” aparece sob diferentes palavras nas versões bíblicas, tendo então como sinônimos principais autocontrole e temperança.
·      Podemos entender melhor o que é domínio próprio pensando no seu oposto.
è Quem tem domínio próprio se auto-domina. Quem não tem é dominado por algo ou por alguém. Domínio próprio, portanto, é a capacidade efetiva que o cristão deve ter de controlar seu corpo e sua mente.
·      Quando fez o homem, Deus deu-lhe o privilégio de dominar sobre todas as coisas: Gn 1:26. O salmo 8:6 o salmista relembra esta competência humana, ao dizer que Deus deu ao homem domínio sobre todas as obras das suas mãos e dos seus pés. Esta competência, no entanto, nem sempre se realiza quando se trata do homem dominar a si mesmo. Embora possa estar em nós desejar fazer o bem, nem sempre o fazemos Rm 7:18-19. Por isso, parecemos, por vezes, em cidades derrubadas, pois que cidade “que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio” (Pv 25:28).
·      Esta percepção não é um convite à passividade, mas um desafio a nos conhecermos mais e a nos esforçarmos mais para viver segundo o padrão de Deus, por difícil que seja.

Alguns sinais da falta de Domínio Próprio são:

a) OrgulhoSl 19:13 Quando a pessoa não tem autodomínio, o primeiro sinal é ser orgulhosa e não reconhecer o seus erros. Com isso, a pessoa prossegue fazendo coisas erradas sem reconhecer.
b) ImpaciênciaPv 16:32 Quem não sabe esperar também não se domina e logo comete erros inconsequentes.
c) DescontrolePv 25:28 A pessoa sem domínio fica descontrolada e não tem mais condições de saber sobre suas próprias ações.
d) IgnorânciaSl 32:9 O pior nível de uma pessoa sem domínio é quando se torna ignorante ao ponto de ignorar as pessoas e as consequências de suas ações.
·      Uma pessoa que está tomada de orgulho, impaciência, passando a não ter controle sobre suas ações e se torna ignorante, não tem o domínio de si.

Desenvolvendo o auto-controle (domínio próprio)

è Dominando nossos sentimentos. Somos movidos pelos nossos sentimentos. Se, por exemplo, amamos a Deus, ao próximo ou a nós mesmos, somos levados a querer bem, adorando a Deus, respeitando o outro e gostando de nós mesmos. Se, de outro lado, em nós o ódio é forte, seja a Deus pela figura do pai que representa, seja ao próximo, por ser a fonte de nosso sofrimento (o inferno são os outros, já dizia Sartre), seja a nós mesmos, pela incapacidade de ser o que gostaríamos de ser, somos levados ao vale do vazio.
·      Ter domínio próprio é fazer com que os sentimentos bons sejam fortalecidos e canalizados para que possam ser aperfeiçoados.
·      Desde Platão, existe uma modalidade de amor silencioso. Há homens que amam mulheres que jamais retribuirão o seu amor pelo simples fato de não saberem que são amadas. Há, pois, um amor erótico platônico. Há também um amor fraternal platônico, que é aquele que nunca passa ao campo da ação. Há ainda um amor espiritual platônico. Há gente que só Deus, que sonda os corações, sabe que é amado por ela, porque dos lábios desse tipo de adorador não sai um cântico, não sai uma palavra de gratidão ou de exaltação a Deus. Quando temos domínio sobre o sentimento do amor, fazemos com que ele se torne operativo.
·      Se o Espírito Santo habita em nosso coração, ele não pode conviver com o ódio. Contudo, sabemos que, embora não o desejando, nós odiamos. Por isto, a recomendação bíblica é que, mesmo nos irando, não devemos pecar e nem permitir que o sol se ponha sobre a nossa raiva. Antes, consultemos nosso travesseiro e sosseguemos (Salmo 4:4). Em outras palavras, o ódio não pode ser um sentimento permanente em nós, para que não nos destrua. O ódio é, portanto, um sentimento a ser controlado ou ele nos dominará e nos levará a fazer o que não queremos.
·      A ambição é um sentimento que também deve ser controlado. Não devemos ser acomodados; antes, devemos querer o máximo para nós. A ambição destrói quando não vê métodos e se baseia na comparação com o que os outros são ou alcançaram. Controle a sua ambição e ela não controlará você.
·      A vaidade é um sentimento que também deve ser controlado. Não devemos achar que nada valemos e que os outros são melhores ou fazem as coisas melhores que nós. A vaidade mata quando nos leva a nos achar onipotentes e oniscientes, acima da média humana. Controle a sua vaidade e ela não o controlará.
·      As nossas vontades precisam ser dominadas por Deus. Para isso é necessário ter conhecimento de si mesmo e das fraquezas para saber se dominar Gn 4:7. As vontades da carente precisam ser controladas (I Cor 7:9), pois a vontade é algo que “dá e passa”.
è  Dominando a línguaTg 3:2-8 Um grande desafio é controlar a própria língua. Isso só é possível entregando totalmente a Deus (Sl 141:3). Não adianta ter religiosidade e não saber controlar a língua (Tg 1:26).
è Dominando os pensamentosFp 4:8 Devemos nos armar com o capacete da salvação (Ef 6:17) e levar “cativo todo pensamento à obediência de cristo” 2 Co 10:5. Precisamos pensar somente o que é bom para nossas vidas e ocupar nossa cabeça com coisas que edificam. Como diz o ditado popular: ‘mente vazia é oficina do diabo’.
è Dominando nossas ações1 Co 9:25 Rm 6:14. Os nossos atos devem ser colocados a serviço e obediência de Deus. Portanto, as nossas ações devem ser inspiradas no exemplo de Cristo 1 Pd 2:21.

CONCLUSÃO:
·      Aprenda a tomar atitudes diferentes das que toma hoje. Faça com que seus sentimentos e desejos não redundem sempre nos mesmos atos. Você nasceu assim, mas não precisa morrer assim. Abra-se para o diferente. Faça o que nunca fez antes.
·      Valorize a disciplina. Ponha objetivos na vida e se empenhe para alcançá-los. O autocontrole é o resultado da disciplina e do esforço próprio.
·      Deixe-se conduzir pelo Espírito de Deus. Como fruto do Espírito, o domínio próprio tem seu gênesis no relacionamento do Cristão com o Espírito Santo. Deixe-se dirigir pelo Espírito. O domínio próprio só é possível por meio de Sua ação em nós.
·      Sl 119:133 “Firma os meus passos na tua Palavra, e não me domine iniquidade alguma”.

Contato com Pr. Nilton Jorge
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