segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ANTES DO ALTAR

Jeremias 2:1-2 
 
Quando uma congregação senta para ouvir um pregador no púlpito não imagina o que já aconteceu antes daquele momento. Basta recordar a história do profeta Jeremias para saber que muitas coisas acontecem antes do púlpito. O púlpito é a parte romântica do ministério pastoral.
·      O que vem antes do púlpito são os espinhos desse ministério. Jeremias fez tudo o que pode para não ter um púlpito. Ele disse: “Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança” (1.6). Mas Deus lhe disse em resposta: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta entre as nações” (v. 5). “Não temas diante deles; porque eu sou contigo...” (v. 8). “Eis que ponho na tua boca as minhas palavras” (v. 9).   
·      O pregador que usa o seu púlpito com responsabilidade sabe que existem fatos que lhe dão autoridade na pregação.
·      Vou citar alguns desses fatos, para que os pregadores que têm um púlpito façam uma autocrítica do seu ministério.

1.    O primeiro fato é que antes do púlpito há um chamado. Não é o púlpito que faz o pregador.  É o pregador que dignifica o púlpito. O pregador não acontece por acaso. Deus chama o pregador para ser sua boca; e Deus fala por intermédio dele. Deus chama quem Ele quer e como Ele quer para ser o seu pregador. O profeta Amós disse: “Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros. Mas o SENHOR me tirou de após o gado e me disse: Vai e profetiza ao meu povo Israel” (Amós 7.14,15). Deus não está à procura de grandes oradores. Os grandes oradores não têm púlpito. 
·      Eles querem mesmo é uma tribuna. Deus precisa de homens de púlpito e não de homens de tribuna.   
·      O púlpito é algo que está relacionado diretamente com a Palavra de Deus (Neemias 8.4,5). Infelizmente, por total ignorância da história da pregação e da teologia do púlpito, as Igrejas estão trocando o seu púlpito pelo palco onde tudo pode acontecer.
·      Acontece desde a pregação da Palavra até exibições de música, teatro, coreografia e balcão de venda de CDs e DVDs. Somente entende o púlpito quem recebeu o chamado para o ministério da pregação.

2.    O segundo fato é que antes do púlpito há um preparo. A Igreja não pode ceder o seu púlpito para qualquer pregador. Ela precisa saber quem é o homem que irá ministrar a Palavra no seu púlpito. Paulo diz: “quem deseja o “episcopado”, o homem que usará o púlpito não pode ser neófito. Isto é, não pode ser pessoa imatura.   
·      O preparo antes do púlpito envolve conhecimento das doutrinas cristãs, conhecimento das necessidades humanas, conhecimento da história da Igreja e conhecimento das técnicas da pregação.
·      Não basta para o pregador um curso de bacharel em teologia, de mestrado, de doutorado. Esse preparo antes do púlpito vai muito além. Trata-se de um conhecimento de Deus, o Deus da vida pessoal do pregador. Por isso Paulo teve a ousadia de fazer este desafio: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1).

3.    O terceiro fato é que antes do púlpito há uma luta. Pregador que usa o púlpito antes de ter enfrentado uma luta espiritual não pode ser considerado pregador. Ele pode ser um excelente orador; conhecedor de todas as regras da oratória, mas não é pregador. O pregador tem KERIGMA (mensagem) e não discurso.   
·      Satanás não gasta o seu tempo com discurso. Ele é capaz de convocar as suas hostes demoníacas para impedir o KERIGMA que está para ser pronunciado no púlpito. Essa luta de Satanás com o pregador acontece antes do púlpito. Identificamos essa batalha quando o pregador responsável vê aproximar-se o dia de sua pregação e o KERIGMA parece não chegar ao seu coração. Um bom exemplo dessa luta antes do púlpito é a história de Moisés no monte Horebe. Deus fala a Moisés: “Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito”. Então disse Moisés: “Quem sou eu para ir a Faraó...?” (Êxodo 5.10,11). “Eis que quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes dirás?” “Disse Deus a Moisés: Eu Sou o que Sou. Eu sou me enviou a vós outros” (Êxodo 3.13,14).   
·      Essa luta de Moisés para aceitar a sua Missão de libertador, corresponde à luta do pregador com Satanás antes do púlpito.

4.    O quarto fato é que antes do púlpito há uma paixão. O púlpito é o lugar dos apaixonados pelas almas perdidas. Paulo declarou enfaticamente: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co 9.16). Antes do púlpito o pregador é como um garimpeiro que busca pedras preciosas nas páginas das Sagradas Escrituras para enriquecer as pobres almas que andam, sem destino, pelos caminhos da vida.   
·      A pregação do púlpito é o desabrochar de um coração cheio de amor pelas multidões aflitas e exaustas, como ovelha que não tem pastor. Púlpito não é lugar de políticos. Eles têm os seus palanques eleitorais. Também não é lugar de “astros”. Eles têm o seu palco e seu “fã clube” para aplaudi-los.   
·      Púlpito é para pessoas que amam a Deus de todo o coração, de toda a alma, de toda a força e de todo o seu entendimento; amam o seu próximo como a si mesmo. Paixão exige renúncia, sacrifício e ação; e púlpito sem paixão é púlpito sem vida. Wesley dizia: “A minha paróquia é o mundo”. Knox clamava: “Senhor, dá-me a Escócia ou eu morro”. Moisés pediu: “Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste”. Então disse o Senhor a Moisés: “Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim” (Êxodo 32.32,33).   
·      O púlpito foi a paixão de Henry Martins, missionário na Índia, que clamava: “que eu me consuma por Deus e pelas almas”.  

·      É hora de restaurar o púlpito nos cultos de nossas Igrejas. No reinado de Acabe os altares do Senhor foram destruídos e nos seus lugares foram construídos os altares de Baal e os postes ídolos.   
·      A palavra de Deus estava totalmente esquecida em Israel, até que surgiu o profeta Elias e“restaurou o altar do Senhor, que estava em ruínas” (1Reis 18.30). Então Deus se manifestou nesse altar reconstruído, “o que, vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus” (1Reis 18.39).   
·      Assim como Elias restaurou o altar do Senhor; precisamos ter coragem e restaurar o púlpito de Deus em nossas Igrejas. Eliseu, acompanhando os passos de Elias até o seu arrebatamento, tomou o manto que Elias lhe deixara cair, feriu as águas do Jordão e disse: “Onde está o Deus de Elias?”.   

·      Sabendo que os púlpitos do Senhor estão em ruínas, podemos mudar a tônica da pergunta de Eliseu e clamar: Onde estão os Elias de Deus que se disponha a enfrentar os Acabes e os profetas de Baal, restaurando o nosso púlpito, tão banalizado pela mídia do evangelicalismo?

Pr. Nilton Jorge
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