TEXTO:Rm
1:17
INTRODUÇÃO:
· Na Idade Média,
quem mandava na Igreja era o Papa. Ele tinha plenos poderes para instituir e
derrubar reis e reinos. A igreja da idade média estava
profundamente corrompida e afastada dos primórdios do cristianismo. Uma igreja
que nasceu no primeiro século da era cristã sob dura perseguição, sem
influência política ou riquezas, na idade media era rica, extremamente influente
e perseguindo seus adversários.
· Foi criado o clero
no quarto século, formado por padres, bispos, arcebispos, cardeais e o papa, a
expressão clero significa, aqueles que fazem a intermediação entre os homens e
Deus, esta era uma liderança muito mais política que espiritual, e
mantinha uma distância enorme do povo. O clero não tinha nada a ver com os
apóstolos que viviam em comunhão com o povo. O clero em suas
reuniões mudaram a forma doutrinária apostólica acrescentado ao fundamento
apostólico alguns erros distorcendo e distanciando o povo e a igreja da Palavra
de Deus:
ð Em 380 d.C. foi
estabelecido como doutrina a oração pelos mortos.
ð Em 535 d.C. foi
estabelecida a instituição das procissões.
ð Em 538 d.C. foi
estabelecida a celebração da missa de costa para o povo.
ð Em 757 d.C. foi
estabelecida a adoração de imagens.
ð Em 884 d.C.
começou a canonização de santos.
ð Em 885 d.C. foi estabelecida
a adoração da Virgem Maria.
ð Em 1022 d.C. foi
legalizada a penitência por dinheiro.
ð Em 1215 d.C. foi
estabelecido a adoção da confissão auricular (confessar ao padre)
ð 1470 d.C.
inventaram o rosário.
·
Como se reservar moralmente e espiritualmente em
meio a tanta corrupção? A igreja estava vivendo um período
pior que o das perseguições, o problema estava nos púlpitos e no seio da
igreja. Na chamada e intitulada Igreja Católica Romana, havia corrupção de
todas as formas. Havia muita violência, baixa expectativa de vida, vida sexual
ativa dos padres e bispos fora de um casamento se prostituindo com freiras e
mulheres da comunidade, profundos contrastes socioeconômicos e um crescente
sentimento nacionalista, enriquecimento ilícito entre muitas coisas. Existia
também muita insatisfação, tanto dos governantes como do povo, em relação à
igreja, principalmente ao alto clero e a Roma. Na área espiritual,
havia insegurança e ansiedade acerca da salvação em virtude de uma
religiosidade baseada em méritos, também chamada de religiosidade contábil ou
“matemática da salvação”, na qual os pecados equivaliam aos débitos e as boas
obras aos créditos.
·
Nesse meio de corrupção destacava as reservas morais
e muitos deles lutaram pela reforma. Portanto são chamados de pré-reformadores
que se dispuseram a enfrentar as irregularidades e monstruosidades provindas do
trono papal.
Neste período da Igreja, vivido pelos pré-reformadores, surgiram homens que
exerceram grande influência sobre os reformadores.
ð
Entre estes citemos o nome de Pedro Bruys, natural do sul
da França, era considerado um homem de espírito indomável. Suas pregações eram
provocantes e revoltava o clero, por essa razão viveu fugindo para escapar das
perseguições. Com a adesão de muitos à sua luta, surgiu o movimento que se
chamou de “Petrobrussiano”.
ð
Outro pré-reformador foi o frade dominicano Jerônimo
Savonarola,
de Florença na Itália, ele se levantou contra a imoralidade tanto na sociedade
como na Igreja, pra silenciar Savonarola, a igreja romana o condenou como
herege e o enforcou.
ð
Semelhantemente ao caso de Savonarola, destaca o
movimento dissidente liderado por Pedro Valdes, de Lião, que ficou conhecido
como “Os Valdenses”.
ð
Dois nomes se
destacam como tendo sido de grande influência nos reformadores do século 16:
a)
John Wycliffe um sacerdote na
Inglaterra, professor na Universidade de Oxford. John Wycliffe
se levantou contra pontos centrais dos dogmas adotados pela Igreja Medieval.
Ele protestou contra as irregularidades do clero, rejeitou os ensinos acerca da
transubstanciação na Ceia do Senhor, do purgatório, do celibato e até das
indulgências, também pregou contra as superstições e sincretismos que inundavam
a Igreja da época, como a fé em relíquias sagradas, peregrinações com
propósitos místicos e veneração de santos. John Wycliffe foi muito perseguido
por conta de suas ideias, mas acabou morrendo devido a uma enfermidade. Alguns
anos depois de sua morte, John Wycliffe foi condenado como herege pela Igreja
no Concílio de Constança. Seus restos mortais foram exumados e queimados, para
que lhe fosse aplicada a sentença mesmo depois de morto. Os seguidores de John
Wycliffe ficaram conhecidos como “Os Lolardos”, e valorizavam a Bíblia
como regra de fé e prática.
b)
John Huss era um sacerdote na Boêmia, professor da
Universidade de Praga, e foi muito influenciado pela obra de John Wycliffe. John Huss
defendia que o cabeça da Igreja é Cristo, e não o Papa, e pregava que essa
Igreja deveria ser mais e mais semelhante à Cristo. Além disso, John Huss
entendia que as Escrituras possuem autoridade suprema, acima de tudo e todos. Ele acabou
sendo condenado como herege pelo Concílio da Igreja e sentenciado à fogueira,
onde morreu cantando salmos.
Os
seguidores do John Huss ficaram conhecidos na História de Igreja como Irmãos
Boêmios, que se tornaram precursores de outro importante grupo protestante
conhecido como Irmãos Morávios.
·
No cárcere, sentenciado pelo papa para ser queimado
vivo, João Huss disse: Podem
matar o ganso (em alemão, sua língua natal, huss é ganso), mas daqui a cem
anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar.
Em 1483 na pequena cidade de Eisleben,
na Turíngia Alemanha, em um lar muito religioso nasceu um garoto cujo nome era
Martinho Lutero. Seu pai trabalhava nas minas de cobre e a família
tinha uma vida confortável. Inicialmente, o jovem pretendeu seguir a carreira
jurídica, mas em 1505 defrontou-se com a morte durante uma tempestade e
resolveu abraçar a vida religiosa. Ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt,
onde se dedicou a uma intensa busca da salvação. No verão de 1511, a
negócios de sua Ordem, fez uma visita a Roma, visita que tem sido muito mal
entendida. Rezou em muitas igrejas e lugares sagrados de santos e de mártires.
Viu muitas relíquias e ouviu muitas histórias dos seus poderes milagreiros.
Para livrar seu pai do purgatório subiu de joelhos a Scala Sancta, a escala que
se diz ter sido trazida da casa de Pilatos, repetindo em cada degrau, o Pai
Nosso. Ao chegar ao topo surgiu-lhe uma pergunta: “Quem sabe se tudo isto é
verdade?” Mas isso logo passou, apesar de escandalizado com muita coisa que vira
em Roma. Não obstante, sua fé na igreja não sofreu arrefecimento.Voltou ao
mosteiro e ao seu ensino. Em 1512, tornou-se doutor em teologia em Wittenberg.
Depois ele próprio confessou, que a esse tempo era ainda ignorante do
Evangelho.
·
Em
1512, tornou-se professor da Universidade de Wittenberg, onde passou a
ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia, como Salmos, Romanos, Gálatas e
Hebreus. Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”:
ela não era simplesmente uma expressão da
severidade de Deus, mas do seu amor e graça que justifica o pecador mediante a
fé em Jesus Cristo (Rm 1:17).
·
Entre
as principais acusações de Lutero estava à doutrina da doutrina do purgatório
(estágio intermediário entre inferno e céu para pagar pecados), venda de
indulgências (venda de perdão de pecados) e a simonia (venda de cargos e
objetos sagrados).
·
No dia 31 de outubro de 1517, cento e dois anos após
a morte de João Huss, o monge agostiniano Martinho Lutero, seguindo o mesmo
ideal de Huss, de lealdade às Escrituras, afixa à porta da igreja do castelo de
Witenberg, as suas 95 teses contra algumas doutrinas da igreja. Este
é o principal marco da Reforma, portanto o dia em que a celebramos.
·
A
Reforma Protestante não foi um desvio da igreja ou um simples movimento
separatista, na verdade os primeiros reformadores nunca quiseram uma divisão,
pelo contrário eles queria realmente reformar a igreja, corrigindo os erros com
base no ensino da Bíblia. O surgimento das igrejas protestantes e
consequentemente avanço do protestantismo no mundo foi um desdobramento de tudo
isto, mas não foi idealizado pelos primeiros reformadores. Entre os que
auxiliaram a reforma de modo geral estão:
ð
Ulrico Zuinglio na Suiça por meio dele
veio os Anabatista.
ð
João Calvino na
França,
em
1536 foi persuadido por Farel a ajudar na reforma em Genebra, foi forçado a
sair de Genebra e estabeleceu-se em Estranburgo, onde se casou. Em 1541
retornou a Genebra e comandou a reforma ali, refugiados protestantes de todas
as partes da Europa iam a Genebra e levavam consigo idéias de Calvino.
ð
João Knox da
Escócia.
Foi influenciado por Tomás Guilherme e Jorge Wishart;
Passou um ano e meio como escravo galé; Em 1549 foi para a Inglaterra e começou
a pregar contra o catolicismo; Em 1553 foi para Genebra, influenciado por
Calvino; Em 1558 publicou o Primeiro toque de clarim, assim que Elisabeth subiu
ao trono; Em 1559 retornou à Escócia e conduziu a Reforma ali.
·
O movimento teve 5 pilares (mas não apenas), que são
fundamentais para qualquer igreja evangélica atual. Independente
da ênfase teológica e denominacional os pilares da reforma fundamentais. Estes
pontos são tão importantes, que ouso dizer, que se uma igreja discorda de
qualquer um destes pilares ela não é mais uma igreja evangélica. Apesar
de os conceitos expressos nos 5 Solas serem evidentes na teologia da Reforma
Protestante, tais conceitos foram sintetizados tempos depois quando teólogos
reformados analisaram de forma sistemática as diretrizes da Reforma. São elas:
a)
A centralidade
das Escrituras
(Sola Scriptura);
b)
A justificação
pela fé
(Sola Gratia, Solus Christus, Sola Fide, Soli Deo Gloria);
c)
E o sacerdócio
de todos os crentes.
·
Quando a igreja medieval se perdeu, a redescoberta
dessas doutrinas fundamentais durante a Reforma ajudou a igreja a recuperar o
equilíbrio.
1.
A Primeira Sola: Sola Scriptura. Em primeiro
lugar, precisamos entender que a doutrina da Reforma da Sola Scriptura surgiu como
uma resposta ao erro percebido no ensino da igreja. A disputa com Roma não era
sobre a inspiração ou inerrância das Escrituras. Roma afirmou ambas as
doutrinas. O problema, em vez disso,
era devido ao fato de que, ao longo de muitos séculos, Roma havia gradualmente
adotado uma visão da relação entre a igreja, a Escritura e a tradição que
efetivamente colocava a autoridade final em algum lugar diferente de Deus.
A tradição foi concebida como uma segunda fonte de revelação, e o papa e o
magistério romano foram vistos como a autoridade final em questões de fé e
prática. A doutrina da Reforma do sola Scriptura, afirma que a Escritura deve
ser entendida como a única fonte de revelação divina, a única norma inspirada,
infalível, final e autorizada de fé e prática. Em outras palavras, o
que a Escritura diz, Deus diz. A Escritura é metafisicamente única. A Escritura
deve ser interpretada na e pela igreja, e deve ser interpretada dentro do
contexto hermenêutico da regra de fé. O Sola Scriptura não significa afirmar que o
cristão deve consultar, pesquisar e analisar única e exclusivamente as
Escrituras na busca pelas respostas que necessita, mas ao analisar outras
fontes, independentes de quais sejam, o veredito final sobre tais respostas
sempre deve ser das Escrituras. São as Escrituras que devem “bater o
martelo” sobre se tais respostas encontradas devem ou não serem aceitas pelo
verdadeiro cristão.
2.
A segunda Sola:
Sola Fide. Muitas
vezes referida como “a causa material” da Reforma, a doutrina da justificação
Sola Fide (somente pela fé) foi um ponto chave do debate entre os reformadores
protestantes e a Igreja Católica Romana no século XVI, e permaneceu um ponto de
desacordo desde então. Martinho Lutero e
seus seguidores expressaram a importância da doutrina da justificação pela fé
somente ao ensinar que é “o artigo pelo qual a igreja permanece ou cai”. A justificação é um ato da graça gratuita de
Deus aos pecadores, no qual ele perdoa todos os seus pecados, aceita e
considera suas pessoas justas aos seus olhos; não por qualquer coisa realizada
neles ou por eles, mas apenas para a perfeita obediência e plena satisfação de
Cristo, por Deus imputada a eles e recebida pela fé somente.
3.
A terceira Sola: Sola Gratia. No início do
século V, ocorreu uma controvérsia teológica que moldaria para sempre o
pensamento da igreja. Em suas Confissões , Agostinho de Hipona escreveu na
forma de uma oração as palavras: “Dê o
que tu comandas e comanda o que tu queres”. O monge britânico Pelágio ficou
chateado com essas palavras, acreditando que elas dariam aos cristãos uma
desculpa para não obedecer a Deus. Pelágio acreditava que se Deus ordenasse
algo, então o homem era naturalmente (sem a graça) capaz de fazê-lo. Ele
acreditava que isso era possível porque ele também acreditava que o pecado de
Adão afetou apenas Adão. Todos os seres humanos nascem no mesmo estado em que
Adão nasceu, capaz de obedecer a Deus ou desobedecê-lo. Se eles obedecem, suas
boas obras merecem a salvação. Caso contrário, eles merecem o castigo de Deus. Agostinho,
por outro lado, ensinou que o pecado de Adão impactou dramaticamente todos os
seus descendentes. Desde a queda, todos os seres humanos nascem neste
estado decaído com sua vontade em escravidão ao pecado. Por causa da queda,
nascemos espiritualmente mortos, incapazes de escolher ou desejar o bem. Não
somos salvos puxando-nos para cima. O pecador caído não é um homem que está se
afogando e precisa apenas fazer sua parte estendendo a mão para agarrar o
salva-vidas lançado por Deus. Não, o pecador está em uma condição muito
mais séria. Ele não pode pegar um colete salva-vidas porque não está apenas se
afogando. Ele é um cadáver frio, morto e sem vida no fundo do mar. Se ele
quiser ser salvo, não será capaz de cooperar com Deus. Sua salvação será um ato
de pura graça, e somente graça, da parte de Deus (Ef 2: 8).
4.
A quarta Sola: Solus Christus. Os reformadores
não rejeitaram a doutrina da Igreja Católica Romana sobre a pessoa de Cristo. O
trinitarismo niceno e a cristologia calcedoniana não eram o problema, e os
teólogos das igrejas reformadas prontamente usaram os argumentos bíblicos e
teológicos de teólogos patrísticos e medievais para defender o trinitarismo e a
cristologia tradicionais. O problema, então, não era a pessoa de
Cristo. O problema era a obra de Cristo. O debate centrou-se no
sistema sacramental que Roma havia construído, um sistema no qual a graça de
Cristo era mediada para o povo por meio de um elaborado sistema de sacerdotes e
obras sacramentais. Por meio desse sistema sacramental, a igreja romana
controlava efetivamente a vida do cristão desde o nascimento (batismo) até a
morte (extrema unção) e até mesmo depois (missas pelos mortos). Martinho Lutero
e outros reformadores perceberam que esse elaborado sistema de obras obscurecia
a pessoa e a obra de Cristo, pois era tão claramente ensinado nas Escrituras.
Lutero argumentou que o papado, por meio desse sistema sacramental, usurpou as
prerrogativas de Cristo, tornando-se dispensador da graça de Deus. Somente
Cristo, e não a igreja, é nosso único Mediador. Como Huldrych
Zwingli proclamou: “Cristo é o único meio
de salvação para todos os que foram, são ou existirão”. Os
reformadores e seus herdeiros tinham a intenção de proclamar Jesus Cristo e Ele
crucificado. Eles reconheceram que, porque Cristo é o único meio de
salvação para o homem, Ele é o centro da mensagem da Bíblia. Seus livros eram
centrados em Cristo. Seus sermões eram centrados em Cristo. Sua adoração era
centrada em Cristo. Tudo isso contrastava fortemente com a religião centrada no
homem do catolicismo romano da Idade Média tardia.
5.
A quinta Sola: Soli Deo Gloria. Soli Deo gloria
não é precisamente paralelo aos outros quatro solas porque, em certo sentido, é
o início e o fim dos outros quatro. O Espírito Santo inspirou as Escrituras
apenas para a glória de Deus. Cristo se humilhou até a morte e foi ressuscitado
e exaltado à destra do Pai, somente para a glória de Deus. Graça e misericórdia
são oferecidas aos pecadores rebeldes somente para a glória de Deus. A
justificação é pela fé somente para a glória de Deus. Soli Deo gloria, portanto, é
central.
·
É importante entender que quando falamos sobre a glória
de Deus, estamos falando antes de mais nada sobre um atributo de Deus. Ele também
manifesta Sua glória nas obras de criação e redenção, mais significativamente
na pessoa e obra de Jesus Cristo, o Senhor da glória. Deus também se glorifica
na igreja e por meio dela. Adoração não existe para nosso entretenimento. A
adoração existe apenas para a glória de Deus.
TRANSIÇÃO: As mensagens
proclamadas pela Reforma continuam sendo pertinentes aos nossos dias. Quais
foram os legados da reforma para a igreja?
1)
A REFORMA RESGATOU O CONCEITO DE PECADO - Rm 3:10-23.
·
A venda das indulgências mostra como o conceito do
pecado estava distorcido na ocasião da Reforma do Século XVI. A Igreja
Medieval e, principalmente, as ações de Tetzel, fugiram totalmente da visão
bíblica de que pecado é uma transgressão da Lei de Deus, qualquer falta de
conformidade com Seus padrões de justiça e santidade. A essência do pecado foi
banalizada ao ponto de se acreditar que o seu resgate podia se efetivar pelo dinheiro.
É fácil ver as implicações que a falta de um conceito bíblico de pecado traz
para outras doutrinas chaves da fé cristã. Por
exemplo: se o resgate é em função da soma de dinheiro paga, como fica a
expiação de Cristo, qual a necessidade dela? Ao se insurgir contra as
indulgências, Lutero estava, na realidade, reapresentando a mensagem da Palavra
de Deus sobre o homem, seu estado, suas responsabilidades perante o Deus Santo
e Criador e sua necessidade de redenção.
·
Hoje, estes
conceitos estão cada vez mais ausentes da doutrina da Igreja contemporânea. Estamos nos
acostumando a ouvir que todas as ações são legítimas; que pecado é um conceito
relativo e ultrapassado, que o que importa é a felicidade pessoal e não a
observância de princípios. Nos
meios liberais da forma de crer, há uma preocupação muito maior com a
necessidade de encontrar justificativas, explicações e racionalizações do que
com a convicção e o arrependimento. Arrependimento e uma volta
para Deus é o clamor do céu pra essa geração.
2)
A REFORMA PREGOU A DOUTRINA DA
JUSTIFICAÇÃO SOMENTE PELA FÉ - Gl 3:10-14.
·
A Igreja Católica havia distorcido o conceito da
salvação,
pregando abertamente que a justificação se processava por intermédio das boas
obras de cada fiel. Lendo a Palavra, Lutero verificou o quão distanciada essa
pregação estava das verdades bíblicas, a salvação é uma graça concedida mediante
a fé e as boas obras não fornecem a base para ela, mas apenas a
evidenciam e são subprodutos dela. A salvação procede da infinita
misericórdia de Deus para com o homem pecador. É Deus quem arranca
o homem da lama e perdição do pecado. Enfim, a obra completa da salvação é realizada
por Deus.
·
Hoje, estamos novamente perdendo essa compreensão, a mensagem da
Reforma é necessária. A justificação pela fé continua sendo esquecida e
procura-se a justificação pelas obras. Muitas vezes prega-se e procura-se a
justificação perante Deus através do envolvimento em ações de cunho social.
A justificação pela fé está sendo considerado um ponto secundário, mesmo no
campo evangélico. Assim, muitos têm partido para trabalhos de ampla cooperação
com Deus para a salvação, entenda nada do que você faça fará você obter a salvação.
3)
A REFORMA RESGATOU O CONCEITO DA
AUTORIDADE VITAL DA PALAVRA DE DEUS - 2 Pe 1:16-21.
·
Na ocasião da Reforma, a tradição da Igreja já havia
se incorporado aos padrões determinantes de comportamento e da doutrina e, na
realidade, já havia abandonado as prescrições das Escrituras. A Bíblia era
conservada distante e afastada da compreensão dos devotos, era considerada um
livro só para os entendidos, um livro obscuro e até perigoso para as massas.
·
Os Reformadores redescobriram e levantaram bem alto
o único padrão de fé e prática: a Palavra de Deus e, por este padrão,
aferiram tanto as autoridades como as práticas religiosas em vigor.
ð
Hoje o mundo está sem padrão. Mas não é somente
o mundo, a própria Igreja Evangélica está voltando a enterrar o seu padrão em
meio a um entulho místico pseudo-espiritual, a mensagem da Reforma continua
necessária. As pessoas não querem pensar, as pessoas querem sentir. Não
buscamos o que é certo, mas o que da certo.
ð
Sabemos
que nas pessoas sem Deus imperam o subjetivismo e o existencialismo. A única
regra de prática existente parece ser: Comamos
e bebamos porque amanhã morreremos.
ð
No meio eclesiástico liberal, já nos acostumamos a
identificar o ataque constante à veracidade das Escrituras. Já há mais de
dois séculos os liberais têm contestado sistematicamente a Palavra de Deus,
como se a fé cristã verdadeira fosse capaz de subsistir sem o seu alicerce
principal.
ð
No campo evangélico neopentecostal a suficiência da
Palavra de Deus é desconsiderada e substituída pelas supostas "novas
revelações", que passam a ser determinantes das doutrinas e práticas do
povo de Deus.
·
A
Confissão de Fé de Westminster, em seu Capítulo 1º, apresenta a mensagem
inequívoca da Reforma do Século XVI, cada vez mais válida aos nossos dias. Ali
a Bíblia é descrita como sendo a "… única regra infalível de fé e de
prática".
4)
A REFORMA REDESCOBRIU NA PALAVRA A
DOUTRINA DO SACERDÓCIO INDIVIDUAL DO CRENTE – Hb 10:19-21.
·
O
sacerdócio individual do crente foi uma outra doutrina resgatada. Ela
apresenta a pessoa de Cristo como único mediador entre Deus e os homens,
concedendo a cada salvo "acesso direto ao trono" por intermédio do
sacrifício de Cristo na cruz e pela operação do Espírito Santo no "homem
interior". O ensinamento bíblico, transmitido pela Reforma,
eliminava os vários intermediários que haviam surgido ao longo dos séculos,
entre o Deus que salva e o pecador redimido. Na ocasião, esse era um
ensinamento totalmente estranho à Igreja de Roma, que sempre se apresentou como
tendo a palavra final de autoridade e interpretação das Escrituras.
·
O
ensinamento do sacerdócio individual do crente foi o grande responsável pelo
estudo aprofundado das Escrituras e pela disseminação da fé reformada. Levados
a proceder como os bereanos.
·
A mensagem da Reforma continua sendo necessária hoje. A igreja
contemporânea está multiplicando-se em quantidade de adeptos, mas é uma
multiplicação estranha que segue acompanhada de uma preguiça mental quanto ao
estudo. Parece que fomos todos tomados de anorexia espiritual, onde nos
contentamos com muito pouco, nos achamos mestres sem estudar, nos concentramos
na periferia e não no cerne das doutrinas e ficamos felizes com o recebimento
só do "leite" e não da "carne".
·
A
mensagem da Reforma é necessária para que não venhamos a testemunhar a
consolidação de toda uma geração de "analfabetos cristãos".
Em vez de procurar "tudo enlatado" e de deixar que apenas formas de
entretenimento povoem nossa mente e coração, devemos nos lembrar constantemente
da importância de "guardar a palavra no coração".
·
Precisamos nos aperceber de que a objetividade da
Palavra de Deus é verdade proposicional objetiva. Mas esta
objetividade tem que ser acompanhada do nosso estudo e da nossa capacidade de
compreensão, sob a iluminação do Espírito Santo de Deus, e da aplicação
coerente dos ensinamentos desta Palavra em nossa vida.
CONCLUSÃO:
·
Devemos reconhecer a Reforma como um movimento
operado por homens falíveis, mas poderosamente utilizados pelo Espírito Santo
de Deus para resgatar Suas verdades e preservar a Sua Igreja.
Não devemos
endeusar os Reformadores nem a Reforma, mas não podemos deixá-la esquecida e
nem deixar de proclamar a sua mensagem, que reflete o ensinamento da Palavra de
Deus para os dias de hoje. A natureza humana continua a mesma, submersa em
pecado. Os problemas e situações tendem a se repetir, até no seio da Igreja.
O
Deus da Reforma fala ao mundo hoje, com a mesma mensagem eterna.
Devemos, em oração e temor, ter a coragem de pregá-la e proclamá-la à nossa
Igreja.
Pr. Nilton Jorge
Linhares - AD Comunhão