quinta-feira, 16 de maio de 2024

ANDRÉ, O DISCÍPULO MULTIPLICADOR

TEXTO: Jo 1:35-42

INTRODUÇÃO:

Uma igreja segundo o modelo de Atos a igreja primitiva, ela é Bíblica (ela tem doutrina), ela é acolhedora (discipuladora), presente na cidade (contemporânea), e fervorosa no Espírito (ela ora e jejua).

·      Normalmente quando se interpreta Mt 28:19, a ênfase é colocada sempre no “ide”. O mesmo acontece com a passagem correlata em Marcos, onde geralmente é destacado o “ide por todo o mundo” (Marcos 16:15).

·      Poucas pessoas conhecem um detalhe interessante nessa passagem, me refiro ao modo com que o texto é construído no texto grego. Na gramática grega o verbo “ide” não está no imperativo. Na verdade o “ide” está no particípio, qualificando o imperativo da frase. Isto significa que no grego a ordem dada por Jesus Cristo é o “fazei discípulos” e não o “ide”. Nessa sentença o “ide” apenas determina a maneira pela qual a ordem de se fazer discípulos é cumprida. O problema não está no entendimento do significado do “ide” ou na forma com que ele é aplicado. O problema está na falta de compreensão acerca do que realmente é a ordem “fazei discípulos”.

ð O texto apresenta três coisas que envolve o discipulado.

a)   A missão contém quatro elementos universais, cada um deles marcado pela palavra “todo” e seus derivados: “toda a autoridade”, “todas as nações”, “todas as coisas que vos tenho ordenado” e “todos os dias”.

b)   O cerne da missão é o discipulado. O imperativo bíblico é: “fazei discípulos”. Discipular pessoas para Jesus é uma ordem intransferível que a igreja tem de cumprir.

c)    Discipular é uma tarefa que envolve toda a igreja. Todo cristão é um discípulo que faz novos discípulos. O processo do discipulado envolve pessoas influenciando outras espiritualmente. Discipular não é apenas transmitir informações bíblicas, mas promover formação espiritual.

ð É isto que o apóstolo Paulo, tinha em mente quando registrou o texto de 2Tm 2:2: E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. Ou seja, é como se fosse uma rede: eu ouvi o evangelho, agora vou transmiti-lo a outros e assim por diante. Mas é importante ressaltar que a instrução envolve o ensino teórico, acompanhado do exemplo de vida.

 

·      Para uma igreja tornar-se saudável precisa investir tempo, estratégias e recursos no discipulado. Não podemos ser a igreja em que a porta do fundo está aberta, a chamada igreja rodoviária aonde todos chegam e vão embora. Isso por causa da negligência da maioria dos pastores em selecionar, treinar, discipular, mentorear, pastorear sua liderança. Isso nos deixa vulneráveis, enfraquecidos, expostos a uma grande tragédia, porque são os líderes que ajudam o pastor no pastoreio do rebanho, são eles os responsáveis para auxiliar no cuidado, direção, capacitação dos santos, para que os mesmos estejam saudáveis e perfeitamente habilitados no desempenho dos seus dons e diversos ministérios. Portanto, a prioridade do ministério pastoral, em minha perspectiva, está em discipular com qualidade seus líderes. Isso deve ser a espinha dorsal da igreja.

·      Um pastor que discípula líderes terá geradores de novos discípulos, com isso a igreja ganha uma nova especialização enriquecedora para a sua vocação ordinária. Advogado, médico, dentista, policial, porteiro, garis, manicure, músico, secretárias do lar, serão pescadores de homens.

·      A sua profissão se tornará o seu púlpito, a sua ferramenta evangelística, o seu campo missionário, a sua colheita. A sua casa a extensão da igreja.

ð Por estas e outras razões estou convencido que para uma igreja tornar-se saudável precisa investir tempo, estratégias e recursos no discipulado e pastoreio dos seus líderes e não nos grandes eventos

·      A missão de multiplicar discípulos é de cada discípulo. Para multiplicar, antes é preciso ser. Não posso reproduzir aquilo que não sou e nem faço. Assim como ovelhas geram ovelhas que são cuidadas pelo pastor, discípulos multiplicam discípulos que são treinados para avançar.

ð A reprodução faz parte da vida, multiplicar é transformar o mais em muito mais.

·      Jesus multiplicou pães e peixes, e mais que isto, Ele multiplicou discípulos. No começo eram 12, a estes se juntaram 70, depois 120, 500, 3 mil e muitos mais.

·      Discípulos que se multiplicam formam uma igreja saudável, não queremos uma igreja cheia de membros, mas cheia de discípulos, pois estes oram, se relacionam e cumprem a missão com novos discípulos, pois o discípulo não soma, ele multiplica.


OBS. Aqui cabe uma pequena exortação, No que tange ao crescimento da igreja precisamos evitar dois extremos.

a)   O primeiro deles é a numerolatria, ou seja, a idolatração dos números. O crescimento numérico da igreja a qualquer custo não vale a pena. Não podemos adotar as técnicas do pragmatismo para buscar o crescimento da igreja. Não podemos mudar a mensagem para atrair as pessoas. Jesus não quer fã, ele quer discípulo.

b)   O segundo extremo é a numerofobia, ou seja, o medo dos números. Aqueles que defendem a tese de que a igreja será sempre pequena para manter a qualidade equivocam-se. Não existe qualidade estéril. Quando a igreja tem uma vida saudável, ela cresce naturalmente, pois é um organismo vivo. É o corpo de Cristo.         


·      A ideia do texto não é uma simples adição como pode parecer. Não é 1+1= 2 - 2+1=3 - 3+1=4, onde só um se reproduz. O conceito é 1+1+2 - 2+2+4 - 4+4=8 – 8+8=16. Dessa forma todos se reproduzem. Esse é o conceito de multiplicação de discípulos que devemos seguir.

TRANSIÇÃO: Quais as verdades que aprendemos com André o discípulo multiplicador?

1.             O DISCÍPULO MULTIPLICADOR CARREGA MARCAS.

·      André não era um grande líder como Pedro foi. Não estava sempre em destaque no grupo dos três como Tiago e João. Não há muitos relatos sobre ele, só uma vez em Atos 1:13. Mas ele era especial, é ainda hoje lembrado como aquele que conduzia pessoas à Jesus.

·      Operação André”. Em 1955, a equipe de Billy Graham começou a usar a operação André para encorajar os cristãos a trazerem pessoas para Cristo. A porcentagem dos que atenderam aos apelos mais do que dobrou como resultado desse programa. Uma mulher apontou certa senhora que estava sendo aconselhada após o sermão de Billy Graham, e disse ao líder da equipe de conselheiros: Veja aquela mulher com lágrimas nos olhos, ela é a caixa do supermercado onde faço compras duas vezes por semana. Venho orando por ela por meses, e após iniciar uma amizade com ela, passei em sua casa e a trouxe comigo para a cruzada. E aquela outra lá é a minha cabeleireira. Frequentei o seu salão três vezes essa semana, apenas para trazê-la comigo ao programa.

·      André nos ensina algumas virtudes de discípulo multiplicador:

a)   Ouviu sobre o Messias (v.36,37). João foi quem apresentou Jesus a André como o Messias, o qual deveria ser seguido. André não descobriu isso sozinho. Todo André precisa de um João Batista que aponte para o Salvador e não para si próprio.

b)   Seguiu a Jesus (v.38). Era comum os alunos andarem atrás do mestre. André seguiu fisicamente a Jesus, e essa decisão adquire níveis mais profundos de significado do decorrer da caminhada com o Mestre.

c)    Ficou com Ele (v.39). André se reporta a Jesus chamando-o de Rabi que significa “meu mestre”, isso denota a disposição dele de ser tornar de fato um discípulo e permanecer junto com Jesus.

d)   Aprendeu seus ensinos (v.42). Isso aponta para a mudança de caráter, e se evidencia fortemente em Pedro, com a mudança do nome dele (Simão, aquele que ouve para Cefas, Essa atribuição de um novo nome a Simão estava diretamente relacionada à grande obra que Deus haveria de realizar em sua vida. Ao dizer que Simão seria chamado Cefas, Jesus agiu em seu ofício profético, ou seja, olhando para o futuro o Senhor Jesus Cristo viu a grande transformação que ocorreria em Simão. Essa transformação seria tão profunda que o impulsivo Simão se tornaria uma rocha sólida, e ficaria conhecido por toda a história como Cefas; especialmente pela forma grega desse nome, Petros, isto é, “Pedro”.

e)    Compartilhou com Pedro (v.41). Além de levar o próprio irmão Pedro, também levou o menino com os pães e peixes (Jo 6:8-9) e depois levou os gregos (Jo 12:20-22).

·      O Titanic foi o maior navio dos seus dias, pesando 46 mil toneladas era considerado insubmersível. Mas na noite de 14 de abril, 1912, enquanto navegava no oceano, a uma velocidade de 22 nós, bateu num iceberg. Porque estava equipado com poucos salva-vidas, quando afundou 1513 pessoas se afogaram. Um passageiro, John Harper, estava de viagem para pregar na Igreja de Moody, em Chicago. Tentando manter-se flutuando no oceano, ele nadou em direção a um jovem que segurava um pedaço de madeira. Harper perguntou, “jovem, você está salvo?”. O rapaz disse, “não”. Uma onda os separou. Após alguns minutos, estavam próximos novamente, e Harper perguntou, “você já está em paz com Deus?”. O jovem respondeu, “ainda não”. Uma onda cobriu John Harper e ele não mais foi visto, mas as palavras, “você está salvo?” ficaram ressoando nos ouvidos do jovem. Duas semanas mais tarde, o jovem dava testemunho numa convenção de jovens cristãos em Nova York. Ele narrou sua história e disse: “Eu sou o último converso de John Harper”.

2.             O DISCÍPULO MULTIPLICADOR TEM UMA VIDA QUE O REVELA.

·      Seguindo o exemplo de André, o discípulo cresce espiritualmente, pois ele se dispõe a ouvir, seguir e ficar com Jesus. Ele também passa a buscar o poder do Espírito Santo sobre sua vida, o que o levará a testemunhar e fazer discípulos At 1:13.

·      O seu crescimento se evidencia na sua comunhão diária com Deus pela oração, pelo estudo pessoal e sistemático da Bíblia, pelo seu envolvimento com as atividades materiais e espirituais da sua Igreja e por seu compromisso em cumprir a Grande Comissão de Cristo.

·      O discípulo maduro e consciente passa a orar por pessoas não crentes, se dedica em fortalecer amizades com a intenção de oportunizar seu testemunho pessoal, pois esta é a melhor forma de levar pessoas a Jesus e integrá-las na Igreja.

·      Este discípulo ama a Cristo com amor ágape (amor incondicional e sacrificial), ama e se importa com as pessoas por quem Ele morreu na cruz, este amor é recompensado com poder para testemunhar para que corações sejam comovidos por suas palavras e orações.

·      Olhando para André eu lhe pergunto, qual o combustível que te move?

3.             O DISCÍPULO MULTIPLICADOR MULTIPLICA PESSOAS.

·      Quando o discípulo tem a consciência que ele deve ser um multiplicador, ele vai agir para que pessoas sejam tocadas pelo Espírito Santo, sejam atraídas a Cristo, para que preconceitos sejam derrubados e assim a salvação possa chegar a todos os corações.

·      Aquelas pessoas que nos cercam encontrarão respostas para suas necessidades e vazios, elas estarão receptivas ao evangelho, sedentas por conhecer o amor de Deus em suas vidas, isso vai proporcionar que portas nos sejam abertas e possamos levar a graça de Jesus a elas.

·      Portas serão abertas para convidar as pessoas a participar dos cultos e programações da Igreja, elas vão aceitar fazer estudo Bíblico pessoal, participar dos Pequenos Grupos, e assim nossos amigos farão sua decisão por Cristo.

·      Pela fé podemos contemplar os novos discípulos integrados na Igreja e sendo relevantes, fazendo novos discípulos, se envolvendo nas atividades missionárias e de compaixão e graça, sendo fortalecidos na Palavra e nas doutrinas bíblicas.

CONCLUSÃO:

O discípulo multiplicador comunica o Evangelho investindo em relacionamento discipulador com o objetivo de chamar, agregar e aperfeiçoar discípulos multiplicadores.

ð Nossa semeadura deve ser abundante. Temos que buscar evangelizar pessoas desconhecidas, mesmo que seja algo difícil para nós.

ð As pessoas com quem já travamos relacionamentos (parentes e amigos) devem sempre ser alvo de nossa evangelização discipuladora.

ð Devemos motivar que todos os membros da igreja se tornem discípulos multiplicadores de outros discípulos. 

ð Uma igreja de membros consumidores costuma ter uma porta dos fundos muito larga. Na mesma proporção com que entram novas pessoas, saem muitas, algumas delas desiludidas com a fé e rancorosas com a instituição igreja. Crentes consumidores só querem receber e os poucos que trabalham muitas vezes o fazem por motivações erradas, querendo atenção para si. O que vemos em alguns casos é uma falta absurda de crentes que sejam de fato obreiros do Senhor, verdadeiros discípulos com o desejo de multiplicar vida. O grande desafio para a igreja de nossos dias está em ir além de levar as pessoas ao batismo e a um engajamento nos eventos eclesiásticos. É preciso ajudar cada crente a se tornar um discípulo frutífero, por meio do entendimento claro do chamado primordial de cada um: fazer discípulos.

ð Precisamos transformar nossa comunidade em uma família de discípulos conscientes de que cada membro é responsável por gerar filhos espirituais e cuidar de sua educação. Quando cada membro vive um estilo de vida discipular por meio de Relacionamentos Discipuladores, a igreja como um todo realmente assume o papel de acolher e “ensinar todas as coisas” do evangelho às pessoas que vão sendo salvas.

ð Assim, a igreja de fato torna-se multiplicadora. 

Pr. Nilton Jorge

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