TEXTO: Jo 1:35-42
INTRODUÇÃO:
Uma igreja segundo o modelo de Atos a igreja primitiva, ela é Bíblica (ela tem doutrina), ela é acolhedora (discipuladora), presente na cidade (contemporânea), e fervorosa no Espírito (ela ora e jejua).
·
Normalmente quando se interpreta Mt 28:19, a ênfase é colocada sempre
no “ide”. O mesmo
acontece com a passagem correlata em Marcos, onde geralmente é destacado
o “ide por todo o mundo” (Marcos
16:15).
·
Poucas pessoas
conhecem um detalhe interessante nessa passagem, me refiro ao modo com que o
texto é construído no texto grego. Na
gramática grega o verbo “ide” não está no imperativo. Na verdade o “ide” está no particípio, qualificando o imperativo
da frase. Isto significa que no grego a ordem dada por Jesus
Cristo é o “fazei discípulos” e não o “ide”. Nessa sentença o
“ide” apenas determina a maneira pela qual a ordem de se fazer discípulos é
cumprida. O problema não está no entendimento do
significado do “ide” ou na forma com que ele é aplicado. O problema está na falta de compreensão acerca do que realmente é a
ordem “fazei discípulos”.
ð O texto apresenta três coisas que envolve o discipulado.
a)
A missão contém
quatro elementos universais, cada um
deles marcado pela palavra “todo”
e seus derivados: “toda a autoridade”, “todas as nações”, “todas
as coisas que vos tenho ordenado” e “todos os dias”.
b)
O cerne da
missão é o discipulado. O
imperativo bíblico é: “fazei discípulos”. Discipular pessoas para
Jesus é uma ordem intransferível que a igreja tem de cumprir.
c)
Discipular é uma
tarefa que envolve toda a igreja. Todo
cristão é um discípulo que faz novos discípulos. O processo do discipulado
envolve pessoas influenciando outras espiritualmente. Discipular não é apenas
transmitir informações bíblicas, mas promover formação espiritual.
ð É isto que o apóstolo Paulo, tinha em
mente quando registrou o texto de 2Tm 2:2: E o que de minha parte
ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e
também idôneos para instruir a outros. Ou
seja, é como se fosse uma rede: eu ouvi o evangelho, agora vou
transmiti-lo a outros e assim por diante. Mas é importante ressaltar que a
instrução envolve o ensino teórico, acompanhado do exemplo de vida.
· Para uma igreja tornar-se saudável
precisa investir tempo, estratégias e recursos no discipulado. Não podemos ser a igreja em que a porta do fundo está aberta, a
chamada igreja rodoviária aonde todos chegam e vão embora. Isso por causa da negligência da maioria dos pastores em selecionar,
treinar, discipular, mentorear, pastorear sua liderança. Isso nos deixa
vulneráveis, enfraquecidos, expostos a uma grande tragédia, porque são os
líderes que ajudam o pastor no pastoreio do rebanho, são eles os responsáveis
para auxiliar no cuidado, direção, capacitação dos santos, para que os mesmos
estejam saudáveis e perfeitamente habilitados no desempenho dos seus dons e
diversos ministérios. Portanto, a prioridade do ministério
pastoral, em minha perspectiva, está em discipular com qualidade seus líderes.
Isso deve ser a espinha dorsal da igreja.
· Um pastor que
discípula líderes terá geradores de novos discípulos, com isso a igreja ganha uma nova especialização enriquecedora para a
sua vocação ordinária. Advogado, médico, dentista, policial, porteiro, garis,
manicure, músico, secretárias do lar, serão pescadores de homens.
· A sua profissão se tornará o seu púlpito, a sua
ferramenta evangelística, o seu campo missionário, a sua colheita. A sua casa a extensão da igreja.
ð Por estas e
outras razões estou convencido que para uma igreja tornar-se saudável precisa
investir tempo, estratégias e recursos no discipulado e pastoreio dos seus
líderes e não nos grandes eventos
· A missão de multiplicar discípulos é de cada discípulo. Para multiplicar, antes é preciso ser. Não posso reproduzir aquilo que não sou e nem faço. Assim como ovelhas geram ovelhas que são cuidadas pelo pastor, discípulos multiplicam discípulos que são treinados para avançar.
ð A reprodução faz
parte da vida, multiplicar é transformar o mais em muito mais.
· Jesus
multiplicou pães e peixes, e mais que isto, Ele multiplicou discípulos. No começo eram
12, a estes se juntaram 70, depois 120, 500, 3 mil e muitos mais.
· Discípulos que
se multiplicam formam uma igreja saudável, não queremos uma igreja cheia de
membros, mas cheia de discípulos, pois estes oram, se relacionam e cumprem a
missão com novos discípulos, pois o discípulo não soma, ele multiplica.
OBS. Aqui
cabe uma pequena exortação, No que tange ao crescimento da igreja
precisamos evitar dois extremos.
a)
O primeiro deles é a numerolatria, ou seja, a
idolatração dos números. O crescimento numérico da igreja a
qualquer custo não vale a pena. Não podemos adotar as técnicas do pragmatismo
para buscar o crescimento da igreja. Não podemos mudar a mensagem para atrair
as pessoas. Jesus não quer fã, ele quer discípulo.
b)
O segundo extremo é a numerofobia, ou seja, o medo
dos números.
Aqueles que defendem a tese de que a igreja será sempre pequena para manter a
qualidade equivocam-se. Não existe qualidade estéril. Quando a igreja tem uma vida
saudável, ela cresce naturalmente, pois é um organismo vivo. É o corpo de
Cristo.
· A ideia do texto
não é uma simples adição como pode parecer. Não é 1+1= 2 - 2+1=3 - 3+1=4, onde
só um se reproduz. O conceito é 1+1+2 - 2+2+4 - 4+4=8 – 8+8=16. Dessa
forma todos se reproduzem. Esse é o conceito de multiplicação de
discípulos que devemos seguir.
TRANSIÇÃO: Quais as verdades que aprendemos com André o discípulo multiplicador?
1. O DISCÍPULO MULTIPLICADOR CARREGA MARCAS.
· André não era um grande líder como Pedro foi. Não estava sempre em destaque no grupo dos três como Tiago e João. Não há muitos relatos sobre ele, só uma vez em Atos 1:13. Mas ele era especial, é ainda hoje lembrado como aquele que conduzia pessoas à Jesus.
· “Operação André”. Em 1955, a
equipe de Billy Graham começou a usar a operação André para encorajar os
cristãos a trazerem pessoas para Cristo. A porcentagem
dos que atenderam aos apelos mais do que dobrou como resultado desse programa.
Uma mulher apontou certa senhora que estava sendo aconselhada após o sermão de
Billy Graham, e disse ao líder da equipe de conselheiros: Veja aquela mulher com lágrimas nos olhos, ela é a caixa do
supermercado onde faço compras duas vezes por semana. Venho orando por ela por
meses, e após iniciar uma amizade com ela, passei em sua casa e a trouxe comigo
para a cruzada. E aquela outra lá é a minha cabeleireira. Frequentei o seu
salão três vezes essa semana, apenas para trazê-la comigo ao programa.
· André nos ensina algumas virtudes de
discípulo multiplicador:
a) Ouviu sobre o Messias (v.36,37). João foi quem apresentou Jesus a André como o Messias, o qual deveria ser seguido. André não descobriu isso sozinho. Todo André precisa de um João Batista que aponte para o Salvador e não para si próprio.
b)
Seguiu a Jesus (v.38). Era comum os alunos andarem
atrás do mestre. André seguiu fisicamente a Jesus, e essa decisão adquire
níveis mais profundos de significado do decorrer da caminhada com o Mestre.
c)
Ficou com Ele (v.39). André se reporta a Jesus
chamando-o de Rabi que significa “meu mestre”, isso denota a disposição dele de
ser tornar de fato um discípulo e permanecer junto com Jesus.
d)
Aprendeu seus ensinos (v.42). Isso aponta para a mudança de
caráter, e se evidencia fortemente em Pedro, com a mudança do nome dele (Simão,
aquele que ouve para Cefas, Essa atribuição de um novo nome a Simão
estava diretamente relacionada à grande obra que Deus haveria de realizar em
sua vida. Ao dizer que Simão seria chamado Cefas, Jesus agiu em seu
ofício profético, ou seja, olhando para o futuro o Senhor Jesus Cristo viu a
grande transformação que ocorreria em Simão. Essa transformação seria tão
profunda que o impulsivo Simão se tornaria uma rocha sólida, e ficaria
conhecido por toda a história como Cefas; especialmente pela forma grega desse
nome, Petros, isto é, “Pedro”.
e)
Compartilhou com Pedro (v.41). Além de levar o próprio irmão
Pedro, também levou o menino com os pães e peixes (Jo 6:8-9) e depois levou os gregos (Jo 12:20-22).
·
O Titanic foi o maior navio dos seus dias, pesando 46 mil
toneladas era considerado insubmersível. Mas na noite de 14 de
abril, 1912, enquanto navegava no oceano, a uma velocidade de 22 nós, bateu num
iceberg. Porque estava equipado com poucos salva-vidas, quando afundou 1513
pessoas se afogaram. Um passageiro, John Harper, estava de
viagem para pregar na Igreja de Moody, em Chicago. Tentando
manter-se flutuando no oceano, ele nadou em direção a um jovem que segurava um
pedaço de madeira. Harper perguntou, “jovem,
você está salvo?”. O rapaz disse, “não”.
Uma onda os separou. Após alguns minutos, estavam próximos novamente, e Harper
perguntou, “você já está em paz com Deus?”.
O jovem respondeu, “ainda não”. Uma
onda cobriu John Harper e ele não mais foi visto, mas as palavras, “você
está salvo?” ficaram ressoando nos ouvidos do jovem. Duas semanas
mais tarde, o jovem dava testemunho numa convenção de jovens cristãos em Nova
York. Ele narrou sua história e disse: “Eu sou o último converso de John Harper”.
2. O DISCÍPULO MULTIPLICADOR TEM UMA VIDA QUE O REVELA.
· Seguindo o exemplo de André, o discípulo cresce espiritualmente, pois ele se dispõe a ouvir, seguir e ficar com Jesus. Ele também passa a buscar o poder do Espírito Santo sobre sua vida, o que o levará a testemunhar e fazer discípulos At 1:13.
·
O
seu crescimento se evidencia na sua comunhão diária com Deus pela oração, pelo
estudo pessoal e sistemático da Bíblia, pelo seu envolvimento com as atividades
materiais e espirituais da sua Igreja e por seu compromisso em cumprir a Grande
Comissão de Cristo.
·
O
discípulo maduro e consciente passa a orar por pessoas não crentes, se dedica
em fortalecer amizades com a intenção de oportunizar seu testemunho pessoal,
pois esta é a melhor forma de levar pessoas a Jesus e integrá-las na Igreja.
·
Este
discípulo ama a Cristo com amor ágape (amor incondicional e sacrificial), ama e
se importa com as pessoas por quem Ele morreu na cruz, este amor é recompensado
com poder para testemunhar para que corações sejam comovidos por suas palavras
e orações.
·
Olhando para
André eu lhe pergunto, qual o combustível que te move?
3. O DISCÍPULO MULTIPLICADOR MULTIPLICA PESSOAS.
· Quando o discípulo tem a consciência que ele deve ser um multiplicador, ele vai agir para que pessoas sejam tocadas pelo Espírito Santo, sejam atraídas a Cristo, para que preconceitos sejam derrubados e assim a salvação possa chegar a todos os corações.
·
Aquelas
pessoas que nos cercam encontrarão respostas para suas necessidades e vazios,
elas estarão receptivas ao evangelho, sedentas por conhecer o amor de Deus em
suas vidas, isso vai proporcionar que portas nos sejam abertas e possamos levar
a graça de Jesus a elas.
·
Portas serão abertas para convidar as pessoas a
participar dos cultos e programações da Igreja, elas vão
aceitar fazer estudo Bíblico pessoal, participar dos Pequenos Grupos, e assim
nossos amigos farão sua decisão por Cristo.
·
Pela
fé podemos contemplar os novos discípulos integrados na Igreja e sendo
relevantes, fazendo novos discípulos, se envolvendo nas atividades missionárias
e de compaixão e graça, sendo fortalecidos na Palavra e nas doutrinas bíblicas.
CONCLUSÃO:
O
discípulo multiplicador comunica o Evangelho investindo em relacionamento
discipulador com o objetivo de chamar, agregar e aperfeiçoar discípulos
multiplicadores.
ð
Nossa semeadura deve ser abundante. Temos que
buscar evangelizar pessoas desconhecidas, mesmo que seja algo difícil para nós.
ð
As
pessoas com quem já travamos relacionamentos (parentes e amigos) devem
sempre ser alvo de nossa evangelização discipuladora.
ð Devemos motivar
que todos os membros da igreja se tornem discípulos multiplicadores de outros
discípulos.
ð Uma igreja de
membros consumidores costuma ter uma porta dos fundos muito larga. Na mesma proporção com que entram novas
pessoas, saem muitas, algumas delas desiludidas com a fé e rancorosas com a
instituição igreja. Crentes consumidores só querem receber e os poucos que
trabalham muitas vezes o fazem por motivações erradas, querendo atenção para
si. O que vemos em alguns casos é uma falta absurda de crentes que
sejam de fato obreiros do Senhor, verdadeiros discípulos com o desejo de
multiplicar vida. O grande desafio para a igreja de nossos dias
está em ir além de levar as pessoas ao batismo e a um engajamento nos eventos
eclesiásticos. É preciso ajudar cada crente a se tornar um discípulo frutífero,
por meio do entendimento claro do chamado primordial de cada um: fazer
discípulos.
ð Precisamos
transformar nossa comunidade em uma família de discípulos conscientes de que
cada membro é responsável por gerar filhos espirituais e cuidar de sua educação. Quando cada membro vive um estilo de vida
discipular por meio de Relacionamentos Discipuladores, a igreja como um
todo realmente assume o papel de acolher e “ensinar todas as coisas”
do evangelho às pessoas que vão sendo salvas.
ð Assim, a igreja de fato torna-se multiplicadora.
Pr. Nilton Jorge

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