TEXTO: Jz 3
INTRODUÇÃO:
ð
O
capítulo começa contextualizando a presença de várias nações pagãs em Canaã,
incluindo filisteus, cananeus, sidônios e heveus. Estas nações serviram
para testar a fidelidade de Israel a Deus, especialmente aquela geração que não
havia experimentado as grandes vitórias militares sob Josué. Este teste
envolvia tanto a capacidade militar dos israelitas quanto sua devoção
religiosa. (bom lembrar que esse pouquinho de povos deixados nas terras conquistadas,
serviriam de laços e espinhos).
ð
Contexto histórico e cultural. O contexto
histórico e cultural de Juízes 3 é vital para entender a situação de Israel na
terra de Canaã após a conquista.
1.
Esta época é caracterizada por uma falta de liderança centralizada
após a morte de Josué, levando a uma descentralização do poder entre as tribos
de Israel.
2.
A presença contínua de outras nações em Canaã não
apenas representava desafios militares, mas também seduções culturais e
religiosas,
levando frequentemente os israelitas a se afastarem de Deus e de seus
mandamentos.
3.
O período dos juízes é marcado por um ciclo
repetitivo:
os israelitas pecam ao adorar outros deuses, o que leva à opressão pelas nações
vizinhas, seguida por um clamor a Deus, que então levanta um juiz para
libertá-los.
4.
Este padrão reflete a natureza volátil e instável da
fé e da obediência dos israelitas durante esse tempo.
5.
A menção de povos como os filisteus, moabitas e
amonitas reflete as tensões geopolíticas da região. Esses grupos frequentemente
se chocavam com Israel, tanto em batalhas quanto em influências culturais e
religiosas.
6.
As práticas matrimoniais mistas e a adoração de
deuses pagãos indicam uma contínua luta entre a identidade e a fé israelitas e
as influências externas.
· No livro de Juízes, encontramos doze homens e mulheres que Deus usou poderosamente para impactar a nação de Israel. (dois juízes não foram estabelecidos por Deus, apenas 12).
·
Todos
eles são diferentes, todos são pessoas ordinárias ou mesmo pessoas improváveis
de serem usadas no serviço do Senhor. Contudo,
ele chamou todas elas de “juízes”.
ð
A primeira coisa que precisamos esclarecer é uma
concepção errada acerca dos juízes. Eles não tinham um tribunal, não
vestiam togas, nem recebiam salário. Na verdade, eles se assemelham mais a
xerifes do velho oeste que, por meio de uma personalidade forte, liderava a
população e fazia justiça. As histórias desses juízes servem de
lição sobre a natureza humana e os seus ciclos de pecados, as consequências
desses pecados, choro e arrependimento, providencia e vitória.
ð
O
juiz morria; o povo pecava e era subjugado por outra nação; o povo se
desesperava e se arrependia; e o ciclo se repetia.
·
Há algumas
palavras a serem destacadas nos versos 7 a 10 de Juízes 3.
a)
Os filhos de
Israel fizeram o que era mau perante o SENHOR e se esqueceram do SENHOR, seu
Deus;
b)
Então, a ira do SENHOR se acendeu contra
Israel, e ele os entregou nas
mãos de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia;
c)
E os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito
anos.
d)
Clamaram ao SENHOR os filhos de
Israel, e o SENHOR lhes suscitou
libertador, que os libertou:
Otniel, filho de Quenaz, que era irmão de Calebe e mais novo do que ele. Veio sobre ele o Espírito do SENHOR...
1) DEUS USA OS CAPAZES E PREPARADOS.
·
Cusã-Risataim,
rei da Mesopotâmia é uma figura interessante. Seu nome é Cusã, mas seu
segundo nome Risataim, significa “mau em dobro, perverso em dobro, problema em
dobro.” “Cusã, o problema em dobro”.
·
Otniel
era o irmão mais novo de Calebe, este casou com a sua sobrinha Acsa filha de
Calebe. E além da conquista de Quiriate-Sefer ele havia ajudado a destronar e
derrotar os gigantes Sesai, Aimã e Talmai de Hebrom. Ele se destaca no texto
como um homem:
a)
De visão de crescimento, ele tem fontes superiores e
inferiores.
b)
Tinha uma herança de família piedosa, sendo o irmão
mais novo de Calebe;
c)
Tinha os contatos certos, suas conexões são portas;
d)
Tinha experiência de guerra;
e)
Tinha fé e já tinha provado.
·
Deus pode usar e usará pessoas assim. Se essas
coisas o descrevem, não se intimide quando alguém criticá-lo por possuir os
contatos certos.
·
Conhece-se um soldado antes da guerra,
durante a guerra e depois da guerra, não despreze o tempo, antes aproveite-o
bastante pois isso lhe pode ser favorável.
2)
FAÇA DA SUA
DEFICIENCIA A SUA ARMA DE ESTRATÉGIA.
·
Com
Otniel vivo Judá viveu em paz por 40 anos, após a sua morte o ciclo de pecados
e consequencias se repete, e Israel volta a fazer o que é mal aos olhos do
Senhor, caindo sob o domínio de Eglom, rei de Moabe. O nome Eglom significa
vitória do bezerro, Deus deu poder a esse rei pra que ele prevalecesse sobre
Israel. Eglom é rei dos moabitas, porém ele tem conexões com os amonitas e
amalequitas e juntos tomam Jericó e fazem dela o quartel general contra Israel.
Por 18 anos são obrigados a pagarem tributos.
·
Deus levanta um segundo juiz para o povo: Eúde, homem
canhoto, filho de Gera, benjamita. Podemos observar de imediato duas coisas
sobre Eúde.
a)
Primeiro Eúde
era benjamita,
ou seja, natural da tribo de Benjamim. A tribo de Benjamim era a menor de
todas, a mais insignificante de todas em termos de população e de influência em
todo o Israel. Essa era a tribo menos provável a produzir um herói nacional.
Na verdade, quando José abençoou seus irmãos no Egito antes de morrer, Benjamim
foi o que recebeu a menor bênção; apenas uma frase lhe foi dedicada, enquanto
os outros receberam 3 ou 4 frases de bênçãos. Portanto, entenda, primeiramente,
que Eúde vem de uma tribo em Israel que não possui os contatos devidos e sem
influência alguma na nação.
b)
Segundo: Eúde
era canhoto.
A priori, isso me surpreendeu. Será que ser canhoto é algo estranho assim?
Minha filha mais nova é canhota. É
interessante que se algo é considerado assustador, estranho ou perverso, ele é
chamado de sinistro, que é a palavra latina para “esquerdo”.
·
Em determinadas culturas, ser canhoto era sinal de
um mal presságio. Por isso, a criança era forçada a escrever com a
mão direita.
·
No verso
·
Enfim,
não sabemos, mas ele tinha algum problema na mão direita que o forçou a
desenvolver coordenação com a esquerda. Agora, Israel precisa de um homem para
encarar o rei pagão Eglom, um guerreiro poderoso para representar os filhos de
Israel. Israel precisa de um salvador.
·
Então,
lemos em Juízes 3:15 que o SENHOR lhes suscitou libertador. O
libertador é a palavra hebraica yeshua ou “salvador.” E quem Deus escolhe? Um
homem deficiente da tribo mais insignificante de Israel! O verso
seguinte revela a coragem de Eúde. Com uma mão apenas, ele infiltra o exército
inimigo, mata o rei e foge sem ninguém perceber.
3)
MEU INSTRUMENTO
DE TRABALHO É MINHA ARMA DE GUERRA.
· Às vezes somos
levados a pensar que no passado o povo hebreu via milagres ocorrendo toda
semana.
Ledo engano. Às vezes se passava muito tempo entre um milagre e outro, como é o
caso do livro dos Juízes (Jz 3:1-11 – 40 anos entre Otoniel e Eúde,
Jz 3:12- 31 e 80 anos entre Eúde e Sangar).
· Não sabemos o
contexto histórico aqui, nem a ocasião, nem tão pouco o porque os filisteus
vieram contra Israel. O que sabemos é que quando vieram
encontraram um homem chamados Sangar que tinha uma aguilhada de bois nas mãos.
ð Um Herói dentre Os Plebeus. Ele, porém, é
a atenção de apenas um verso, somente um verso contando o serviço de Sangar, mas
ele contém três detalhes que nos ensinam volumes de coisas.
a)
Primeiro: Sangar
não era um nome hebreu, mas cananeu. Isso sugere que Sangar não foi criado
com o tipo de histórico e herança familiares que esperaríamos na vida de um
líder religioso da nação.
b)
Segundo: o nome
de seu pai, Anate, era o nome do deus cananeu da imoralidade sexual e da guerra. O pai de
Sangar recebeu seu nome em honra a um deus cananeu imoral e violento. Tudo
indica, portanto, que seu pai e sua família estavam envolvidos e contribuíam
para a idolatria cananéia.
c)
O terceiro
detalhe é: Sangar, muito provavelmente, era pobre. Podemos
conjecturar a respeito da condição econômica de Sangar com base em sua arma: uma
aguilhada de bois. Trata-se de uma vara comprida que tinha um
pedaço de metal numa ponta e uma lâmina na outra ponta para limpar o solo. Essa
era a ferramenta que os plebeus usavam para manter os bois arando os campos
juntos. Portanto, Sangar era um cananeu e um plebeu.
· Sangar um homem
de outra nacionalidade que em um tempo em que Israel abandonou ao Senhor ele
decidiu quebrar com os vínculos religiosos de sua casa e seguiu Yahweh, o Deus
dos hebreus e arriscou sua vida ao lutar contra os filisteus.
ð
Deus é muito
Criativo neste texto:
"Lâminas, Trombetas e Aguilhadas":
A
Espada de Otoniel: A Lâmina da Libertação (v. 9-11)
A Trombeta de Eúde: O Chamado à Vitória (v. 27-30)
A Aguilhada de Sangar: Ferramentas Inesperadas de Deus (v. 31)
CONCLUSÃO:
Permita-me
concluir com três pensamentos que foram mencionados indiretamente, mas que
desejo deixar claros.
1)
Primeiro: quando
Deus escolhe seus servos, ele não se interessa com aparências exteriores. Parece que
Deus não se importa se o indivíduo usa o manto de um plebeu ou o manto do
primeiro juiz, Otniel, que tinha um irmão piedoso.
2)
Segundo: quando
Deus escolhe seus servos, ele não se importa com experiência. Deus colocará
esses juízes homens e mulheres sob os holofotes no palco como líderes, como
juízes, apesar de eles jamais terem feito essa função antes. Na
verdade, não lemos nem mesmo que havia uma lista de responsabilidades.
Deus não parece se preocupar com currículo de vida. Ele simplesmente insere
essas pessoas numa posição na qual seu Espírito e poder liderarão através
deles.
3)
Terceiro: Deus
não se preocupa com a aparência física ou força de seus servos. Deus escolhe
barro comum, ordinário e improvável.
·
Esses três juízes tinham uma coisa em comum: eles estavam
dispostos a dar tudo quanto eram para Deus usar no que bem desejasse.
·
Em Isaías
40:28–31 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR,
o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode
esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao
que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de
exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com
asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.
·
Se captarmos bem
a mensagem dessa passagem, jamais diremos: “Já que não me encaixo nos moldes, já que sou fraco, já que não tenho
experiência, então Deus não pode me usar”.
·
Existe uma frase
interessante no verso 31. renovam suas forças. Essa frase é uma palavra hebraica apenas que
pode ser traduzida como “trocam,
substituem”. Então, Isaías 40:31
diz: “Os que esperam no Senhor
substituirão suas forças pelas de Deus.”
·
Cada um desses
três juízes fez essa troca. E nós precisamos fazê-la também.
Precisamos ir ao Senhor e dizer: Deus, preciso trocar:
ð
Minha
fraqueza deplorável pela tua força;
ð
Meus
fracassos pelas tuas realizações;
ð
Minha
falta de discernimento pela tua sabedoria;
ð
Minha
pequenez por tua grandeza.
·
Todos os dias, precisamos fazer essa troca que Deus
tem disponibilizado.
· Hudson Taylor, um grande missionário cuja biografia já li e reli algumas vezes, impactou profundamente a China. Em seu ministério, ele fundou a agência missionária Missões para o Interior da China, por meio da qual 600 jovens foram para a China para trabalhar como missionários. Próximo ao final de sua vida, ele escreveu palavras que revelaram seu entendimento sobre a troca de vida: Deus é suficiente para a obra de Deus. Deus me escolheu porque eu era fraco o suficiente. Deus não realiza suas obras grandiosas por meio de grandes comitês. Ele treina o indivíduo para que se torne tranquilo e pequeno o suficiente e, então, o usa.
Pr. Nilton Jorge - Contatos para agendas (22) 998746712 Whatsapp
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