sexta-feira, 18 de novembro de 2022

IGREJA DE CRISTO, UMA COMUNIDADE SINGULAR

TEXTO: Mateus 16:18

INTRODUÇÃO:

·      Jesus está no distrito de Cesareia de Filipe. Essa cidade ficava nas encostas do monte Hermom, a cerca de quarenta quilômetros ao norte do mar da Galileia e a 190 quilômetros de Jerusalém. Essa era uma região sob forte influência de várias religiões: havia sido o centro do culto a Baal; possuía templos do deus grego Pan; e Herodes, o Grande, havia construído ali um templo em homenagem a César Augusto.

·      Situada junto a uma das fontes do rio Jordão, com o majestoso Monte Hermom, de cerca de 3.000 metros de altitude e coberto de neve quase o ano todo, no cenário imediato, era verdadeiramente uma paisagem de inesquecível beleza, local esse exatamente adequado ao propósito para o qual Jesus desejava usar, ou seja, para a oração (Lc 9:18) e para comunicar instrução a seus discípulos.

·      Jesus está entre o local alto e a cidade, e de lá ele tem a visão de toda a cidade e suas superstições pagãs, e ali Jesus buscou adequada oportunidade para obter de seus discípulos resposta a duas perguntas: Que opiniões o povo em geral tinha dele? E quem os discípulos pensavam que ele realmente era?

·      O povo estava rendido à mais completa confusão. Seus discípulos, porém, reconheceram-no como o Cristo, o Messias, o filho do Deus vivo.

 

TRANSIÇÃO: Essa passagem enseja-nos Três verdades solenes: uma confusão, uma revelação, uma declaração e uma advertência.
 
1.    QUAL A VISÃO QUE OS HOMENS TÊM DE CRISTO? (16:13,14).

A Galileia estava rodeada de povos pagãos e recebia muita influência grega. E nessa região que Jesus pergunta a seus discípulos: v.13 Quem diz 0 povo ser 0 filho do homem?

·      O objetivo dessa pergunta não é simplesmente saber o que os outros estão dizendo, mas corrigir na mente dos discípulos qualquer má interpretação da missão de Jesus.

ð A resposta dos discípulos revela a confusão dominante entre o povo: v.14 Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Vale destacar que todas essas pessoas mencionadas já estavam mortas, exceto Elias, que fora trasladado. Achavam que Jesus era uma pessoa rediviva. Viam nele semelhanças com personalidades que já haviam passado pela terra e aqui deixado sua marca.

ð Jesus era absolutamente distinto daquilo que diziam o povo.

a)   João Batista podia preparar os homens para entrar no reino, mas só Jesus é a porta do reino.

b)   Elias era um homem de oração e empreendeu triunfante guerra contra a falsa religião, derramando o sangue dos falsos profetas, mas Jesus venceu a maior batalha, derramando o próprio sangue em resgate do seu povo.

c)    Jeremias é tipo de Cristo pelo seu exemplo de paciente resistência e sofrimento imerecido. Mas Jeremias foi um profeta, nada mais. Ele profetizou a nova aliança, mas só Jesus inaugurou a nova aliança em seu sangue.

·      O povo estava rendido à confusão. Eles pensavam na possibilidade de alguém voltar a viver no corpo de outra pessoa (transmigração da alma). Sua opinião sobre o filho do homem estava equivocada. Ainda hoje, o povo crê em outro Cristo, e não no Cristo revelado nas Escrituras.
 
2.    QUAL A VISÃO QUE A IGREJA TEM DE CRISTO? (16:15-17).

·      A pergunta de Jesus, agora, é endereçada aos próprios discípulos: v.15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro, respondeu pelo grupo: Tu és 0 Cristo, 0 filho do Deus vivo. Pedro dá uma resposta lúcida, objetiva e verdadeira, Jesus é o Messias. Contudo, Jesus deixa claro que Pedro só sabe quem ele é porque o Pai lhe revelara isso. Do contrário, como o povo, Pedro também estaria rendido à mais completa confusão. De fato, eles ainda não sabiam quem era Jesus de fato.

Se Jesus curava alguém assombrosamente eles exclamavam quem é este?

Se Jesus dominava o vento e tempestade dando ordem de calmaria, eles perguntavam quem é este? Precisavam de uma revelação de cima que só viria com relacionamento.

·      Só podemos conhecer Cristo por revelação divina, e não por investigação humana.

·      Por melhor que seja estudar teologia, jamais esgotaremos os estudo sobre Deus, pois conhecimento de Deus só vem através de uma comunhão e relacionamento com Ele.

·      Conhecer o Senhor é ter uma experiência com ele e permitir que essa experiência influencie e transforme o seu modo de viver. É triste constatar que a nossa geração não conhece o Senhor. Isso fica claro quando mergulhamos nesse texto e identificamo-nos com as características de uma pessoa cuja geração não conhece a Deus.

·      O verbo conhecer é definido no Aurélio como:

1. Ter noção ou conhecimento de; saber.

2. Ser muito versado em; saber bem.

3. Ter relações ou convivência com.

4. Reconhecer, apreciar, avaliar, ter experimentado (algo).

·      A SEPTUAGINTA VERSÃO DOS 70 traduz o verbo conhecer YADA no hebraico para o grego ‘gínomai’ ou ‘gignósko’dai o termo “conhecer” nas Escrituras tem um sentido que vai além do sentido básico de simplesmente ter conhecimento intelectual de algo ou de alguém. Na concepção bíblica, o conhecimento não está essencialmente, nem mesmo primariamente, enraizado no intelecto e na atividade mental. Em vez disso, é mais experimental e está embutido nas emoções, de modo que possa abranger qualidades tais como contato, intimidade, preocupação, parentesco e reciprocidade.

·      UMA GERAÇÃO QUE NÃO EXPERIMENTOU QUE NÃO PROVOU DE DEUS.

·      Os homens tem uma visão distorcida a respeito de Deus porque o buscam no saber e não no experimentar e provar dEle.

ð Ao invés de contemplar a criação dos astros e glorificar a Deus, eles o estudaram e deram o nome de astronomia.

ð Ao invés de glorificar a Deus pela natureza, eles a estudaram e deram o nome de botânica.

ð Ao invés de terem uma visão da grandeza de Deus admirando as rochas e montanhas eles a estudaram e deram o nome de Geologia.

ð Ao invés apreciarem os pássaros e verem o senso de liberdade eles os transformaram em zoologia.

ð E assim por diante, o homem, a natureza, e tudo mais foram reduzidos a um sistema em vez de ser aproveitado pelo que é. E glorificar a Deus.

ð Quando o homem olhou para a Bíblia o livro de regras de fé e de prática, ao invés de usá-lo para a manutenção de relacionamento e comunhão com Deus, ele o transformou em teologia e quer descobrir e conhecer Deus através do saber.
 
3.    QUAL A VISÃO QUE CRISTO TEM DA IGREJA? (16:18,19).

·      Essa é a primeira ocorrência da palavra ekklesia, “igreja”, no Novo Testamento. Significa, literalmente, “uma assembléia convocada” ou “chamados para fora”.

·      E sobre a igreja Jesus faz quatro observações quanto a sua singularidade:

 

a)             É UMA COMUNIDADE ALICERÇADA EM CRISTO.

·      A igreja de Cristo tem um alicerce seguro, inabalável, sobre o qual Jesus disse a Pedrov.18 “...sobre esta pedra edificarei a minha igreja”.

·      Jesus fez um trocadilho nas palavras. O nome de Pedro deriva do termo grego petros, que significa fragmento de pedra. Mas nesse texto, o termo pedra tem origem na palavra grega petra, que significa rocha inabalável, pedra inamovível.

ð E ainda, o pronome demonstrativo “esta”, em vez de “essa”, pedra, revela que Jesus está falando sobre si mesmo, e não sobre Pedro. A ênfase não está em “Tu és Pedro”, em contraste com “Tu és o Cristo”, mas em “o Pai te revelou uma verdade e eu também te conto outra”. Resta claro, portanto, que a pedra sobre a qual a igreja está edificada é Cristo, e não Pedro.

·      Aqui, Cristo refere-se a si próprioEle é o alicerce e fundamento da igreja! Paulo disse ao Cor 3:11, ninguém “pode lançar outro alicerce, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”. O próprio Pedro afirmou At 4:11 Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.

·      A metáfora da rocha é usada apenas para Deus no Antigo Testamento Dt 32:4 Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é. Sl 18:2 O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio.
Por isso, o salmista pergunta SI 18:31: Pois quem é Deus, senão 0 Senhor? E quem é rochedo, senão o nosso Deus?

·      A base da igreja é Cristo, e por tê-lo como alicerce não depende do poder humano para existir.

 

b)            É UMA COMUNIDADE EDIFICADA POR CRISTO.

·      Além de seu alicerce, ele é também seu construtor. O texto é claro: v.18 “... edificarei a minha igreja”. O termo tem sua origem no grego oikodomeo, que significa erigir uma construção, promover crescimento. A igreja não é uma comunidade estática, morta, fadada à mesmice. É um edifício em construção, um organismo vivo, um corpo em crescimento. Ela está em construção o tempo todo. Por quê? Por ser uma comunidade de homens e mulheres imperfeitos. Ele a conhece e sabe como torná-la espiritualmente madura. As técnicas, a força, a sabedoria e o dinamismo humanos são incapazes de erguê-la, só Jesus tem esse poder.

Para que a igreja foi por Cristo construída e edificada? Certamente, para cumprir a sua missão na Terra, ou seja, adorar a Deus continuamenteanunciar Cristo ao mundo, preparar os santos por meio do ensinoamparar os necessitadosalimentar a esperança.

c)             É UMA COMUNIDADE QUE PERTENCE A CRISTO.

·      Preste atenção às palavras de Jesus“... edificarei a minha igreja”. A igreja é de Jesus, Ele é o proprietário! Porque ele a comprou por alto preço. 1 Pd 1:18-19 lembra-nos que não foi com valores terrenos e perecíveis, como prata e ouro, que fomos resgatados do pecado, “mas com o precioso sangue de Cristo”.

·      Seu dono é o Cordeiro de Deus e ele fez questão de afirmar isso ao dizer “minha igreja”.  Ela é propriedade exclusiva e particular de Jesus, que não admite sócios-proprietários. Não é uma empresa, cujas ações estão à venda na bolsa de valores. Ela é de Jesus e só d’Ele. Todos que se levantam para fazer o contrário caem! É singular, porque é de Cristo!

 

d)            É UMA COMUNIDADE VENCEDORA EM CRISTO.


·      O versículo em análise conclui-se dizendo que “as portas do inferno não prevalecerão” contra a igreja. O que isso significa? 

·      No antigo Oriente, especialmente nas pequenas cidades e aldeias, a “porta” era o local no qual os líderes se reuniam, pronunciavam seus conselhos e emitiam julgamentos. A porta de uma cidade era seu tribunal, o lugar do governo.

ð Lembremo-nos, por exemplo, que uma das acusações de Deus a Israel, em Amós 5:12, foi a de aceitarem suborno na “porta”. Já a palavra traduzida por “inferno” é derivada do termo grego Hades, lugar que, segundo os judeus, não era de castigo, mas para onde todos os mortos iam.

ð Portanto, é bem provável que a expressão “portas do inferno”, seja sinônimo de “poderes ou governo da morte”, que jamais superarão a força da igreja.

 

ð Não “prevalecerão”, ou seja, jamais serão superiores em força, disse Jesus! A igreja de Cristo triunfará! E quem garante sua vitória sobre os poderes da morte é ele próprio.

ð Fazemos parte de uma comunidade vencedora: nem a morte poderá destruí-la, pois os que dela fazem parte, ao morrer, ressuscitarão. No decorrer dos tempos, muitos tentaram destruí-la através de perseguições e heresias, todos sem sucesso.

CONCLUSÃO:

A igreja continua a existir. Por quê? Jesus trouxe a igreja até aqui e a levará até o seu destino final! Um dia, nosso Senhor, que venceu os poderes da morte, buscará esta comunidade singular, todos os verdadeiros cristãos de todos os tempos e lugares, e estaremos para sempre ao lado dele! Até que este dia chegue, continuaremos a proclamar as virtudes de quem nos tirou das trevas para o seu reino de luz. Continuemos influenciando, sendo o sal e a luz, sendo uma comunidade que tem uma mensagem de esperança para uma sociedade enferma.


Pr: Nilton Jorge
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