TEXTO: Mt 20:29-34
INTRODUÇÃO:
· Quando Deus mandou
os Israelitas conquistarem Canaã, ele mandou que a cidade de Jericó fosse
destruída. E isso aconteceu de uma maneira miraculosa e sensacional, logo após,
Ele também fez aos israelitas uma advertência muito clara:
A cidade de Jericó jamais poderá ser reconstruída. Quem o fizesse, pagaria o
preço de perder tanto o seu filho primogênito, quanto o seu filho mais novo: Josué
6:26 “Naquela ocasião Josué pronunciou este juramento solene: “Maldito
seja diante do Senhor o homem que reconstruir a cidade de Jericó: ao preço de
seu filho mais lançara os alicerces da cidade; ao preço de seu filho mais novo
porá suas portas!”.
· Essa maldição foi
cumprida séculos mais tarde. Os anos se passaram até que um homem
chamado Hiel, um betelita, resolveu reedificar a cidade de Jericó, mas com um
probleminha: com o preço da vida de dois de seus filhos, tal como o Senhor
prometeu pela boa de Josué: 1Rs 16:34: Durante o seu reinado, Hiel,
de Betel, reconstruiu Jericó. Lançou os alicerces à custa do seu filho mais
velho, Abirão, e instalou as suas portas à custa da vida do seu filho mais
novo, Segube, de acordo com a palavra que o Senhor tinha falado a Josué.
· Os anos se
passaram desde a reconstrução de Jericó, quando os Romanos avançaram com seu
império em toda a palestina. Neste tempo, Jericó já era conhecida
como um pequeno paraíso na terra, com suas lindas palmeiras e jardins e um
clima muito agradável no inverno. Interessante saber que Marco Aurélio,
imperador Romano, deu a cidade de Jericó a Cleópatra, rainha do Egito, como
emblema do seu amor.
· Alguns anos se
passaram novamente até que Herodes, o Grande, construiu um palácio de verão
perto da antiga cidade de Jericó. Ali estava localizado o centro
administrativo romano. Por conta das construções administrativas de Roma,
Jericó ficou, então, dividida entre a cidade velha e a cidade antiga. Na
nova Jericó, os romanos cobradores de impostos esbanjavam sua vida luxuosa:
casas bem preparadas, anfiteatros, vilas e balneários com jardins bem feitos,
palácios e centros administrativos do império faziam da nova Jericó, um local
especial.
· Contudo, entre a
antiga cidade de Jericó, demolida por Josué e reconstruída por Hiel, e a nova
Jericó reconstruída pelos romanos, havia uma longa faixa de estrada. Ali,
pedintes, cegos e leprosos sentavam a beira da estrada a fim de que alguém
pudesse lhe ajudar. Talvez alguém que estivesse transitando de uma cidade ou
outra poderia lhes mostrar piedade jogando algumas moedas a beira das estradas.
· Foi nesse caminho,
entre uma cidade e outra, que Jesus se encontra com esses dois cegos por esse
motivo um evangelista diz que Jesus estava saindo de Jericó e outro diz que
Jesus está entrando em Jericó. Foi em entre a Jericó demolida,
reconstruída, amaldiçoada e a nova Jericó, usada até mesmo como símbolo de
poder político, que Jesus escolhe abençoar dois homens, cegos e pobres, com a
sua misericórdia.
· Jesus estava indo
para Jerusalém. Ele marchava resolutamente para o calvário. Era a festa da
páscoa. Naquela mesma semana Jesus seria preso, julgado, condenado e pregado na
cruz. Era a última vez que Jesus passaria por Jericó.
Aquela era a última oportunidade dos cegos. Se eles não buscassem a Jesus,
ficariam para sempre cativos de suas cegueiras. A oportunidade tem
asas, se não a agarrarmos quando ela passa por nós, podemos perdê-la para
sempre. Nunca saberemos se a oportunidade que estamos tendo agora
será a última da nossa vida.
TRANSIÇÃO: Que
verdades podemos identificar neste texto?
1.
AINDA QUE AS CIRCUNSTANCIAS SEJAM
DESFAVORÁVEIS, CLAME vs. 29-30.
· O texto inicia
dizendo que, assim que Jesus saiu de Jericó, uma grande multidão o seguiu. Por que a
numerosa multidão está seguindo Jesus de Jericó rumo a Jerusalém? Aquele era o
tempo da festa da Páscoa, a mais importante festa judaica. A Lei
estabelecia que todo varão maior de doze anos que vivesse dentro de um raio de
vinte e cinco quilômetros estava obrigado a assistir a festa da Páscoa.
Obviamente nem todos podiam fazer essa viagem. Esses, então, ficavam à beira do
caminho desejando boa viagem aos peregrinos. Por essa razão, Jericó
que, ficava a vinte e cinco quilômetros de Jerusalém tinha suas ruas apinhadas
de gente. Além do mais, o templo tinha cerca de vinte mil
sacerdotes e levitas distribuídos em vinte e seis turnos. Muitos deles moravam
em Jerusalém, mas na festa da Páscoa todos deviam ir a Jerusalém.
Certamente muitas pessoas deviam estar acompanhando atentamente a Jesus,
impressionadas pelos seus ensinos; outras, curiosas acerca desse rabino que
desafiava os grandes líderes religiosos da nação.
· Dentre os pedintes
que ficavam à beira do caminho, entre a antiga e a nova cidade de Jericó,
estavam esses dois homens. Sua condição financeira precária os
colocou numa posição de pedintes. Ambos eram pobres, ambos eram necessitados,
ambos eram miseráveis e ambos sofriam com um agravante: os dois eram cegos. Que
condição miserável desses homens. Sem dinheiro, sem trabalho e sem saúde para
tirá-los daquela situação. Não havia sistema de saúde, ou mesmo ajuda do
governo que lhes desse um encosto a fim de sobrevirem. Nessa situação,
bastava-lhes o humilhante ato de pedir esmolas.
· Seguindo a
cronologia dos eventos de Mateus, Jesus purificou por completo um leproso
(8:3); curou a paralisia do servo do centurião romano (8:13);
curou a sogra de Pedro (8:14); acalmou o mar e a tempestade (8:26);
libertou vários endemoniados (8:32; 12:22,
15:28, 17:14-23); deu vista aos cegos e abriu a boca de mudos (9:30,33;
12:22); curou uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos (9:22);
ressuscitou os mortos (9:24), e o mais surpreendente, perdoou pecados (9:2);
Multiplicou pães e peixes e alimentou as multidões por duas vezes (14:20;15:37);
andou por sobre as águas (14:25); transfigurou-se diante dos olhos de
Pedro, Tiago e João (17:1-13). Todos esses eventos se
espalharam em toda a região como fogo em mato seco. E obviamente, chegou até os
ouvidos desses cegos em Jericó.
· Assim, dois cegos
estavam sentados à beira do caminho ouviram que Jesus estava passando naquela
estrada.
O que eles fizeram? Diz o texto que se puseram a gritar: vs 29,30 “Senhor,
Filho de Davi, tem misericórdia de nós”.
· A oração reconhece
a messianidade de Cristo. Ora, chamar Jesus de filho de Davi é
ressaltar a sua linhagem real. O messias tão aguardado pelo povo deveria
carregar o sangue da família de Davi, tendo-o como ancestral direto. Veja
por exemplo a profecia de Isaias 9:6-7, feita aproximadamente
seiscentos anos antes: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e
o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso
Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da paz. Ele estenderá o
seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino,
estabelecido e mantido com retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor
dos exércitos fará isso.”
· William Hendriksen
sugere algumas razões que levaram as pessoas a tentar calar a voz de Bartimeu:
a)
Primeiro, as pessoas estavam com pressa de chegar
a Jerusalém;
b)
Segundo, as pessoas concluíram que aqueles gritos
não condiziam com a dignidade de Cristo;
c)
Terceiro, elas não estavam prontas ainda para
ouvirem uma proclamação pública de Cristo como sendo “Filho de Davi”;
d)
Quarto, elas sabiam que os seus líderes
religiosos não gostariam nem um pouco disso.
· Todas as
circunstancias desses homens são desfavoráveis, mas eles clamam
ao Senhor. Tenha fé em Cristo como o Filho de Davi, o escolhido pelo Pai, todo
poderoso e benevolente Deus encarnado.
2.
AINDA QUE AS PALAVRAS SEJAM POUCAS, PEÇA v.31.
·
O verso 31 diz que enquanto a multidão insistia para
que eles ficassem calados, eles gritavam ainda mais alto: “Senhor,
Filho de Davi, tem misericórdia de nós”. Há momentos que as circunstancias
irão nos impedir de fazer uma oração bem feita, bem colocada e estruturada.
Aprendamos com esses homens: Simplesmente clamemos por misericórdia! Dependendo
da situação que estivermos, por vezes só nos resta fazer orações simples,
diretas e objetivas. Por vezes, a situação é tão difícil que só resta orar,
dizendo” Senhor, tende misericórdia de mim.
·
A bíblia é cheia destas orações.
ð Não foi essa a
oração do publicano que subiu ao templo e elogiada pelo Senhor Jesus? Ele orou:
Lc 18:13 “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador.
ð Quando um leproso
viu Jesus, também se prostrou e orou uma simples oração: Mt 8:2 “Se
quiseres, podes purificar-me”.
ð Quando os
discípulos se viram em risco em meio ao mar revolto também clamaram com uma
sentença direta e simples: Lc 8:24 “Mestre, mestre vamos
morrer”.
· Que verdades, essas
orações tão singelas nos ensinam irmãos? Ora, ainda que as
palavras sejam poucas, peça. Ainda que o momento pareça sufocar, lhe tirando a
capacidade de orar com belas e polidas palavras, ore. Ainda que seja uma oração
simples, verbalize e ore!
· Tome esses cegos
como verdadeiros professores da vida cristã. Eles não
perderam a oportunidade e clamaram prontamente ao Senhor. Ainda que tenha
somente uma sentença ou duas, não deixaram de fazer.
· Os cegos sabem que
não merecem favor algum, e apelam para a misericórdia de Deus. Eles não pedem
justiça, mas misericórdia. Eles não reivindicam direitos, mas pedem compaixão.
· A oração dos cegos
é reconhecimento de total incapacidade diante daquele quadro, quando eles oram
dizendo “Tende misericórdia de nós”. Em outras palavras, estes homens
estão clamando: Oh Cristo, Veja a nossa miséria. Veja, a nossa pobreza,
oh Cristo. Veja a nossa necessidade, oh Cristo e tende misericórdia.
· Perceba que,
inicialmente, eles não pedem pela restauração da visão. Eles
simplesmente clamam por misericórdia. Eles querem que Jesus perceba a miséria
deles.
· Mas, depois que
teve a atenção de Jesus, os cegos sabiam exatamente o que necessitavam. Quando os cegos
chegaram à presença de Jesus, ele lhe fez uma pergunta pessoal: “Que queres
que eu vos faça?”. Eles podiam pedir uma esmola, uma ajuda, mas eles foram
direto ao ponto principal: “Mestre, que eu torne a ver”.
3.
AINDA QUE O FUTURO SEJA DIFÍCIL, SIGA-O v.32-34.
· Jesus ouviu o
clamor destes homens. A oração foi curta, foi
simples, singela, mas foi ouvida. Foram poucas as palavras, mas
Jesus as recebeu. Pode ser que muitas vezes nossas orações pareçam não
chegar no teto do nosso quarto, não é verdade? Ora, mas o que importa? Nosso
Deus não reside no teto. Nosso Deus reside nos autos céus e também em
nosso coração. Ele ouve nossos gemidos mais inexprimíveis. O salmo 139: 4,
diz que “antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces
inteiramente Senhor”.
· Ele conhece, ele
vê, ele sonda, ele ouve, esquadrinha e sabe muito bem das nossas necessidades e
as pressões que por vezes passamos na vida. A oração foi curta, mas foi ouvida.
Diz o verso 32, que Jesus, parando, chamou-os e perguntou-lhes: “O
que vocês querem que eu lhes faça? Prontamente esses homens responderam:
“Senhor, queremos que se abram os nossos olhos”. Jesus teve compaixão deles e
tocou nos olhos deles”.
ð A mesma mão que criou todo e
sustenta todas as coisas, agora toca nos olhos desses homens e eles voltam a
ser abertos. Toda a visão é recuperada pelo toque da compaixão e
misericórdia de Deus. Tudo estava iluminado. As formas, as cores e
movimentos estavam sendo captados e percebidos por esses homens, pois Jesus, o
filho de Davi teve misericórdia e tocou aqueles olhos com compaixão e poder.
· Agora, perceba que
esses homens, imediatamente começaram a segui-lo. Se levantaram
daquela situação de miséria e se tornaram discípulos de Jesus: “Imediatamente
eles recuperaram a visão e o seguiram”.
· Pode passar
despercebido de nós a narrativa que esses homens se tornaram discípulos de
Jesus e que isso abriu o caminho para Jesus em sua chegada em Jerusalém. Nos versos
seguintes, quando Jesus chega em Jerusalém, ele é aclamado de que forma? Ora,
como Filho de Davi, o bendito aquele que vem em nome do Senhor.
ð A oração daqueles
homens, o milagre de Jesus e o testemunho de vida de ambos como discípulos de
Jesus comunicou essa verdade de tal maneira que em Jerusalém Cristo é aclamado
como Rei, tal como eles oraram.
De fato, irmãos,
ainda que a caminhada cristã não seja fácil, siga Jesus. Ainda que o futuro
venha parecer incerto neste mundo, siga-o. Torne-se seu discípulo e vá com ele
para o caminho que leva a cruz. Foi exatamente isso que esses homens fizeram
depois de ter a visão recuperada.
Pr. Nilton Jorge
Contatos (22) 998746712 Whatsapp
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