sexta-feira, 2 de agosto de 2024

AS MARCAS DA CULTURA DO VOLUNTARIADO

TEXTO: 1Pd 4:10

INTRODUÇÃO:

·      Quando você pensa em valores, princípios e crenças que valoriza e das quais não abre mão, está diante de uma cultura. Uma cultura é aquilo que faz parte de você e que não se tem como negar, trata-se muito mais de como fazemos as coisas, portanto, é o retrato exato do que as pessoas percebem. É a cultura que atrai as pessoas para o ambiente ou as afasta completamente.

·      A cultura tem implicações em qualquer organização e, em se tratando de igreja, é aí que pesa a nossa responsabilidade, porque a cultura que transforma o ser humano e consequentemente a sociedade é a cultura do reino de Deus.

·      Para criar uma cultura, é necessário investir tempo, ensinar com eficácia, ter constância e disciplina, e muita responsabilidade, ou seja, saber por que se faz o que se faz.

·      A cultura do voluntariado não se trata de um método, mas de um princípio do Reino de Deus. Há necessidade de entender que ela não acontece da noite pra o dia, leva tempo de maturação e processo.

ð Como se aplica essa cultura no corpo de Cristo ou Igreja?

a)   A cultura vem pelo ensino: No ensino, mostra-se o que é servir, porque servir, como servir e a quem servir. Quando essa cultura é ensinada pela Palavra, não tem como não haver transformação.

b)   A cultura vem pela inspiração: Da mesma forma que a excelência chama a atenção dos demais, a cultura do voluntariado deixa impressionado o mais simples mortal. Depois de muito ensino, é preciso inspirar pelo exemplo. Pega essa verdade, ensinamos o que sabemos, mas somente reproduzimos o que somos.

c)    A cultura vem pelo treinamento: O treinamento precisa ser direto, objetivo e claro.

d)   A cultura vem pela repetição constante: Não se esqueça disso: o óbvio que não é dito não é óbvio!


TRANSIÇÃO: Quais são as marcas que da identidade ao voluntariado cristão?

 

1.    O VOLUNTARIADO É UM CHAMADO.


·      Rm 12:8 Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. Entre os dons mencionados aqui neste verso, há dois relacionados ao cuidado, que acompanham o chamado divino ao voluntariado, repartir e misericórdia.

a)   Repartir tem haver com o diaconato, esses foram chamados pra servir as mesas das viúvas e órfãos, necessitados da igreja e a mesa do pastor, por isso devem fazer com generosidade.

b)   Misericórdia, e aqui não é um sentimento é um dom que vem acompanhado de riqueza ou suprimentos financeiros e habilidades profissional, é o ato de eu usar o que Deus me deu pra auxiliar ao pobre ou necessitado.

·      Precisamos nos posicionar de forma a encontrar e ser resposta de Deus para a necessidade das pessoas.

 

1)   Porque servimos? Responder a essa pergunta vai revelar como e onde está o seu coração. Entenda que, o eterno sempre vai julgar e pesar as motivações, e isso está ligado diretamente ao coração.

a)   Servimos porque Jesus fez isso e, como seus imitadores, vamos perceber que é impossível pagar o que ele fez por nós, desse modo, o verdadeiro voluntário é aquele que serve fundamentado pelo amor.  Sem o combustivo do amor, o serviço fica pesado, torna-se obrigação, desistimos facilmente, não assumimos compromisso.

·      Quer saber se uma pessoa é líder de acordo com o padrão de Deus? Veja se o coração dele vibra ao servir.

·      Jo 3:16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Há nesse verso, duas palavras que definem o caráter de Deus e a mensagem que transforma o mundo: amar e dar. Não existe amor sem doação. Quando servimos, expressamos esse amor com a própria vida.

b)   Servimos porque a fé sem obras é morta. Tg 2:14-17, 26 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.

·      Ter fé também é servir. A fé e o serviço andam juntos. É terrível ter uma igreja apenas de clientes, na qual o som, as cadeiras, a iluminação, a palavra, o louvor e praticamente tudo são para eles. De forma inconsciente, eles estão ali pra receber. Sabe o que acontece com uma igreja assim? As pessoas se tornam críticas e reclamam de tudo e de todos. O texto é bem claro: de que adianta dizer que temos fé e não temos obras?

c)    O serviço está no DNA de uma igreja madura. Quer ver a igreja avivada, animada, unida? Comece a inspirar as pessoas ao serviço. Elas se sentirão participantes, assumirão a igreja como sua própria casa, verão na própria pele a dificuldade de lidar com as inúmeras críticas de irmãos que, no culto, adoram a Deus, mas são grosseiros com as pessoas.  

 

2)     Como servimos?

a)   Com amor. É praticamente impossível servir se o amor não for o combustível e a real intenção do coração. Voluntários cheios de amor servem com dedicação, eficiência, presteza e constância. Quando o combustível da alma é o amor de Deus, nenhum obstáculo é grande o suficiente para o que nos é proposto.

b)   Com excelência. Fazer mais do que bem feito. Fazer dando o seu melhor. A excelência tem um preço, custa caro. Mas, o preço que se paga por algo mal feito é muito maior. Acredito que a excelência é também uma questão de decisão.

c)    Com compromisso. Um voluntário comprometido produz mais voluntários comprometidos. Servir não é fazer algo de qualquer jeito. Servir é comprometer-se com uma causa.


3)   A quem servimos? A todos, sem distinção. O perigo de servir aqueles que são leais a nós é ficar na zona de conforto, ter receio de uma atitude não apropriada de algumas pessoas. Nosso grupinho é o nosso gueto; pessoas queridas com as quais queremos estar o tempo todo, são os que muitas vezes retribuem o que recebem. Precisamos servir o grupo dos “Pedros”, aqueles que por mais boa vontade que tenham, falham quando mais necessitamos. Elas nos defendem, estão ao nosso lado, aprendem rápido, mais infelizmente são pessoas do momento, não de jornada.

ð Devemos também servir ao grupo dos “Tomés”, são aqueles que sempre estão  pedindo provas de amor. São reativos, ficam olhando para ver o que vai acontecer. Precisam ver para crer e exigem que cumpramos o que prometemos, mas, eles não se envolvem. São extremamente carentes. É bom saber que esse grupo de pessoas se transforma em fiéis companheiros quando percebem que realmente são amadas.

ð Devemos também servir o grupo dos “Bartolomeus”. Você já leu algum escrito desse discípulo? Sabia que ele foi um dos doze? Sabia que ele esteve com Jesus em todos os momentos? Três anos inteirinhos com o senhor. Foi escolhido, ensinado, cooperou, mas nunca percebemos nada de extraordinário na vida dele. Os que fazem parte desse grupo são os anônimos, invisíveis, aqueles cujos nomes desconhecemos, cuja história são desconhecidas, mas são pessoas pelas quais Cristo morreu na cruz.

·      O voluntariado é servir às pessoas por aquilo que elas são, não por aquilo que possuem ou fazem.

·      Sem contar que ainda há o grupo de Judas, que são os críticos, os que tentam boicotar, atrapalhar, todos eles são um campo de treinamento para aprofundar o fruto do Espírito em nossa vida.

2.    O VOLUNTARIADO É UM ALISTAMENTO.

 

·      Nesse sentido de marca a igreja é vista como um grande exército que Deus levanta. O pastor falou dos filmes dos quais sou apaixonado, filmes de guerras. Filmes de grupo militares entram em situações de risco em prol de um alvo ou em favor de uma minoria. (filmes Até o ultimo homem). De forma bem direta, comparar os voluntários a essa elite das forças armadas me leva a destacar alguns princípios determinantes quando o assunto é servir às pessoas.

a)   Liderança. Todo voluntário tem espírito de liderança. Insisto em dizer que cada voluntário precisa entender essa realidade: servir liderando e liderar servindo.

ð Algo que você verá ao servir é que todo voluntário percebe a necessidade de formar equipe. Obs: sucesso é sucessão, toda liderança deve estar pronta pra passar o bastão, portanto, preparar seu substituto é a primeira atitude de um bom líder voluntário. 

b)    Disciplina. Gosto da definição de disciplina segundo a qual a constância é a marca em uma pessoa que permanece firma até que a tarefa para a qual foi designada seja feita. Disciplina e fidelidade andam juntas, em outras palavras, é a capacidade de iniciar, continuar e terminar quantas vezes forrem necessárias.

·      Outra forma de enxergar disciplina é encarar a dor, em outras palavras, é não fugir daquilo que vai requerer esforço, quer físico, quer emocional, ou qualquer situação que custe suor. Tem que haver muito amor quando um obreiro fica em pé duas horas em pé depois de um dia cansativo de trabalho, enquanto que pessoas estão bem acomodadas em sua poltrona pra adorar a Deus, não é fácil aguentar horas de ensaio para apresentar uma dança profética de cinco minutos, o que dizer quando o assunto é tomar conta de crianças naqueles dias em que elas estão a 220 volts? ou vir limpar e arrumar uma igreja toda onde após o culto os desavisados vão jogar papel no chão, vão deixar o lixo transbordando, banheiro sem dar a descarga etc? Ou, mesmo deixar um dia pra passear com a família pra servir cuidando de células pra adolescentes, jovens, irmãs ou varões e assim por diante?

·      A palavra para que isso aconteça se chama disciplina. Um voluntário cheio de amor não foge da dor, pois o amor é sacrificial.

c)    Capacidade. 1Pd 4:11 Se alguém serve faça-o com toda a força que Deus provê. Quando estamos no lugar certo e com a motivação certa, todos somos capazes. Agimos por saber exatamente a quem e por que servimos. Isso faz toda a diferença.

·      O verso é claro “faça-o com a força que Deus provê”, ou seja, com a orientação do Pai. Fico incomodado com pessoas que não buscam capacitar-se, que não querem expandir, buscar ser melhor, crescer. Quando você olha ao redor, perceba quanto você pode influenciar os demais com seus dons e talentos, quanto você pode fazer pelas pessoas com apenas uma decisão que depende somente de você.

·      E uma coisa é certa: buscar conhecimento fará toda a diferença. Buscar se capacitar através de cursos vai te fazer ir mais longe e fazer um pouco mais daquilo que os outros estão fazendo.

 

3.    O VOLUNTARIADO É UM INSTRUMENTO DA GRAÇA.


·      Você se imagina sendo a extensão do que Jesus faria? É justamente isso que acontece quando amamos e servimos às pessoas, e o resultado dessa atitude é que o próprio Deus será reconhecido por meio de nós.

·      Servir é ser um instrumento da graça para suprir as necessidades das pessoas, sejam elas emocionais, físicas ou materiais.

·      Servir não é uma questão de ter para fazer, e sim uma atitude daquilo que somos. Servir também é um instrumento de sustento e consolo. Muitas pessoas em meio a problemas conjugais, de saúde, perda de entes queridos ou questões financeiras agem com um coração de servo para trazer a graça do sustento.

·      Servir no fundamento da graça é ter coragem de quebrar a religiosidade. A religiosidade faz uma pessoa fazer sem motivo. Ela julga a pessoa pela aparência e pelos interesses. Quando alguém serve porque se sente obrigado a fazer isso por motivos religiosos, cai no erro de direcionar suas atitudes pela aparência, pela manipulação, por interesses pessoais e com acepção de pessoas.

·      Na religiosidade, o medo impera. Caso não se faça o bem a alguém, torna-se digno da punição de Deus, como se Deus agisse pelo que fazemos ou lhe damos.

·      Somos aceitos por Deus e Dele recebemos sua graça e amor. Ponto final. A graça jamais exigirá alguma coisa em troca. Cuidado para que sua generosidade não venha a prender a pessoa beneficiada por você, caso isso aconteça, não foi generosidade, e sim salário com exigência de contraprestação. A graça oferecida é a graça que já foi recebida.

·      Servir pela graça vai exigir de nós entender que tudo que somos, recebemos e seremos é por meio da graça.  

CONCLUSÃO:

Imagine você sendo os braços, as mãos, os olhos, os ouvidos, sendo literalmente a extensão de Jesus neste mundo. O voluntariado é um reflexo de Jesus.

·      Servir é o efeito, a causa é a natureza que temos. Se esta é a de Jesus, não há como não servir. É um imperativo refletir Jesus nas escolas, nas empresas, nas praças, no ambiente familiar, nas ruas, nos mais variados lugares e alcançar pessoas por meio do serviço voluntário.

·      Somos representantes do Reino de Deus aqui na terra e, quando servimos, estabelecemos outro padrão, outro governo, outra cultura.

 

 

  

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