terça-feira, 28 de maio de 2024

A FUNDAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

·      A igreja dentro do campo da teologia é apresentada no aspecto de antes do Novo Testamento com suas formas existentes, convocados pra fora e nesse sentido ela é universal, triunfante e na forma de organização no sentido de toda a congregação visível (a igreja Militante). Gahal (assembleia convocada) e Edah (a sinagoga visível). Sendo apresentada nas escrituras antes da fundação de toda a criação e revelada no V.T desde o Éden até a forma de aliança da Lei, através dos tipos, dos símbolos e das sombras figurativas.

·      Um dos nomes dos livros da Bíblia recebe o título de "Eclesiastes", alguém sabe por quê? Eclesiastes é uma transliteração da tradução grega do termo hebraico é Kohelet ou Qohelet, que significa "aquele que reúne uma assembléia", “ou aquele que fala a uma assembleia”, mas que é tradicionalmente traduzido como "professor" ou "pregador". Kohelet vem do termo hebraico Gahal. Eclesiastes vem Eklésia.  

·      Antes de Mt 16:8 ela era uma idéia, um plano, uma maquete espiritual, ela era o que Paulo chama um mistério oculto. Aos Efésios 3 por três vezes Paulo faz uso da palavra “mistério” (Ef 3:3 Como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima em pouco vos escrevi; v.4 O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, 9 E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou). Com muita clareza Paulo fala da natureza do “mistério” que o Senhor lhe havia revelado. O mistério era que gentios e judeus seriam colocados na mesma base; pela fé em Cristo, eles seriam incorporados a um novo corpo: a Igreja. E Cristo era a cabeça desse novo corpo (Ef 3:6).


·      Paulo também apresenta três aspectos importantes desse mistério para os gentios:

a) Os gentios são herdeiros em conjunto com os judeus, de algo que somente por adoção se tinha direito.

b) Os gentios se tornaram membros do mesmo corpo, isto é, a Igreja.

c) Eles também eram participantes da promessa em Cristo Jesus através da pregação do Evangelho, ou seja, participariam do benefício da promessa em Cristo Jesus, quando cressem, ao ouvirem a pregação do Evangelho (Rm 9:24-26).

No v.9 Paulo usa o termo revelado que é o mesmo em certo sentido que manifestado (ephifaneia), o ser manifestado não quer dizer que não existia. O termo aqui tem haver com a aparição do sol pela manhã, isso não significa que não existia, significa que existia, mais foi revelado ou manifestado na hora certa.

UMA OBSERAÇÃO: A palavra grega ekklesia, traduzida "igreja", sempre se refere a pessoas, jamais a um prédio. Hoje em dia, alguém poderia dizer: Há uma igreja branca na esquina da rua tal e tal. Quando a Bíblia fala da igreja de Éfeso At 20:28 Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para  pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Cada igreja local (era um tipo de células, igreja nos lares), era considerada como sendo a manifestação física da igreja universal nessa comunidade. Já que nenhum prédio de igreja foi construído até o terceiro século, Não havia um termo especifico para designa-lo. Quando foram construídos prédios de igreja, uma palavra diferente (kuriake) significando "a casa do Senhor" foi usada para referir-se a eles. Por outro lado, o emprego de uma palavra para descrever tanto o prédio como a congregação foi uma evolução natural. Chamar o prédio de igreja é uma figura de linguagem denominada "Metonímia" (o continente pelo conteúdo). O mesmo é encontrado em l Coríntios 11:26: "Porque todas as vezes que ... beberdes o cálice..." (Não bebemos o cálice, mas o  seu conteúdo). Não existe nenhum mal em chamar o santuário de "igreja", desde que se tenha em mente a verdadeira natureza da igreja.

 A ÉPOCA DA SUA FUNDAÇÃO.

Cristo declarou em Cesaréia de Filipe, quando da ocasião de Sua quarta e última retirada da Galiléia, que a igreja ainda estava no futuro Mt 16:18Sobre esta pedra edificarei a minha igreja”.

·      A Palavra ensina que a Igreja foi fundada no Dia de Pentecostes. Nossa modelo é o Templo antigo, assim como o Tabernáculo foi construído e depois consagrado pela descida da glória divina (Êx 40:34), assim os primeiros membros da igreja foram congregados no cenáculo e consagrados como igreja pela descida do Espírito Santo. Quando Deus ordeno a Moises a construção do Tabernáculo móvel, Ele disse que habitaria no meio do povo, Jesus disse como igreja onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome Ele estaria no meio deles. Na construção do templo de Salomão, Davi juntou os materiais para a construção do templo, mas a construção foi feita por seu sucessor, Salomão. Da mesma maneira, Jesus, durante seu ministério terreno, havia juntado os materiais para a edificação da sua igreja, por assim dizer, mas o edifício foi erigido por seu sucessor, o Espírito Santo. A maior promessa do A.T tem haver com essa relação da presença de Deus revelada no templo Ag 2:9 A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos. A última casa seria a igreja que carregaria a glória de Deus.

·      Paulo escrevendo aos irmãos de Efésos, Ef 2:20-22 afirmaVocês são como um edifício e estão construídos sobre o alicerce que os apóstolos e os profetas colocaram. E a pedra fundamental desse edifício é o próprio Cristo Jesus. Ele mantém o edifício todo bem firme e faz com que cresça como um templo dedicado ao Senhor. Assim vocês também, unidos com Cristo, estão sendo construídos, junto com os outros, para se tornarem uma casa onde Deus vive por meio do seu Espírito NTLH.

·      Realmente, essa obra foi feita pelo Espírito, operando mediante os apóstolos que lançaram os fundamentos e edificaram a igreja por sua pregação, ensino e organização. 


ð Portanto a igreja foi fundada no pentecoste (At 2:1). Lemos que havia 120 aguardando a promessa do Espírito quando o dia de Pentecostes chegou. Esses primeiros 120 foram os primeiros a serem batizados com o Espírito, e foram oficializados como membros fundadores da igreja de Jerusalém.


SOBRE QUEM E O QUE É A IGREJA FUNDADA. 


·      A igreja católica romana, com base em Mt 16:18, ensina que Pedro é a “pedra” sobre a qual a Igreja é edificada, fazendo disso uma doutrina para a continuidade Papal como a autoridade da igreja. Entretanto, está equivocada quanto a interpretação, o significado real desta passagem é que Cristo edificará a sua Igreja sobre a verdade da confissão feita por Pedro, isto é, que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo (v. 16 Neste texto, Jesus emprega um trocadilho. Ele chama seu discípulo de “Pedro” (gr. petros, que significa uma pedra pequena). A seguir, Ele diz: “sobre esta pedra (gr. petra, que significa uma grande rocha maciça ou rochedo) edificarei a minha igrejaisto é, sobre a confissão feita por Pedro. Não dúvida, que se trata da pessoa de Jesus Cristo que é a pedra, isto é, o único e grande alicerce da Igreja leia 1Co 3:11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.

·      Pedro declara que Jesus é a Pedra de Fundação 1Pe 2:4,6,7,8 E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina (pedra que não pode ser substituída, pedra que sustenta as demais, pedra que firma o edifício), eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina, E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados. At 4:11 Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.

·      Em lugar nenhum as Escrituras declaram que Pedro seria a autoridade suprema e infalível sobre todos os demais discípulos. Nem está dito, também, na Bíblia que Pedro teria sucessores infalíveis, representantes de Cristo e cabeças da Igreja.

·      Além de ser alicerce, Ele é também seu construtor. O texto é claro: Mt 16:18 edificarei a minha igreja”O termo tem sua origem no grego oikodomeo, que significa erigir uma construção, promover crescimento. A igreja não é uma comunidade estática, morta, fadada à mesmice. É um edifício em construção, um organismo vivo, um corpo em crescimento. 

·      Observe a relação que Pedro estabelece entre a Pedra viva que é Cristo, e as pedras vivas, que são àqueles que creram e receberam poder para serem feitos filhos de Deus 1Pe 2:4 -5 “E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. Cristo é a pedra viva eleita e preciosa, e os cristãos também, ou seja, são pedras vivas eleitas e preciosas, pois assim como Ele é são os cristãos aqui neste mundo 1Jo 4:17 “… porque, qual ele é, somos nós também neste mundo”. O homem antes de crer na mensagem do evangelho não é pedra viva. Ele não é eleito e nem precioso aos olhos de Deus. 

·      Pedro e os demais discípulos são “pedras vivas, Jesus disse para Pedro no sentido de igreja aqui no texto que ele faria parte dela como uma pedra do conjunto da edificação, como parte da estrutura da casa espiritual (a igreja) que Jesus está edificando 1Pe 2:5 Vós também (ele Pedro se incluiu nessa edificação), como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.

·      Vejamos pelo menos três características dessa pedra no texto do apóstolo São Pedro.


1)   A NATUREZA DAS PEDRAS, PEDRAS VIVAS.

a)   Pedras mortas: Para a cultura judaica uma pedra morta é aquela que é tão dura, que não se deixa mais lapidar, moldar. É uma pedra dada como “caso perdido” pelos construtores, por ser uma pedra que não se deixa trabalhar. Pedras mortas correspondem a crentes que não dá permissão para Deus trabalhar nelas, querem trabalhar, mas não querem ser trabalhadas.

b)   Pedras vivas: Uma pedra viva é aquela que aceita as batidas dos martelos, das lâminas. Que apesar da dor que sente, aceita o desafio de ser moldada e lapidada para se encaixar no “molde”. 1Rs 6:7 E edificava-se a casa com pedras preparadas, como as traziam se edificava; de maneira que nem martelo, nem machado, nem nenhum outro instrumento de ferro se ouviu na casa quando a edificavam. Eram moldadas de acordo com a necessidade da obra, elas se permitiam o molde.

·      O construtor que dava as medidas. Não eram elas que se encaixavam, era o construtor quem as colocavam no lugar que as cabia.

2)   A POSIÇÃO DAS PEDRAS, PERTO DA ROCHA (sobre essa Pedra).

1 Pd 2:4 Achegando-vos a Ele, a Pedra Viva, rejeitada pela humanidade, mas eleita e preciosa para Deus.

·      A pedra só é viva porque está ligada com a pedra fundamental. Sem ela somos pedras mortas. A pedra viva era aquela que saia dela uma fonte. Jesus disse que era a fonte Jo 7:37.

·      A ideia é você ser parecido com aquele que está mais perto de você. Por isso disse Pedro: achegando-vos a Ele. Ou seja. Quando chegamos a ele nos tornamos semelhante a ele. Jesus declara a Pedro sua vulnerabilidade, ou seja, ele é um fragmento de pedra, e ao mesmo tempo revela sua autossuficiência, apresentando a si mesmo como a rocha sobre a qual a igreja é estabelecida.

3)   O PROPÓSITO DAS PEDRAS, SEREM EDIFICADOS.

1 Pd 2:5 Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Observe que o propósito de nos apresentar perante Deus como pedra, é para sermos edificados como casa de Deus.

·      Uma pedra sozinha não forma um edifício, e aqui está a necessidade de estarmos em comunhão com a igreja de Jesus e congregando. Pedro nos ensina o poder da união. Se todos nós nos comprometermos como pedras, haverá edificação.

·      Vós sois, e não; vós estais. Estamos indo para igreja ou estamos sendo a igreja.

A ORGANIZAÇÃO DAS IGREJAS

·      Não podemos olhar a igreja apenas como Gahal (assembleia convocada, organismo, corpo de Cristo invisível e triunfante), temos que olhar pra ela como Edah (a sinagoga visível, a igreja militante não apenas quem vai mais aonde se vai, pois é nela que é revelada a identidade de luz e sal). No contexto do N.T cada igreja local era considerada como sendo a manifestação física da igreja universal.

·      Toda a estrutura e organização elaborada pode ser benéfica, mas deve sempre ser associada ao propósito da igreja, missão que parte de sua verdadeira natureza. A Bíblia não estabelece um sistema organizacional para a igreja, nem contraria a sua elaboração. O que ela oferece é uma missão a ser cumprida. É esta missão que deveria unir a igreja mais do que qualquer outro elemento individual. 

·      Tem havido indivíduos e até grupos de crentes que têm ensinado que as Escrituras não dão apoio para nossas igrejas organizadas dos dias de hoje. Entretanto diversas coisas demonstram que deve ter havido uma organização simples mesmo na Igreja de Jerusalém. Eis algumas dentre outras:

 

a)   Os crentes aderiam um padrão doutrinário definido (At 2:42). Todos esses fatores indicam princípios de organização na Igreja de Jerusalém.

b)   Tinham oficiais eclesiásticos. At 14:23 Paulo, ao voltar pelo mesmo caminho que tomara até Derbe em sua primeira viagem, promoveu-lhes “em cada igreja a eleição de presbíteros”. At 6 A igreja de Jerusalém nomeou diáconos para cuidar das necessidades das pessoas. At 20:17 Na Igreja de Éfeso havia “presbíteros”, At 13:1 na Igreja de Antioquia “profetas e mestres”, e Fp 1:1 na Igreja de Filipos, “bispos e diáconos”.

c)    Tinham hora estabelecida para suas reuniões. Temos informação de que os discípulos se reuniam no “primeiro dia da semana”, logo depois da ressurreição de Cristo. Em sua carta aos Coríntios 1Co 16:2 Paulo recomendava a seus leitores que, no primeiro dia da semana, separassem parte do que o Senhor lhes concedesse. Isto é, no dia em que a coleta (oferta) ia ser tirada. E na última jornada de Paulo a Jerusalém, At 20:7 ele pára em Trôade e se reúne com os discípulos no primeiro dia da semana.

d)   Regulamentavam o decoro na Igreja. 1Co 14:34 Eles regulamentavam o decoro na igreja e exerciam disciplina eclesiástica. Mt 18:17 Jesus havia dado instruções para que, no caso do crente que se recusasse a dar ouvidos a uma admoestação em particular, a disputa fosse levada à igreja para disciplina.

e)    Mandavam cartas de recomendação a outras Igrejas. Isto se deu quando Apolo deixou Éfeso e se dirigiu a Corinto (At 18:24-28). Está subentendido também na pergunta sarcástica de Paulo quanto a se deveria levar carta de recomendação quando voltasse a Corinto (2Co 3:1). Rm 16:1,2 é provavelmente uma amostra desse tipo de carta com relação a Febe.


ð Um documento precioso com data em torno de 150 d.C, de Justino, o Mártir, relata como era o culto no tempo dele. “No dia chamado domingo (que os cristãos preferiam chamar de dia do Senhor), reúnem-se no mesmo lugar todos que moram numa determinada cidade ou distrito rural. Lê-se das memórias dos apóstolos as cartas ou cópias (ainda não havia o cânon do Novo Testamento) e nos livros dos profetas, tanto quanto o tempo permite. Acabada a leitura, o pastor num discurso exorta e admoesta para que todos imitem estas boas coisas. Em seguida, todos se levantam e enviamos orações ao céu. Terminada a oração, traz-se pão, vinho e água, e o pastor faz oração e dá graças conforme a sua habilidade, e todos demonstram seu assentimento, clamando em coro: ‘Amém’. Faz-se então a distribuição dos elementos abençoados a todos os presentes, que participam, e aos ausentes manda-se pelos diáconos. “Aqueles que têm recursos, e são voluntários, cada um segundo sua própria escolha, contribui o que deseja, e a oferta recolhida é entregue ao pastor, que a distribui cuidadosamente para os órfãos e as viúvas, e para aqueles que por doença ou outro motivo estão necessitados, e também aos que se acham presos, e aos estrangeiros que residem conosco, e em suma, ele se torna protetor a todos aqueles que precisam de auxílio.”

Três Áreas de Desvio do Culto Original

Podemos identificar pelo menos três áreas do culto primitivo que foram distanciando da prática original, mesmo nos primeiros séculos, antes de Constantino.

1.    Primeiro, temos a área de liturgia e condução do culto, que começou com um modelo de participação espontânea de todos através de dons carismáticos do Espírito. Com o tempo, por ter menos vitalidade espiritual ou talvez por causa de excessos ou desvios nos dons, surgiu uma liderança mais forte para conduzir a reunião e uma liturgia mais segura para seguir, na ausência da operação tão marcante do Espírito Santo. No segundo século, esta situação já estava tão visível que surgiram os primeiros movimentos de renovação da igreja, entre os quais o montanismo, que se destacou pelo retorno da manifestação dos dons carismáticos nas reuniões, e também por excessos e ênfase demasiada em visões e revelações. Parece que não podemos ter tudo: ou aceitamos a manifestação do Espírito em cada membro, entendendo que junto virão erros e desvios a serem tratados, ou rejeitamos o verdadeiro junto com o falso, e nos contentamos com um roteiro mais seguro, mas sem a vitalidade da manifestação de Deus no nosso meio.

 

2.    Segundo, a prática central da adoração dos cristãos no primeiro dia da semana era a celebração da ceia do Senhor e o recolhimento de ofertas. Através do ato de comer juntos (era uma refeição), os cristãos demonstravam os pontos essenciais da vida da igreja, incluindo a vida nova proporcionada pelo sacrifício de Jesus, e a alegria da comunhão com Deus e uns com os outros. Mas os exageros e desvios começaram já no Novo Testamento, como os que apareceram na igreja em Corinto; a refeição foi se reduzindo para pão e vinho, a revelação de vida e comunhão foi se apagando, e a liturgia passou a focalizar mais o arrependimento e o conserto da vida. Isto já se evidenciou nos primeiros séculos através das exigências que a igreja passou a fazer para que se participasse da ceia, mas foi um processo que levou séculos para chegar às diversas formas e rituais que existem hoje. A comunhão deu lugar à ordem litúrgica.

3.    Terceiro, temos as mudanças que ocorreram no local onde os crentes se reuniam para adorar. No princípio, os seguidores de Jesus cultuavam a Deus e praticavam a vida da igreja nas casas, conforme vemos no livro de Atos e nas epístolas. A utilização de prédios ou locais públicos era para anunciar o evangelho, como no templo (Atos 3), nas sinagogas (Atos 13.14,15; 17.1,2, etc), numa escola (Atos 19.9), praças (Atos 17.19-22) etc. As casas continuaram durante os primeiros séculos como principal local de culto especialmente por causa da perseguição, mas seu papel de favorecer o ambiente íntimo e espontâneo da igreja era essencial às características do culto primitivo. Com a multiplicação numérica, especialmente nas cidades maiores, a igreja continuou nos lares, mas muitas vezes nos lares mais espaçosos de membros mais privilegiados. O átrio numa casa romana, ou a sala de jantar numa casa grega, acomodava talvez de cinquenta a setenta pessoas, e era apropriada também para a refeição ágape da ceia.

No terceiro século, a transição para templos especiais foi se acelerando. Numa cidade perto do rio Eufrates, foi encontrada uma casa particular que foi reformada para servir como igreja. Paredes foram tiradas para formar um salão maior; havia uma pequena plataforma numa extremidade do salão; numa outra sala, havia um local especial para batismos; e pinturas de Adão e Eva, e do Bom Pastor nas paredes. Esta casa é o templo mais antigo ainda existente e mostra o que talvez já acontecia em muitos lugares naquela época (por volta de 240).

Depois de 260, num período de tranqüilidade para a igreja e descanso das perseguições, houve uma multiplicação grande do número de cristãos, e templos começaram a ser construídos por toda parte. O cristianismo começava a ser mais e mais proeminente no Império Romano. Na última grande onda de perseguição antes de Constantino (303 – 311), estes templos foram em grande parte destruídos ou desapropriados. Somente depois de Constantino é que a construção de templos cristãos foi realmente liberado, e o centro do culto cristão institucional foi definitivamente deslocado dos lares para os templos cada vez maiores e mais suntuosos que temos até hoje.

Quando olhamos para a sua instituição e origem vemos que Cristo, seu fundador veio organizar um povo, uma comunidade de adoradores e que com o passar dos tempos à igreja virou uma instituição. Ela tem CNPJ; tem prédios (templos, edifícios de educação teológica, departamentos, entre eles, o de administração, etc.); tem recolhimento de ofertas, rol de membros; tem contas a pagar, enfim virou uma pessoa jurídica. Então há uma reclamação de que a igreja como instituição não é aquilo que Deus tinha planejado. Nesta visão, a instituição acaba prejudicando aquilo que Deus quer que a igreja seja. Para Dr. Nicodemus: “isto fossiliza a igreja, engessa, formaliza, e acaba virando religião, quando na verdade deveria ser cristianismo”.

Não é errado que a igreja tenha virado uma instituição, cedo ou tarde qualquer organismo tem que se institucionalizar. Quem critica a igreja não percebe que sua institucionalização se fez necessária, visto que, a sociedade evoluiu e com ela aqueles que haviam de salvar “e todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At. 2:47b). A igreja cresceu e automaticamente gerou uma necessidade de maior e melhor organização. O problema não reside na institucionalização da igreja, e sim, no institucionalismo, quando a máquina administrativa passa ser prioridade e detrimento da missão da igreja. Nosso alvo não é negar as imperfeições da igreja instituição, mas conhecer, em profundidade sua razão e motivação de existência. No que passamos a conhecer, nos tornamos um defensor, e sobre tudo, passamos amá-la profundamente e a servi-la melhor no mundo.

Nos primeiros séculos, os crentes chamavam o lugar em que se encontravam de kuriake Oikia, a Casa do Senhor. A palavra grega kuriakos ("pertencentes ao Senhor"), que aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (l Co 11:20; Ap 2:10), deu origem à palavra Church Igreja, em inglês (também kirche, em alemão e kirk na escocia). No Cristianismo primitivo, tinha o significado de lugar onde se reunia a ekklesia, a igreja. O local da assembléia, independente do seu uso ou ambiente, era considerado "santo" ou pertencente ao Senhor, porque o povo de Deus se reunia ali para adora-lo e servi-lo. Hoje, "igreja" comporta vários significados. Refere-se frequentemente ao prédio onde os crentes se reúnem (ex: "Estamos indo à igreja"). Pode indicar a nossa comunhão local ou denominação. Por isso, é dito que os Cristãos são a igreja, vão para a igreja, e se encontram em uma igreja.

GOVERNO DA IGREJA

A idéia do governo certamente é uma idéia bíblica, Entretanto, não devemos, por isto, achar que o governo seja sagrado. Ele tem procedência divina, mas é exercido por homens constituídos por Deus, e por natureza, sujeitos às falhas, injustiças e muitas imperfeições.

·      A vida social e religiosa exige governo e institucionalização. Somos seres sociais e vivemos em comunidade e, por isto, necessitamos de regras, leis e padrões para que a vida se torne possível em comunidade. Na igreja não é diferente, e diante disto, só resta à igreja buscar uma governabilidade que seja mais próxima do padrão bíblico e contextualizado a sua realidade religiosa e sociológica.

·      No contexto da igreja evangélica existem várias formas de governo, desde os mais centralizados e verticais aos mais liberais e democráticos. Cumpre a nós percebermos em cada um deles suas vantagens e desvantagens, pois todos os modelos apresentam sucessos e fracassos. Nenhuma modalidade de governo é isenta de problemas. Mesmo porque, independentemente de qual seja a forma de governo em si, a igreja é liderada por homens falhos e sujeitos ao pecado. Essa afirmação não perde de vista que acima das falhas das lideranças humanas, quem governa de verdade e de forma definitiva a igreja é o Senhor Jesus Cristo. Graças a Deus!

Diante da realidade destes fatos e com a certeza de que não devemos imaginar um governo perfeito, convém, apenas que estudemos cada modelo com um coração humilde e aberto para a aprendizagem.

1.    GOVERNO CONGREGACIONAL. Dentre os tipos de governo este é o mais democrático, e que baseia sua administração na capacidade de cada membro da comunidade decidir e opinar sobre os destinos daquela igreja. Todos os procedimentos relativos á escolha de líderes (pastores e diáconos), compra e venda, recebimento de novos crentes etc, tudo é decidido pela comunidade em uma assembléia. Podemos afirmar que é um modelo onde “todos governam para todos”. Como consequência desta forma de governo, cada igreja local é autônoma, ou seja, não está sujeita a nenhum concílio ou bispado regional, no que concerne a sua administração. Neste sistema de governo, os oficias da igreja são apenas dois: pastores e diáconos. Ambos são escolhidos e empossados pela igreja local, sendo que os pastores respondem, efetivamente, pela direção espiritual da igreja e os diáconos são auxiliares nas questões mais ligadas a esfera social da igreja. (as igrejas Batistas).

2.    GOVERNO EPISCOPAL. Esta forma de governo é exercida, como o próprio nome denuncia episcopos (bispo no grego), ou seja, um governo exercido por bispos. Neste sentido há uma hierarquia na forma de governo, sendo que um bispo principal governa sobre os demais, que respondem por determinada diocese, paróquia ou região. Entretanto, o episcopalismo mais notório é o monárquico exercido pela igreja católica, que tem no bispo de Roma, o bispo dos bispos, sendo que seu cargo é vitalício e sua figura é considerada infalível e seus ensinamentos inquestionáveis. O episcopalismo é praticado, também, por igrejas evangélicas como a metodista e a anglicana. Sendo que no metodismo, cada igreja tem seu pastor“as igrejas de determinada região eclesiástica são supervisionadas por um bispo. Os bispos de todo o país formam o Colégio Episcopal”. Já na igreja anglicana existe a figura do Arcebispo (bispo primaz) que é responsável por uma região ou província, não existindo a presença de um bispo dos bispos, sendo que os mesmos não têm cargo vitalício ou baseado numa sucessão apostólica, sendo eleitos para dois ou três anos de mandato. No modelo de governo das igrejas Anglicanas e Metodistas há a presença de três oficiais: O Bispo, o presbítero e o diácono. Na igreja católica há a presença do diácono, do padre, do bispo, do arcebispo, do primaz, do cardeal e do papa.

 

3.    GOVERNO PRESBITERIANO. O governo presbiteriano é o governo através dos presbíteros. Os referidos são eleitos pela igreja local e formam um conselho presidido pelo pastor e auxiliam o pastor na administração e governo na igreja local. Neste modelo de governo há a presença de três oficiais: Presbítero, pastor e diácono. A igreja é administrada da seguinte forma: a assembléia escolhe os presbíteros, diáconos e pastores, sendo que os presbíteros escolhidos da igreja local passam a compor o conselho da igreja local, os mesmos presbíteros passam a pertencer ao presbitério (que é um conselho regional de igrejas). Acima deste Presbitério há o Sínodo, que é composto pelos presbitérios de determinada região. Mais acima, ainda há o Supremo Concílio que é o último nível de liderança da denominação.

4.    GOVERNO ECLESIÁSTICO. Algumas igrejas como a assembléia de Deus adotaram um sistema que mescla Episcopalismo com Presbiterianismo, uma vez que adotam os mesmos oficiais dos presbiterianos: Diácono, Pastor e Presbítero; ao mesmo tempo, que são administradas por um líder regional que responde por um “campo” que recebe o título de pastor presidente.

Existem aqueles grupos cristãos que não adotam nenhuma forma de governo, entendendo que a instituição de líderes sobre o povo de Deus não é bíblica. Um exemplo disto são os Quacres Americanos que consideram pecaminoso a instituição de oficiais na igreja, sendo que no culto público cada um desenvolve seus dons na “direção do Espírito Santo”. Esta idéia de uma igreja sem viés denominacional é antiga e já era proposta pelos Montanistas (século II).

PORÉM JESUS INSTITUIU OFICIAIS A IGREJA 

Havia pelo menos dois cargos diferentes nas igrejas primitivas.

a)   Pastor, Presbítero e Bispo. Estes três termos denotam um único cargo no Novo Testamento. At 20:17,28 diz que os “presbíteros” da Igreja de Éfeso foram constituídos em “bispos” sobre o rebanho, com a finalidade de “alimentar, pastorear” a igreja de Deus. Temos aqui os termos “presbíteros”, “bispos” e “pastores” usados para os mesmos homens. Em 1Pe 5:1,2, os deveres de um “pastor” são atribuídos aos “presbíteros que há entre vós”, isto é, os dois eram a mesma coisa. Tanto 2 Jo 1: 3 quanto 1Pe 5:1 ambos eram apóstolos, e no entanto se diziam “presbíteros”. Certamente isto não implicava em um cargo abaixo do de pastor e bispo. O termo grego presbítero ocorre dezoito vezes no Novo Testamento, mas somente Ef 4:11 é traduzido por “pastor”. Seu significado real é o de pastor de ovelhas.

 

b)   Diáconos. A palavra vem do grego diakonos. Diácono significa “servo ou ministro”. Uma das funções deles na igreja do Novo Testamento é vista em At 6:1-6. Deviam ajudar os pastores, cuidando dos assuntos temporais e materiais da igreja de tal maneira que os pastores pudessem dedicar-se à oração e ao ministério da Palavra. As qualificações espirituais dos diáconos são essencialmente as mesmas dos pastores (1Tm 3:1-7).

JESUS DEU PRA EDIFICAR A IGREJA DONS MINISTERIAIS

Ef 4:11 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.

·      Muitos dizem que os dons ministeriais de Efésios 4:11 cessaram, mas o v.14 desse mesmo capítulo diz que eles existem “até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo", e isso ainda não ocorreu.

É o dom ministerial recebido de Deus que determina o ministério ou o ofício do ministro. Em Atos 13:1 vemos que os candidatos à ordenação já tinham o dom ministerial concedido por Deus: E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão, chamado Níger, e Lúcio cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.

Os dons do ministério são recebidos de Deus, segundo a sua soberania e no seu tempo. A uns Deus chama e capacita quando ainda estão no ventre de suas mães: GI 1:15-16 Mas quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue. A outros, Deus chama na infância: 1Sm 3:4 O Senhor chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui. Há alguns a quem Deus chama e capacita na idade adulta: Mc 3.13-14 E subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar.

·      As mulheres foram responsáveis diretas pelo crescimento na Igreja Primitiva. Em Roma existiam quinze mulheres para cada oito homens, mostrando que numericamente prevaleciam no contexto da Igreja. Romanos 16.

Dorcas: mulher caridosa que ajudava muitas pessoas necessitadas em Jope e por isso era muito querida pelo povo. Foi ressuscitada através da oração de Pedro.

Maria: mãe de João Marcos que tinha uma igreja reunindo em sua casa (Atos 12:2).

Lídia: fundadora da Igreja em Filipos a partir de sua casa, de onde o evangelho entrou na Europa;

Dâmaris: se converteu ouvindo o apóstolo Paulo no areópago em Atenas (Atos 17:34).

Priscila: esposa de Áquila, fazedora de tendas com seu marido e companheiros de viagens missionárias com Paulo. Foram discipuladores de Apolo.

Febe: mulher enviada para servir a Igreja em Cencreia, considerada diaconisa Rm 16:1. Foi uma mensageira que levou a carta de Paulo aos Romanos.

Maria: uma cristã em Roma elogiada pelo serviço prestado aos apóstolos Rm 16:6.

Júnias: parente do apóstolo Paulo e esposa Andrônico. O casal se converteu antes de

Paulo e provavelmente foi referência discipuladora para ele. Os dois foram citados por

Paulo como “apóstolos” Rm 16:7.

Trifena e Trifosa: provavelmente duas irmãs que trabalhavam na igreja em Roma.

Pérside: mulher trabalhadora entre os cristãos romanos, considerada amiga de Paulo.

Júlia: cristã da família de Filólogo, possivelmente irmã ou esposa (Romanos 16.15).

Irmã de Nereu: embora não cite o nome, o texto declara que juntos dirigiam uma Igreja doméstica em Roma (Romanos 16.15).

Evódia e Síntique: duas mulheres da Igreja em Filipos, que se desentenderam e por isso foram exortadas por Paulo. Provavelmente seriam líderes colaboradoras dos filipenses (Filipenses 4.2,3).

Ninfa: mulher que hospedava a igreja dos colossenses em sua casa (Colossenses 4.15).

Lóide e Eunice: avó e mãe do jovem Timóteo. Eram mulheres judias que provavelmente teriam se casado com homens gregos. Ensinaram Timóteo no evangelho desde criança (II Timóteo 1.5; 3.15; Atos 16.1).

Áfia: possivelmente a esposa de Filemom. Mulher hospitaleira, que recebeu cristãos em sua casa. O destaque de sua citação demonstra que era uma mulher influente e colaboradora do ministério de Paulo (Filemom 2).

Cláudia: Possível companheira de prisão do apóstolo (II Timóteo 4.21).

Dionísio e Thamires se convertem em Atenas e se tornam lideranças na Igreja da Grécia, segundo a tradição da Igreja.

A própria tradição no II século da Igreja medieval afirma que Maria Madalena foi Bispa.

Estas vinte e uma mulheres citadas na igreja do Novo Testamento revelam que a presença feminina era marcante exercendo liderança no meio dos apóstolos. Mas elas não eram apenas colaboradoras dos apóstolos, também exerciam funções de destaque.

Algumas funções exercidas por mulheres na igreja apostólica:

1) Apóstolas. Embora a palavra apóstolo não era usada no feminino, como também a palavra discípulo e outras que eram acompanhadas do termo mulher, como “mulher apóstolo” e “discípulo mulher” para designar gênero. O sentido neo-testamentário da palavra apóstolo é o de enviado ou missionário. Sendo assim, mulheres enviadas em missão poderiam ser consideradas apóstolas, mesmo que não recebessem diretamente este título. Em Romanos 16:7, Júnias e seu esposo Andrônico são chamados de “notáveis entre os apóstolos” incluindo aqui a figura feminina.

2) Profetizas. Muitas mulheres tinham o dom de profetizar, cumprindo a profecia de Joel em que o Espírito Santo é derramado sobre “filhos e filhas... servos e servas” (Atos 2:17,18). No dia de pentecostes, estavam reunidos cerca de cento e vinte discípulos e havia muitas mulheres entre eles (Atos 1.14), quando “todos” receberam o Espírito Santo (Atos 2.1-4). Podemos definir a profecia incluindo o ato de anunciar a Palavra de Deus, que pode ser entendido também como pregação (I Coríntios 14.3). No texto de I Coríntios 11.5, onde há orientações sobre “toda mulher que ora ou profetiza”, embora Paulo coloque restrições e exija o uso do véu pelas mulheres como ato de submissão aos homens, mesmo assim o texto revela que as mulheres tinham liberdade de profetizar na Igreja. As quatro filhas de Filipe, o evangelista eram profetizas (Atos 21.9).

3) Diaconisas. Diaconia é traduzido como serviço ou ministério. Quando Paulo orienta sobre o perfil do diaconato em I Timóteo 3.11, se dirige também às “mulheres do mesmo modo”, colocando-as em igualdade com os demais diáconos. O texto aqui não se refere às mulheres em geral na Igreja, ou às esposas dos diáconos, mas sim a mulheres que exerciam o efetivamente o diaconato. Muitas mulheres trabalhavam na Igreja e tinham seus nomes associados à Palavra diakonia, como no caso de Febe em Romanos 16.1 citando “Febe, que está servindo à igreja de Cencreia”, onde a palavra servindo é diákonon [dia/konon]. Vários Pais da Igreja citaram o exercício do ministério das diaconisas na Igreja Primitiva.

4) Presbíteras. Os presbíteros eram anciãos da Igreja que atuavam no ministério pastoral. Em I Timóteo 5.2, onde se traduz “mulheres mais velhas” ou anciãs, o texto original é presbuteros (presbu/terov), no plural e feminino, mostrando que havia várias presbíteras na Igreja. O mesmo acontece em Tito 2.3 quando cita as “mulheres idosas” como modelo de instrução para outras mulheres mais jovens (Tito 2.3-5). Isso demonstra que as mulheres mais experientes colaboravam no ministério pastoral da igreja.

·      Em 1 Tm 3.9 Paulo diz: os Diáconos sejam honestos, não cobiçosos, nem de duas palavras, nem dado a vinho. No versículo 11 diz: Da mesma maneira as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Aqui Paulo se reporta as mulheres Diaconisas e não esposas de diáconos, pois, se assim fosse ele falaria das esposas dos Presbíteros. Na Igreja primitiva mulheres judias já administravam a filantropia na Igreja, daí que foram escolhidos 7 homens judeus influenciados pela cultura grega. No tempo de Jesus havia 900 Sinagogas que eram administradas pelos parnasim (hebraico) e na transição para a Igreja passou a usar o termo Diácono. Mas esta palavra que significa mordomo, ou seja, um servo que administra os bens do seu patrão e não dulos, que é um servo comum, passou a significar muito para a Igreja primitiva. Veja que os diáconos eram cheios do Espírito, se destacaram mais do que alguns Apóstolos, portanto eles exerciam cargo de liderança. Felipe era Diácono, ganhou Samaria e batizou o Eunuco da Etiópia. Então o Diácono daquela época exercia a plenitude do ministério. Diferente do Diácono hodierno local que apenas faz segurança e recolhe oferta.

·      Febe dirigia a Igreja em Cencréia. É fato que a mulher na cultura judaica era discriminada. Essa transição do Antigo Testamento para o Novo desencadeou mudanças profundas na Igreja, pois os costumes judaicos que estavam incrustados foram removidos pela pregação de Paulo. As mulheres passaram a ter mais autonomia. Até porque Jesus havia iniciado esta autonomia no seu ministério. Até a poligamia que existia na Igreja primitiva passou a ser rechaçada, mas isso foi um processo lento, de transição.

·      Os evangelhos falam de doze discípulos, mas Lucas faz questão de mencionar um colegiado de discípulos em número de setenta, talvez por ser o evangelho do homem, cujo foco está centrado na humanidade do Salvador e 70 fala da humanidade representada nas setenta nações de Gênesis. Mas neste grupo de 70 discípulos aparecem as mulheres Suzana, Joana, Maria madalena e outras que o acompanhavam no ministério. (Lc 8:1.) Essas mulheres foram arrojadas no exercício do ministério.

 

·      Não há relato na bíblia que uma mulher tenha sido ordenada a pastora, como também não há relato bíblico que algum homem tenha sido ordenado a pastor. Não existe na bíblia ordenação a pastor, já que pastor era um dom ministerial conforme Ef 4:11.

·      Não há relato que alguém tenha sido ordenado a evangelista na Bíblia, nem homem, nem mulher. Mas há relato que alguém tenha sido enviado como evangelista como Barnabé e Paulo. A mulher Samaritana foi enviada por Jesus como evangelista, mas não ordenada. Outros foram enviados como apóstolos para desbravar.

·      Apolo era um exímio mestre na palavra, mas não tinha sido ordenado. A ordenação dos doze começa com a chamada para pescar homens, algum tempo depois Jesus após a ressurreição ordena os onze dizendo: ide pregai, ensinai e batizai. A pregação pressupõe o evangelista e o apóstolo, ensinar pressupõe o Mestre e o profeta, batizar é o papel do Pastor que apascenta. Interessante que Paulo disse que não se orgulhava de batizar, mas de pregar. Paulo deixa implícito que não tinha o dom de Pastorear, pois ele afirma que tinha o dom de Apóstolo, pregador e Mestre I Tm 2:7 II Tm 1:11. Ele afirma: eu plantei, mas Apolo apascentou e Deus deu o crescimento.

·      Com essas considerações aprendemos que a mulher pode exercer o ministério, seja pregando, orando, ensinado, curando, aconselhando, dirigindo Igreja, liderando, agregando.


Pr. Nilton Jorge

 

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