quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

A IGREJA E O SUSTENTO MISSIONÁRIO

TEXTO: Fp 4:19

INTRODUÇÃO:

·      Na última lição estudamos a relação do chamado missionário com o campo profissional da pessoa chamada. A lição desta semana traz o assunto do sustento financeiro da obra missionária. Ela está fundamentada em Fp 4:10-20 que aborda a perspectiva bíblica do sustento financeiro da obra missionária na visão de Paulo, os princípios básicos para esse sustento financeiro e um estímulo para se investir na obra missionária.

·      A igreja de Filipos, por seu testemunho demonstrou ser o modelo de uma igreja que compreendeu a sua missão missionária, não apenas na comunicação do evangelho, mas, sobretudo, na prontidão em prover o sustento necessário do apóstolo Paulo em sua missão, ainda que servindo em outra cidade.

·      Você entende que participar do sustento financeiro da obra missionária é privilégio ou obrigação?

·      Paulo não enfatiza a obrigação nem aos crentes de Coríntios e muito menos aos irmãos de Filipos, porém ele aborda sobre a disposição voluntária e prazerosa dos irmãos filipenses e de Coríntios em financiar o ministério missionário e pastoral.

1)             A IGREJA DE FILIPOS E O SUSTENTO MISSIONÁRIO.

·      Originalmente conhecida como Krenides “As pequenas fontes” devido ao grande número de fontes que havia em seus arredores, Filipos “cidade de Filipe” recebeu o seu nome de Filipe II da Macedônia (o pai de Alexandre, o Grande) em 360 a.C.

·      Atraído pelas minas de ouro que havia no local, Filipe conquistou a região no século IV a.C. No século II a.C, Filipos tornou-se parte da província da Macedônia. Lucas nos mostra em At 16:12 a cidade de Filipos como a “...primeira cidade desta parte da Macedônia, e é uma colônia...”, o que nos deixa claro que era cidade de grande importância política.

·      Como colônia romana, Filipos tinha autonomia do governo provincial e os mesmos direitos que tinham as cidades na Itália, incluindo o uso da lei romana, isenção de alguns impostos e cidadania romana para seus habitantes (At 16:21). Os filipenses tinham muito orgulho dos seus privilégios de cidadãos romanos e eram fiéis a Roma, algo que Paulo usou como ilustração em Fp 3:20. As mulheres na província da Macedônia eram tratadas com respeito. Como se vê na epístola (Fp 4:2-3), elas eram ativas na vida pública.

·      A igreja filipense foi fundada no ano de 50 ou 51, mais ou menos uma década antes de a epístola ser escrita, durante a segunda viagem missionária de Paulo (At 16:12-40).

·      Paulo e Silas chegaram a Filipos e, aparentemente, não encontraram uma sinagoga judaica. Havia, porém, um lugar de oração à margem do rio, onde algumas mulheres reuniam-se no sábado para orar. Uma dessas mulheres, Lídia, creu na mensagem do evangelho que Paulo pregava. Como resultado da sua gratidão para com Deus e para com os missionários, Lídia abriu sua casa para eles. Pelo ministério de Paulo e Silas, muitos se tornaram cristãos em Filipos, e uma igreja foi fundada ali.

FILIPENSES: UMA IGREJA MISSIONÁRIA.

1- Paulo e a igreja de Filipos. O texto de nossa Leitura Bíblica em Classe mostra que o apóstolo Paulo aceitou a oferta dos crentes da igreja de Filipos, que foi entregue voluntariamente ao apóstolo, de modo que serviu para o seu sustento. As palavras do apóstolo Fp 4:14, mostram-nos que suas aflições também eram as da igreja em Filipos “Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição”. A expressão “tomar parte” no grego sunkoinoneo, que quer dizer “associar-se com”, “compartilhar”, “ser sócio em”, deixa evidente que, os cristãos filipenses sentiam comunhão com Paulo, em uma aflição comum.

·      No trecho de Filipenses 4:10-20 vemos um obreiro que havia experimentado a abundância e a escassez na vida. Sentiam a tensão da situação do apóstolo e fizeram o que estava ao alcance deles, como se eles mesmo estivessem sendo afligidos, I Co 12:26 pois como Corpo de Cristo, quando um membro sofre, todos sofrem igualmente.

2- O privilégio de participar do sustento missionário. À luz do exemplo da igreja de Filipos, os membros e os obreiros da igreja local têm o privilégio de serem participantes do sustento financeiro e do apoio aos missionários e suas famílias por meio da secretaria ou do departamento de Missões da igreja. Ora, os filipenses faziam isso com alegria e de maneira voluntária (Fp 4:15). Assim, conforme já estudamos, orar, interceder, acompanhar e financiar o ministério dos missionários é um privilégio específico dos membros da igreja local. Aqui, ocorre uma relação espiritual de muita confiança em que o Corpo de Cristo sustenta e apoia os obreiros transculturais.

·      Na relação dos crentes de Filipos com o ministério do apóstolo Paulo há um contexto de liberalidade e voluntariedade. Paulo com gratidão relembra o apoio que os crentes filipenses lhe concederam, e isto mais de uma vez (Fp 4:15,16). E agora, aprisionado em Roma, observamos que a preocupação dos crentes de Filipos com Paulo, não se resumiu a estar ciente de suas aflições, nem apenas em orar pelo apóstolo, mas principalmente em obras, enviando-lhe uma oferta para sustentar o seu pastor a fim de aliviar o seu sofrimento (Fp 4.18). “Naquela época, as prisões não eram como as de nossos dias. Os presos eram responsáveis por seu próprio sustento dentro das prisões. Aqueles que não tivessem o apoio de familiares e amigos estavam sujeitos a morrer de fome ou por enfermidades, pois os cuidados médicos também não eram fornecidos”.

3- Esferas de sustento missionárioO trabalho missionário envolve muitas esferas que precisam ser financiadas economicamente. Quando uma igreja envia um missionário para determinado país, deve haver um planejamento financeiro que custeie alimentação, moradia, transporte e demais necessidades de diferentes naturezas de acordo com o contexto cultural em que o missionário e sua família estão inseridos. É uma tarefa de grande responsabilidade em que, caso não haja o cumprimento rigoroso do sustento financeiro, o trabalho missionário pode ser gravemente comprometido. Por isso, aqui, devemos relembrar de que Deus recebe a oferta que oferecemos aos missionários, e se compromete a abençoar-nos e suprir todas as nossas necessidades por causa desse investimento santo (Fp 4:18,19).

·      Embora Paulo abrisse mão do sustento que deveria receber da igreja por “direito” em Corinto (1Co 9:6), Ele lembra, a esta igreja, que outras igrejas lhe sustentaram para que ele pudesse abrir mão do sustento naquela cidade (2Co 11:8,9) reafirmando a doutrina da responsabilidade da igreja em prover o sustento dos obreiros que vivem exclusivamente para a obra (1Co 9:6-12; Gl 6:6; 1 Tm 5:18). Paulo cita o exemplo do agricultor que é o primeiro que experimenta dos frutos, e do criador de gado que se alimenta do seu leite (I Co 9:7). Na visão paulina não é diferente no âmbito espiritual, pois o sacerdote da antiga aliança que ministrava no altar dele também se alimentava (I Co 9:13; Lc 6:4), e de acordo com a Lei, os dízimos deveriam ser entregues aos sacerdotes e levitas constituídos para o ministério do culto (Nm 18:21-32).

·      Por fim, o apóstolo apoia esta prática sob o ensinamento de Moisés (1Co 9:9; Dt 25:4) e também do próprio Senhor Jesus (I Co 9:14; Mt 10:9,10).

·      A igreja em Filipos era dotada de uma profunda consciência no que dizia respeito ao sustento dos obreiros. Quando o evangelho começou a avançar na Macedônia e adjacências, foram esses crentes que proveram as necessidades do apóstolo Paulo (Fp 4:15); depois, quando estava em Tessalônica, por duas vezes foi ajudado pelos filipenses (Fp 4:16). Quando escreveu a epístola, Paulo agradeceu novamente por mais uma ajuda a ele enviada (Fp 4:10). Muito diferente da consciência dos filipenses, era a dos crentes de Corinto. Alguns deles chegavam a duvidar do apostolado de Paulo e se esqueciam de que fora ele quem fundara aquela igreja (1Co 9:1). Paulo teve ainda que justificar o direito que ele tinha como apóstolo, de ser sustentado pela igreja (1Co 9:2-10).

2)             PRINCÍPIOS BÁSICOS ACERCA DO SUSTENTO MISSIONÁRIO PELA IGREJA.

1- O custo do sustento financeiroAntes de se lançar em qualquer projeto missionário, a igreja local deve fazer os cálculos de custos, conforme mencionado por Jesus no Evangelho de Lucas (Lc 14:28). Por exemplo, é necessário estudar o padrão de vida do país para onde o missionário será enviado. É prudente que, previamente, seja estabelecido um contrato entre a igreja e o missionário, estabelecendo todas as tratativas acordadas com o missionário e sua família, antes do envio deles (Mt 5:37).

·      Tudo deve ser feito com muita clareza e correção. Nesse sentido, a igreja local envia e assume a responsabilidade financeira com o missionário. Esse compromisso deve ser ajustado periodicamente, de acordo com o exame criterioso dos custos da obra a ser desenvolvida, tais como: transporte do missionário até o local da atuação da obra, moradia, educação, saúde da família e tudo que esteja relacionado à instalação do missionário com sua família naquele país. Isso respaldará a obra missionária até que esta adquira condições de se auto-sustentar e dar assistência ao obreiro em todas as áreas de sua vida.


2- Princípios básicos do sustento missionário. Com base no texto bíblico de Filipenses 4:10-20, apresentamos alguns princípios básicos a respeito do sustento missionário. Vejamos:

a) O suporte financeiro deve ser feito de modo organizado sem ignorar a carência e as necessidades dos missionários no campo;
b) O sustento deve ser coletado: nas igrejas e entregue regularmente aos missionários de um modo eficiente e responsável;
c) O sustento de missões é uma resposta voluntária dos fiéis que, em gratidão a Deus pela salvação, apoiam a proclamação do Evangelho e, por isso, doam voluntariamente ofertas para sustentar os missionários enviados;
d) O sustento deve ser mais do que o básico, deve ser amplo de acordo com a natureza daquele trabalho missionário;
e) O sustento de missões deve ser feito de um modo constante e permanente.

3- Um apoio fiel e permanente. O apóstolo Paulo elogiou os Filipenses pelo apoio fiel e permanente ao seu ministério (Fp 4:16). Nesse sentido, as necessidades dos missionários não podem ser ignoradas por causa da falta de um planejamento bem feito (Fp 4:15). O fato é que os missionários dependem da fidelidade dos fiéis em quem eles confiam para perseverar no apoio, oração e doação. Nesse aspecto, o desafio da igreja local não é somente enviar, mas também manter o sustento missionário, não abandonando o obreiro e sua família no campo de trabalho.


3)             APRENDENDO A INVESTIR NA OBRA MISSIONÁRIA.

1- Igreja de Filipos x Igreja de Corinto. Ao contrário da igreja de Corinto, a igreja de Filipos era um exemplo de generosidade missionária (Fp 4:15-19), pois como vimos, ela enviava oferta para o sustento do apóstolo Paulo. Não obstante a igreja de Corinto ter deixado um exemplo na abundância dos dons espirituais e no conhecimento das coisas de Deus (1 Co 1:4-7; 12:1-31; 2 Co 8:7; 12:7), seus membros demonstraram insensibilidade quanto ao sustento financeiro do seu missionário, o apóstolo Paulo.

·      Infelizmente, por não ser generosa, a igreja de Corinto precisou da intervenção de outras igrejas para que o apóstolo pudesse exercer suas atividades (2 Co 11:8,9; cf. Fp 4:15). Portanto, precisamos compreender de forma plena a importância da contribuição financeira em favor da obra missionária.

·      Pelas palavras do apóstolo em (Fp 4:10-20), percebemos que não foi a oferta em si enviada pela igreja de Filipos que chamou a sua atenção, mas as nobres virtudes que impulsionaram esta comunidade cristã a tomar esta atitude. Aqueles crentes filipenses, na concepção paulina, haviam demonstrado a regra da preocupação fraternal, a lei do amor, o princípio que rege a família de Deus (Rm 12:10; 1Pd 1:22). A missiva enviada aos filipenses é também uma “carta de agradecimento” em retribuição ao gesto daqueles cristãos.


2- Tendo consciência de nosso dever. Contudo, o apóstolo Paulo ensinou à igreja de Corinto que contribuir para a obra missionária é um investimento espiritual que Deus “credita” na “conta” dos doadores (2 Co 9:6-8). Hoje não é diferente, pois a oferta que oferecemos para o sustento missionário, o Senhor a recebe com alegria. Esse ato nos dá a certeza de que Ele irá suprir todas as nossas necessidades (Fp 4:19). Assim, investir na obra missionária é a certeza de que estamos ajuntando tesouros no céu.

·      Fp 4:19-a “O meu Deus, segundo as suas riquezas”. O apóstolo estava por causa da prisão e de suas condições, impedido de recompensá-los por seu feito, mas o Senhor de Paulo poderia pagá-los “segundo as suas riquezas”. Por certo, aquela comunidade cristã de Filipos ofertara ao apóstolo o que pudera, pois também tinham limitações. Paulo, sabedor disto, lhes diz que Deus não tem estas limitações, porque é dono de tudo.

3- Pessoas financiando a obra divina. Em Lucas 8:1-3 um grupo de mulheres acompanhava nosso Senhor e o serviam com seus bens, ou seja, sustentava financeiramente o ministério de Jesus e seus discípulos. Assim, a responsabilidade do financiamento para a expansão da mensagem do Reino de Deus é algo que podemos rastrear antes mesmo da origem histórica da Igreja. Isso nos revela que, apesar da impossibilidade de a maioria dos cristãos fazer missões transcultural diretamente no campo, ela pode sustentar o ministério de um missionário e, a partir dessa resolução, garantir a execução da obra Missões Transculturais.

·      Portanto, atentemos para as palavras de Hudson Taylor, missionário inglês na china: “A obra de Deus feita segundo a vontade de Deus, jamais terá falta dos recursos de Deus”.

CONCLUSÃO:

Nossos dízimos e ofertas são uma maneira de reconhecermos a soberania de Deus em nossa vida e é a vontade divina a salvação dos perdidos da Terra (1 Tm 2:4). Para que essa meta seja alcançada, Deus conta com cada um de seus filhos, com todos os seus dons e talentos. Deus conta com você para entrar no seleto grupo de mantenedores da obra missionária. O Senhor nosso Deus conta conosco para fazermos chegar Bíblias, literaturas e missionários aos povos que ainda não foram alcançados com a mensagem de vida eterna.


Pr. Nilton Jorge - Contatos (22) 998746712 Whatsapp

 

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